sábado, 31 de março de 2012

WRC 2012 - Rali de Portugal (Dia 3)

Depois da tempestade no primeiro dia, os pisos ficaram secos este Sábado para o terceiro dia do Rali de Portugal, onde Mikko Hirvonen decidiu gerir a vantagem que conseguiu no primeiro dia do rali, e onde o norueguês Petter Solberg venceu a maioria dos troços do dia, chegando até ao quarto lugar antes de ter problemas na parte final, com a direção assistida do seu Ford Fiesta, sendo passado por Nasser al-Attyah.

Atrás de si, a uma distância mais ou menos controlada, estão o norueguês Mads Ostberg e o russo Evgueny Novikov. Este teve alguns problemas a nivel da ignição do seu Ford Fiesta, mas manteve-se nos lugares do pódio. Quem subiu lugares devido aos azares alheios foi o qatari Nasser Al-Attiyah, que lutou pelo quarto posto com Solberg, mas deu espectáculo devido á sua rapidez, a caminho de provavelmente o seu melhor desempenho no Mundial de Ralis.

O checo Martin Prokop, apesar de estar a fazer um rali sofrido, tem conseguido levar o seu carro até ao sexto lugar, na frente de Dennis Kuipers e do Skoda Fabia S2000 de Sebastien Ogier, o melhor da categoria. A fechar o "top ten" estão o holandês Peter van Marksteijn e o finlandês Jari Ketomaa.

Em relação aos Mini, Dani Sordo demonstrou andamento para os mais rápidos, vencendo duas especiais, mas à tarde teve problemas com os gases dentro do seu habitáculo, sendo origado a partir o vidro do seu habitáculo para poder respirar melhor. Pior sorte teve o sueco Patrik Sandell, no segundo Mini da Prodrive, quando andava na quinta posição. um toque numa perda na 14ª especial o obrigou a abandonar.

Quanto a Armindo Araujo, foi um mau dia para o piloto do Mini. Depois de ter feito uma grande recuperação na sexta-feira, chegando muito perto dos pontos, o dia de sábado não foi grande para o piloto de Santo Tirso, que lutou para conseguir boas prestações até à 15ª especial, a segunda passagem por Vascão, quando bateu numa pedra, danificando a suspensão frente-direita do seu Mini JCW WRC.

A meio da especial, devido a algum impacto mais forte, partiu-se um amortecedor e um braço da suspensão e não havia mais nada a fazer. Entramos bem na segunda ronda pelas especiais de hoje e estávamos confiantes que iríamos subir mais lugares. Infelizmente fomos vítimas desta contrariedade e agora só nos resta esperar por amanhã para voltar a alinhar no nosso rali”, começou por dizer o piloto de Santo Tirso.

É sempre amargo perceber que não conseguiremos chegar ao objetivo que traçamos à partida mas estamos a correr no nosso país e vamos regressar amanhã esperançados em dar o nosso melhor. Somos a melhor dupla portuguesa em prova e queremos passar pelo pódio no final”, afirmou.

O Rali de Portugal termina amanhã, com mais quatro classificativas feitas durante a manhã, incluindo a Super Especial.

Noticias: Jackie Stewart revela participação em dois filmes sobre a sua carreira

Hollywood, definitivamente, descobriu o filão da Formula 1. Depois do sucesso do documentário sobre Ayrton Senna, no ano passado, e de Ron Howard estar a filmar "Rush", o filme sobre a temporada de 1976 e o duelo entre James Hunt e Niki Lauda, agora é Jackie Stewart que revela hoje à Autosport britânica que está envolvido em dois projetos de filmes: um sobre a relação entre ele e o seu companheiro de equipa Francois Cevért, e o outro no "remastering" de "Weekend of a Champion", feito em 1971 por Roman Polanski.

"Polanski está a refazê-lo, só que em Alta Definição", afirmou o tricampeão escocês. "Estamos a fazer as mesmas coisas que fizemos no original, só que 40 anos mais tarde. Voltamos a andar pela pista de novo, e iremos ficar na mesma suite no Hotel de Paris. Vai ser interessante", concluiu.

Quanto ao filme sobre a relação de Stewart com o francês Francois Cevért, na Tyrrell, que aconteceu entre 1970 e 1973, terminando abriptamente a 6 de outubro daquele ano em Watkins Glen, com a morte aos 29 anos do piloto francês, o filme será produzido por Bill Pohlad, um dos produtores de "Brokeback Mountain", e apesar de não haver nomes escolhidos, corre o rumor de que Ewan McGregor está a ser convidado para fazer o papel do próprio Stewart. 

"A história será sobre dois pilotos companheiros de equipe, que em vez de se tornarem ferrenhos rivais, estabelecem uma relação de amizade bem próxima", disse Jackie. "Contei todos os detalhes para Bill, o filme causará muitas lágrimas", contou o escocês, agora com 72 anos. 

GP Memória - Brasil 2002

Depois de passagens por Melbourne e Sepang, a Formula 1 ia para o circuito brasileiro de Interlagos, palco da terceira prova do campeonato do mundo, onde parecia que a competição ia a caminho do equilíbrio, depois de uma vitória de Michael Schumacher na Austrália e do seu irmão na Malásia. A grande novidade no pelotão era o fato da Ferrari estrear por ali o seu novo carro, o F2002, que estaria nas mãos de Michael Schumacher, com Rubens Barrichello a guiar o carro mais antigo, pois havia apenas um chassis disponível. (...)

(...) O "warm up" ficou marcado por um acidente tão bizarro como potencialmente fatal. Quando o Arrows de Enrique Bernoldi bate forte na Curva 2, o carro fica imobilizado no meio da pista e o Medical Car, um Mercedes guiado por Alex Dias Ribeiro e que levava o Professor Sid Watkins, pára ao seu lado para o socorrer. Ele abre a porta no preciso momento em que Heidfeld aparece a toda a velocidade no seu Sauber, indo para a esquerda e dando cabo da porta do condutor, ainda com Dias Ribeiro dentro do veículo. Por sorte, ninguém ficou ferido.

A corrida começa com Montoya e Schumacher a discutirem o primeiro lugar no S de Senna, com o alemão a levar a melhor sobre ele, e metros mais adiante, ele tentou voltar à frente da corrida na Descida do Lago, mas o alemão defende-se e toca no bico do colombiano, desfazendo-o e o obrigando a voltar às boxes para fazer a troca, caindo para o último lugar. (...)

Há precisamente dez anos, Michael Schumacher aproveitou bem um erro de Juan Pablo Montoya na primeira volta para vencer um Grande Prémio pela segunda vez naquele ano, desta vez no Autódromo de Interlagos, no Brasil. Numa corrida sem grande história, para além disso, provavelmente o único momento arreepiante naquele final de semana foi o acidente de Enrique Bernoldi, no seu Arrows, que quase fez com que o Sauber de Nick Heidfeld atropelasse o condutor da máquina que levava o médico da Formula 1, o professor Sid Watkins.

Esta e outras histórias podem ser hoje lidas no PortalF1.com.

"Lap of Life", o mais recente video do Antti Kalhola



Esta semana, o Humberto Corradi escreveu no seu blog sobre Gerhard Berger. Que ele, no inverno de 1990-91, decidiu prescindir das suas férias e que testou que nem um maluco para poder estar no topo de forma para que pudesse bater Ayrton Senna. Estava no topo da sua forma e conhecia o carro como a palma das suas mãos, enquanto que Senna descansava na sua casa de férias, fazendo o essencial para ficar em forma.

Senna saltou para o carro a dez dias do começo da temporada, em Phoenix, para o conhecer minimamente antes da primeira qualificação do ano. Satisfeito com o que tinha, esperou para a primeira corrida a sério, nas ruas americanas, enquanto que Berger esperava batê-lo naquilo em que sabia fazer melhor. Enganou-se: ficou a quase dois segundos de Senna nessa qualificação. Isso praticamente desmoralizou Berger, que afirmou mais tarde que "precisou de seis Grandes Prémios para se recompôr"...

Ayrton Senna tinha um ponto forte: a qualificação. Dava tido o que tinha e o seu carro também. Ele próprio disse que parecia entrar em transe quando dava o seu melhor. Jeremy Clarkson, quando fez a sua matéria no Top Gear sobre o brasileiro, chamou a este momento de "volta-banzai", onde ninguém queria estar presente para estragar a "volta perfeita" do piloto brasileiro. Chegou a humilhar os adversários, fazendo voltas um segundo mais rápidas do que a concorrência, muitas vezes com o mesmo carro que ele tinha. E fez 65 voltas-banzai em nove dos dez anos da sua carreira: do GP de Portugal de 1985 ao GP de San Marino de 1994.

Não recordo de ninguém tão sedento de "pole-positions" no passado, ou que existam alguém assim depois dele. Jim Clark, talvez. Michael Schumacher, Juan Pablo Montoya ou agora Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, podem ser "polemans", mas não andam perto do obcecado Ayrton Senna, que conseguia dar o seu melhor para ser o primeiro da grelha na corrida de domingo.

É sobre isso que se trata do mais recente video do Antti Kalhola, que hoje está disponivel no Youtube.

GP Memória - Brasil 1997

Vinte e um dias depois de Melbourne, máquinas e pilotos rumavam ao Brasil para a segunda prova do campeonato do mundo de Formula 1, onde se esperava que a Williams pudesse reagir à vitória-surpresa de David Coulthard no seu McLaren, e ao fato de Michael Schumacher ter por fim um carro à sua medida, capaz de colocar a Ferrari perto do campeonato que a Scuderia perseguia desde 1979. 

Contudo, antes disso, a Lola, que tinha feito uma participação… modesta em Melbourne, não iria participar mais no campeonato do mundo. O seu patrocinador, a Mastercard, tinha retirado o seu apoio e a equipa não tinha mais dinheiro para sustentar a aventura, e sendo assim, decidiu abandonar de vez, deixando Vicenzo Sospiri e Ricardo Rosset, os pilotos da marca, apeados. (...)

(...) Na partida, Villeneuve larga bem, mas Schumacher sai melhor e disputa o primeiro lugar na primeira curva e força o canadiano a ir para a parte suja, indo para a relva e perdendo posições. Mas atrás havia confusão: um dos Jordan, o de Giancarlo Fisichella, fazia um pião e ficava parado no meio da pista. Mas o mais grave tinha acontecido atrás, com o Stewart de Rubens Barrichello a ficar parado na pista, obrigando os comissários de pista a interromper a corrida no final da primeira volta. 

Quando a corrida parou, havia mais acidentados: Damon Hill tinha quebrado o seu nariz, Jan Magnussen tinha ficado parado numa colisão, e Eddie Irvine também tinha sofrido estragos. A grelha ficou exatamente igual ao que estava na partida e após alguns minutos, as coisas voltariam ao normal, excepto Magnussen, que ficava de fora porque Barrichello ficava com o carro de reserva. (...)

Foi ontem que fez 15 anos sobre os eventos do GP do Brasil de 1997, no circuito de Interlagos, com Jacques Villeneuve a conseguir a sua primeira vitória do ano, e a curta aventura da Lola teve um inesperado final, com o seu patrocinador a retirar-se, depois dos péssimos resultados em Melbourne. Foi uma corrida complicada no seu inicio, com alguns toques na primeira curva e o Stewart de Rubens Barrichello parado na pista, que resultou na amostragem de uma bandeira vermelha.

No final da corrida, com Villeneuve a vencer, o veterano Gerhard Berger no segundo lugar e Olivier Panis foi o terceiro, dando à Prost o seu primeiro pódio da carreira. Tudo isso e muito mais pode ser lido hoje no Portalf1.com.  

Youtube Rally Portugal: as condições de hoje



O Rali de Portugal está a ser uma verdadeira loucura. Depois de chover a cântaros nesta sexta-feira, três meses depois da última vez que tinha acontecido, os troços estavam perigosamente enlameados, com a visibilidade reduzida, segundo conta o meu amigo Ricardo Batista, que esteve hoje nesses locais, a 10-20 metros. Daí que a organização tenha decidido a meio da tarde, anular as classificativas devido às más condições meteorológicas. As filmagens foram feitas na classificativa de Tavira 1.

Isso, acompanhado das saídas de estrada dos Ford de Mikko Hirvonen, Jari-Matti Latvala e de Ott Tanak, e claro, com a saída de estrada de Sebastien Löeb, na quinta-feira à noite, está a transformar este rali num autêntico "bodo aos pobres", com Mikko Hirvonen na frente, seguido não muito longe pelo russo Evgueny Novikov.

Amanhã há mais Rali de Portugal, provavelmente em tempo mais seco.

sexta-feira, 30 de março de 2012

WRC 2012 - Rali de Portugal (Dia 2)

O segundo dia do Rali de Portugal está a ser algo que ninguém esperava contar: o mau tempo que se faz sentir no Algarve, local onde a prova está a ser realizada, provocou uma hecatombe em termos de concorrentes. Se ontem à noite, Sebastien Löeb desistiu e Dani Sordo atrasou-se bastante, bem como o local Armindo Araujo, as condições meteorológicas dos troços fizeram com que existisse mais uma razia entre os concorrentes. Os Ford de Jari-Matti Latvala e Petter Solberg foram as vítimas da chuva, deixando o Citroen de Mikko Hirvonen na liderança, após a primeira passagem da manhã.

Os despistes dos pilotos da Ford deixaram Christian Loriaux, o diretor técnico da Ford, furioso: “Foi nos dada uma grande oportunidade e nós a desperdiçamos. Duas vezes”, lamentou. “O campeonato estava acabado para nós, mas ganhamos vida quando Seb [Löeb] jogou seu rali fora. Tudo o que nossos rapazes precisavam fazer era seguir firme.” 

Eles sabiam que podiam controlar Mikko, eles sabiam. Tudo o que precisavam fazer era continuar na pista. Tudo bem, é fácil dizer isso, mas muitos outros carros conseguiram prosseguir. Era questão de sobrevivência. Depois que Jari [Matti Latvala] saiu, Petter tinha 20 segundos de vantagem para Mikko. Ele poderia ter tomado ainda mais cuidado. Tínhamos a vitória, mas a jogamos no lixo e a queimamos.” , concluiu.

Contudo, pelo inicio da tarde, o mau tempo tinha feito grandes estragos: após a SS7, apenas 12 dos 57 carros presentes puderam chegar ao parque de assistência pelos seus próprios meios, sinal dos estragos que as más condições fizeram aos seus carros, daí que a organização decidiu, primeiro cancelar a SS10, e depois as restantes classificativas que deveriam acontecer nesta tarde, quer eram a segunda passagem por esses troços. Viaturas como a do saudita Yazeed Al Rajhi e a do irlandês Craig Breen ficaram presas num riacho em São Brás de Alportel, que galgou as margens devido à intensa chuva.

Até que o tempo fez das suas, o dia começou com os Ford a tentarem manter a liderança, com o Mini de Dani Sordo - que tinha se retirado da competição na noite de ontem devido a problemas elétricos - ao ataque, vencendo as três classificativas da manhã, com os Ford a sofrerem: primeiro Latvala, que caiu na valeta e perdeu tempo, e depois o estónio Ott Tanak, que desistira na SS8, também vitima de despiste. Solberg, esse, aconteceu na SS9, onde se despistou e perdeu imenso tempo, pois estava numa zona sem espectadores.

Assim sendo, após a SS7, Mikko Hirvonen lidera o rali, com 36,3 segundos de vantagem sobre o segundo classificado, o russo Evgueny Novikov, e 41,8 segundos sobre o norueguês Mads Ostberg, no seu Adapta Ford. O sueco da Mini, Patrik Sandell, é quarto, a uns distantes três minutos e sete segundos da liderança, seguido pelo checo Martin Prokop, a 3,25 minutos. 

Atrás, Armindo Araujo passou a manhã a recuperar posições. Partindo de uma sombria 32ª posição, conseguiu recuperar vinte lugares graças a uma postura de ataque, chegando-se perto do carro de Sebastien Ogier e à beira do "Top Ten", fazendo tempos no "top 5", chegando até a fazer o terceiro melhor tempo na SS6, galgando posições. Ao final da manhã, já tinha feito bem o seu trabalho de recuperação.

O Rali de Portugal prossegue amanhã com mais seis passagens pelos troços algarvios.

Os vinte anos da saga da Andrea Moda, parte dois

Mas foi na corrida a seguir que surgiu um milagre: o Mónaco deu aquilo que todos julgavam impossível, uma qualificação. E o milagreiro foi Roberto Moreno, que primeiro meteu o carro nos 30 primeiros, tirando de fora o Larrousse de Ukyo Katayama, e depois conseguiu ter o carro a funcionar o tempo suficiente para fazer um tempo que o colocava na grelha de partida, superando os Brabham de Eric van de Poele e Damon Hill, o Fondmetal de Andrea Chiesa e o March de Paul Belmondo. Todos comemoraram o feito, não só na Andrea Moda, mas como no próprio "paddock" da Formula 1. 

Na corrida, a experiência de Moreno foi importante para que ele subisse até à 19ª posição na 11ª volta, quando o seu motor falhou. Acabava ali o melhor fim de semana da equipa até então, e por incrível que pareça, iria ser a melhor de sempre, porque a partir dali iria ser sempre cada vez mais baixo. E cada vez mais bizarro. (...) 

(...)No final de semana da corrida de Magny-Cours, uma greve de camionistas tinha paralisado o país e o camião da Andrea Moda tinha sido uma das azaradas, mas foi a unica que não esteve presente nesse final de semana. E o pelotão pouco importou. Voltou em "força" em Silverstone, mas nessa altura, as coisas iam de mal a pior. Sassetti teve uma das suas discotecas no Leste de Itália a arder, vítima de um incêndio suspeito, e ainda por cima, alguém tinha tentado atirar sobre ele, mas falhou o alvo. Aos poucos, ele via que a Formula 1 era uma aventura demasiado cara para o seu camião... (...)

Hoje coloco no Portal F1.com a segunda parte da saga da Andrea Moda, provavelmente a equipa mais amadora da história da modalidade, onde Roberto Moreno e Perry McCarthy foram seus pilotos. O britânico passou para a história com incidentes como o de Barcelona, onde andou meros... 18 metros, porque o seu carro quebrou o motor, enquanto que Moreno foi o contrário, ao dar o seu unico ponto alto, que foi a qualificação para o GP do Mónaco, a unica vez que a equipa alinhou num Grande Prémio.

Mas houve muitos outros motivos de farsa ao longo daquela temporada, que terminou em Spa-Francochamps, quando a policia local prendeu Andrea Sassetti devido a fraude, e a FIA aproveitou a ocasião para a excluirem do Mundial de Formula 1. Tanto amadorismo era demais para Bernie Ecclestone e Max Mosley.

WRC 2012 - Rali de Portugal (Dia 1)

O Rali de Portugal cumpriu esta noite as suas primeiras quatro especiais e já houve um resultado sensacional: Sebastien Löeb já abandonou a corrida, vítima de despiste. As primeiras quatro classificativas, três das quais noturnas, resultaram em algum caos nos lugares da frente, com alguma chuva à mistura e a Ford a capitalizar grandemente com a sua escolha em sair nos lugares mais atrás da classificação. Resultado final: Jari-Matti Latvala lidera o rali com 2,2 segundos de diferença sobre Petter Solberg, com Mikko Hirvonen na terceira posição, a cinco segundos do líder.

Löeb começou bem o rali, vencendo a especial dos Jerónimos, e depois tentando abrir uma vantagem, que no final da SS2 já era de 6,1 segundos. Contudo, na SS3, a de Santa Clara, Löeb bateu numa pedra e capotou, ficando com o carro bastante afetado pelo acidente. "Eles saíram de estrada num ponto em que o troço curvava numa lomba para a direita e o Sebastian virou para a esquerda. A nota era boa, mas ele não seguiu a indicação [do navegador], mesmo antes da lomba a estrada virava um pouco para a esquerda e pensamos que ele estava mais a olhar para a estrada e não seguiu a indicação. O Sébastien disse que o impacto não foi forte. Não sabemos quantas cambalhotas o carro deu, mas deu as suficientes para o carro não recomeçar amanhã", referiu Yves Matton, diretor da Citroen Racing.

Isso tudo ao mesmo tempo em que o espanhol Dani Sordo, com o seu Mini JCW WRC, também abandonava, vítima de problemas elétricos. Com isto, o grande beneficiado eram, obviamente, os Ford, bem como o estónio Ott Tanak, que venceu uma especial e é o quarto classificado, a 15 segundos do líder.

O belga Thierry Neuville, no seu Citroen Junior Team, é agora o quinto da geral, na frente de Mads Ostberg e do russo Evgueny Novikov. A fechar o "top ten" estão Jari Ketomaa, o neozelandês Hayden Paddon, num Skoda Fabia S2000, e o Ford Fiesta do holandês Dennis Kuipers.

Outro piloto que teve uma má noite foi Armindo Araujo. O piloto de Santo Tirso saiu de estrada na segunda especial, quando interpretou mal uma nota no "roadbook" e saiu de estrada, perdendo cinco minutos na geral e caindo para a 22ª posição. “Cometemos um erro numa nota e quando percebi, já não havia muito a fazer. O carro deslizou demasiado e ficamos fora de estrada. Felizmente conseguimos voltar mas perdemos quase cinco minutos nesta especial. Não era este o arranque que queria”, começou por dizer no seu site oficial.

Apesar do objectivo de terminar dentro dos dez primeiros da geral estar aparentemente distante, o piloto de Santo Tirso não pretende baixar os braços: “Vamos andar num ritmo forte e tentar chegar o mais possível ao grupo da frente. Sabemos que não será nada fácil mas muita coisa pode acontecer. O carro não ficou afectado com a saída de estrada e agora é levantar a cabeça e lutar com todas as forças”, concluiu. 

O Rali de Portugal prossegue amanhã, com mais seis especiais de classificação, disputados na zona de Tavira.

quinta-feira, 29 de março de 2012

5ª Coluna: Grandes corridas e mentalidades tacanhas

Domingo passado valeu a pena levantar da cama para ver o GP da Malásia. Tivemos a chuva a cair incessantemente, tivemos emoção na pista e a demonstração de que mesmo com um mau carro entre mãos, Fernando Alonso conseguiu um milagre: vencer um Grande Prémio com um carro muito mau entre mãos. Uma performance que fez lembrar Gilles Villeneuve em 1981, com o "Cadillac sobre rodas" que tinha à mão, devido mau chassis que tinha entre mãos, mas que foi capaz de vencer duas corridas, no Mónaco e em Jarama.

As performances do piloto espanhol demonstraram que é - se alguém ainda tinha dúvidas em relação a isso - um piloto excepcional, feito da massa que são feitos os campeões do mundo ao longo da história, como Juan Manuel Fangio, Jim Clark, Jackie Stewart ou Ayrton Senna. Mas também foi a corrida em que assistimos à excepcional performance do jovem mexicano Sergio Perez, que aos 22 anos, consegue o seu primeiro pódio da Sauber desde 2009, nos tempos da BMW.

Houve alturas na corrida em que se ficou com a sensação de que Perez iria apanhá-lo e passá-lo, para conseguir algo que o México espera desde os tempos de Pedro Rodriguez: uma vitória na Formula 1. Mas após um aviso do seu engenheiro para que tivesse cuidado, e que o segundo lugar já era muito bom, Perez sofre um despiste, quando já começava a esboçar uma ultrapassagem a Alonso. Imediatamente surgiram as teorias da conspiração: que Perez tinha feito aquilo de propósito para que a Sauber não perdesse os motores que a Ferrari lhes fornece desde há muitos anos.

Acho que todas essas "teorias da conspiração" são perfeitamente idiotas. Por imensas razões: a Sauber não é a equipa B da Ferrari, apesar de Sergio Perez ter testado um carro da Scuderia em 2010. Trouxe imensos patrocinadores do México, mais concretamente da Telmex de Carlos Slim, logo, o piloto não está dependente da Scuderia para nada. Não é a Ferrari que lhe paga o salário, ou o salário da Sauber. Segundo, a Ferrari já ganhou como "carro-cliente", recorde-se o GP de Itália de 2008, palco da única vitória da Toro Rosso, com Sebastian Vettel, e terceiro, as pessoas tendem a esquecer que Alonso é um homem que sabe resistir à pressão, obrigando outros a cometerem um erro. Já se esqueceram de Pastor Maldonado, na semana anterior, na Austrália? Se sim, só justifica aquilo que digo quando afirmo que muita gente por aí tem "memória de peixe"...

A Ferrari tem um mau carro nesta temporada, e é somente Fernando Alonso que está a disfarçar esse mau carro. Se fosse o contrário, muito provavelmente dominaria o campeonato com muito mais à vontade e o seu companheiro de equipa não estaria muito longe dele. As diferenças gritantes de andamento entre Fernando Alonso e Felipe Massa demonstram isso: que os resultados são mais devido ao piloto do que ao carro. Todos os 35 pontos que a Ferrari têm devem-se a ele.

Mas claro, nunca nos livraremos do "cuspir no ar", das adivinhações, dos "achismos". Nada do que dizem está certo, mas numa era da Internet e de redes sociais, toda a gente tem uma opinião e esta se espalha como fogo em mata seca. É preciso ter uma mente treinada para poder separar "o trigo do joio", e nem toda a gente tem esse treino. 

Na mentalidade futeboleira que existe, a corrida malaia definiu em muitas cabeças de que Felipe Massa deveria ser já despedido e que Sergio Perez deveria imediatamente tomar conta do lugar. Mais um disparate pegado, que esconde o óbvio: a culpa é do carro, e não tanto do piloto. Mesmo que isso acontecesse, quer Perez, quer Alonso não são santos milagreiros. São muito bons pilotos de Formula 1. 

E há outra coisa mais: Alonso não quer pilotos que ameacem o seu domínio. Em todas as equipas que passa, é o "deos ex machina" da equipa, do qual tudo se centra sobre ele. E Sergio Perez demonstrou que é um piloto excepcional, que é capaz de igualar Alonso, quando for mais maduro. Alonso preferirá um Massa mais secundário, mas prestativo, do que Perez. Pode ser que vá para a Ferrari, mas não esta temporada. Aliás, acho que não haverá troca de pilotos este ano, porque não se ditam sentenças, nem se definem campeonatos após a segunda corrida. 

Aliás, este vai ser um ano em que se pode esperar... o inesperado. Creio até que teremos um ano parecido com 1982 em que tivemos onze pilotos vencedores em dezasseis corridas. Não direi que chegaremos a isso, mas se eu achava que no inicio da temporada existiam cinco equipas com reais hipóteses de pódio, pelo menos, não tinha colocado a Sauber nessa equação. Agora... se calhar acho que das doze equipas presentes no campeonato, oito irão ao pódio, e dez conseguirão pontos. Não fiquem admirados se no final do ano isso acontecer.

Formula 1 em Cartoons - A vingança a Karthikeyan (GP Toons)

Sebastian Vettel e Jenson Button não esquecerão o indiano Narain Karthikeyan tão cedo. O piloto da HRT viu-se envolvido em dois acidentes no GP da Malásia, no qual... não teve qualquer culpa. Mas que estragou as corridas de ambos os pilotos, estragou. E Sebastian Vettel foi muito duro, ao chamá-lo de idiota e ter espetado outro dedo que não o habitual indicador, quando comemora as vitórias.

E o Hector Garcia, do GP Toons, foi um pouco mais longe, imaginando o que Vettel e Button deverão pensar do piloto indiano...

A entrevista de Carlos Barbosa ao jornal "A Bola"

No mesmo dia em que o Rali de Portugal sai para a estrada, o jornal português "A Bola" decidiu publicar um especial de oito páginas sobre a quarta prova do campeonato do mundo do WRC, e uma das clássicas do automobilismo internacional, a par de Monte Carlo, Finlândia ou País de Gales. E uma das entrevistas que é feita - para além das feitas a Michele Mouton, a representante da FIA para a categoria, a Pedro Almeida, o diretor de prova e a Armindo Araujo - também foi feita uma entrevista a Carlos Barbosa, o presidente do ACP, o Automóvel Clube de Portugal, a entidade que tutela a prova, sobre esta prova, as novidades deste ano, com a reintrodução das classificativas noturnas, e o futuro do rali.

Quem o entrevistou foi a jornalista Edite Dias.

«O ARMINDO FAZ MILAGES COM O CARRO QUE TEM!»

O sucesso passa pelo caminho da inovação e da surpresa. Esta parece ser a fórmula do presidente do ACP para garantir a paixão dos pilotos, da FIA e dos adeptos pelo Rali de Portugal. O melhor rali do mundo, defende Carlos Barbosa, orgulhoso das provas noturnas e lamentando apenas a falta de competitividade do unico português no WRC.

- Como foi a experiência do regresso do rali a norte, nomeadamente a Fafe e ao reencontro com estes adeptos?

- Extraordinária, o público acorreu em massa, os números da GNR dizem que foram mais de cem mil pessoas. Realmente, é no norte é que estão os fãs. A 'afficion' do norte é outro rali. Não só o público, como as classificativas... É outro rali.

- É possivel pensar num regresso ao norte do rali? Para o ano?

- Vamos pensar, ver como é que podemos e se podemos fazer o rali no norte, mas não para o ano. Há um determinado numero de cadernos de encargos que temos de respeitar, em relação à FIA. Só para se ter esta ideia, no Algarve estão 900 quartos alugados para o rali, É preciso ponderar, é precisa toda esta logística, não podemos colocar as marcas longe dos troços... Tem de se montar um rali de A a Z. Não sei se os troços estão em condições de poder fazer isso, aquilo que me apetece é ir para o norte por causa da 'afficion'. mas não sei se a logistica me permite ir para o norte.

- Ir para o norte significa deixar o rali no sul do país, ou significa estender o rali de norte a sul?

- Não, isso não. Os construtores não aceitarão isso, porque o rali neste formato é o mais barato do Mundial. Os construtores não aceitarão fazer um rali como antigamente, que saía de Lisboa e acabava na Póvia de Varzim. Isso já não é possivel hoje em dia, nem comparável com as despesas. Os carros de assistência do rali ficam ali no parque, no estádio. Andar com aqueles carros gigantescos atrás não é possivel. Tinhamos de montar um centro no Porto, em Braga, noutro sítio...

- Admite estudar a hipótese?

- Sim, mas é complicado. É outro rali, é outro ambiente, os pilotos que estiveram ali em Fafe, a 'nata da nata', adoraram, disseram que ali é que era. O Petter Solberg, que já fez aquilo nos tempos do Rali de Portugal, estava emocionadíssimo com o regresso. Não prometo nada. Um dos principais patrocinadores é o Turismo de Portugal e também não sei se está mais interessado em promover o Algarve ou o norte. Não podemos decidir isto sozinhos.

- Este ano será um rali mais desafogado financeiramente?

- Não, porque com as etapas noturnas temos condições de segurança muito mais apertadas e vamos ter gastos totalmente diferentes. Os helicópteros não voam à noite, temos de ter mais ambulâncias, mais comissários com menos distância entre eles, que é para se houver algum acidente agiur imediatamente.

- Lisboa foi uma aposta ganha?

- Sim, sim. Os Jerónimos são uma imagem de Portugal, transmitida para todo o mundo e este anos vamos ter ainda mais plataformas de transmissão e mais audiência. Teremos mais uma bancada, no topo dos Jerónimos, para não prejudicar a imagem do Mosteiro. Está tudo preparado para que seja um grande espectáculo, mesmo com chuva. Quem gosta de automóveis vai querer ir, porque tem os carros 'à mão'.

- E em termos competitivos, espera um rali dos mais interessantes dos últimos tempos?

- Muito! Sobretudo, com esta troca de pilotos. Em Fafe, o Petter Solberg ganhou por duas décimas ao Löeb! E ainda o Nasser [Al-Attiyah], rapidíssimo e que deu um grande show. Não dou como adquirida a vitória do Löeb, apesar de ser considerado um extra-terrestre. Todos os pilotos adoram Portugal, os troços do Algarve, o público, a segurança e acho que este ano haverá mais competição.

- E o Armindo Araujo, é uma excelente bandeira deste rali?

- O Armindo ajuda imenso e só é pena não ter no carro as evoluções que têm os carros da Prodrive. É uma pena que a Prodrive não lhe dê as mesmas capacidades que dá a um Daniel Sordo. Se o Armindo tivesse um carro exactamente igual ao do Sordo, dava cartas aqui e podia ficar nos cinco primeiros tranquilamente. Com um carro inferior e sem as evoluções da Prodrive é muito difícil. O Armindo já faz milagres copm o carro que têm!...

- E porquê essa desvantagem?

- Há uma guerra entre a BMW, a Prodrive e a Motorsport Itália. Uma relação estranha e é pena que a Prodrive não cumpra o que prometeu ao Armindo, de lhe dar as especificações que deu ao Sordo. O Armindo pagou uma fortuna pelo carro e as especificações todas, que não vieram. Imagine ele, que guia maravilhosamente bem, com um carro de topo! O Armindo com um carro igual ao do Sordo, era ótimo para o rali, para o público e podia apostar no 'top 5'!

- E surpresas para o ano?

- Já sei o que será, mas não posso dizer. Prometo continuar a inovar! Mais dia menos dia só vaºo realizar-se seis ralis na Europa. Não posso correr o risco de perder o rali para Espanha ou França. Tenho de ser o melhor. Como os outros são sempre iguais, o rali de Portugal é muito apetecível para a FIA, para os construtores e para as televisões.

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ORÇAMENTO: O orçamento deste ano é de quatro milhões. O Governo contribuiu com um milhão e meio, um milhão do turismo e 500 mil do desporto. O resto é dos patrocinadores e das inscrições.

NOTURNAS: As noturnas vão voltar ao velho Rali de Portugal, estão nas memórias de todos. Vão dificultar o andamento dos pilotos, é certo, mas eles são profissionais, de dia ou de noite.

INOVAÇÕES: Foi o rali de Portugal que fez a 'especial' da capital, criou zonas de espetáculo e etapas noturnas. Monte Carlo tem uma, mas não interessa nada. Inovamos sempre e é por isso que é o melhor rali do mundo.

Os vinte anos da saga da Andrea Moda

(...) no final de 1991, a Coloni estava à venda. A equipa nunca tinha alcançado a qualificação desde meados de 1989, quando teve dois carros e Roberto Moreno como piloto. Tentativas em 1990, com o "boxer" da Subaru e com pilotos como Bertrand Gachot, Pedro Matos Chaves e Naoki Hattori deram em zero e Coloni decidiu vender a sua equipa - menos competitiva que as melhores equipas da Formula 3000 - a preço de desconto a Sassetti.

Andrea Sassetti era um jovem industrial, então com 32 anos, com interesses na industria do calçado, mas que também tinha casas noturnas em Itália. Personalidade algo controversa, achava que a Formula 1 seria o melhor canal para publicitar o seu nome. Com a compra da equipa Coloni, ficou com grande parte do "staff" e o chassis C4, alargando-a para dois carros. Adquiriu motores V10 da Judd e dois pilotos italianos: Alex Caffi e Enrico Bertaggia. (...)

(...) Entretanto, Sassetti mandou os carros para Kyalami, e montou um deles para Alex Caffi porque... não havia peças suficientes para o segundo carro. E mecânicos também. Mas apesar de ter dsado umas voltas na quinta-feira da corrida, a FIA excluiu-os por causa da história dos cem mil. Sassetti, contrariado mas não vencido, pagou. E pediu à Simtek para que encomendasse um novo chassis a Nick Wirth, porque ele sabia que com aquele C4 da Coloni, não ia a lado algum.

Wirth aproveitou o chassis desenhado para o projeto abortado da BMW em 1990 - que depois se batizaria de S921 - e modificou o suficiente para estar conforme os regulamentos de segurança de então. Em pouco tempo, os carros foram feitos e enviados às peças para o México, mas não ficaram prontos a tempo de darem umas voltas no Autódromo Hermanos Rodriguez. Caffi e Bertaggia, que aproveitaram o fim de semana para apanhar sol nas bancadas mexicanas, acharam que aquela brincadeira foi longe demais e foram embora. Mas como Sassetti não queria dar de vencido, afirmou que os tinha despedido. E foi sem testes, "shakedowns" ou pilotos que a equipa foi ao Brasil, a terceira prova do ano. (...)

Faz agora vinte anos que surgiu aquela que é, provavelmente, a pior equipa da história da Formula 1. Quem cresceu nessa altura certamente conhece as histórias da Onyx, Coloni, Eurobrun ou Life. Mas nenhuma destas equipas, por mais má que seja a sua história, consegue bater nos pontos a história da Andrea Moda, um projeto liderado por um excêntrico italiano, Andrea Sassetti, que quis aproveitar a Formula 1 como montra para se mostrar ao resto do mundo.

E de facto mostrou: a sua falta de profissionalismo, bem como os desempenhos pífios dos seus carros, do qual os pilotos tentavam fazer milagres atrás do volante, como fez Roberto Moreno no Mónaco, deram nas vistas no "paddock". E as coisas foram assim durante mais de meia época, até ao GP da Belgica, altura em que Sassetti foi preso por fraude fiscal, e a FIA excluiu de vez a equipa na Formula, 1, pois segundo eles, tinha manchado a reputação da mesma. A partir de hoje, no Portal F1, conto em duas partes a história da pior equipa da história da categoria máxima do automobilismo.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Noticias: Paulo Nobre tem acidente e desiste na qualificação do Rali de Portugal

O Rali de Portugal ainda não começou - pelo menos oficialmente - e já há desistências entre os pilotos inscritos. Um deles é o brasileiro Paulo Nobre, o Palmeirinha, sofreu um despiste na sua qualificação esta tarde, com o seu Mini JCW WRC, danificando o seu "roll bar" de modo suficientemente forte para o impedir de alinhar neste rali.

Nobre, o "Palmeirinha", estava a fazer a sua tentativa quando bateu em algumas pedras e capotou, sofrendo danos que os técnicos da Mini classificaram como irreparáveis a tempo de começar o rali, que começará na tarde de amanhã em Lisboa.

Noticias: Ecclestone garante que o GP do Bahrein vai adiante

Depois de ontem terem circulado fortes rumores do seu possivel cancelamento, devido à falta de garantias de segurança por parte das autoridades locais, o governo do Bahrein e a autoridade da Formula 1 vieram hoje a público reforçar as garantias de que o Grande Prémio se realizará na data prevista, 22 de abril, apesar das ameaças. "O Grande Prémio irá ter lugar e tenho a certeza que acontecerá sem problemas", afirmou Bernie Ecclestone em declarações captadas pelo jornalista britânico James Allen.

Sobre o fato das declarações do presidente da Federação Barenita de Automobilismo ter dito que o Grande Prémio seria "uma oportunidade para unir a população", Ecclestone afirmou: "Ficariamos felizes por sermos vistos dessa maneira, mas temos confiança neles [as autoridades barenitas]. Não vemos como é que poderemos contribuir para a reconciliação nacional, mas a coisa boa é que o Bahrein é mais democrático do que em muitos outros lados, porque as pessoas tem liberdade de expressão e podem protestar quando quiserem", continuou.

E sobre se teme pela sua segurança pessoal, o octogenário respondeu: "Não necessito e nunca necessitei de qualquer segurança pessoal, mas estou certo que farão o necessário. Será "business as usual", e acho que qualquer ação arrisca-se a ser tola porque será mostrado para o resto do mundo", afirmou, antes de culpar os média pelo "empolamento" da situação: "Sinceramente, acho que a imprensa deveria estar calada e deixar que os factos falem por si e não inventarem estórias", concluiu.

Apesar dos apoios públicos de Ecclestone, das equipas e de pilotos como Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, e das garantias das autoridades locais, em privado, muitos membros das equipas expressam o seu receio sobre a situação atual do pequeno emirado no Golfo Persico. As manifestações, embora em menor escala, continuam a decorrer, e os apelos ao boicote continuam fortes e firmes, quer dentro do país, quer fora dele.

E os detratores, como Nabeel Rajab, presidente do Centro Barenita dos Direitos Humanos, disse à BBC que a corrida não deveria acontecer devido ao seu mau registo em termos de direitos humanos: "Não deveria acontecer [o Grande Prémio], nem que fosse em sinal de respeito aos membros da empresa que gere o circuito, e que foram sistemáticamente torturados dentro das suas instalações", afirmou ao programa Hard Talk, da cadeia britânica.   

Fibra de Carbono, episódio 5

Gravamos ontem à noite e foi editado esta manhã: o episódio numero cinco do nosso podcast "Fibra de Carbono" está pronto para que vocês possam ouvir, e lá falamos sobre o GP da Malásia, a vitória de Fernando Alonso e a grande performance de Sergio Perez. E ainda tivemos tempo de falar sobre o Rali de portugal, nomeadamente o Fafe World Rally Sprint.

O programa é compridinho, mas vale a pena. Eis o link: http://www.fibracarbono.net/podcast/episodio-5-o-cavalinho-checo-de-sepang.html

Formula 1 em Cartoons - Uma conversa entre Alonso e Hamilton (GP Series)

Fernando Alonso e Lewis Hamilton até se dão bem como pilotos, mas em equipas diferentes. E neste GP malaio estiveram à conversa por breves momentos, captados pela objetiva de um fotógrafo. E Marcos Antônio, da GP Series, imaginou a conversa...

WRC 2012 - Rali de Portugal (Qualificação)

A qualificação de hoje de manhã, na classificativa do Vale Judeu, revelou que os Ford foram mais rápidos do que os Citroen, logo, tiveram a liberdade de escolher o lugar de onde queriam partir amanhã à tarde, quando começarem as classificativas. E eles escolherem ser dos últimos do pelotão, ao contrário dos Citroen de Sebastien Löeb e Mikko Hirvonen, que ficaram no primeiro e segundo lugares, querendo aproveitar o melhor das classificativas, caso o pó seja muito por altura em que atravessarão os troços.

Jari-Matti Latvala foi o melhor no troço de 4960 metros, com um tempo-canhão de 3.01,884 segundos, com Petter Solberg em segundo, com um tempo de 3.03,655 segundos, quase dois segundos mais lento do que o seu companheiro de equipa. Mikko Hirvonen foi o terceiro, com 3.04,232, batendo por muito pouco o francês Sebastien Löeb, que fez 3.04,249 segundos. O espanhol Dani Sordo foi o melhor dos Mini, fazendo o sétimo tempo (3.05,789)

Armindo Araujo foi 12º na qualificação e escolheu partir do sétimo posto, um lugar mais ao centro. Quanto a Nasser Al-Attyah, falhou um cruzamento e perdeu alguns segundos, bem como Daniel Oliveira, que capotou a meio do troço, contudo, sem grandes danos no seu carro. Em termos de escolha, depois do piloto português ter escolhido o sétimo posto, Sordo resolveu ser o quarto a partir, depois dos Citroen e do Ford de Ott Tanak, enquanto que o piloto qatari será o nono a sair da estrada.

Amanhã começa o Rali, primeiro com uma classificativa na Praça do Império, em Lisboa, para no final da tarde acontecer as classificativas noturnas de Gomes Aires, Santa Clara e Ourique, as grandes novidades deste Rali de Portugal de 2012.

terça-feira, 27 de março de 2012

Rali de Portugal: organização decidiu regar as classificativas noturnas

A três dias do inicio do Rali de Portugal, o pó é a principal preocupação da organização e dos pilotos, especialmente nas classificativas de Gomes Aires e Ourique, no Alentejo, os primeiros a serem percorridos pelos pilotos, na quinta-feira à noite. 

A quantidade de pó que se têm levantando por estes dias, agravado pelas atuais condições do tempo, pois já não chove há muitos meses naquela zona, faz com que os pilotos temam que quem ficar na frente, consiga demasiadamente cedo uma vantagem decisiva neste rali. Sendo assim, a organização decidiu regar com abundância essas classificativas, para evitar que se levante o pó naquela zona e facilitar a vida dos pilotos.

De acordo com a Autosport portuguesa, para além de não terem garantias de que poderá chover nesse dia no Alentejo - apesar dos avisos da meteorologia nesse sentido - nos testes que os pilotos andam a fazer a certos locais, o pó consegue ficar no ar por cerca de cinco minutos, o que poderá afetar o desempenho dos pilotos que seguirão atrás do primeiro carro que partirá na estrada. E alguns pilotos, como Sebastien Löeb, já se queixam nesse sentido.

Rumor do dia: GP do Bahrein pode ser cancelado

Ainda a tarde mal chegou a meio e o rumor chegou: que o GP do Bahrein corre o risco de ser cancelado na semana que vêm. Segundo a BBC, o presidente da federação barenita de automobilismo afirmou que não consegue garantir a segurança de pilotos, mecânicos e demais elementos da Formula 1 devido aos constantes protestos e consequente agitação social na ilha desde meados de fevereiro do ano passado.

"Existem perturbações causadas por jovens, que necessitam de ser lidadas da maneira mais correta", afirmou o Sheikh Abdullah bin Isa Al Khalifa em entrevista à PA Sport. "Não podemos garantir a segurança". 

Contudo, o mesmo responsável ainda acredita que a vinda da Formula 1 poderá ajudar a unificar as comunidades xiitas e sunitas, existentes na ilha. Contudo, outros fatores, estes mais pragmáticos, poderão estar em jogo, como o fracasso na venda de bilhetes, sinal de que as garantias de segurança que o governo prometeu assegurar, não tem sido conseguidas.

O GP do Bahrein está marcado para o dia 22 de abril, uma semana depois do GP da China e será a quarta corrida do campeonato.

A história dos "travões a água"

(...) Em 1980, a luta entre as duas partes estava ao rubro. O motivo tinha a ver com as saias laterais, que a FISA queria abolir, e do qual os construtores estavam contra, especialmente o patrão da Brabham, Bernie Ecclestone. Então com 50 anos, o britânico que tinha comprado a Brabham em 1971 a Ron Tauranac, depois de ter sido o “manager” de Jochen Rindt, tinha pegado entre mãos o negócio da Formula 1 e o fez crescer em termos de publicidade e televisão, expandindo-o para novos mercados, como os Estados Unidos. Tendo motores Cosworth, como a esmagadora maioria dos “garagistas”, não via com bons olhos o aparecimento dos motores Turbo, trazido em 1977 pela Renault e que demorou ano e meio para alcançar a sua primeira vitória. 

Naturalmente, Renault, Ferrari e Alfa Romeo, com os seus muitos milhões gastos em pesquisa para os seus motores Turbo, estavam a incomodar as restantes equipas, que confiavam nos velhos Cosworth DFV V8. E com a crescente potência desses motores Turbo, começavam a cavar um fosso entre eles e a concorrência, algo que estragava o espectáculo que Bernie Ecclestone começava a montar. 

Assim, Colin Chapman veio com um truque: “travões a água”. Criaram-se nos chassis dos Lotus dois depósitos perto dos travões, que se enchiam de água, um pouco acima do peso mínimo dos carros, do qual se esvaziava ao longo das primeiras voltas da corrida, que era para aligeirar os carros, no sentido de os tornar mais leves e os conseguir acompanhar ou mesmo bater os carros Turbo. No final, enchiam os depósitos dos carros antes de serem pesados pelos comissários da FISA. Engenhoso, mas ilegal, pois com esses depósitos vazios, o carro ficava bem abaixo do peso mínimo, cinquenta quilos em média. (...)

O GP do Brasil de 1982 mostrou mais um episódio de uma guerra entre a FISA e as equipas, lideradas pelo patrão da Brabham, Bernie Ecclestone. Numa altura em que as construtoras, lideradas pela Renault, tinham descoberto o poder dos motores Turbo e faziam carros mais pequenos e mais potentes, para poder superar a hierarquia dos motores Ford Cosworth V8 de 3 litros, as equipas que se viam de súbito superadas pelas construtoras, recorreram a truques - muitas vezes ilegais - para acompanhar o passo de Ferrari e Renault, e em breve Alfa Romeo e Toleman.

O truque dos "travões a água" não era mais do que encher depósitos vazios, existentes dentro do carro, com água, que seria largada ao longo da corrida, para os tornar mais leves em cerca de 50 quilos, ficando muitas vezes abaixo dos 580 quilos regulamentados, o que era ilegal. Quando a "urucubaca" foi descoberta, já Brabham, Lotus, Williams e McLaren usavam-no quase abertamente nos seus carros, e com isso, Nelson Piquet, o vencedor do GP do Brasil, e Keke Rosberg, o segundo classificado, foram sumáriamente desclassificados.

Essa desclassificação, porém, não ficou por aqui. As equipas lesadas decidiram apelar da desclassificação no Tribunal de Apelo, afirmando que essas desclassificações tinham sido politicas, pois o terceiro classificado dessa corrida tinha sido Alain Prost, e assim ele ficaria destacado, com 18 pontos. O Tribunal de Apelo deu razão à FISA e aos comissários brasileiros e as equipas FOCA decidiram reagir, boicotando o GP de San Marino, a quarta prova do campeonato.

A história dos "travões a água" pode hoje ser lida no PortalF1.com.   

segunda-feira, 26 de março de 2012

Formula 1 em Cartoons: GP Malásia (GP Toons)

O GP malaio, com o seu resultado imprevisível debaixo de chuva, onde Fernando Alonso se revelou que consegue "tirar leite de pedra" com aquele Ferrari, qual Gilles Villeneuve de um distante ano de 1981, e claro, a excelente - e inteligente - prestação de Segio Perez, no seu Sauber, a levá-lo ao seu melhor resultado de sempre da sua ainda curta carreira, resultou neste interessante "cartoon" feito pelo Hector Garcia, da GP Toons.

Curioso ver que não encontro Jenson Button em lado nenhum. Já estaria no fundo do mar primeiro do que Pastor Maldonado, arrastado pelo seu motor? 

Noticias: Adam Parr abandona a Williams

Um dia depois de Bruno Senna ter chegado ao sexto lugar do GP da Malásia, a Williams anuncia oficialmente que Adam Parr se demitiu do seu cargo de diretor executivo da equipa fundada por Sir Frank Williams. A demissão terá efeito esta sexta-feira, dia 30 de março, e o seu substituto será Nick Rose, antigo diretor da Diageo, que tem marcas como a Johnny Walker. Num comunicado oficial divulgado no site, Frank Williams reagiu à sua saída, agradecendo a Parr os serviços prestados: 

Pedi a Adam para que se juntasse à Williams no final de 2006 no intuito de me ajudar no dia-a-dia da nossa equipa. Nos últimos cinco anos, os feitos de Adam ultrapassaram as minhas expectativas e ao qual só tenho palavras de agradecimento pelos seus serviços. Não só pelo papel desempenhado na parte técnica, como também nas mudanças que fizemos no ano passado, na transição para uma firma cotada na bolsa, cujos frutos começam agora a ser mostrados.", começou por declarar.

"Adam deixa-nos de modo amigavel para perseguir outros objetivos na vida, do qual lhe desejo a melhor das sortes. Deixou-nos numa boa situação e estou confiante que todos nós na direção, iremos levar a Williams rumo a um futuro promissor", concluiu.

A noticia até podia ser esperada em alguns sítios, mas a altura em que é dada acontece de modo surpreendente, pois a Williams está numa fase em que parece recuperar muito do seu prestígio perdido no ano passado, com Bruno Senna e Pastor Maldonado a fazerrem boas performances com o FW34, que este ano tem motores Renault. Contudo, as tensões dentro da equipa, principalmente com Christian "Toto" Wolff, o sócio minoritário da Williams, como a sua incapacidade de arranjar grandes patrocinadores nos últimos cinco anos, fazendo com que dependesse de pilotos pagantes, como Pastor Maldonado e Bruno Senna, em detrimento de Rubens Barrichello, levaram a que o lugar de Parr estivesse em perigo durante muito tempo, do qual apenas teve o apoio de Frank Williams. 

Caro Elio

Caro Elio de Angelis:

Escrevo isto porque hoje deveria ter sido o teu 54º aniversário natalício. Provavelmente, caso estivesses vivo, estarias a gozar a reforma do automobilismo, depois de teres feito mais umas temporadas na Formula 1 e provavelmente experimentado outras categorias, como a Endurance. Teria sido engraçado ver-te a fazer a reta das Hunaudriéres, a toda a velocidade, a bordo de um Audi ou um Porsche, tentando ganhar umas 24 Horas de Le Mans. Ou então a tentares a tua sorte na CART, nas ovais, dividindo posições com Emerson Fittipaldi ou Mário Andretti, o teu companheiro na Lotus. Ou então, que pura e simplesmente, terias continuado com os negócios de familia ou à frente do teu próprio negócio, matando as saudades com uma corrida de kart e tocando piano nos tempos livres.

Adivinhar um futuro condicional - o famoso 'e se?' - é o exercício que toda a gente gosta de fazer para alguém que se foi demasiado cedo, como tu. E ainda por cima eras uma personagem estimada por todos: educado, cavalheiro, que andavas por ali por puro amor ao automobilismo. E tinhas talento. Não era qualquer um que atraísse a atenção de Colin Chapman logo no seu primeiro ano de Formula 1, apenas com 21 anos. Mas conseguiste. E no ano seguinte, conseguir um segundo lugar na sua segunda corrida pela marca.

Não creio que o tempo tenha esquecido de ti. Os "petrolheads" não se esqueceram de ti, mesmo aqueles que nunca te viram correr. Aliás, tenho tido recentemente exemplos de pessoas que começaram a admirar pilotos que morreram muito tempo antes das pessoas terem nascido, o que é incrivel. Tu tens o teu lugar garantido na história. Foste o primeiro a vencer pela Lotus depois de três anos de ausência, numa corrida decidida por milésimas contra Keke Rosberg. Hoje em dia, mesmo que a maior parte das pessoas já tenha memórias mais difusas de quem tu eras, ainda te lembram por teres sido o último piloto a vencer com Colin Chapman ainda vivo, por teres sido um dos companheiros de Ayrton Senna - que te superou em 1985, quando estiveram juntos - e pelas tuas habilidades ao piano.

Não tiveste tempo para teres uma carreira plena, como muitos outros. Não houve tempo para um filho, possivel herdeiro - nem sei se seguiria os teus passos - mas creio que deste o teu melhor, nas equipas que tu passaste. Mesmo naquela Brabham cujo projeto era demasiado arriscado, e do qual se tornou no teu túmulo.

Por aqui, sentimos a tua falta. Tal como a de muitos outros pilotos que se foram cedo demais. E a unica coisa que podemos fazer são gestos como este. De contar que um dia, tu exististes e fizeste certas coisas que trouxeram a admiração e a felicidade a muita gente. Acho que conseguiste esse objetivo.

Abraços, de onde é que tu estejas. E mais uma vez, feliz aniversário!