sábado, 29 de agosto de 2009

The End: Frank Gardner (1930-2009)

Frank Gardner, um dos muitos pilotos que compuseram a grelha de partida nos anos 60, quer na Formula 1, quer nas provas de Endurance, morreu ontem à noite na Australia, devido a um cancro. Tinha 78 anos.

Gardner foi um dos muitos pilotos australianos que nos anos 60, seguindo os sucessos do seu compatriota Jack Brabham, foi competir na Europa. tinha sido um desportista nato na sua juventude (praticou boxe e natação) até se virar para o automobilismo em 1956, quando foi o campeão de Nova Gales do Sul, ao volante de um Jaguar C-Type. pouco depois foi para Inglaterra, tentar a sua sorte, onde foi trabalhar primeiro como mecânico na Aston Martin, e depois foi aluno da Jim Russell Racing School. Em 1963, mudou-se para a Brabham, onde o próprio Jack Brabham lhe ofereceu um volante para correr. Contudo, este recusou a oferta, tendo perferido correr na equipa de Ian Walker, que lhe oferecia um programa onde correria na Formula Junior e dos Turismos.


Em 1964, correu na Formula 2 europeia, pela John Williment Racing, e estreou-se na Formula 1, ao volante de um Brabham. Não conseguiu qualificar-se, mas isso não impediu de fazer um programa completo em 1965, também ao voltante de um Brabham BT11. A temporada não foi um sucesso, pois não marcou pontos. contudo, deu nas vistas em provas extra-campeonato, como um terceiro lugar no GP do Mediterrâneo, no circuito siciliano de Enna-Pergusa.


Em 1966, passou para os Turismos britânicos, onde foi bem sucedido. E nos sport-Protótipos, também apareciam os bons resultados, nomeadamente um segundo lugar nos 1000 km de Spa-Francochamps. Também deu nas vistas na Tasman Series, onde apesar de nunca ter vencido corridas, ficou no pódio em algumas provas importantes, nomeadamente o GP da Australia.


Foi campeão do BTCC por três vezes, em 1967 (Ford Falcon), 1968 (Ford Escort) e 1973(Chevrolet Camaro). Foi segundo classificado em 1970, e campeão britânico de Formula 5000 em 1971, ao volante de um Lola T300. Nesse tempo todo, evitou a Formula 1, excepto por uma vez, no GP de Itália de 1968, quando correu num BRM da Bernard White Racing, onde nãoi conseguiu qualificar-se.


A sua carreira prosseguiu nos anos 70, tendo obtido bons resultados na Australia, ao ser segundo nos 1000 km de Bathurst, na edição de 1975, Em 1977, foi campeão da Australian Sports Sedan Championship, ao volante de um Chevrolet Corvair. Pouco depois, retirou-se da competição a tempo inteiro, para assumir o papel de "manager" na equipa oficial da BMW no Campeonato Australiano de turismos, cargo onde ficou até 1987. quando a marca alemã regressou à competição, em 1991, voltou aos deveres de "manager". Entre esses dois periodos, criou a sua própria equipa, a Frank Gardner Racing Team.


Gardner tornou-se num dos homens mais famosos no automobilismo australiano, e uma personagem "larger than life", como dizem os ingleses. Escreveu um livro sobre a sua vida no automobilismo em 1980, a que deu o título de "Drive to Survive". Provou que se pode ter uma grande carreira sem passar necessariamente pela Formula 1. Ars lunga, vita brevis.

GP2 - Ronda 9, Belgica (Corrida 1)

Como podem imaginar, andei nervoso para saber como acabaria esta corrida para as cores nacionais. Depois da pole-position de ontem por parte de Alvaro Parente, a primeira também para a Ocean Racing Tecnology, e sabendo eu a imprevisibilidade de Spa-Francochamps e a impulsividade de boa parte dos pilotos da GP2, com "pés de chumbo" inversamente proporcional à massa cinzenta existente no cérebro deles...


Foi uma prova demolidora: somente onze pilotos chegaram ao fim. Acabou com um Safety Car em pista, pois um forte acidente por parte do monegasco Stefano Coletti, a duas voltas do fim, mas dos pilotos principais, Vitaly Petrov foi o mais prejudicado, pois desistiu com um motor partido. Mas compensou: Alvaro Parente sobreviveu aos ataques de Nico Hulkenberg, à imprevisibilidade de Spa-Francochamps e aos outros, e teve a sorte do seu lado para conseguir algo histórico: a vitória.



Pois é, esta história teve um final feliz. Alvaro Parente, um piloto português, deu à Ocean Racing Technology a sua primeira vitória de sempre. Um glorioso dia para o automobilismo e para as cores nacionais! No pódio, Parente esteve acompanhado por Hulkenberg, que é cada vez mais o candidato ao título, e do brasileiro Lucas di Grassi, no seu Racing Engeneering.


Quanto a Karun Chandhok, o outro piloto da Ocean viu-se envolvido na luta pelas últimas posições pontuáveis, acabando por abandonar na sétima volta, depois de errar em Les Combes e fazer um pião, sendo abalroado por Davide Rigon, que não pôde evitar o monolugar da Ocean.



Agora, depois desta tarde histórica para o automobilismo português, Parente partirá amanhã da oitava posição da grelha de partida, pois esta é invertida para os oito primeiros. Umna coisa é certa: o dia de hoje está marcada a letras de ouro na história do automobilismo nacional!

Formula 1 - Ronda 12, Spa-Francochamps (Qualificação)

Em 2009, a temporada de Formula 1 está completamente imprevisível, com a hierarquia totalmente virada ao contrário. E a melhor prova disso é o facto da Brawn GP, a ex-Honda, liderar os campeonatos de pilotos e construtores, graças a Jenson Button e Rubens Barrichello, dois pilotos (principalmente o brasileiro) dados por acabados por muitos do panditas que andam por aí. Button, e agora Barrichello, estão a aprovar que com um excelente carro nas mãos, também podem ser vencedores. E Ross Brawn provou que era um génio, ao usar brilhantemente a interpretação dos novos regulamentos para este ano, especialmente no capítulo dos difusores.


Ao longo desta temporada vimos duas situações distintas: na primeira parte, o domínio dos Brawn GP, contrariados somente pela Red Bull. Mas a segunda parte da temporada começa com o ressuscitar da McLaren, graças ao KERS, os fogachos da Renault e Ferrari (apesar do acidente de Felipe Massa na Hungria) agora, em Spa-Francochamps, provavelmente o circuito mais imprevisível do calendário deste ano (depois do sr. Bernie Ecclestone ter-nos tirado Montreal), tivemos a mais recente surpresa: um Force Índia na pole-position!

É verdade, a Formula 1 desta temporada é como a vida segundo Forrest Gump: uma caixa de chocolates, pois nunca saberemos o que vem lá dentro. A qualificação nem foi em molhado, mas sim em tempo seco, e eventualmente com o depósito no limite, o piloto Giancarlo Fisichella, um veterano na sua 14ª temporada na Formula 1, aproveitou a potência do seu motor Mercedes para fazer algo incrivel, aos olhos da maior parte dos observadores. Uma pole-position, numa equipa que nunca conquistou um ponto na sua história!

"É incrível, nunca esperei conseguir a 'pole-position'. É incrível, é fantástico", afirmou um extasiado Giancarlo Fisichella logo após a sessão. "Estou muito feliz. Tenho de agradecer a toda a equipa, porque eles fizeram um excelente trabalho", acrescentou. Quanto à corrida de amanhã, Fisichella afirmou que está "muito confiante para a corrida mas temos de esperar para ver como tudo vai acontecer". Querem apostar que ele vai reabastecer à quinta volta? Spa é o circuito mais longo do Mundial...


Há outras surpresas na grelha: Jarno Trulli é o segundo a partir, no seu Toyota, e Nick Heidfeld é o terceiro, no seu BMW. Com uma equipa a anunciar a sua retirada, e outra a repensar o seu futuro mais próximo, até convêm mostrar algum serviço na Formula 1. E ambos os pilotos, que estão com uma situação delicada para 2010, este resultado até pode ser um belo cartão de visita.

"Obviamente que este é um resultado muito importante para a equipa. Dissemos que a BMW queria sair em alta, mas este terceiro posto é ainda mais importante para as pessoas que trabalham em Hinwill. Estamos a trabalhar para garantir que mantemos a equipa e é bom mostrar uma boa performance", afirmou um surpreso Nick Heidfeld.


"É um mistério. Nao fizemos nada ao carro comparado com as últimas corridas e, subitamente, somos competitivos. É fantástico, porque estamos a atravessar um peiodo difícil", começou por referir Jarno Trulli. "Não percebemos porque temos dificuldades por vezes e depois somos competitivos, como aconteceu hoje. Estou muito confiante para amanhã", revelou o italiano.

Mas no meio das surpresas, uma confirmação: Rubens Barrichello é o quarto classificado, e nesta altura do campeonato, provavelmente tornou-se no melhor candidato ao título, principalmente quando o seu rival, e companheiro de equipa Jenson Button, vai apenas partir da 14ª posição da grelha de partida. E os unicos candidatos ao título que entraram na Q3 foram os Red Bull de Sebastien Vettel e Mark Webber, que foram respectivamente oitavo e nono classificados. Lewis Hamilton foi apenas 12º.

E os Ferrari? Kimi Raikonnen parte do sexto posto, atrás de Robert Kubica no seu segundo BMW. E Luca Badoer? Bom... já fez melhor, sem dúvida, mas vai partir do último posto. É definitivamente o mundo de cabeça para baixo, esta temporada de 2009! Veremos como será o desfecho desta aventura na corrida de amanhã.

GP Memória - Belgica 1999

Depois da vitória de Mika Hakkinen na Hungria, o campeonato esta ao rubro com a luta entre ele e Eddie Irvine. Ambos estavam separados por escassos dois pontos – 56 contra 54 – e qualquer um não se podia dar ao luxo de errar, se queria ter hipóteses de lutar verdadeiramente pelo título. Ainda por cima com a ausência forçada de Michael Schumacher, definitivamente o melhor piloto do pelotão, essa era uma chance que não podia ser desperdiçada.


Máquinas e pilotos chegavam a Spa-Francochamps para disputar a 12ª prova do Mundial de 1999, e os McLaren eram os claros favoritos. Disputado sob tempo seco em todo o fim-de-semana, isso foi bem aproveitado por Hakkinen para conseguir a sua quinta pole-position consecutiva do ano e teria a seu lado o companheiro de equipa, o escocês David Coulthard.


A segunda fila da grelha era toda da Jordan: Heinz-Herald Frentzen era melhor do que Damon Hill, e ambos tinham batido Eddie Irvine, que iria somente largar da sexta posição, batido ainda por Ralf Schumacher, no seu Williams. Rubens Barrichello, no seu Stewart, era sétimo, e Alex Zanardi, no segundo Williams, conseguia o oitavo melhor tempo. A fechar o “top ten” estava o Ferrari de Mika Salo e o segundo Stewart de Johnny Herbert.


Sob céu limpo e sol, e perante mais de cem mil pessoas, máquinas e pilotos preparavam-se para o GP da Bélgica, esperando que não existisse uma nova repetição dos acontecimentos do ano anterior. Não aconteceu, mas esteve quase. Na partida, a embraiagem de Hakkinen teve problemas, o que foi aproveitado por Coulthard para ficar à frente dele. Hakkinen não se intimidou e travou mais tarde para tentar recuperar a posição perdida, só que ambos tocaram no gancho de La Source. O toque foi sem consequências, mas as recordações de Zeltweg, mês e meio antes, vieram à tona. Contudo, o escocês passou para a frente, e não mais largou o lugar até ao final da corrida.


No final da corrida, Hakkinen justificou o que se passou na partida: “Quando as luzes vermelhas se acenderam, precisamos de sentir a embraiagem para saber onde ela está pegando. Só que pegou quando eu não esperava, e o carro deu um pequeno pulo para a frente. Consegui parar imediatamente e pus de novo o pé na embraiagem. Só que nesse momento, as luzes vermelhas acenderam…


Coulthard disparou na liderança, e Hakkinen limitou-se a segui-lo, enquanto que mais atrás, Frentzen tinha a corrida controlada, mas em ritmo elevado, pois aspirava o segundo posto de Hakkinen. Mais atrás, Irvine estava a ser pressionado por Ralf Schumacher, mas depois do primeiro reabastecimento, perdeu muito tempo atrás de Salo, enquanto que na luta pelo último lugar pontuável estavam Hill e Zanardi. No final, um segundo reabastecimento mais prolongado deu o sexto posto ao veterano piloto da Jordan. Para Hill, este viria depois a ser o seu último ponto na Formula 1.

Quando David Coulthard cortou a meta pela última vez, a McLaren podia celebrar uma dobradinha, mas com a ordem invertida. E se Hakkinen tinha ganho em pista três pontos a Irvine, a falha de ordens de equipa impediu-o de conseguir mais quatro, e assim, o finlandês era o novo líder do Mundial, mas apenas com um ponto de vantagem, em vez de quatro pontos, caso tivesse ganho. E Monza estava ali à esquina…


Fontes:

Santos, Francisco – Formula 1 1999/2000, Ed. Talento, Lisboa, 1999


http://en.wikipedia.org/wiki/1999_Belgian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr642.html

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Formula Renault: Felix da Costa espera resolver o campeonato em Most

A Formula Renault, campeonato NEC (North European Competition) visita este fim de semana o circuito checo de Most, que é uma estreia neste tipo de competições. Para o português Antonio Felix da Costa, o actual lider do campeonato, com seis vitórias em dez possiveis, vencer neste fim de semana seria um passo decisivo para a conquista deste campeonato, pois faltam ainda duas jornadas duplas, em Nurburgring e Spa-Francochamps, e o piloto português lidera com 61 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o finlandês Daniel Aho.

As últimas provas têm corrido muito bem, estou muito motivado e sinto que tenho vindo a evoluir e melhorado principalmente nas sessões de qualificação tendo conquistado a Pole nas duas ultimas provas e voltar a vencer este fim-de-semana seria um importante passo para a conquista do meu primeiro título internacional”, referiu Félix da Costa, que comemora o seu 18º aniversário na próxima segunda-feira, 31 de Agosto: “Festejar com uma dupla vitória seria fantástico“.


A jornada deste fim-de-semana contará com uma lista impressionante de inscritos, pois nada mais que... 26 pilotos estarão presentes na grelha de partida em Most. A primeira corrida disputa-se às 16h20m de Sábado, enquanto que a segunda corrida terá lugar no Domingo, às 14h40m.

GP 2 - Ronda 9, Belgica (Qualificação)

A qualificação para a corrida da GP2 no circuito de Spa-Francochamps, ue decorreu esta tarde, foi histórica para as cores portuguesas, pois pela primeira vez na história desta categoria, um piloto português, numa equipa portuguesa, conseguiu fazer a pole-position. O feito foi conseguido por Alvaro Parente, na sua Ocean Racing Tech, que bateu no último segundo o brasileiro Lucas Di Grassi, da Racing Engineering.

Depois de ter sido segundo na sessão de treinos livres desta manhã, demonstrando não só uma à vontade neste circuito, como também uma boa afinação no seu carro, na qualificação desta tarde esteve sempre nas primeiras posições, conseguindo quase em cima da hora a pole-position com um registo em 1.54,970 segundos, relegando o brasileiro Lucas di Grassi para o segundo lugar, a 0,080 segundos.

O actual lider do campeonato, o alemão Nico Hulkenberg, ficou na terceira posição, mas o seu maior rival, o russo Vitaly Petrov, da Addax, não ficou muito longe, pois foi o quinto classificado da grelha, imediatamente à frente do segundo piloto da ORT, o indiano Karun Chandhok. Entre Hulkenberg e Petrov, na quarta posição, esteve outro brasileiro, Diego Nunes, da iSport.


O fim de semana belga está a ser marcado pela polémica relativa à Coloni. Depois de giancarlo Fisichella ter vendido a sua parte, a equipa foi impedida de se treinar por ordem judicial, agindo em nome de Andy Soucek, que actualmente corre na Formula 2 e na Superleague Formula. Os carros foram apreendidos e levados para local desconhecido, e ambos os pilotos não marcaram quaisquer tempo, desconhecendo se os pilotos da equipa, o austro-arabe Andreas Zuber e o brasileiro Luiz Razia, poderão alinhar na corrida de amanhã.


Este diferendo teve início no inicio de 2008, quando o piloto espanhol tinha sido contratado, mas posteriormente excluído da equipa antes da ronda de abertura do campeonato, em Barcelona, após ter feito o pagamento da primeira tranche do acordo. Posterormente continuou essa época na Supernova, sendo então companheiro de Alvaro Parente.

Formula 1 - Ronda 12, Spa-Francochamps (Treinos)

Os treinos livres de hoje estiveram sujeitos ao caprichoso tempo daquela parte da Belgica: chuva pela manhã, tempo seco à hora do almoço. Na sessão da manhã, a grande figura foi Jarno Trulli, que com o seu Toyota fez o melhor tempo, à frente de Jenson Button, no seu Brawn GP. A chuva caiu à volta da meia hora da sessão, fazendo com que os dez primeiros tenham sido aqueles que conseguiram fazer com a pista seca. Para terem uma ideia: Luca Badoer foi o décimo, a... 5 segundos de Trulli, mas a 8 segundos de Giancarlo Fisichella, o mais rápido na pista molhada.

Trulli fez a volta mais rápida da sessão em 1.49,675 segundos, o único a rodar no segundo 49. Logo atrás ficou Button, a 0,608 segundos do italiano, ao passo que Fernando Alonso, com o Renault, ficou em terceiro, a 0.693 segundos do primeiro. Os Toro Rosso de Sébastien Buemi e Jaime Alguersuari ficaram nas duas posições seguintes, enquanto que o vencedor de Valencia, Rubens Barrichello foi o sexto. Kimi Raikkonen acabou na sétima posição nesta sessão de treinos.

A segunda sessão decorreu depois da chuva ter caido e a pista voltar a ficar seca. Essa sessão foi bem mais equilibrada e o melhor foi Lewis Hamilton, que demonstrou a boa forma da McLaren, arrebatando o primeiro lugar da tabela com uma volta feita em 1.47,201 segundos. Logo atrás, mas a apenas 0.016 segundos, ficou o Toyota de Timo Glock, demonstrando o equilibrio que existiu nessa sessão. Kimi Raikonnen foi o terceiro, a 0.084 segundos de Hamilton, e Mark Webber foi o quarto, a 0.128 segundos. Dos estreantes, Romain Grosjean foi quinto, a 0.132 segundos do primeiro.

Jenson Button e Rubens Barrichello ficaram muito para trás, na 17ª e 18ª posições, respectivamente. Mas o mais interessante é que ficaram, respectivamente a 0.924 e 0.929 segundos, respectivamente! O facto dos 18 primeiros terem ficado separados a menos de um segundo revela esse imenso equilibrio existente nesta sessão de treinos. Já agora, Luca Badoer continua em último, a 2.010 segundos de Hamilton. É uma melhoria na mediocridade...

Amanhã é a sessão de qualificação de Spa. Veremos como vai ser, se teremos uma sessão à chuva ou se este equilibrio se mantêm...

A 5ª Coluna desta semana

Depois de ter tirado duas semanas de férias, a 5ª Coluna, o meu cantinho de opinião sobre o automobilismo que publico no site português SCN, está de volta. Do que falo, não é nada de anormal: o fim de semana em Valencia e a vitória de Rubens Barrichello. Mas também opino sobre Luca Badoer e o fim de semana da GP2, e por vezes, não sou muito meigo em relação a certas coisas. Tipicamente meu...

Eis um extrato:

"Quanto a Álvaro Parente, o seu fim-de-semana foi doce e amargo. Doce no sentido de ter conseguido um bom lugar na grelha, que foi recompensado com um quarto lugar na primeira corrida. Contudo, na segunda, quando estava a caminho de um pódio quase certo, um idiota chamado Edoardo Mortara decidiu que a traseira do seu carro seria um belo auxiliar para travar o seu carro… Os excessos da GP2, feitos às vezes por certos pilotos cujo talento é inversamente proporcional à sua inteligência (o caso mais extremo, na minha opinião, é o venezuelano Pastor Maldonado), conseguem estragar as boas corridas dos outros. Neste caso, Parente pagou os excessos de um outro piloto…"

Para ler o resto, caso tenha curiosidade pode ler aqui.

GP Memória - Belgica 1994

O Grande Prémio da Bélgica desse ano era especial, pois estávamos a falar do sitio onde três anos antes, Michael Schumacher se tinha estreado na categoria máxima do automobilismo. E nesse ano, os fãs alemães estavam extasiados por verem no comando do Mundial de pilotos, podendo alcançar o que nenhum tinha conseguido antes: o título mundial. Apesar das polémicas, apesar da oposição de Damon Hill e do seu Williams, que tudo fazia para diminuir o fosso cavado pelo piloto da Benetton.


Em Spa-Francochamps, as preocupações com a segurança estavam bem presentes. Mais do que as alterações nos carros, após os acontecimentos de Imola, era também o próprio circuito que tinha sido alterado. A mítica Eau Rouge, onde os carros desciam a partir de La Source, para depois voltarem a subir na curva seguinte, a Radillon, onde somente os mais valentes (ou os mais loucos) conseguiam fazer a fundo, tinha sido transformada numa chicane, com o nítido objectivo de abrandar os carros e baixar a média de velocidade.


No pelotão da Formula 1, à medida que o final da temporada se aproximava, os orçamentos de algumas equipas ficavam um pouco mais curtos do que o esperado, devido aos acidentes e outros gastos extra. Sendo assim, essas equipas iam à cata de pilotos pagantes, muitas das vezes com um talento inversamente proporcional ao tamanho da carteira. Era o caso da Lotus, que vivia em 1994 o seu estertor final. Precisando de dinheiro, dispensou os serviços de Alessandro Zanardi e foi contratar o belga Philipe Adams, um jovem piloto de Formula 3000. De inicio, ele afirmara ter arranjado patrocinadores para esta aventura, mas no final descobriu-se que o dinheiro tinha vindo do bolso da sua própria família.


Mas não era a única alteração no pelotão. Philipe Alliot, depois da sua experiência pela McLaren, na Hungria, iria alinhar no GP belga, substituindo o monegasco Olivier Beretta. Iria ser a sua última corrida na Formula 1 para o piloto francês, agora com 40 anos de idade.


Os treinos foram imprevisíveis, tal como o tempo belga. Surpreendentemente, Rubens Barrichello tinha conseguido o melhor tempo nos treinos de sexta-feira, com chuva e a pista a secar, fornecendo-lhe uma trajectória suficientemente boa para poder calçar “slicks”. Conseguiu o que queria, e como as coisas pareciam não se alterar no dia seguinte, pois choveu copiosamente, aconteceu o improvável: aos 22 anos e dias, Rubens Barrichello era naquela altura o mais jovem “poleman” da história da Formula 1, dando a Eddie Jordan a primeira pole-position da sua carreira.


Ao lado de Barrichello, estava Michael Schumacher no seu Benetton, que tinha conseguido bater Damon Hill, que estava na segunda fila, na terceira posição. Ao seu lado estava o segundo Jordan, de Eddie Irvine. O Ferrari de Jean Alesi era o quinto na grelha, com o segundo Benetton de Jos Verstappen a seu lado. Depois vinham o segundo Williams de David Coulthard e o McLaren de Mika Hakkinen. A fechar o “top ten” estavam o Sauber de Heinz-Harald Frentzen e o Minardi de Pierluigi Martini.


No dia da corrida, a chuva deu lugar a um belo sol de Verão, e sabia-se que as hierarquias iriam ser restabelecidas mais cedo do que se esperava. Assim sendo, na partida, apesar de Barrichello ter aguentado o ataque do piloto alemão nos primeiros metros, os cavalos do motor Ford Zetec falaram mais alto do que o Hart que era equipado nos Jordan, e assim Schumi chegou à liderança, para não mais a largar. Jean Alesi passou-o pouco depois e foi atrás do líder. Mas na segunda volta, o motor Ferrari cala-se, deixando o pobre francês apeado.


Scumacher não tem quaisquer adversários, e fará uma prova sem problemas até à volta 19, quando se despista depois de ter passado por uma poça molhada com os seus pneus slicks. Voltou à pista e conseguiu controlar o carro. Contudo, esse despiste fez raspar o patim de madeira instalado por debaixo do seu carro, levando a consequências que seriam demonstradas no final da corrida.


Até lá, o piloto alemão liderava a prova sem ser contestado. Os Williams de Damon Hill e David Coulthard seguiam logo atrás, já que Barrichello tinha desistido na volta 19, vítima de acidente. Hakkinen era quarto, perseguido por Verstappen e o Tyrrell de Mark Blundell. Até ao final da corrida, não haveria mais incidentes de maior, exceptuando o atraso de Coulthard nas voltas finais.


Quando a bandeira de xadrez foi mostrada, Schumacher era o vencedor, seguido por Hill e Hakkinen. E foram esses os pilotos que subiram ao pódio. Pouco depois, os comissários técnicos começaram a verificar os carros, e descobriram um desgaste anormal no patim de madeira no carro de Michael Schumacher. Este tinha 7,5 milímetros de espessura, bem abaixo dos 9 mm permitidos em desgaste, já que essa tábua tem 10 mm de espessura, quando montado nos carros. Resultado: “Após as verificações técnicas e uma consulta ao representante da equipa Benetton, os comissários de pista decidiram remover o carro numero cinco do evento”. Em suma, Schumacher era desclassificado pela segunda vez na época. Assim, Damon Hill era o vencedor, com Mika Hakkinen e Jos Verstappen a acompanhá-lo no pódio. David Coulthard, o Tyrrell de Mark Blundell e o Arrows de Gianni Morbidelli ficaram com os restantes lugares pontuáveis.


Fontes:


Santos, Francisco – Formula 1 1994/95, Ed. Talento, Lisboa, 1994.

http://en.wikipedia.org/wiki/1994_Belgian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr559.html

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Antevisão: Alvaro Parente espera um bom resultado em Spa-Francochamps

Depois do fim de semana de Valência, onde conseguiu um quarto lugar na sua primeira corrida e foi abalroado por Edoardo Mortara na segunda, quando caminhava para um pódio quase certo, Alvaro Parente encara o fim de semana belga, num circuito no qual costuma ter boas recordações.

"Em Valência demonstrámos que estávamos competitivos e só devido ao azar não saímos de lá com um punhado grande de pontos. Julgo que em Spa-Francorchamps poderemos ser ainda mais competitivos, dado que o nosso carro deverá adaptar-se bem ao circuito belga", começou por referir o piloto da Ocean Racing Technology.


"Spa-Francorchamps é um dos meus circuitos preferidos e tenho obtido sempre bons resultados lá - julgo que é um traçado onde o piloto ainda é muito importante. O nosso objectivo é rodar sempre entre os primeiros e lutar pelas posições cimeiras e é isso que pretendemos para o próximo fim-de-semana", concluiu o piloto do Porto.


Enquanto isso, durante a semana foi anunciado que ele irá correr pelas cores do F.C. Porto na Superleague Formula na ronda do Estoril, que acontecerá no fim de semana e 5 e 6 de Setembro. Parente mostra-se honrado pelo convite, até porque ele é adepto do clube que venceu os últimos quatro campeonatos nacionais. "Foi um convite que eu, a Polaris Sports e a equipa não podemos recusar dado ser uma enorme honra defender as cores do Futebol Clube do Porto. Será também uma oportunidade para voltar a competir em Portugal, após mais de um ano sem o fazer. É um campeonato que desconheço, mas sei que é muito competitivo e, como habitualmente faço, vou dar o meu melhor e tentar alcançar o melhor resultado possível", declarou.

Extra-Campeonato: A medalha da Telma e a falta de cultura de certo jornalismo desportivo

Eu vou ser sempre aqueles que vcou congratular por uma medalha, independentemente da sua cor. Sempre! Não vou fazer como os meus colegas, que torcem o nariz, qual mal-agradecidos, caso o atleta leve para casa uma medalha que não a de ouro. Digo isto porque ando a ouvir esta tarde o comentário de alguns ditos "colegas" a menosprezar a medalha de prata que Telma Monteiro, a nossa melhor judoca do momento, que conquistou a medalha de prata nos campeonatos do mundo da modalidade, que decorrem em Roterdão, na Holanda.

Revolta-me ouvir frases ditas por pessoas, quando abordam atletas de alta competição, que sacrificam horas, dias, meses e anos da sua vida, para alcançar um bom resultado, que muitas das vezes não acontece, perguntas do género: "O que faltou para chegar à medalha de ouro?" Ouvi isso ontem ou anteontem da boca de uma colega minha, na SIC (andou comigo na mesma Universidade do que eu, em Coimbra), quando entrevistava o Nelson Évora, atleta do salto em comprimento, e vice-campeão do mundo em Berlim. Para mim, demonstra o desprezo e a falta de consideração que esta classe tem por estes atletas. Numa cultura impregnada de futebol, nunca aquela frase "o segundo classificado é o primeiro dos últimos" foi tão usada.

Frases desse tipo demonstram também que a grande maioria desta classe não tem cultura, ou experiência desportiva. Digo isto em termos de alta competição. A esmagadora maioria desta gente é "desportista" ou "futebolista" de sofá. Nunca deve ter praticado algum desporto na vida. Eu pessoalmente, fiz atletismo na escola, nadei competitivamente e pratiquei karting. E ganhei um enorme respeito por todos aqueles que sacrificam a sua infância e juventude em busca de algo como ser o melhor. De participar em campeonatos do mundo e Jogos Olimpicos. Eu sonhei, em jovem, competir naquilo que acho ser a maior competição do Mundo.

Para mim o futebol é mais um desporto, não é "o" desporto, ao contrário de muita gente. Aliás, a cada dia que passa, por estar dentro da engrenagem, convenço-me cada vez mais que "jornais desportivos" são mais uma ficção. "Jornais de futebol" é o que são. E em Portugal, são os "Jornais dos Três Grandes". A cada dia que passa, por causa desta gente, mais detesto o futebol.

Perdoem-me o desabafo, meus caros amigos. Este post deveria ser o de congratulação pelo excelente resultado internacional da Telma Monteiro e não de amargura pela estupidez intelectual de certos profissionais, que vivem com a doença da "medalhite" e atacam os atletas quando estes não conseguem os resultados que estes desejariam que tivessem para fazer capas bonitas no Verão, quando o futebol está parado... E mais uma vez, Parabéns, Telma!

Cinquenta anos de vida, Gerhard Berger!

Gerhard Berger atingiu hoje o seu 50º aniversário natalicio. Não sei como é visto hoje em dia, mas eu o recordo como o homem que no inicio da sua carreira deu a primeira vitória à Benetton, que deu nas suas duas passagens pela Ferrari os seus fogachos, quer ao ganhar as duas últimas provas de 1987, que foram também as últimas que Enzo Ferrari viu em vida, quer quando viu cair no seu colo uma inesperada vitória em Monza 1988, um mês depois da morte de "Il Commendatore", para delírio dos "tiffosi".


Foi também o melhor companheiro de equipa que Ayrton Senna teve. Não só nos termos em que ele soube ser o segundo piloto da equipa McLaren, mas também pelos seu lado humano, mas para o humoristico. Cenas contadas como a mala Samsonite atirada do helicóptero, para saber da sua resistência, ou dos sapos no quarto de Senna, na Austrália, contadas anos depois, foram inesquecíveis e demonstraram uma faceta mais humana no piloto brasileiro, pois não só se ria das suas brincadeiras, como ele próprio inventava as suas, como resposta.

Esteve na Formula 1 de 1984 até 1997, um periodo longo na categoria máxima. Foi o homem que, no final da sua carreira, brilhou em Hockenheim: em 1994, quando aproveitou as longas rectas para fazer cantar o seu V12 e dar a primeira vitória para a marca em quase três anos e meio, apesar de ter beneficiado das carambolas na partida. Três anos depois, quando passou por um dos periodos mais complicados na sua vida (foi operado a uma sinusite e perdeu o pai num acidente aéreo), voltou brilhantemente à competição e venceu no circuito alemão, para gáudio de todo o "paddock". "I couldn't be happy, Formula One Couldn't be happy", dizia um extasiado Murray Walker quando narrou a sua vitória. Foi a última da equipa, onze anos depois de a ter dado a primeira.

Berger tem uma ligação a Portugal, devido ao facto de se ter casado com uma modelo, de seu nome Ana Corvo. Dessa união resultaram duas filhas. Desconheço se continuam casados, mas pode-se dizer que o nosso país é muito mais do que o lugar onde venceu a corrida de 1989... Hoje em dia, depois de ter ajudado a gerir a Toro Rosso, com excelentes resultados (venceu em monza graças a Sebastien Vettel, anda por aí, provavelmente gozando a sua semi-reforma da Formula 1. E para alguém que não foi campeão, teve uma vida demasiado grande para ser um mero segundo piloto. Feliz Aniversário, Gerhard!

O "mistério A1GP", a dois meses do seu começo

Ontem à noite, depois de ter acabado a minha 5ª Coluna, dei por mim a ver a página da A1GP, mais concretamente a olhar para o calendário, onde via a contagem decresente para a prova de Surfers Paradise: 60 dias. Dois meses para a prova australiana, e vejo que só há duas provas confirmadas, com mais três vagas abertas, pelo menos em 2009, ignorando o que vai ser o calendário na segunda metade do campeonato, ou seja em 2010.

Bem sei que a crise afecta a todos, e sei perfeitamente que no ano passado houve três cancelamentos em termos de calendário (Itália, Indonésia e México), todos por razões diferentes. Sei perfeitamente que no primeiro caso, os carros não estavam prontos, e nos outros casos foi por causa da Gripe A (México) e que a pista não estava pronta (Indonésia). Mas este ano já se saberia alguma coisa de concreto. Será que teremos mesmo competição? Quem visitar o site, dirá que sim, e a demonstração em Assen, há umas semanas, foi uma forma de mostrar que "estão vivos". Mas sei que em Julho, a empresa que tratava da logistica, sedidada em Inglaterra, abriu falência. E sinceramente, não sei nada sobre a tal fábrica de Portimão, que já deveria ter começado a ser construida.

Em suma: o luso-aul-africano Tony Teixeira está muito silencioso por estes dias. Por onde andará?

A dois meses de um eventual quinta temporada da categoria, as duvidas persistem em alguns sectores, mas o resto parece estar vivo. Verdade ou uma forma de não esquecer que existem? Afinal de contas, é uma competição onde andam carros construidos pela Ferrari, que assinou um protocolo até 2014... Gostaria de saber umas noticias a sério sobre o que se passa acerca desta competição entre nações, de onde Filipe Albuquerque é o piloto que corre por Portugal.

GP Memória - Belgica 1989

Passados quinze dias desde a corrida húngara, máquinas e pilotos passavam agora para o desafiador circuito de Spa-Fracochamps, na Bélgica, onde eram sujeitos não só aos desafios da pista, como também ao capricho do tempo nas Ardenas, um local onde 45 anos antes tinha assistido à ultima grande ofensiva da Alemanha nazi contra os Aliados. Aliás, Bastogne, o local onde o general americano Anthony McAuliffe, respondera ao cerco alemão com um simples “NUTS!” não ficava longe dali…


Os bastidores andavam agitados, mas agitados do que o costume. Alguns dias antes, o homem que comprara a MRD Developments, o nome de registo da Brabham, no ano anterior a Bernie Ecclestone, o suíço Joachim Luthi, tinha sido preso, acusado de uma grande fraude, no valor de 100 milhões de dólares, de uma das suas companhias de investimentos bancários. A justiça suíça decidira congelar os seus bens. Ao mesmo tempo, outro dos potenciais compradores, um tal… Peter Windsor, tinha entrado com uma acção num tribunal londrino, para contestar essa compra, o que fez com que… os bens da MRD fossem congelados também!


Enquanto isso, havia algumas alterações nas equipas. A corrida belga coincidia com uma ronda da Formula 3000 europeia, e Jean Alesi estava a disputar o título daquele ano. Assim sendo, Ken Tyrrell, patrão da equipa, foi buscar os serviços do novato Johnny Herbert para preencher a vaga. Herbert, que tinha sido despedido da Benetton no final da corrida canadiana, tinha mais uma chance de demonstrar o seu valor, e também voltaria para correr na prova do Estoril, dali a quatro semanas.


Numa das equipas do fundo do pelotão, a Rial, o seu patrão Gunther Schmidt dispensava os serviços do seu compatriota Wolker Weidler, que nunca se tinha qualificado uma única vez na temporada. No seu lugar, vinha o francês Pierre-Henri Raphanel, que tinha corrido até ali na Coloni, outra equipa do fundo do pelotão. Nessa equipa, a sua vaga foi preenchida pelo italiano Enrico Bertaggia.


A corrida belga, que iria marcar o centésimo Grande Prémio por parte do local Thierry Boutsen, que começara a correr sete temporadas antes, em… Spa-Francochamps, começou com as pré-qualificações de sexta-feira de manhã, com os Larrousse de Michele Alboreto e Philipe Alliot, e os Onyx de Stefan Johansson e Bertrand Gachot a serem contemplados com a passagem para a fase seguinte. No final da qualificação, estes quatro carros conseguiriam estar entre os 26 felizes contemplados para correr na prova de Domingo.


Para o lugar mais cobiçado, a “pole-position” o feliz contemplado foi o favorito de todas as casas de apostas: Ayrton Senna, no seu McLaren-Honda. Ao seu lado estava o seu companheiro de equipa, e maior rival, Alain Prost. Na segunda fila ficaram o Ferrari de Gerhard Berger e o Williams-Renault de Thierry Boutsen, e na terceira estavam o segundo Williams-Renault de Riccardo Patrese e o segundo Ferrari de Nigel Mansell. Alessandro Nannini, no seu Benetton-Ford, era o sétimo a partir, tendo a seu lado o Brabham-Judd de Stefano Modena. A fechar o “top ten” ficavam o March-Judd de Maurício Gugelmin e o Arrows-Ford de Derek Warwick.

A tarde de Sábado ficaria famosa em Spa-Francochamps por um “escândalo”: a Lótus, a mítica equipa fundada em 1958 por Colin Chapman, não conseguia meter nenhum dos seus carros na grelha. Nelson Piquet e Satoru Nakajima não iriam alinhar, devido a problemas de vária ordem. Um motor partido num chassis e danos noutro devido a despiste, aliados a pneus Goodyear pouco eficazes, fizeram com que ambos os pilotos ficassem de fora. Um golpe brutal na equipa, que vivia tempos conturbados…

No dia da partida, uma chuva forte atrasou a partida por mais de uma hora, devido ao facto de em certas zonas, a água inundava a pista. Quando esta amainou um pouco, a partida foi dada, com Senna a manter a liderança atrás de Prost, Berger e Mansell, que sai um pouco do asfalto para tentar ganhar uns lugares extra. As coisas andam assim por mais umas voltas, até que Berger desiste, vítima de "acquaplanning" na volta nove.


A meio da corrida, tudo está na mesma, com Prost a não largar Senna e atrás deles, Mansell a não largar os McLaren. Ricardo Patrese desiste devido a um acidente, uma volta depois e no mesmo local que o Larrousse do seu compatriota Michele Alboreto. Esse é praticamente o último acontecimento relevante da corrida até ao final, quando Senna cruza a meta como vencedor, mas ganhou apenas três pontos a Prost. Mansell acompanhou-os no pódio, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Williams de Thierry Boutsen, o Benetton de Alessandro Nannini e o Arrows de Derek Warwick.

Fontes:

Santos, Francisco – Formula 1 1989/90, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1989


http://en.wikipedia.org/wiki/1989_Belgian_Grand_Prix

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Videos do Mantovani - GP da Europa (Valencia)



Era inevitável que o Bruno Mantovani tocasse nesse assunto. Com a saída da Honda, toda a gente tinha feito o funeral de Rubens Barrichello, e o Bruno Mantovani chegou a fazer um cartoon colocando a campa do piloto brasileiro, ao lado de David Coulthard, por exemplo. Só que Barrichello não desistiu, e quando a Brawn GP foi anunciada, com o veterano piloto brasileiro ao voltante, Mantovani "corrigiu o tiro", colocando-o como um morto-vivo, que vindo dos mortos, iria aterrorizar as pistas.


E não é que aconteceu mesmo? Ainda por cima em Valência, sendo o unico brasileiro do pelotão, e a conseguir a centésima vitória do seu país na Formula 1...


Já agora: repararam no pormenor do "carro" que o Luca Badoer anda a conduzir. Sensacional, não?

Troféu Blogueiros - As notas de Valencia

Com algum atraso (desta vez a culpa é do Thiago) eis as notas do GP da Europa, que decorreu este fim de semana no circuito de Valencia.



Eu esta semana decidi não dar nota dez ao Barrichello, não porque o merecia (e a resposta é sim) mas decidi que este fim de semana não daria nota dez a ninguém. Só isso. Achei por bem dar nota nove a Rubens Barrichello e a Lewis Hamilton porque ambos, pelos feitos que alcançaram no fim de semana (um ganhou, o outro fez a pole-position), mereciam ambos a mesma nota. Assim, espalhei o mal pelas aldeias...





Já agora, se acham que fui bonzinho ao dar nota 1 ao Luca Badoer, imaginem a Priscilla que deu nota 3 ao italiano...

Norberto Lobo, "Ayrton Senna"




Descobri isto a semana passada quando lia o jornal "Público", numa secção sobre as musicas que devem ser ouvidas neste Verão. Contudo, deixei passar uns dias, para que as pessoas pudessem ver este video e apreciar a musica sem as interferências automobilisticas tipicas de um fim de semana competitivo.


Norberto Lobo é um guitarrista português, que toca essencialmente musicas instrumentais, sem voz. O seu talento está a ser reconhecido pela critica e pelo público, pois este ano lançou o seu segundo álbum, "Pata Lenta". Uma das musicas desse álbum tem um título intrigante: "Ayrton Senna". Intrigado, fui ouvir a musica, e no final descobri algo agradável de se ouvir num piquenique no campo, numa tarde agradável de Verão, à sombra de uma árvore de grande porte. Em suma, a mim esta musica entrou bem nos meus ouvidos.


Agora: o que isto tem a ver com um piloto de Formula 1 brasileiro, morto há 15 anos? Acho que tem a ver com a idade. Norberto Lobo é da mesma idade do que eu, e tal como muitos que cresceram nos anos 80 e 90, certamente passaram as manhãs e as tardes de Domingo a ver na TV as desventuras de um piloto de capacete amarelo, num carro ora negro e dourado, ora amarelo vivo, ora vermelho e branco, lutando pela vitória, pela pole-position, contra outros vinte ou vinte e cinco adversários, durante quase dez anos.


Certamente, isto tem de ter impacto. E à medida que chegamos à idade adulta, essas referências tornam-se óbvias. E pouco tempo depois de ter descoberto os DeLorean (com a ajuda do Daniel), posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que Ayrton Senna deixou uma referência que vai muito para além das fronteiras aparentemente estanques do automobilismo...

GP Memória - Holanda 1984

Tinha passado apenas uma semana desde Zeltweg, e o campeonato estava ao rubro, apesar de todos saberem que iria ficar nas mãos de um dos pilotos da McLaren. Niki Lauda estava na frente de Alain Prost por meros oito pontos e meio, a diferença entre uma vitória, menos… meio ponto. Prost, que tinha perdido o campeonato do ano anterior, não queria passar pelo mesmo um segundo ano, e tinha de reagir, de preferência com uma vitória.


Enquanto as pessoas verificavam essa questão, nos bastidores levantava-se outra: os insistentes rumores de um acordo iminente entre o “rookie” Ayrton Senna e a equipa Lótus. O brasileiro tinha um acordo com a Toleman até ao final da temporada de 1985, e Alex Hawkridge, o patrão da equipa, queria que a equipa com sede em Hethel negociasse directamente com ele, na esperança de conseguir vantagens, pois entre outras coisas, precisava de um fornecedor de pneus, já que a Michelin tinha anunciado a sua retirada no final daquela temporada. Contudo, Senna preferiu negociar directamente com eles, mais concretamente com Peter Warr, e como Senna tinha caído bem no goto dos administradores da BAT (British American Tobacco, que detinha a marca John Player Special) acordou um contrato com Senna, que teria a duração de três temporadas. Firmado o acordo, Senna combinou com Warr que iria avisar Hawkridge antes do anúncio oficial.


Contudo, uma fuga de informação precipitou as coisas e na manhã de Domingo, a Lotus mandava à imprensa o comunicado oficial anunciando a contratação do jovem prodígio para a temporada seguinte. Hawkridge ficara furioso pelo facto do negócio ter sido feito sem o seu conhecimento, pois planeava o seu futuro à volta do piloto, e prometeu represálias sobre ele.


Na ATS, depois da experiência austríaca, com o novato local Gerhard Berger ao volante, a equipa de Gunther Schmidt voltou a ter um carro, para o alemão Manfred Winkelhock, mas com a promessa de que na prova seguinte, em Monza, iria correr com dois carros.


Na qualificação, Prost levou a melhor sobre Nelson Piquet, no seu Brabham-BMW, e ambos partilhavam a primeira fila da grelha. Logo atrás, Elio de Angelis (Lótus-Renault) partia em terceiro, à frente de Derek Warwick. Patrick Tambay, no segundo Renault, era quinto, e só depois é que estava o líder do campeonato, Niki Lauda. A Williams monopolizava a quarta fila, com Keke Rosberg à frente de Jacques Laffite, e a fechar o “top ten” estava o Ferrari de Michele Alboreto e o segundo Brabham-BMW de Teo Fabi.


Em 1984, Zandvoort era um circuito que estava na Formula 1 há mais de 30 anos, e o próprio circuito tinha quase 40 de existência, e não tinha passado por uma reforma profunda da sua estrutura, apesar dos inúmeros acidentes e mortes terem feito com que fosse um circuito mais seguro em termos de pista. E estando perto do mar, estava à mercê dos elementos, que paulatinamente corroíam tudo que era feito de metal. E a melhor prova disso foi o que aconteceria no Domingo de manhã, poucas horas antes da corrida, quando um passadiço cedera na zona das boxes cedeu, ferindo várias pessoas, quer da queda, quer dos destroços. Contudo, os planos para a corrida continuaram.


Na partida, Piquet levou a melhor sobre Prost e partiu na frente, seguido por Tambay, De Angelis e Rosberg. Lauda partira mal e era nono no final da primeira volta. Nas voltas seguintes, Rosberg passa o italiano da Lotus e o francês da Renault para ficar com a terceira posição, tendo atrás de si Lauda, que recuperara da sua má partida e já era quarto no final da nona volta.


Na volta seguinte, o líder Piquet tem uma fuga de óleo no seu Brabham e desiste, entregando a liderança a Prost, seguido por Rosberg e Lauda. Mas o austríaco estava melhor do que o finlandês e aos poucos fechou a diferença, para ultrapassá-lo mais tarde, deixando ambos os McLaren nos dois primeiros lugares. Se a corrida terminasse naquele momento, os 15 pontos alcançados seriam o suficiente para a McLaren conquistar o título de Construtores, a quatro provas do final daquela temporada.


Com o tempo, a ordem ficou estabilizada dessa maneira, com Mansell na quarta posição, depois de uma corrida ao ataque, primeiro aproveitando o despiste de Teo Fabi na Curva Tarzan, e passando depois seu companheiro de De Angelis.


Na volta 68, o guloso motor Honda fica sem combustível e Rosberg perde um pódio certo. Mansell herda o terceiro lugar, o seu segundo pódio do ano, e na meta. Prost vencia para quinta vez nesse ano, com Lauda logo atrás, e Mansell no lugar mais baixo do pódio. Elio de Angelis era o quarto, Teo Fabi o quinto no seu Brabham e Patrick Tambay fechava os lugares pontuáveis no seu Renault.


Fontes:


Santos, Francisco, Ayrton Senna do Brasil, Ed. Edipromo, São Paulo, 1994


http://en.wikipedia.org/wiki/1984_Dutch_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr401.html