A sétima prova do ano, em paragens canadianas, parecia que não seria diferente das outras, dado o facto de os Mercedes terem conseguido dominar a qualificação como acontecera nas outras partes, mas o mais interessante dentro dela é que pela segunda vez seguida,
Nico Rosberg conseguiu ser melhor do que
Lewis Hamilton na qualificação, e ainda por cima num local onde o piloto inglês é bem melhor e onde venceu ali pela primeira vez na sua carreira, há sete anos.
Antes da corrida, quem assistisse à transmissão da Sky Sports saberia de algumas coisas por voz do "tio" Martin Brundle: que em mais de 50 por cento das corridas no passado, o Safety Car entrou na pista, que Gene Haas iria entrar na Formula 1 em 2016, com ele ainda a negociar um acordo para motores - mas todos a dizerem que já tá tudo apalavrado com a Ferrari - e com a grande noticia da tarde: com a renovação do contrato com a Red Bull, Adrian Newey vai começar a desligar-se da Formula 1, apesar de desenhar os carros da marca até 2016.
Debaixo de calor, máquinas e pilotos esperavam pela corrida que toda a gente sabe que raramente é aborrecida, e esperava-se que os pneus macios e super-macios fizessem o seu trabalho. Na partida, Hamilton conseguiu colocar o nariz na frente de Rosberg, mas o alemão conseguiu apertar o inglês e este perdeu o lugar para
Sebastian Vettel. Mas atrás, a profecia de Martin Brundle concretizou-se: o Marussia de
Max Chilton despistou-se e tocou no carro de
Jules Bianchi, com este a bater no muro. Com os Marussia a auto-eliminarem-se, e Max Chilton a terminar ali o seu recorde de corridas sempre a acabar, o Safety Car teve a sua primeira entrada na corrida.
Nas voltas seguintes, os comissários de pista tentaram limpar aquela parte da pista, devido ao óleo largado pelo carro de Bianchi. E com a demora, os pilotos ficaram preocupados com a maneira como eles iriam resolver aquele assunto, pois sabem que é uma curva critica. A corrida só voltou na oitava volta, com Nico a ser bem mais veloz do que Vettel, e Hamilton a não conseguir mais do que o terceiro posto.
Contudo, Hamilton precisou de três voltas e o DRS ligado para que pudesse passar o Red Bull do piloto alemão para ficar com o segundo lugar, mas nessa altura, Rosberg já se tinha afastado bastante. Atrás, Daniel Ricciardo tentava apanhar os Williams de Felipe Massa e Valtteri Bottas, o que seria mais complicado do que se esperava. E foi com Ricciardo e Bottas que começaram as primeiras paragens de pneus.
Entre as voltas 14 e 17 foi todo o pelotão para as boxes para a primeira troca de pneus, mas os últimos a pararem foram os Mercedes, com Rosberg a ser o primeiro a parar, seguido por Hamilton, nas voltas 18 e 19, e não perderam a sua liderança... apesar de Rosberg ter apanhado um susto na sua volta de saída, quase tocando no muro. É nestas alturas nos lembramos que uma vez por ano, o espirito de Gilles Villeneuve anda por ali.
Nas voltas seguintes, enquanto que Sebastian Vettel tentava passar o Force India de Nico Hulkenberg, Lewis Hamilton tentava aproximar-se de Nico Rosberg. As coisas estavam a ser interessantes, até que na volta 25, Rosberg falha a travagem e segue em frente. Não perdeu a liderança, mas os comissários decidiram investigar o incidente. No final, os comissários, liderados por Derek Daly (companheiro de equipa do pai de Nico em 1982) decidiram avisá-lo para não repetir a gracinha. Por essa altura, Lewis estava mais próximo de Nico, mas sem ameaçar.
Mas a partir da volta 37, começaram os problemas. Primeiro Lewis Hamilton, depois Nico Rosberg. Ambos andavam juntos, mas andavam a perder dois segundos por volta... para o resto da concorrência! Ao longo das voltas, ambos os carros tinham problemas nas suas unidades e perdiam para a concorrência, liderada pelo Williams de Felipe Massa. Ambos os Mercedes pararam nas voltas 44 e 45, e na volta 46, Felipe Massa liderava a corrida.
Mas as coisas pioravam a cada volta. Na volta 48, Hamilton falha a travagem para a reta da meta, e deixa passar Rosberg. Mas a seguir viu-se a razão: os travões ficaram avariados e o piloto inglês decidiu abandonar a corrida. Com Massa nas boxes na volta 49, o segundo posto ficou com o Force India de Sergio Perez, que era pressionado pelos Red Bull de Daniel Ricciardo e Sebastian Vettel. Mas todos estavam bem perto de Nico Rosberg.
As voltas seguintes passaram como se todos suspendessem a respiração, mas parecia que as coisas estabilizaram, especialmente quando Sergio Perez tentava aproximar-se e não conseguia passar Nico Rosberg. Viu-se depois que o DRS do seu Force India estava avariado, e por causa disso, era um "tampão" para os Red Bull e o Williams de Felipe Massa, que estava cada vez mais perto deles.
Por fim, na volta 63, Ricciardo conseguiu passar Perez e foi atrás de Rosberg. A seguir, Vettel tentou fazer o mesmo, mas era complicado, quando tinha o assédio de Felipe Massa, que com pneus mais frescos, fazia a sua parte. Perez fazia o possivel para aguentar os dois carros, ao mesmo tempo que Ricciardo se aproximava e "comia" Rosberg na reta anterior da meta para ficar na liderança. Pela primeira vez esta temporada!
O climax foi no inicio da última volta. Por fim, Vettel passava um Sergio Perez que lutava contra os seus travões traseiros que cediam, mas logo a seguir, Massa tentou a sua sorte... com resultados catastróficos. O toque no piloto mexicano acabou com ambos os carros nos pneus, e por muito pouco, não levava Sebastian Vettel junto.
Apesar do acidente em alta velocidade, nenhum dos pilotos ficou magoado, mas o Safety Car teve de entrar em ação e foi em bandeiras amarelas que Daniel Ricciardo se juntava a
Gilles Villeneuve, Thierry Boutsen, Jean Alesi, Lewis Hamilton e
Robert Kubica no selecto grupo de pilotos que conseguia a sua primeira vitória de sempre em Montreal. Uma vitória comemorada por toda a gente, já que o australiano é conhecido por ter um sorriso de orelha a orelha que não o larga em qualquer circunstância...
Mas outro grande vencedor do dia foi Nico Rosberg. Apesar de ter levado 18 pontos para casa, poderia muito bem ter acabado como o seu companheiro de equipa e encostado às boxes. Assim, conseguiu abrir um espaço bem maior na liderança do campeonato sobre o seu companheiro de equipa, do qual ele poderá confortavelmente gerir nas corridas seguintes, bastando estar atrás do seu companheiro de equipa. Mas com a história dos pontos a dobrar em Abu Dhabi, as coisas poderão não ser tão fáceis assim...
E assim acabou o GP do Canadá. Pena isto acontecer uma vez por ano...