sábado, 15 de junho de 2019

As imagens do dia



Le Mans é definitivamente um dos melhores espectáculos do mundo. Se é o maior, não sabemos, mas é um dos maiores e melhores. É algo do qual nos faz entender a definição de "circo", com equilibristas e acrobatas, pois estes carros passam entre outros, bem mais lentos, de quatro classes. E sem bater? Em muitos aspectos, é um milagre.

Na altura em que escrevo estas linhas, já passaram seis horas, e os GT's estão colados uns aos outros. E é um espectáculo que ale a pena. 

WRC 2019 - Rali da Sardenha (Dia 1)

Dani Sordo lidera o primeiro dia do Rali da Sardenha. No final das primeiras nove especiais de classificação, o piloto espanhol da Hyundai tem uma vantagem de 10,8 segundos sobre Teemu Suninen, da Ford, e 11,2 sobre Ott Tanak, num dia marcado pelo abandono de Sebastien Ogier, vitima de um acidente que causou a quebra da sua suspensão dianteira. 

O Rali da Sardenha antevia-se com Sebastien Ogier e Ott Tanak separados por dois pontos no campeonato, e com o mundo dos ralis a saber que o piloto estónio tinha abrandado de propósito no "Power Stage" do Rali de Portugal para evitar ganhar pontos extra que o fariam ser líder à entrada deste rali. E porquê? Porque se fosse o comandante do campeonato, ele teria de abrir a estrada, algo do qual não queria por causa do piso abrasivo desta prova. 

Com o shakedown a dar vitória a Sebastien Ogier, o francês da Citroen sabia que não teria um dia fácil à entrada desta sexta-feira, palco das primeiras nove classificativas deste rali. E no inicio do dia, Suninen começou a marcar o passo neste rali, ao ser o melhor na primeira passagem por Tula, 4,8 segundos mais veloz que Elfyn Evans, seu companheiro de equipa, enquanto Ogier perdia 16,7 segundos e era o décimo melhor na especial.

A especial ficava marca pelo acidente de Fabio Andolin, que interrompeu o rali, mas depois de passarem todos os principais pilotos quer do WRC, quer do WRC2 Pro. 

Suninen continuou a acelerar, vencendo na primeira passagem por Castelsardo, com 1,7 segundos de vantagem sobre Jari-Matti Latvala e 4,4 sobre Dani Sordo e 6,3 sobre Ott Tanak. Isto deixava Suninen a 10,6 segundos sobre Latvala e 12 segundos sobre Elfyn Evans. Tanak reagiu na primeira passagem por Tergu - Osilo, enquanto Suninen perdia 15,1 segundos, acabando na décima posição da especial. O finlandês depois disse que tinha feito um pião, que o fez perder algum tempo. Quem ficou pior foi Gus Greensmith, que se despistou, e Esapekka Lappi, que tocou na berma depois de um despiste.

Com isto, Latvala era agora o líder do rali, com uma vantagem de 2,9 segundos sobre Suninen e Tanak estava a 4,2.

No final da manhã, em Monte Baranta, Lappi foi o melhor, 2,2 segundos na frente de Ott Tanak e 2,3 de Dani Sordo. Suninen perdeu mais 8,4 segundos a caia para quinto, justificando o seu andamento com um "estava a ser muito cauteloso, vamos para a área de serviço e puxaremos mais pela tarde". Quanto a Ogier, o francês bateu numa rocha na beira da estrada e danificou a suspensão, perdendo mais de sete minutos e ficando de fora da prova.

Dito e feito: Suninen foi o mais veloz na sexta especial, a segunda passagem por Tula, 3,4 segundos mais veloz que Dani Sordo e 4,1 sobre Tanak. E compensou, pois agora estava a 0,8 segundos do estónio... no terceiro posto, pois Sordo e Tanak estavam empatados na liderança!

A sétima especial já ia a meio quando foi cancelada devido a uma emergência médica envolvendo um espectador. Nessa altura, Neuville tinha conseguido tirar cinco segundos a Tanak, mas depois, esta foi anulada, com os tempos neutralizados.

Sordo voltou a vencer na oitava especial, com Haninen a ser segundo, a 1,5 segundos e Lappi a 4,1. Neuville perdeu ainda mais tempo, 28,7 segundos, porque já não tinha pneus para competir. Assim, era sétimo, a 49,7 segundos. O dia acabou com Andreas Mikkelsen a vencer, que o fez subir para quarto, mas Sordo foi terceiro, a 1,7 segundos, e consolidou a sua liderança.

Este sábado, o rali da Sardenha tem mais seis especiais de classificação.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

A(s) image(ns) do dia


Como seria de espera, os Toyota ficaram com a pole-position das 24 horas de Le Mans de 2019. Kamui Kobayashi, Mike Conway e José Maria Lopez partem na frente do outro carro da marca. Sem surpresas, digamos assim.

Ainda por cima, acontece depois de Conway ter sido vitima de um acidente na chicane Ford, com o Oreca de Rodolfo Gonzalez, que obrigou a Toyota a pedir novo chassis porque descobriram que o anterior tinha uma falha estrutural como consequência desse acidente.

No final, tudo lhes correu bem. O resultado era o esperado, mas esta é uma prova de Endurance, a mais mítica do mundo, e o que conta nunca é como começa, mas é como acaba. E a Toyota sabe perfeitamente disso, especialmente com o que aconteceu em 2016...

Formula E: Divulgado calendário provisório para 2019-20


A Formula E divulgou hoje o seu calendário provisório. Vai ter 14 corridas em doze provas, começa e acaba com jornadas duplas, e terá novidades, com a entrada de Seoul, na Coreia do Sul. 

Para além disso, a prova de Nova Iorque será reduzida a uma corrida, pois a jornada final será em Londres, numa prova que será feito num circuito parcialmente coberto. Confirma-se a prova de Hong Kong, enquanto a China está ainda por confirmar o local da prova. Das 14 corridas, três deles acontecerão na parte final de 2019. A prova por confirmar poderá ser Marrakesh, em Marrocos, que está em conversações com a organização.


Eis o calendário provisório:

22-23 novembro 2019 - Ad Diyriah (Arábia Saudita)
14 dezembro 2019 - TBC
18 janeiro 2020 - Santiago do Chile
15 fevereiro - Cidade do México (Hermanos Rodriguez)
1 março - Hong Kong
21 março - TBC (China)
4 abril - Roma (Itália)
18 de abril - Paris (França)
3 maio - Seoul (Coreia do Sul)
30 maio - Berlim (Alemanha)
20 junho - Nova Iorque (Estados Unidos)
25-26 julho - Londres (Reino Unido)

Youtube Rally Crash: O acidente de Ogier na Sardenha

Sebastien Ogier não está a ter um dia fácil na Sardenha. Na última especial da manhã, o piloto da Citroen bateu numa pedra e apesar de ter tentado reparar o carro, os danos na suspensão foram de tal modo grandes que irá provavelmente voltar no método "Rally2". 

Eis o video do seu acidente e posterior abandono.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Formula E: Virgin manterá dupla para 2019-20

A Virgin irá manter o britânico Sam Bird e o holandês Robin Frijns para a próxima temporada da Formula E. O anuncio foi feito pelo seu diretor geral, Sylain Filipi, a pouco mais de uma semana do ePrix de Berna, a antepenúltima prova do campeonato.

"É ótimo não ter que se preocupar com drivers para a próxima temporada”, começou por dizer Filipi ao e-racing365.com. "Com Robin, temos um contrato de vários anos, então ele estará aqui na próxima temporada", acrescentou Filippi. Com o programa DTM deste ano não houve problema. As datas são boas, sem confrontos e o DTM não tem ABS, então na verdade não é diferente da Fórmula E nesse sentido. Estamos felizes, Robin está feliz, então mantemos a continuidade desta forma”, concluiu.

A Virgin conseguiu este ano dois triunfos, uma para cada piloto: Bird em Santiago do Chile, Frijns em Paris. A equipa é atualmente terceira classificada no Mundial de Construtores, com 137 pontos, enquanto Frijns é o melhor no de pilotos, sendo quinto, com 81 pontos.  

Youtube Rally Interview: Uma entrevista a Juha Kankkunen e Markku Alen


A Teknavi é um programa de automóveis finlandês e no final do mês passado fez uma entrevista a dois monstros sagrados dos ralis por lá: Juha Kankkunen e Markku Alen. Nesta entrevista, ambos falam sobre o seu tempo no WRC, por alturas do Grupo B, onde foram companheiros na Toyota e foram riais na Lancia e Peugeot. 

E na entrevista falam de coisas interessantes. Uma delas tem a ver com a provável causa do acidente mortal de Henri Toivonen, no Rali da Córsega de 1986, que levou ao fim do Grupo B, sobre o que aconteceu no Rali de Sanremo desse ano, onde os Peugeot foram excluídos pela organização e acabou com a FISA a excluir... o rali. E por dez dias, Alen foi campeão do mundo, antes do título cair nas mãos de Kankkunen.


A entrevista está em finlandês, mas tem legendas em inglês. Divirtam-se! 

Youtube Racing Crash: O embate da qualificação de Le Mans


A primeira noite de qualificação e Le Mans já ficou marcada pelo acidente entre o Oreca-Gibson numero 31 da Dragonspeed, guiada pela tripla Anthony Davidson, Rudolfo Gonzalez e Pastor Maldonado, e o Toyota numero 7 de Mike Conway, Kamui Kobayashi e José Maria Lopez. A colisão aconteceu na chicane Ford, imediatamente antes da reta da meta e o resultado foi o que vêm.

Ambos os pilotos estão bem, os carros é que devem neste momento a passar por loongas reparações para voltarem a correr amanhã...

quarta-feira, 12 de junho de 2019

WRC: Takamoto num Yaris WRC na Catalunha

O japonês Takamoto Katsuka vai correr no rali da Catalunha a bordo de um quarto Toyota Yaris WRC, a marca confirmou esta quarta-feira. Piloto junior da Toyota, Takamoto anda num Ford Fiesta R5 desde 2017 para se habituar aos ralis europeus. E este vai ser o seu primeiro salto para um carro WRC.

Contudo, a noticia da sua participação num rali que vai acontecer no inicio de outubro acontece numa altura em que corriam rumores sobre a participação de Fernando Alonso nesse rali, algo do qual Kaj Lindstrom, diretor desportivo da equipa, se encarregou de desmentir.

Essa [a história de Alonso] é outro boato como o anterior com o Kimi [Raikkonen]. Temos opções para o Katsuta para alguns eventos, exceto a Turquia, que é complicado logisticamente. Mas se usarmos o quarto carro em Espanha, acho que será para ele e não para Alonso."

De acordo com a marca, Takamoto, que está a cumprir um programa de desenvolvimento com a Toyota, poderá andar na Alemanha e em Gales com máquinas WRC, mas sem grandes certezas.

Youtube Formula 1 Video: Os melhores momentos de Jackie Stewart

Jackie Stewart fez ontem 80 anos e a Formula 1 decidiu fazer um video sobre os seus grandes momentos, de um tempo que não existe mais. Dos cinco que eles escolheram, todos aconteceram entre 1968 e 1971, e incluem dois duelos com Jochen Rindt, em 1969 - Grã-Bretanha e Itália - bem como o GP de Espanha de 1970, a primeira vitória da March na Formula 1.


terça-feira, 11 de junho de 2019

A imagem do dia

Jackie Stewart comemora hoje 80 anos de idade. Uma das maiores lendas vivas do automobilismo, e praticamente um dos últimos moicanos de uma era "romântica", o escocês, tricampeão do mundo e em boa parte da sua carreira fiel a Ken Tyrrell, o seu maior legado, e aquele que mais o defende não são as suas 27 vitórias, conquistadas em 99 Grandes Prémios entre 1965 e 1973, ou os seus três títulos mundiais. E o de tornar o ambiente mais seguro, para ele e para os seus colegas de profissão.

E tudo aconteceu numa tarde chuvosa de 1966, em Spa-Francochamps.

Quem quer saber - mais ou menos - como foi essa corrida, recomendo que assistam a um filme chamado "Grand Prix", pois eles registaram boa parte dessa ação, de como aquela zona do leste da Bélgica, as Ardenas, tem um microclima que favorece as tempestades súbitas. E nesse ano de 1966, onze carros focaram de fora da corrida logo na primeira volta, enquanto o único sobrevivente tinha sido o Ferrari de John Surtees.

Dos que acabaram na berma, o escocês, então na BRM, foi o que sofreu mais. Ficou preso no seu carro, enquanto havia uma fuga de gasolina, e esta vertia para o seu cockpit, onde ele não se podia mexer porque o seu volante não era amovível, e os estragos causados pelo acidente tinham, para além das sequelas físicas - ombro deslocado e fraturas nas costelas - corria o risco de ver tudo aquilo pegar fogo, o que seria o seu fim.

Anos depois, na sua autobiografia, o escocês contou os pormenores desse dia:

Eu devia ir a uns 265 km/hora quando o carro entrou em acquaplaning e perdi o controlo. Primeiro bati contra um poste telegráfico e depois entrei na fazenda de um lenhador e acabei na cave exterior de uma propriedade. O carro ficou todo retorcido, comigo preso dentro dele. O tanque de combustível tinha rebentado internamente e o monocoque estava todo cheio de gasolina, que enchia o cockpit, O painel de instrumentos fora arrancado e encontrado a uns 200 metros do carro, mas a bomba de gasolina elétrica continuava a funcionar. Não conseguia retirar o volante e não conseguia sair dali.”

O primeiro a socorrer foi o seu companheiro de equipa Graham Hill. Ele contou na altura como foi o resgate: 

A primeira coisa que fiz foi desligar tudo para a bomba não puxar mais gasolina para dentro do carro e para não haver o perigo de alguma faísca. A gasolina estava a queimar o Jackie, isso pode até arrancar a pele de uma pessoa somente pela reacção química. Tentei levantá-lo, ele estava atordoado e queixava-se de dores no ombro. Foi quando vi que tinha de retirar o volante para o retirar, mas estava preso contra as suas pernas. Corri para pegar uma caixa de ferramentas junto de um comissário. Foi então que conseguimos tirar o Jackie do carro e ficar seguros que o BRM não se ia transformar numa tocha."

"Levamo-lo para uma propriedade e despimo-lo. Não chegavam os socorros, pelo que telefonei de um posto de comissários. Quando as enfermeiras chegaram, a primeira coisa que fizeram foi tapar o Jackie com o seu próprio macacão ensopado em gasolina! Foi uma luta com elas, que estavam mais preocupadas com a nudez do que com a saúde dele”, referiu.

Stewart continuou depois o seu relato: “No meio delírio, nem sei mesmo se elas lá estiveram. Tinha magoado o pescoço, deslocado o ombro e fracturado costelas, com mais umas contusões nas minhas costas. No entanto, a minha maior preocupação era estar ensopado em gasolina. No fim, tive queimaduras e a toda a minha pele caiu."

"O edifício para onde fui levado, um tal de centro médico mas na realidade mais parecia uma lixeira, com pontas de cigarros e porcaria. Meteram-me numa ambulância e levaram-me para o Hospital de Liége, ainda longe. Para piorar as coisas, o condutor da ambulância perdeu-se da escolta policial e não sabia o caminho. Apesar de todos estes precalços, seis horas após o acidente, estava no Hospital de St. Thomas, graças a Louis Stanley [patrão da BRM]”, concluiu.

Depois de recuperar das suas feridas, Stewart decidiu levar uma chave de fendas no seu carro para retirar o seu volante em caso de acidente, com instruções nas línguas dos países onde iriam correr. O resto veio por acréscimo, como cintos de segurança, volantes removíveis e capacetes integrais, para além de uma ambulância médica, para socorrer os pilotos no local, em caso de acidente. Surgiu a GPDA, Grand Prix Drivers Association, e foram os pilotos que decidiram onde é que deveriam correr. E em 1971, o velho Spa-Francochaps, com 14 quilómetros de extensão, foi vetado para as corridas de Formula 1. Quando voltou, doze anos depois, foi numa ersão bem mais curta e mais segura.

E tudo graças a pilotos como Jackie Stewart. Feliz Aniversário!

Endurance: Goodyear vai voltar à competição

A americana Goodyear vai voltar à Endurance, treze anos depois de ter saído de cena. O anuncio é feito na semana das 24 Horas de Le Mans e a marca americana irá a partir de setembro fornecer as equipas da classe LMP2.

O seu diretor desportivo, Ben Crawley, afirmou sobre esse regresso:

 A natureza das corridas - variando das quatro às 24 Horas - significa que a escolha do pneu e a estratégia são críticas. Ele fornece um desafio motivador para a nossa equipa de tecnologia nos nossos centros de inovação europeus, antes de explorar outras oportunidades de corrida para a marca."

Crawley afirmou que este regresso é mais do que um simples carimbar da marca nos pneumáticos, pois a Goodyear é também a dona da Dunlop, que está na Endurance e era o fornecedor da classe LMP2. 

"Vamos entrar no WEC com uma nova gama de pneus; este não é apenas um 'rebranding' da gama existente da Dunlop", afirmou.

Perguntado se a Dunlop continuará a fornecer pneus LMP2, ele respondeu: "É muito cedo para dizer porque este anúncio é sobre o WEC. Vamos tomar uma decisão sobre a European Le Mans Series, por exemplo, numa data posterior."

A Goodyear não está na Formula 1 desde 1998, e desde 2006 na Endurance. Ao todo, a marca americana conseguiu ao longo da sua história 25 títulos de Formula 1 e 14 triunfos nas 24 Horas de Le Mans, o último dos quais em 1997, com o Joest Porsche WSC95 guiado pela tripla Tom Kristensen, Michele Alboreto e Stefan Johansson.

CPR: Apresentado o Rali de Castelo Branco

A semana e meia da próxima prova do Nacional de Ralis, a prova de Castelo Branco foi apresentado neste final de semana com o objetivo de mostrar as alterações que foram feitas para este ano, pois agora marca o inicio da temporada de asfalto, depois de quatro edições onde foi disputado em pisos de terra.

Na apresentação do rali, o seu director de prova, Luís Dias, explicou o que quiseram fazer com este rali, especialmente numa altura critica como é este final de primavera e inicio do verão.

Em 2019 procurámos, mais uma vez, inovar. Criámos, por isso, um percurso totalmente novo na história do Rali de Castelo Branco. Queremos agradar a pilotos e ao público. Regressamos à zona de Vila Velha de Ródão e a super-especial também terá um formato diferente, na expectativas de que os adeptos possam seguir o espectáculo de forma mais intensa e sempre em segurança”, começou por explicar.

Estamos numa época de incêndios. O comportamento das pessoas que seguem a prova é extremamente importante para evitar problemas. Lembramos que é absolutamente proibido foguear. Queremos que esta ronda do Campeonato de Portugal de Ralis e do Campeonato do Centro de Ralis decorra sem problemas e só o cariz desportivo seja realçado durante dois dias de competição”, acrescentou.

A pontuar para o CPR e o Campeonato Centro Ralis, o Rali de Castelo Branco contará com dez provas especiais de classificação e quase 130 quilómetros de troços contra o cronómetro. 

segunda-feira, 10 de junho de 2019

A imagem do dia

Ainda é cedo para dizer se isto é a imagem do ano, mas que é a imagem do fim de semana que passou, lá isso é. Sebastian Vettel é o vencedor moral do GP do Canadá, e acabou na frente da corrida, que não foi para ele por causa da decisão dos comissários da Formula 1 em o penalizar por causa de um erro que cometeu, quando estava a aguentar os ataques de Lewis Hamilton.

O problema não foi o erro que cometeu. O problema foi que ele voltou para a pista ainda na primeira posição. Noutros tempos, seria uma manobra elogiada pela coragem do piloto, que dominou a máquina contra o desastre iminente, e tinha salvado a vitória das garras da derrota ou algo assim. Agora, o que os comissários queriam era que ele cedesse o lugar para o segundo classificado, ou então que batesse. Como nada disso aconteceu, decidiram penalizar o piloto em cinco segundos. Ele, que se defendeu, nem colocou o adversário em perigo, nem ele reclamou da manobra.

A atitude dele não é a de mau perder. É a de alguém que afirma ter roubado uma vitória que anda à procura desde o inicio do ano, e não alcança. Não é só o carro que não funciona, é quando tem uma chance ou quando é melhor que os Mercedes dominadores, aparece algo, seja o azar ou o "comissário maldoso" que impede que a Ferrari seja o triunfador. 

Poucas horas depois, ao ver as reações nas redes sociais, poucos defendem a decisão dos comissários. Li Alex Wurz, Nigel Mansell, Mark Webber, Mário Andretti, Pedro de la Rosa, Jenson Button, e todos foram unânimes: defendem Vettel da decisão dos comissários. Porque já fizeram coisas dessas nos tempos deles. É a velha frase do Ayrton Senna no GP da Austrália de 1990, quando justificou a batida no Alain Prost: se não lutas pela nesga, não és piloto. Aqui não foi lutar por nesgas, foi defender uma posição depois de um erro. E nem houve toque, como fez Michael Schumacher em Adelaide, em 1994.

Eis a ironia: Vettel lutava por uma posição. Exatamente o tipo de manobra que aplaudiriam se fosse o Senna, ou se calhar o Hamilton.

O problema é outro, e vai para além de lutas entre pilotos e entre equipas. Uma certa Formula 1 é mesquinha. Sempre houve mesquinhez, é uma característica humana, bem seja dita. Só que nestes dias, no final de segunda década do século XXI, é uma onde santifica e beija os pés de Lewis Hamilton, que já é o maior de todos os tempos, e deseja que fique com todos os recordes, etc. Mas também têm ódio ao Vettel. E já vem desde os seus tempos na Red Bull. Lembro bem em 2012, quando durante boa parte da temporada europeia, nos pódios, havia imensa gente que apupava o alemão quando cantava o hino alemão, ou quando ele falava à imprensa. E agora, há quem aplauda quando ele erra, ou quando desiste. E conheço pessoas que sei que vão comemorar quando abandonar a Ferrari e a Formula 1.

E ao ver esta imagem, essa gente usou e vai usar frases simples e feitas nas redes sociais, o grande megafone dos nossos dias:

"Vettel é um chorão"
"Vettel não sabe perder"
"Vettel é um fraco"
"O que é que ele ainda está a fazer na Ferrari? Deveriam despedi-lo já!"
"Vettel é um fracasso"
"Leclerc deveria ser primeiro piloto já!"

Coisas assim. Nem falo do outro lado, basta ir buscar suplelativos.

Até digo isto: se fosse Ayrton Senna a carregar aquele sinal, seria visto como um herói, um rebelde, e já estariam a fazer as medidas para que se erguesse uma estátua dele num canto qualquer deste planeta. Como é o Vettel, é Lúcifer encarnado. Por outras palavras: dois pesos, duas medidas. 

Mas depois esquecem-se do "quadro grande", e quando falo disso, alguns torcem o nariz por menosprezo. Primeiro que tudo, umas declarações do Vettel no pódio:

"Merecíamos ter vencido hoje e esta é a opinião das pessoas por aqui. É estranho agora. Este tipo de decisões não estão a popularizar o nosso desporto, as pessoas querem ver-nos correr e estávamos a correr.", afirmou.

E é isso mesmo que quero falar. A Formula 1 não está sozinha, não vive sozinha numa torre de marfim. Não pode ter decisões destas e dizer que não há alternativas, porque começa a haver. Este final de prova na secretaria é dificil de explicar para os fãs atuais. E como eles irão buscar novos fãs? Não defendo a lei da selva, mas um conjunto de regras simples e gerais, dos quais em situações como estas haja a figura do "in dubio pro reo", que a intervenção seja a excepção e não a regra. Se é para intervir para todas as situações como aquela, então qualquer dia, tem de ser a torre de controlo a ditar as ultrapassagens entre piloto A e B. É assim que queremos que a Formula 1, e o automobilismo em geral seja definido? E que ideia passamos para fora, para o adepto comum?

Parecendo que não, estas decisões não passam de "tiros nos pés". E qualquer coisa que a Formula 1 faça a partir de agora, pode fazer com que o fã decida e diga "vou mas é ver outra categoria".

E no meio do ruído, passou despercebido um tweet do Lucas di Grassi. Entre uma frase a dizer: "make racing great again!", ele afirmava deixar o desenvolvimento deste tipo de coisas para o pessoal da Roborace, a competição no qual ele está envolvido. E parecendo que não, todas estas más decisões só podem dar razão para estas novas categorias.   

Em jeito de conclusão: isto vai dar pano para mangas. Só que isso não deveria ser a Formula 1. Mas é.

Formula E: Hong Kong mantêm-se no calendário para 2020

Afinal de contas, Hong Kong poderá manter-se na Formula E para a próxima temporada. Em dúvida depois da passagem da competição em março, onde se chegou a dizer que seria a última vez que iria acontecer uma corrida por ali, afinal de contas, poderá prolongar-se por mais algum tempo, com um novo desenho e um novo contrato entre mãos.

Segundo conta o e-racing365.com, a organização local poderá ter chegado a um acordo com os promotores da Formula E, para continuar por mais algum tempo. Um novo desenho do atual circuito terá de ser feito, mas existem limites para o alargamento no local, que terá de ter um mínimo de 400 metros em relação ao circuito atual.

Quanto à data, fala-se que a corrida poderá acontecer a 1 de março de 2020, num "double stint" com uma localização algures na China, ou em Sanya, no sul, ou em Xian, no norte, embora esta localização, tão cedo no ano, poderá ser contra-producente em termos de boletim meteorológico. Foi por isso que o ePrix de Seoul, que também se estreará no calendário, irá acontecer em maio.

Um calendário provisório será mostrado esta semana na sede da FIA, antes da sua divulgação geral.   

The End: Norman Dewis (1920-2019)

Norman Dewis, o legendário piloto de testes da Jaguar e mais tarde chefe de engenharia da marca, morreu este fim de semana aos 98 anos de idade. Piloto de testes entre 1952 e 1985, Dewis teve também um papel de piloto de Endurance, especialmente nas 24 Horas de Le Mans. Dewis era o último sobrevivente da marca britânica na infame edição de 1955, vencida por Mike Hawthorn e que ficou marcada pelo acidente de Pierre Levegh, que causou a morte de oitenta espectadores.

Nascido a 3 de agosto de 1920 em Coventry, Dewis sempre trabalhou na industria automóvel. Começou aos 14 anos, pouco depois da morte do seu pai, trabalhando da Armstrong-Siddley, depois na Humber, onde aí foi piloto de testes. O inicio da II Guerra Mundial o colocou em bombardeiros Bristol Belnheim, como artilheiro, e lá ficou até ao final do conflito mundial. Findas as hostilidades, foi trabalhar para a Lea-Francis, até que em 1951, foi trabalhar para a Jaguar, onde ficará nos 35 anos seguintes.

A sua primeira grande função foi o de testar a eficácia dos discos de travão nos carros como o modelo D-Type. Usando pneus da Dunlop, aguentou muitas falhas no sistema até que o carro estava bom o suficiente para correr nas Mille Miglia de 1952, ao lado de Stirling Moss. Eles estavam com o terceiro lugar consolidado quando acabaram por abandonar a prova.

Dewes fez parte da equipa quando correu com o D-Type nas 24 Horas de Le Mans de 1955, ao lado de Don Beauman. Acabou por abandonar ao fim de 106 voltas, depois do acidente ter acontecido. Contudo, foram poucas as vezes que Dewis teve a chance de competir, por achar que era mais útil sendo piloto de testes da marca. 

Em 1961, Dewes estava no MIRA, o centro de testes britânico por excelência, quando lhe pediram para levar um modelo E-Type para Genebra, onde iria ser revelado no Salão Automóvel. Acabou por guiar 14 horas a fio até à cidade suíça, a tempo da apresentação mundial do mítico modelo, e no dia seguinte, mostrou o carro aos potenciais clientes.

Em 1965, aos 45 anos, foi obrigado a reformar-se da função de piloto de testes, e nos vinte anos seguintes tornou-se embaixador da marca, algo do qual ainda fazia muito depois de se ter reformado da Jaguar. Em 2015 foi condecorado com a Ordem do Império Britânico pelos seus serviços à industria e o seu sonho era de chegar ao centenário, para segundo ele "poder guiar o XJ13 a 160 km/hora no MIRA". 

Acabou por não dar, mas as suas contribuições para a industria, embora não sendo ruidosas, foram muito importantes pelas milhares de idas salas, especialmente com a tecnologia dos travões de disco.      

domingo, 9 de junho de 2019

Formula 1 2019 - Ronda 7, Canadá (Corrida)

Que o Canadá costuma ser um lugar onde tudo parece estar ao contrário, lá isso é real. Logo, os apreciadores da Formula 1 tem esse lugar no seu canto porque estão sempre à espera de uma boa corrida, de ação agradável e muitas vezes, dos favoritos ficarem pelo caminho. E por causa do que aconteceu na qualificação, parecia que os seus desejos estavam a ser atendidos: os Mercedes não tinham tido grandes resultados a favor dos Ferrari. E Valtteri Bottas, por causa de uma má volta, acabou no sexto posto da grelha de partida, atrás de um Red Bull e do Renault de Daniel Ricciardo.

Os céus canadianos, naquele fim de semana, estavam divinos. Era um agradável final de primavera em Montreal, e o que os fãs desejavam era uma boa corrida, digna do espírito de Gilles Villeneuve, o patrono do circuito. E se calhar as marmotas, que nos outros 360 dias do ano andam livres pelo parque da ilha de Notre Dâme, nestes dias viam estas estranhas máquinas a cruzar pelo seu caminho... e elas, a fugirem pela vida.

Logo no primeiro metro, parecia que Lewis Hamilton tinha problemas na sua embraiagem, mas não prejudicou na corrida. Na partida, Vettel largou bem, com os oito primeiros a manterem a posição. Atrás. Verstappen, com duros, subiu para nono, passando o McLaren de Sainz, enquanto Alexander Albon quebrou o nariz, indo às boxes. Pouco depois, o holandês supera o McLaren de Lando Norris, mas logo depois, este reage e recupera a posição. Três voltas depois, na setima passagem pela meta, o piloto da Red Bull ficou com o oitavo posto. 

Na nona volta, por causa dos macios, o primeiro a parar foi Pierre Gasly, no seu Red Bull, seguido por Riccardo, na volta seguinte, ao mesmo tempo que Lando Norris ficou danificado na sua parte traseira direita devido à quebra da suspensão, sendo o primeiro a abandonar. Por esta altura, Verstappen pressionava Bottas, que não apanhava Hulkenberg. Apenas na volta 17 é que o alemão troca de pneus, caindo para sétimo. Por esta altura, tirando os quatro primeiros, o resto andava de duros.

Na volta 26, Vettel vai às boxes para colocar pneus duros, e Hamilton, agora o líder, tentava ficar na pista o mais tempo possível. Contudo, duas voltas depois, o piloto britânico vai às boxes para fazer a mesma coisa. Bottas também foi trocar de pneus, mas na volta 31, deixando Leclerc o único com médios, e na frente da corrida. E na volta 34, Leclerc parou, caindo para quarto, atrás de Max Verstappen. Na frente, 3,3 era a diferença entre ettel e Hamilton.

Nas voltas seguintes, Hamilton aproximou-se do piloto alemão, chegando na sua traseira. Na volta 48, o alemão distraiu-se e saiu de pista, mantendo-se porém na frente de Hamilton. Contudo, a manobra acabou por ser investigada pelos comissários, para saber se o alemão bloqueou ou não o britânico. Poucos minutos depois, Max Verstappen trocava de pneus, colocando para médios e regressando à pista atrás dos Renault. 

Curiosamente, enquanto os comissários observam se o incidente merece punição, Vettel afastava-se de Hamilton, com Verstappen a passar os Renault. E nessa altura... os comissários decidem que a manobra de Vettel era prejudicial e penalizam-no em cinco segundos. A corrida, de uma certa forma, estava definitivamente estragada, porque, bastava a Hamilton estar atrás de Vettel na meta, seria declarado vencedor. 

E foi o que aconteceu: Vettel foi o primeiro a atravessar a meta, mas Hamilton foi o vencedor. Claro, isto deu mais pano para mangas, especialmente Vettel, que não queria ir ao pódio, sentido que lhe tinham roubado a vitória. Andou no paddock, e quando foi convencido a ir, tirou a placa e meteu o numero um na frente do seu carro. E no pódio, não deixou de dizer cobras e lagartos da decisão dos comissários.

E claro, o resto ficou secundarizado. O terceiro posto de Leclerc, a volta mais rápida de Bottas, os Renault nos pontos ou Lance Stroll. E a corrida canadiana, que estava a ser divertida, sem ser emocionante. Agora... parece que a FIA virou a "Mercedes Assistance"...