domingo, 23 de agosto de 2009

GP Memória - Austria 1964

Após Nurburgring, o pelotão da Formula 1 ia para a vizinha Áustria, para correr num um novo circuito do calendário daquele ano. Não era bem um circuito, antes do mais era uma pista desenhada numa pista de aviação… Zeltweg era uma localidade no centro da Áustria, cujos organizadores tinham o sonho de ter um Grande Prémio de Formula 1 na sua área. Em 1961 e 1963 tinham realizado duas provas extra-campeonato, que eram na altura condição essencial para poderem fazer parte do calendário oficial. No ano anterior, a corrida fora ganha pelo carro de Jack Brabham.


Nesse Grande Prémio, estavam inscritos vinte pilotos para correr nesta prova. Um deles era um jovem piloto local de 22 anos, quer tinha alguma experiência de Formula 2, e detentor de uma fortuna suficiente para correr num Brabham BT11 da Rob Walker Racing Team. O seu nome era Jochen Rindt.


Na lista de inscritos, verificava-se o regresso dos BRP, que tinham estado ausentes em Nurburgring. Os britânicos Innes Ireland e Trevor Taylor estavam de regresso no seu chassis BRP 2, esperando obter os seus primeiros pontos do ano. O resto era o costume: a Lótus trazia Jim Clark e Mike Spence na equipa oficial, com Mike Hailwood e Chris Amon a correrem nos Lótus da Reg Parnell Racing; Jack Brabham e Dan Gurney pilotavam os Brabham oficiais, com Bob Anderson e Jo Bonnier a conduzirem os seus carros privados, a Ferrari trazia Lorenzo Bandini e John Surtees e a Cooper trazia Bruce McLaren e Phil Hill. Para finalizar, a BRM tinha quatro carros: dois oficiais para Phil Hill e Richie Ginther, e duas inscritas pela Scuderia Centro Sud, para Giancarlo Baghetti e o sul-africano Tony Maggs. Na Rob Walker Racing, para além do estreante Rindt, estava também o suiço Jo Siffert.


A Honda, que se tinha feito a sua estreia no Nurburgring, decidira ausentar-se do GP austríaco, concentrando-se no desenvolvimento do carro, mas prometendo voltar na prova seguinte, em Monza.


Quando carros e pilotos chegaram a Zeltweg, tinham avisado que a superfície do aeródromo seria demasiado ondulada para que as suspensões dos carros aguentassem as 105 voltas previstas na corrida, num circuito de 3200 metros. De facto, os treinos verificaram que as quebras nessa área eram frequentes, e as preocupações para a corrida eram legítimas. Mas no final da qualificação, o melhor era Graham Hill, no seu BRM. Como os organizadores tinham copiado o sistema de grelha 4-3-4 de Nurburgring, Hill iria partilhar a primeira fila com John Surtees, no seu Ferrari, Jim Clark, no seu Lótus, e Dan Gurney, no Brabham. Na segunda fila estavam Richie Ginther, no segundo BRM, Jack Brabham, no seu carro e Lorenzo Bandini, no segundo Ferrari. Na terceira fila estavam Mike Spence, no segundo Lótus, o Cooper de Bruce McLaren, o Brabham de Jo Bonnier e o BRP de Innes Ireland.


Na partida, Clark e Hill partem mal devido respectivamente a problemas na caixa de velocidades e Hill por ter patinado mais do que devia no seu BRM. Brabham também tem problemas, mas devido à sua bomba de combustível, o que faz com que o seu companheiro Dan Gurney fique com a liderança, com John Surtees na segunda posição. Na volta seguinte, o piloto da Ferrari assume o comando, com Bandini atrás, a conter Jim Clark, que tinha resolvido o seu problema com a caixa de velocidades. Poucas voltas depois, Hill desistia com um problema eléctrico.


Na volta oito, a suspensão de Surtees cede e o comando passa de novo para as mãos de Gurney, com Bandini e Clark atrás, e a pressioná-lo para ficar com o segundo posto, algo que consegue na nona volta. Logo depois, vai em busca de Gurney, que já tinha uma vantagem confortável, mas a diferença entre o Lótus e o Brabham não diminuía com o passar das voltas.


Até à volta 40, pouco haveria de relatar senão a desistência de Jo Siffert na volta 18, devido a um pião, deixando morrer o motor do seu Brabham. Nessa altura, Clark e Mike Spence, que seguia na quinta posição, desistem quase ao mesmo tempo, ambos devido ao mesmo motivo: o diferencial dos seus carros cedera. Isso deixava Gurney isolado no comando, com Bandini num já distante segundo posto, e Richie Ginther no terceiro lugar. A liderança de Gurney duraria apenas até à volta 47, quando o asfalto austríaco faz das suas e a suspensão do Brabham cede, deixando a pé o piloto americano. Assim Bandini herda a liderança, com Ginther em segundo e o sueco Jo Bonnier em terceiro, no seu Brabham da Rob Walker.


Na volta 58, o Cooper de Phil Hill, que ia no fundo do pelotão, despista-se devido a um problema de suspensão (uma vez mais) e bate fortemente, pegando fogo. O americano safa-se com pequenas queimaduras, mas a sua participação termina ali. Pouco depois, o Brabham de Bonnier tem problemas de motor e viu-se a reduzir o seu andamento, no sentido de tentar chegar ao fim.


No final, Lorenzo Bandini vence pela primeira vez na sua carreira, dando à Ferrari a primeira vitória de um piloto italiano desde o GP de França de 1961, com Giancarlo Baghetti. Riche Ginther fora segundo e o britânico Bob Anderson, no seu Brabham BT11 privado, fechava o pódio. O BRM de Tony Maggs era quarto, Innes Ireland o quinto no seu BRP, e Jo Bonnier conseguira chegar ao fim no sexto posto.


No final, a experiência do GP austríaco no aeródromo de Zeltweg tinha sido um fracasso devido ao facto da sua superfície ser demasiado dura para as suspensões usadas então. A corrida austríaca iria ser marcante em muitos aspectos: tornou-se na única vitória de Lorenzo Bandini e no único pódio de Bob Anderson. Curiosamente, ambos morreram num espaço de dois meses, em 1967, vítimas de acidentes. Quanto a Jochen Rindt, retirado na volta 58 devido a problemas de direcção, a sua primeira experiência na Formula 1 teria consequências para o resto da sua carreira. Seis anos mais tarde, quando o pelotão voltou à Áustria para correr no novo e veloz Osterreichring, Rindt era o piloto do momento e estava a caminho do seu campeonato. Mas tinha apenas mais três semanas de vida…


Fontes:


http://en.wikipedia.org/wiki/1964_Austrian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr128.html

1 comentário:

Anónimo disse...

excelente matéria Speeder

vc tem algumas informações sobre o projeto da phoenix e da GLAS de entrar na f1?

ass>Cassio