sábado, 29 de agosto de 2009
The End: Frank Gardner (1930-2009)
GP2 - Ronda 9, Belgica (Corrida 1)
Foi uma prova demolidora: somente onze pilotos chegaram ao fim. Acabou com um Safety Car em pista, pois um forte acidente por parte do monegasco Stefano Coletti, a duas voltas do fim, mas dos pilotos principais, Vitaly Petrov foi o mais prejudicado, pois desistiu com um motor partido. Mas compensou: Alvaro Parente sobreviveu aos ataques de Nico Hulkenberg, à imprevisibilidade de Spa-Francochamps e aos outros, e teve a sorte do seu lado para conseguir algo histórico: a vitória.
Pois é, esta história teve um final feliz. Alvaro Parente, um piloto português, deu à Ocean Racing Technology a sua primeira vitória de sempre. Um glorioso dia para o automobilismo e para as cores nacionais! No pódio, Parente esteve acompanhado por Hulkenberg, que é cada vez mais o candidato ao título, e do brasileiro Lucas di Grassi, no seu Racing Engeneering.
Quanto a Karun Chandhok, o outro piloto da Ocean viu-se envolvido na luta pelas últimas posições pontuáveis, acabando por abandonar na sétima volta, depois de errar em Les Combes e fazer um pião, sendo abalroado por Davide Rigon, que não pôde evitar o monolugar da Ocean.
Agora, depois desta tarde histórica para o automobilismo português, Parente partirá amanhã da oitava posição da grelha de partida, pois esta é invertida para os oito primeiros. Umna coisa é certa: o dia de hoje está marcada a letras de ouro na história do automobilismo nacional!
Formula 1 - Ronda 12, Spa-Francochamps (Qualificação)
Ao longo desta temporada vimos duas situações distintas: na primeira parte, o domínio dos Brawn GP, contrariados somente pela Red Bull. Mas a segunda parte da temporada começa com o ressuscitar da McLaren, graças ao KERS, os fogachos da Renault e Ferrari (apesar do acidente de Felipe Massa na Hungria) agora, em Spa-Francochamps, provavelmente o circuito mais imprevisível do calendário deste ano (depois do sr. Bernie Ecclestone ter-nos tirado Montreal), tivemos a mais recente surpresa: um Force Índia na pole-position!
"É incrível, nunca esperei conseguir a 'pole-position'. É incrível, é fantástico", afirmou um extasiado Giancarlo Fisichella logo após a sessão. "Estou muito feliz. Tenho de agradecer a toda a equipa, porque eles fizeram um excelente trabalho", acrescentou. Quanto à corrida de amanhã, Fisichella afirmou que está "muito confiante para a corrida mas temos de esperar para ver como tudo vai acontecer". Querem apostar que ele vai reabastecer à quinta volta? Spa é o circuito mais longo do Mundial...
Há outras surpresas na grelha: Jarno Trulli é o segundo a partir, no seu Toyota, e Nick Heidfeld é o terceiro, no seu BMW. Com uma equipa a anunciar a sua retirada, e outra a repensar o seu futuro mais próximo, até convêm mostrar algum serviço na Formula 1. E ambos os pilotos, que estão com uma situação delicada para 2010, este resultado até pode ser um belo cartão de visita.
"Obviamente que este é um resultado muito importante para a equipa. Dissemos que a BMW queria sair em alta, mas este terceiro posto é ainda mais importante para as pessoas que trabalham em Hinwill. Estamos a trabalhar para garantir que mantemos a equipa e é bom mostrar uma boa performance", afirmou um surpreso Nick Heidfeld.
"É um mistério. Nao fizemos nada ao carro comparado com as últimas corridas e, subitamente, somos competitivos. É fantástico, porque estamos a atravessar um peiodo difícil", começou por referir Jarno Trulli. "Não percebemos porque temos dificuldades por vezes e depois somos competitivos, como aconteceu hoje. Estou muito confiante para amanhã", revelou o italiano.
GP Memória - Belgica 1999
Máquinas e pilotos chegavam a Spa-Francochamps para disputar a 12ª prova do Mundial de 1999, e os McLaren eram os claros favoritos. Disputado sob tempo seco em todo o fim-de-semana, isso foi bem aproveitado por Hakkinen para conseguir a sua quinta pole-position consecutiva do ano e teria a seu lado o companheiro de equipa, o escocês David Coulthard.
A segunda fila da grelha era toda da Jordan: Heinz-Herald Frentzen era melhor do que Damon Hill, e ambos tinham batido Eddie Irvine, que iria somente largar da sexta posição, batido ainda por Ralf Schumacher, no seu Williams. Rubens Barrichello, no seu Stewart, era sétimo, e Alex Zanardi, no segundo Williams, conseguia o oitavo melhor tempo. A fechar o “top ten” estava o Ferrari de Mika Salo e o segundo Stewart de Johnny Herbert.
Sob céu limpo e sol, e perante mais de cem mil pessoas, máquinas e pilotos preparavam-se para o GP da Bélgica, esperando que não existisse uma nova repetição dos acontecimentos do ano anterior. Não aconteceu, mas esteve quase. Na partida, a embraiagem de Hakkinen teve problemas, o que foi aproveitado por Coulthard para ficar à frente dele. Hakkinen não se intimidou e travou mais tarde para tentar recuperar a posição perdida, só que ambos tocaram no gancho de La Source. O toque foi sem consequências, mas as recordações de Zeltweg, mês e meio antes, vieram à tona. Contudo, o escocês passou para a frente, e não mais largou o lugar até ao final da corrida.
No final da corrida, Hakkinen justificou o que se passou na partida: “Quando as luzes vermelhas se acenderam, precisamos de sentir a embraiagem para saber onde ela está pegando. Só que pegou quando eu não esperava, e o carro deu um pequeno pulo para a frente. Consegui parar imediatamente e pus de novo o pé na embraiagem. Só que nesse momento, as luzes vermelhas acenderam…”
Coulthard disparou na liderança, e Hakkinen limitou-se a segui-lo, enquanto que mais atrás, Frentzen tinha a corrida controlada, mas em ritmo elevado, pois aspirava o segundo posto de Hakkinen. Mais atrás, Irvine estava a ser pressionado por Ralf Schumacher, mas depois do primeiro reabastecimento, perdeu muito tempo atrás de Salo, enquanto que na luta pelo último lugar pontuável estavam Hill e Zanardi. No final, um segundo reabastecimento mais prolongado deu o sexto posto ao veterano piloto da Jordan. Para Hill, este viria depois a ser o seu último ponto na Formula 1.
Quando David Coulthard cortou a meta pela última vez, a McLaren podia celebrar uma dobradinha, mas com a ordem invertida. E se Hakkinen tinha ganho em pista três pontos a Irvine, a falha de ordens de equipa impediu-o de conseguir mais quatro, e assim, o finlandês era o novo líder do Mundial, mas apenas com um ponto de vantagem, em vez de quatro pontos, caso tivesse ganho. E Monza estava ali à esquina…
Fontes:
Santos, Francisco – Formula 1 1999/2000, Ed. Talento, Lisboa, 1999
http://en.wikipedia.org/wiki/1999_Belgian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr642.html
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Formula Renault: Felix da Costa espera resolver o campeonato em Most
GP 2 - Ronda 9, Belgica (Qualificação)
Formula 1 - Ronda 12, Spa-Francochamps (Treinos)
A 5ª Coluna desta semana
GP Memória - Belgica 1994
Em Spa-Francochamps, as preocupações com a segurança estavam bem presentes. Mais do que as alterações nos carros, após os acontecimentos de Imola, era também o próprio circuito que tinha sido alterado. A mítica Eau Rouge, onde os carros desciam a partir de La Source, para depois voltarem a subir na curva seguinte, a Radillon, onde somente os mais valentes (ou os mais loucos) conseguiam fazer a fundo, tinha sido transformada numa chicane, com o nítido objectivo de abrandar os carros e baixar a média de velocidade.
No pelotão da Formula 1, à medida que o final da temporada se aproximava, os orçamentos de algumas equipas ficavam um pouco mais curtos do que o esperado, devido aos acidentes e outros gastos extra. Sendo assim, essas equipas iam à cata de pilotos pagantes, muitas das vezes com um talento inversamente proporcional ao tamanho da carteira. Era o caso da Lotus, que vivia em 1994 o seu estertor final. Precisando de dinheiro, dispensou os serviços de Alessandro Zanardi e foi contratar o belga Philipe Adams, um jovem piloto de Formula 3000. De inicio, ele afirmara ter arranjado patrocinadores para esta aventura, mas no final descobriu-se que o dinheiro tinha vindo do bolso da sua própria família.
Mas não era a única alteração no pelotão. Philipe Alliot, depois da sua experiência pela McLaren, na Hungria, iria alinhar no GP belga, substituindo o monegasco Olivier Beretta. Iria ser a sua última corrida na Formula 1 para o piloto francês, agora com 40 anos de idade.
Os treinos foram imprevisíveis, tal como o tempo belga. Surpreendentemente, Rubens Barrichello tinha conseguido o melhor tempo nos treinos de sexta-feira, com chuva e a pista a secar, fornecendo-lhe uma trajectória suficientemente boa para poder calçar “slicks”. Conseguiu o que queria, e como as coisas pareciam não se alterar no dia seguinte, pois choveu copiosamente, aconteceu o improvável: aos 22 anos e dias, Rubens Barrichello era naquela altura o mais jovem “poleman” da história da Formula 1, dando a Eddie Jordan a primeira pole-position da sua carreira.
Ao lado de Barrichello, estava Michael Schumacher no seu Benetton, que tinha conseguido bater Damon Hill, que estava na segunda fila, na terceira posição. Ao seu lado estava o segundo Jordan, de Eddie Irvine. O Ferrari de Jean Alesi era o quinto na grelha, com o segundo Benetton de Jos Verstappen a seu lado. Depois vinham o segundo Williams de David Coulthard e o McLaren de Mika Hakkinen. A fechar o “top ten” estavam o Sauber de Heinz-Harald Frentzen e o Minardi de Pierluigi Martini.
No dia da corrida, a chuva deu lugar a um belo sol de Verão, e sabia-se que as hierarquias iriam ser restabelecidas mais cedo do que se esperava. Assim sendo, na partida, apesar de Barrichello ter aguentado o ataque do piloto alemão nos primeiros metros, os cavalos do motor Ford Zetec falaram mais alto do que o Hart que era equipado nos Jordan, e assim Schumi chegou à liderança, para não mais a largar. Jean Alesi passou-o pouco depois e foi atrás do líder. Mas na segunda volta, o motor Ferrari cala-se, deixando o pobre francês apeado.
Scumacher não tem quaisquer adversários, e fará uma prova sem problemas até à volta 19, quando se despista depois de ter passado por uma poça molhada com os seus pneus slicks. Voltou à pista e conseguiu controlar o carro. Contudo, esse despiste fez raspar o patim de madeira instalado por debaixo do seu carro, levando a consequências que seriam demonstradas no final da corrida.
Até lá, o piloto alemão liderava a prova sem ser contestado. Os Williams de Damon Hill e David Coulthard seguiam logo atrás, já que Barrichello tinha desistido na volta 19, vítima de acidente. Hakkinen era quarto, perseguido por Verstappen e o Tyrrell de Mark Blundell. Até ao final da corrida, não haveria mais incidentes de maior, exceptuando o atraso de Coulthard nas voltas finais.
Quando a bandeira de xadrez foi mostrada, Schumacher era o vencedor, seguido por Hill e Hakkinen. E foram esses os pilotos que subiram ao pódio. Pouco depois, os comissários técnicos começaram a verificar os carros, e descobriram um desgaste anormal no patim de madeira no carro de Michael Schumacher. Este tinha 7,5 milímetros de espessura, bem abaixo dos 9 mm permitidos em desgaste, já que essa tábua tem 10 mm de espessura, quando montado nos carros. Resultado: “Após as verificações técnicas e uma consulta ao representante da equipa Benetton, os comissários de pista decidiram remover o carro numero cinco do evento”. Em suma, Schumacher era desclassificado pela segunda vez na época. Assim, Damon Hill era o vencedor, com Mika Hakkinen e Jos Verstappen a acompanhá-lo no pódio. David Coulthard, o Tyrrell de Mark Blundell e o Arrows de Gianni Morbidelli ficaram com os restantes lugares pontuáveis.
Fontes:
Santos, Francisco – Formula 1 1994/95, Ed. Talento, Lisboa, 1994.
http://en.wikipedia.org/wiki/1994_Belgian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr559.html
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Antevisão: Alvaro Parente espera um bom resultado em Spa-Francochamps
Extra-Campeonato: A medalha da Telma e a falta de cultura de certo jornalismo desportivo
Cinquenta anos de vida, Gerhard Berger!
O "mistério A1GP", a dois meses do seu começo
GP Memória - Belgica 1989
Os bastidores andavam agitados, mas agitados do que o costume. Alguns dias antes, o homem que comprara a MRD Developments, o nome de registo da Brabham, no ano anterior a Bernie Ecclestone, o suíço Joachim Luthi, tinha sido preso, acusado de uma grande fraude, no valor de 100 milhões de dólares, de uma das suas companhias de investimentos bancários. A justiça suíça decidira congelar os seus bens. Ao mesmo tempo, outro dos potenciais compradores, um tal… Peter Windsor, tinha entrado com uma acção num tribunal londrino, para contestar essa compra, o que fez com que… os bens da MRD fossem congelados também!
Enquanto isso, havia algumas alterações nas equipas. A corrida belga coincidia com uma ronda da Formula 3000 europeia, e Jean Alesi estava a disputar o título daquele ano. Assim sendo, Ken Tyrrell, patrão da equipa, foi buscar os serviços do novato Johnny Herbert para preencher a vaga. Herbert, que tinha sido despedido da Benetton no final da corrida canadiana, tinha mais uma chance de demonstrar o seu valor, e também voltaria para correr na prova do Estoril, dali a quatro semanas.
Numa das equipas do fundo do pelotão, a Rial, o seu patrão Gunther Schmidt dispensava os serviços do seu compatriota Wolker Weidler, que nunca se tinha qualificado uma única vez na temporada. No seu lugar, vinha o francês Pierre-Henri Raphanel, que tinha corrido até ali na Coloni, outra equipa do fundo do pelotão. Nessa equipa, a sua vaga foi preenchida pelo italiano Enrico Bertaggia.
A corrida belga, que iria marcar o centésimo Grande Prémio por parte do local Thierry Boutsen, que começara a correr sete temporadas antes, em… Spa-Francochamps, começou com as pré-qualificações de sexta-feira de manhã, com os Larrousse de Michele Alboreto e Philipe Alliot, e os Onyx de Stefan Johansson e Bertrand Gachot a serem contemplados com a passagem para a fase seguinte. No final da qualificação, estes quatro carros conseguiriam estar entre os 26 felizes contemplados para correr na prova de Domingo.
Para o lugar mais cobiçado, a “pole-position” o feliz contemplado foi o favorito de todas as casas de apostas: Ayrton Senna, no seu McLaren-Honda. Ao seu lado estava o seu companheiro de equipa, e maior rival, Alain Prost. Na segunda fila ficaram o Ferrari de Gerhard Berger e o Williams-Renault de Thierry Boutsen, e na terceira estavam o segundo Williams-Renault de Riccardo Patrese e o segundo Ferrari de Nigel Mansell. Alessandro Nannini, no seu Benetton-Ford, era o sétimo a partir, tendo a seu lado o Brabham-Judd de Stefano Modena. A fechar o “top ten” ficavam o March-Judd de Maurício Gugelmin e o Arrows-Ford de Derek Warwick.
A tarde de Sábado ficaria famosa em Spa-Francochamps por um “escândalo”: a Lótus, a mítica equipa fundada em 1958 por Colin Chapman, não conseguia meter nenhum dos seus carros na grelha. Nelson Piquet e Satoru Nakajima não iriam alinhar, devido a problemas de vária ordem. Um motor partido num chassis e danos noutro devido a despiste, aliados a pneus Goodyear pouco eficazes, fizeram com que ambos os pilotos ficassem de fora. Um golpe brutal na equipa, que vivia tempos conturbados…
Fontes:
Santos, Francisco – Formula 1 1989/90, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1989
http://en.wikipedia.org/wiki/1989_Belgian_Grand_Prix
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Videos do Mantovani - GP da Europa (Valencia)
E não é que aconteceu mesmo? Ainda por cima em Valência, sendo o unico brasileiro do pelotão, e a conseguir a centésima vitória do seu país na Formula 1...
Já agora: repararam no pormenor do "carro" que o Luca Badoer anda a conduzir. Sensacional, não?
Troféu Blogueiros - As notas de Valencia
Norberto Lobo, "Ayrton Senna"
Norberto Lobo é um guitarrista português, que toca essencialmente musicas instrumentais, sem voz. O seu talento está a ser reconhecido pela critica e pelo público, pois este ano lançou o seu segundo álbum, "Pata Lenta". Uma das musicas desse álbum tem um título intrigante: "Ayrton Senna". Intrigado, fui ouvir a musica, e no final descobri algo agradável de se ouvir num piquenique no campo, numa tarde agradável de Verão, à sombra de uma árvore de grande porte. Em suma, a mim esta musica entrou bem nos meus ouvidos.
Agora: o que isto tem a ver com um piloto de Formula 1 brasileiro, morto há 15 anos? Acho que tem a ver com a idade. Norberto Lobo é da mesma idade do que eu, e tal como muitos que cresceram nos anos 80 e 90, certamente passaram as manhãs e as tardes de Domingo a ver na TV as desventuras de um piloto de capacete amarelo, num carro ora negro e dourado, ora amarelo vivo, ora vermelho e branco, lutando pela vitória, pela pole-position, contra outros vinte ou vinte e cinco adversários, durante quase dez anos.
Certamente, isto tem de ter impacto. E à medida que chegamos à idade adulta, essas referências tornam-se óbvias. E pouco tempo depois de ter descoberto os DeLorean (com a ajuda do Daniel), posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que Ayrton Senna deixou uma referência que vai muito para além das fronteiras aparentemente estanques do automobilismo...
GP Memória - Holanda 1984
Enquanto as pessoas verificavam essa questão, nos bastidores levantava-se outra: os insistentes rumores de um acordo iminente entre o “rookie” Ayrton Senna e a equipa Lótus. O brasileiro tinha um acordo com a Toleman até ao final da temporada de 1985, e Alex Hawkridge, o patrão da equipa, queria que a equipa com sede em Hethel negociasse directamente com ele, na esperança de conseguir vantagens, pois entre outras coisas, precisava de um fornecedor de pneus, já que a Michelin tinha anunciado a sua retirada no final daquela temporada. Contudo, Senna preferiu negociar directamente com eles, mais concretamente com Peter Warr, e como Senna tinha caído bem no goto dos administradores da BAT (British American Tobacco, que detinha a marca John Player Special) acordou um contrato com Senna, que teria a duração de três temporadas. Firmado o acordo, Senna combinou com Warr que iria avisar Hawkridge antes do anúncio oficial.
Contudo, uma fuga de informação precipitou as coisas e na manhã de Domingo, a Lotus mandava à imprensa o comunicado oficial anunciando a contratação do jovem prodígio para a temporada seguinte. Hawkridge ficara furioso pelo facto do negócio ter sido feito sem o seu conhecimento, pois planeava o seu futuro à volta do piloto, e prometeu represálias sobre ele.
Na ATS, depois da experiência austríaca, com o novato local Gerhard Berger ao volante, a equipa de Gunther Schmidt voltou a ter um carro, para o alemão Manfred Winkelhock, mas com a promessa de que na prova seguinte, em Monza, iria correr com dois carros.
Na qualificação, Prost levou a melhor sobre Nelson Piquet, no seu Brabham-BMW, e ambos partilhavam a primeira fila da grelha. Logo atrás, Elio de Angelis (Lótus-Renault) partia em terceiro, à frente de Derek Warwick. Patrick Tambay, no segundo Renault, era quinto, e só depois é que estava o líder do campeonato, Niki Lauda. A Williams monopolizava a quarta fila, com Keke Rosberg à frente de Jacques Laffite, e a fechar o “top ten” estava o Ferrari de Michele Alboreto e o segundo Brabham-BMW de Teo Fabi.
Em 1984, Zandvoort era um circuito que estava na Formula 1 há mais de 30 anos, e o próprio circuito tinha quase 40 de existência, e não tinha passado por uma reforma profunda da sua estrutura, apesar dos inúmeros acidentes e mortes terem feito com que fosse um circuito mais seguro em termos de pista. E estando perto do mar, estava à mercê dos elementos, que paulatinamente corroíam tudo que era feito de metal. E a melhor prova disso foi o que aconteceria no Domingo de manhã, poucas horas antes da corrida, quando um passadiço cedera na zona das boxes cedeu, ferindo várias pessoas, quer da queda, quer dos destroços. Contudo, os planos para a corrida continuaram.
Na partida, Piquet levou a melhor sobre Prost e partiu na frente, seguido por Tambay, De Angelis e Rosberg. Lauda partira mal e era nono no final da primeira volta. Nas voltas seguintes, Rosberg passa o italiano da Lotus e o francês da Renault para ficar com a terceira posição, tendo atrás de si Lauda, que recuperara da sua má partida e já era quarto no final da nona volta.
Na volta seguinte, o líder Piquet tem uma fuga de óleo no seu Brabham e desiste, entregando a liderança a Prost, seguido por Rosberg e Lauda. Mas o austríaco estava melhor do que o finlandês e aos poucos fechou a diferença, para ultrapassá-lo mais tarde, deixando ambos os McLaren nos dois primeiros lugares. Se a corrida terminasse naquele momento, os 15 pontos alcançados seriam o suficiente para a McLaren conquistar o título de Construtores, a quatro provas do final daquela temporada.
Com o tempo, a ordem ficou estabilizada dessa maneira, com Mansell na quarta posição, depois de uma corrida ao ataque, primeiro aproveitando o despiste de Teo Fabi na Curva Tarzan, e passando depois seu companheiro de De Angelis.
Na volta 68, o guloso motor Honda fica sem combustível e Rosberg perde um pódio certo. Mansell herda o terceiro lugar, o seu segundo pódio do ano, e na meta. Prost vencia para quinta vez nesse ano, com Lauda logo atrás, e Mansell no lugar mais baixo do pódio. Elio de Angelis era o quarto, Teo Fabi o quinto no seu Brabham e Patrick Tambay fechava os lugares pontuáveis no seu Renault.
Fontes:
Santos, Francisco, Ayrton Senna do Brasil, Ed. Edipromo, São Paulo, 1994
http://en.wikipedia.org/wiki/1984_Dutch_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr401.html