quarta-feira, 26 de agosto de 2009

GP Memória - Holanda 1984

Tinha passado apenas uma semana desde Zeltweg, e o campeonato estava ao rubro, apesar de todos saberem que iria ficar nas mãos de um dos pilotos da McLaren. Niki Lauda estava na frente de Alain Prost por meros oito pontos e meio, a diferença entre uma vitória, menos… meio ponto. Prost, que tinha perdido o campeonato do ano anterior, não queria passar pelo mesmo um segundo ano, e tinha de reagir, de preferência com uma vitória.


Enquanto as pessoas verificavam essa questão, nos bastidores levantava-se outra: os insistentes rumores de um acordo iminente entre o “rookie” Ayrton Senna e a equipa Lótus. O brasileiro tinha um acordo com a Toleman até ao final da temporada de 1985, e Alex Hawkridge, o patrão da equipa, queria que a equipa com sede em Hethel negociasse directamente com ele, na esperança de conseguir vantagens, pois entre outras coisas, precisava de um fornecedor de pneus, já que a Michelin tinha anunciado a sua retirada no final daquela temporada. Contudo, Senna preferiu negociar directamente com eles, mais concretamente com Peter Warr, e como Senna tinha caído bem no goto dos administradores da BAT (British American Tobacco, que detinha a marca John Player Special) acordou um contrato com Senna, que teria a duração de três temporadas. Firmado o acordo, Senna combinou com Warr que iria avisar Hawkridge antes do anúncio oficial.


Contudo, uma fuga de informação precipitou as coisas e na manhã de Domingo, a Lotus mandava à imprensa o comunicado oficial anunciando a contratação do jovem prodígio para a temporada seguinte. Hawkridge ficara furioso pelo facto do negócio ter sido feito sem o seu conhecimento, pois planeava o seu futuro à volta do piloto, e prometeu represálias sobre ele.


Na ATS, depois da experiência austríaca, com o novato local Gerhard Berger ao volante, a equipa de Gunther Schmidt voltou a ter um carro, para o alemão Manfred Winkelhock, mas com a promessa de que na prova seguinte, em Monza, iria correr com dois carros.


Na qualificação, Prost levou a melhor sobre Nelson Piquet, no seu Brabham-BMW, e ambos partilhavam a primeira fila da grelha. Logo atrás, Elio de Angelis (Lótus-Renault) partia em terceiro, à frente de Derek Warwick. Patrick Tambay, no segundo Renault, era quinto, e só depois é que estava o líder do campeonato, Niki Lauda. A Williams monopolizava a quarta fila, com Keke Rosberg à frente de Jacques Laffite, e a fechar o “top ten” estava o Ferrari de Michele Alboreto e o segundo Brabham-BMW de Teo Fabi.


Em 1984, Zandvoort era um circuito que estava na Formula 1 há mais de 30 anos, e o próprio circuito tinha quase 40 de existência, e não tinha passado por uma reforma profunda da sua estrutura, apesar dos inúmeros acidentes e mortes terem feito com que fosse um circuito mais seguro em termos de pista. E estando perto do mar, estava à mercê dos elementos, que paulatinamente corroíam tudo que era feito de metal. E a melhor prova disso foi o que aconteceria no Domingo de manhã, poucas horas antes da corrida, quando um passadiço cedera na zona das boxes cedeu, ferindo várias pessoas, quer da queda, quer dos destroços. Contudo, os planos para a corrida continuaram.


Na partida, Piquet levou a melhor sobre Prost e partiu na frente, seguido por Tambay, De Angelis e Rosberg. Lauda partira mal e era nono no final da primeira volta. Nas voltas seguintes, Rosberg passa o italiano da Lotus e o francês da Renault para ficar com a terceira posição, tendo atrás de si Lauda, que recuperara da sua má partida e já era quarto no final da nona volta.


Na volta seguinte, o líder Piquet tem uma fuga de óleo no seu Brabham e desiste, entregando a liderança a Prost, seguido por Rosberg e Lauda. Mas o austríaco estava melhor do que o finlandês e aos poucos fechou a diferença, para ultrapassá-lo mais tarde, deixando ambos os McLaren nos dois primeiros lugares. Se a corrida terminasse naquele momento, os 15 pontos alcançados seriam o suficiente para a McLaren conquistar o título de Construtores, a quatro provas do final daquela temporada.


Com o tempo, a ordem ficou estabilizada dessa maneira, com Mansell na quarta posição, depois de uma corrida ao ataque, primeiro aproveitando o despiste de Teo Fabi na Curva Tarzan, e passando depois seu companheiro de De Angelis.


Na volta 68, o guloso motor Honda fica sem combustível e Rosberg perde um pódio certo. Mansell herda o terceiro lugar, o seu segundo pódio do ano, e na meta. Prost vencia para quinta vez nesse ano, com Lauda logo atrás, e Mansell no lugar mais baixo do pódio. Elio de Angelis era o quarto, Teo Fabi o quinto no seu Brabham e Patrick Tambay fechava os lugares pontuáveis no seu Renault.


Fontes:


Santos, Francisco, Ayrton Senna do Brasil, Ed. Edipromo, São Paulo, 1994


http://en.wikipedia.org/wiki/1984_Dutch_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr401.html

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