sexta-feira, 28 de agosto de 2009

GP Memória - Belgica 1994

O Grande Prémio da Bélgica desse ano era especial, pois estávamos a falar do sitio onde três anos antes, Michael Schumacher se tinha estreado na categoria máxima do automobilismo. E nesse ano, os fãs alemães estavam extasiados por verem no comando do Mundial de pilotos, podendo alcançar o que nenhum tinha conseguido antes: o título mundial. Apesar das polémicas, apesar da oposição de Damon Hill e do seu Williams, que tudo fazia para diminuir o fosso cavado pelo piloto da Benetton.


Em Spa-Francochamps, as preocupações com a segurança estavam bem presentes. Mais do que as alterações nos carros, após os acontecimentos de Imola, era também o próprio circuito que tinha sido alterado. A mítica Eau Rouge, onde os carros desciam a partir de La Source, para depois voltarem a subir na curva seguinte, a Radillon, onde somente os mais valentes (ou os mais loucos) conseguiam fazer a fundo, tinha sido transformada numa chicane, com o nítido objectivo de abrandar os carros e baixar a média de velocidade.


No pelotão da Formula 1, à medida que o final da temporada se aproximava, os orçamentos de algumas equipas ficavam um pouco mais curtos do que o esperado, devido aos acidentes e outros gastos extra. Sendo assim, essas equipas iam à cata de pilotos pagantes, muitas das vezes com um talento inversamente proporcional ao tamanho da carteira. Era o caso da Lotus, que vivia em 1994 o seu estertor final. Precisando de dinheiro, dispensou os serviços de Alessandro Zanardi e foi contratar o belga Philipe Adams, um jovem piloto de Formula 3000. De inicio, ele afirmara ter arranjado patrocinadores para esta aventura, mas no final descobriu-se que o dinheiro tinha vindo do bolso da sua própria família.


Mas não era a única alteração no pelotão. Philipe Alliot, depois da sua experiência pela McLaren, na Hungria, iria alinhar no GP belga, substituindo o monegasco Olivier Beretta. Iria ser a sua última corrida na Formula 1 para o piloto francês, agora com 40 anos de idade.


Os treinos foram imprevisíveis, tal como o tempo belga. Surpreendentemente, Rubens Barrichello tinha conseguido o melhor tempo nos treinos de sexta-feira, com chuva e a pista a secar, fornecendo-lhe uma trajectória suficientemente boa para poder calçar “slicks”. Conseguiu o que queria, e como as coisas pareciam não se alterar no dia seguinte, pois choveu copiosamente, aconteceu o improvável: aos 22 anos e dias, Rubens Barrichello era naquela altura o mais jovem “poleman” da história da Formula 1, dando a Eddie Jordan a primeira pole-position da sua carreira.


Ao lado de Barrichello, estava Michael Schumacher no seu Benetton, que tinha conseguido bater Damon Hill, que estava na segunda fila, na terceira posição. Ao seu lado estava o segundo Jordan, de Eddie Irvine. O Ferrari de Jean Alesi era o quinto na grelha, com o segundo Benetton de Jos Verstappen a seu lado. Depois vinham o segundo Williams de David Coulthard e o McLaren de Mika Hakkinen. A fechar o “top ten” estavam o Sauber de Heinz-Harald Frentzen e o Minardi de Pierluigi Martini.


No dia da corrida, a chuva deu lugar a um belo sol de Verão, e sabia-se que as hierarquias iriam ser restabelecidas mais cedo do que se esperava. Assim sendo, na partida, apesar de Barrichello ter aguentado o ataque do piloto alemão nos primeiros metros, os cavalos do motor Ford Zetec falaram mais alto do que o Hart que era equipado nos Jordan, e assim Schumi chegou à liderança, para não mais a largar. Jean Alesi passou-o pouco depois e foi atrás do líder. Mas na segunda volta, o motor Ferrari cala-se, deixando o pobre francês apeado.


Scumacher não tem quaisquer adversários, e fará uma prova sem problemas até à volta 19, quando se despista depois de ter passado por uma poça molhada com os seus pneus slicks. Voltou à pista e conseguiu controlar o carro. Contudo, esse despiste fez raspar o patim de madeira instalado por debaixo do seu carro, levando a consequências que seriam demonstradas no final da corrida.


Até lá, o piloto alemão liderava a prova sem ser contestado. Os Williams de Damon Hill e David Coulthard seguiam logo atrás, já que Barrichello tinha desistido na volta 19, vítima de acidente. Hakkinen era quarto, perseguido por Verstappen e o Tyrrell de Mark Blundell. Até ao final da corrida, não haveria mais incidentes de maior, exceptuando o atraso de Coulthard nas voltas finais.


Quando a bandeira de xadrez foi mostrada, Schumacher era o vencedor, seguido por Hill e Hakkinen. E foram esses os pilotos que subiram ao pódio. Pouco depois, os comissários técnicos começaram a verificar os carros, e descobriram um desgaste anormal no patim de madeira no carro de Michael Schumacher. Este tinha 7,5 milímetros de espessura, bem abaixo dos 9 mm permitidos em desgaste, já que essa tábua tem 10 mm de espessura, quando montado nos carros. Resultado: “Após as verificações técnicas e uma consulta ao representante da equipa Benetton, os comissários de pista decidiram remover o carro numero cinco do evento”. Em suma, Schumacher era desclassificado pela segunda vez na época. Assim, Damon Hill era o vencedor, com Mika Hakkinen e Jos Verstappen a acompanhá-lo no pódio. David Coulthard, o Tyrrell de Mark Blundell e o Arrows de Gianni Morbidelli ficaram com os restantes lugares pontuáveis.


Fontes:


Santos, Francisco – Formula 1 1994/95, Ed. Talento, Lisboa, 1994.

http://en.wikipedia.org/wiki/1994_Belgian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr559.html

1 comentário:

Luís disse...

Por sinal a maior palhaçada do campeonato.

Puniram Schumacher pra evitar que o campeonato acabasse "demasiado cedo"...