Norman Dewis, o legendário piloto de testes da Jaguar e mais tarde chefe de engenharia da marca, morreu este fim de semana aos 98 anos de idade. Piloto de testes entre 1952 e 1985, Dewis teve também um papel de piloto de Endurance, especialmente nas 24 Horas de Le Mans. Dewis era o último sobrevivente da marca britânica na infame edição de 1955, vencida por Mike Hawthorn e que ficou marcada pelo acidente de Pierre Levegh, que causou a morte de oitenta espectadores.
Nascido a 3 de agosto de 1920 em Coventry, Dewis sempre trabalhou na industria automóvel. Começou aos 14 anos, pouco depois da morte do seu pai, trabalhando da Armstrong-Siddley, depois na Humber, onde aí foi piloto de testes. O inicio da II Guerra Mundial o colocou em bombardeiros Bristol Belnheim, como artilheiro, e lá ficou até ao final do conflito mundial. Findas as hostilidades, foi trabalhar para a Lea-Francis, até que em 1951, foi trabalhar para a Jaguar, onde ficará nos 35 anos seguintes.
A sua primeira grande função foi o de testar a eficácia dos discos de travão nos carros como o modelo D-Type. Usando pneus da Dunlop, aguentou muitas falhas no sistema até que o carro estava bom o suficiente para correr nas Mille Miglia de 1952, ao lado de Stirling Moss. Eles estavam com o terceiro lugar consolidado quando acabaram por abandonar a prova.
Dewes fez parte da equipa quando correu com o D-Type nas 24 Horas de Le Mans de 1955, ao lado de Don Beauman. Acabou por abandonar ao fim de 106 voltas, depois do acidente ter acontecido. Contudo, foram poucas as vezes que Dewis teve a chance de competir, por achar que era mais útil sendo piloto de testes da marca.
Em 1961, Dewes estava no MIRA, o centro de testes britânico por excelência, quando lhe pediram para levar um modelo E-Type para Genebra, onde iria ser revelado no Salão Automóvel. Acabou por guiar 14 horas a fio até à cidade suíça, a tempo da apresentação mundial do mítico modelo, e no dia seguinte, mostrou o carro aos potenciais clientes.
Em 1965, aos 45 anos, foi obrigado a reformar-se da função de piloto de testes, e nos vinte anos seguintes tornou-se embaixador da marca, algo do qual ainda fazia muito depois de se ter reformado da Jaguar. Em 2015 foi condecorado com a Ordem do Império Britânico pelos seus serviços à industria e o seu sonho era de chegar ao centenário, para segundo ele "poder guiar o XJ13 a 160 km/hora no MIRA".
Acabou por não dar, mas as suas contribuições para a industria, embora não sendo ruidosas, foram muito importantes pelas milhares de idas salas, especialmente com a tecnologia dos travões de disco.
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