Red Bull Ring diz tudo: ali, os energéticos mandam. E o seu poder é tão forte que no calendário, eles iriam passar duas vezes por lá. Mas a verdade que estiveram sempre disponíveis para receber corridas, sempre que pediram. E nestes tempos pandémicos, a Formula 1 fez já três visitas, e a quarta está já marcada para a semana que vêm. Mas se nas alturas anteriores, as corridas eram marcadas por serem um raro oásis de domínio dos carros de Max Verstappen e do pobre coitado que ficava no outro lugar enquanto era cozido a lume lento por Helmut Marko e seus apaniguados, este ano, as coisas mudaram, porque agora era Max Verstappen que mandava. E com ele a mandar, com o jogo totalmente virado, toda a gente sabia que ele iria ser o vencedor.
A não ser que... chovesse. E no sábado à noite, o boletim meteorológico dizia, com a probabilidade de... 90 por cento, que iria estar a pista molhada pela hora da corrida. Eu tinha avisado logo, que só acreditaria vento, e lembrei-me do Chris Amon. O piloto mais azarado do mundo, que tinha talento mas nunca ganhou um Grande Prémio de Formula 1, do qual duas pessoas contaram coisas engraçadas sobre ele. O primeiro foi Mário Andretti, que afirmou "se ele fosse coveiro, as pessoas parariam de morrer". E o segundo foi Bernie Ecclestone, que disse certo dia, "se encontrasse a liderar uma corrida com 30 segundos de avanço na última volta, iria apostar contra ele".
A corrida começa com Verstappen a ser imperial, ficando na frente, enquanto França e Mónaco se autoeliminavam, com Pierre Gasly a cair para o fundo do pelotão e Charles Leclerc com danos na asa, indo às boxes. Lando Norris e Sergio Perez disputavam a terceira posição, com o piloto da McLaren a manter o terceiro posto. E George Russell era oitavo com a sua Williams!
E no inicio da terceira volta, o primeiro abandono: a suspensão traseira esquerda do Alpha Tauri de Pierre Gasly cedeu e quebrou em plena pista, arrastando-se até às boxes, acabando por ali. As coisas acalmaram até à volta 10, quando Daniel Ricciardo teve problemas de potência e atrasou-se.
Nas dez voltas seguintes, tudo estava calmo, com Verstappen a controlar Hamilton, enquanto Perez era terceiro, na frente de Bottas, que conseguira passar Norris e era quarto. Eram as duas melhores equipas, com os melhores lugares. Lance Stroll era sexto, George Russell era oitavo, e ele eles, Fernando Alonso, no seu Alpine.
E sem qualquer sinal de chuva. Aliás, a esta altura, já poderemos esquecer tal coisa ao longo desta tarde.
As primeiras paragens foram na volta 27, primeiro Russell, que perdeu muito tempo, e foi apenas o começo do desmoronar de um castelo de cartas que terminou com o seu abandono devido a problemas de motor. Depois foi Tsunoda, que colocou duros, para ver se ia até ao fim com eles. Perez veio a seguir, também com os brancos, também perdeu tempo e viu Bottas ficar com o lugar, quando foi a vez dele. Por fim, Verstappen parou na volta 29, fazendo tudo em dois segundos. Por fim, Norris parou na volta 32, colocou médios e voltou à pista com a chance real de pódio. Lutas com os segundos pilotos da Red Bull e da Mercedes? Sempre é melhor que nada, McLaren.
E a partir daqui, as coisas acalmaram-se, ao ponto do aborrecimento. Sainz Jr decidiu na volta 42 trocar de pneus, para médios, tentando fazer algo de interessante com duas paragens para ver se a estratégia compensava, mas numa corrida onde Verstappen se distanciava de Hamilton - agora tinham cinco segundos de diferença entre eles - o interesse foi para outros lados. Como Leclerc, que depois das batidas no inicio da corrida, meteu-se numa estratégia de duas paragens e começava a subir na classificação. No final da volta 56, tinha já passado Vettel, Alonso e Tsunoda e era oitavo.
E ao mesmo tempo, Perez metia pneus médios para ver se conseguia ser o piloto mais veloz em pista, e apanhar o Bottas para ficar com o lugar mais baixo do pódio.
A dez voltas do fim, parece que as nuvens negras fizeram a sua aparição, mas toda a gente achava que chegaram tarde demais à festa. E foi mesmo, porque antes de acabar, Hamilton foi Às boxes para tentar trazer o ponto da volta mais rápida, alargando ainda mais a diferença para Max Verstappen, que ganhou de forma bem autoritária, e com esta diferença quer para Hamilton na corrida, quer agora para o campeonato... parece que o jogo virou. Bottas aguentou o ataque final de Perez e ficou com o terceiro posto, na frente de Norris, quinto e numa corrida tranquila, Sainz e Leclerc compensaram a má corrida de Paul Ricard e pontuaram os dois, na frente de Lance Stroll, Fernando Alonso e Yuki Tsunoda.
Agora, é esperar mais uma semana para voltarem a correr no mesmo lugar. Só se espera que não seja a mesma modorra desta tarde.