Ao contrário dos outros dois dias, de uma forma algo surpreendente, o mau tempo hoje em Silverstone decidiu dar tréguas, e nas mentes das pessoas, era o que exactamente todos pediam para que tivessem uma boa corrida no centro de Inglaterra, especialmente os nativos, que já andam fartos de ter dias cheios de chuva, quando queriam era ver céu azul e receber um pouco do calor que o resto do Norte da Europa desejava, mas que não estava a ter nas suas devidas porpoções.
Assim sendo, Silverstone encheu e a multidão não se importou de estacionar em parques lamacentos, porque o que lhes interessava mais era ver se, por exemplo, os McLaren iriam dar o seu melhor ou que os Red Bull iriam ser os verdadeiros opositores da Ferrari neste fim de semana e impedir que Fernando Alonso se afastasse mais no campeonato, agora que tinha feito a sua primeira pole-position do ano.
Mas antes de partir, uma baixa: o Caterham de Vitaly Petrov ficava nas boxes devido a uma bomba de gasolina defeituosa e o russo iria ver a corrida da tribuna VIP. Na partida, uma pequena confusão, com Romain Grosjean a tocar e a furar um dos pneus do Foirce India de Paul di Resta. O escocês acabou por desistir antes da primeira volta, enquanto que o francês teve de substituir o seu nariz, caindo para o fundo do pelotão. Acabou por depois recuperar até à zona dos pontos, fazendo uma excelente corrida.
As primeiras voltas viu-se um duelo entre Alonso e Webber, com Schumacher a ser o tampão em relação à maioria dos pilotos, especialmente Felipe Massa e Sebastian Vettel. Com o tempo, os dois carros passaram pelo menos até à primeira série de troca de pneus, altura em que surgiu o mais conhecido incidente de corrida, quando na 12ª volta, o Sauber de Sergio Perez e o Williams de Pastor Maldonado, que tinham acabado de sair das boxes, colidiram um com o outro depois de nenhum deles querer ceder na posição e de andarem ao ataque numa altura em que ambos tinham os pneus relativamente frios.
No final, Perez acabou por desistir e não deixou de expressar o seu desabafo quando se viu perante um microfone. Chamou-o de idiota e um piloto perigoso, para não ir mais abaixo. Num mundo perfeito, onde os bons são recompensados e os maus penalizados, a FIA já lhe teria retirado a Super-Licença ao piloto venezuelano. É que depois de dois incidentes seguidos, Maldonado ganha mais a fama de um Andrea de Cesaris no inicio da sua carreira - ou seja, destruidor de carros - do que própriamente a de um piloto veloz. Mas tal como o italiano, vai ficar por muito tempo porque os bolivares do Hugo Chavez compram tudo. Incluindo novos chassis...
Após isso, a luta pelos primeiros lugares estagnou um pouco. Alonso estava na frente, apesar dos pneus duros, Hamilton aguentava-se nos lugares do meio enquanto que os Red Bull faziam o seu trabalho. Via-se os Mercedes a não conseguirem andar tão bem em linha reta - eram dos menos velozes - tal como os McLaren, que pareciam não se adaptar também à pista. No final, não foram grandes tardes para os pilotos dessas equipas.
Na volta 38, novo incidente: o segundo Sauber de Kamui Kobayashi trava tarde demais quando fazia a sua última paragem, atropelando quatro mecânicos, ferindo dois deles. Isso fez atrasar a sua corrida de forma irremediável - acabou fora dos pontos - e culminou a tarde de pesadelo para a equipa suiça.
Mas foi nessa altura também que Fernando Alonso parou pela última vez na corrida, colocando pneus moles. Com as novas regras obrigando os pilotos a usarem dois jogos diferentes de pneus, o espanhol viu lentamente a sua vantagem a diminuir para o australiano, que, com um jogo de pneus mais eficaz, conseguiu apanhar o espanhol na volta 48 - a quatro do fim - e assumir o comando, a caminho da sua segunda vitória na temporada, depois do Mónaco.
Nessa altura, havia outra luta interessante de seguir, que era pelo nono posto entre Nico Hulkenberg, Bruno Senna e Jenson Button. No final, o piloto da Williams levou a melhor, com uma excelente ultrapassagem na curva Brooklands e a defesa na antiga reta da meta, antes do alemão da Force India ter saído de pista na Copse e dado o último lugar pontuável a Button. Um consolo para a péssima temporada do simpático britânico.
No final, Webber comemorava a sua segunda vitória do ano, a segunda em Silverstone - sem dizer que tinha feito um bom trabalho como segundo piloto - com Fernando Alonso no segundo lugar, e pagando a estratégia de acabar com pneus macios, e Sebastian Vettel com o lugar mais baixo do pódio, à frente de Felipe Massa, que fazia a sua melhor posição do ano. Em suma: Red Bull 2, Ferrari 0.
À saída de Silverstone - e depois de vermos Jackie Stewart no pódio a entrevistar os três primeiros - Alonso ainda é o lider, com 13 pontos de avanço sobre o australiano. Absolutamente nada por estes dias, mas falta muito campeonato. E continua a valer a pena segui-lo. Daqui a 15 dias, em Hockenheim, veremos mais um destes capítulos.