Na altura, também estava uma pessoa que iria mexer imenso na companhia: Jean-Luc Lagardére. Apesar da marca ser estatal - a certa altura, o governo de Charles de Gaulle dava mais de um milhão de francos por ano - em 1965, dois anos após a chegada de Lagardére, e um depois de ficaram com a René Bonnet - decidiu-se que o automobilismo iria ser a melhor montra para mostrar os seus produtos e também mostrar que tinham de ser a "Ecurie de France", a usar as cores azuis com orgulho.
Em 1968 tinham feito um motor de 3 litros, com 12 cilindros, a tinham pedido a Ken Tyrrell para gerir a sua equipa de automobilismo. Foram para a Formula 1, mas Tyrrell, que tinha Jackie Stewart, exigiu que queria os motores Cosworth nos seus carros. Chegaram a um acordo: Tyrrell e Stewart correriam com esse motor, e um piloto andaria com o Matra, neste caso, o guiado pelo francês Jean-Pierre Beltoise.
Mas existia um segundo lugar, e tinha de ser preenchido por um francês. Neste caso, deu o lugar a um piloto que Tyrrell achava ter com potencial para ganhar. E o escolhido foi Johnny Servoz-Gavin.
Nascido a 18 de janeiro de 1942, em Grenoble, como Georges-Francis, na sua juventude foi instrutor de ski, e com o seu aspecto - alto e loiro, com cabelos compridos - começou a ganhar a reputação de galanteador entre as mulheres. E o seu apelido "Johnny", como Johnny Halliday, o maior cantor de rock de então em França. Em 1967, depois de ter participado no Volant Elf, arranjou um Brabham preparado por Tico Martini para correr na Formula 3 francesa, estava na Formula 2, já pela Matra, e tinha se estreado na Formula 1... com um carro de Formula 2.
No ano de 1968, Servoz-Gavin tinha conseguido um lugar na equipa francesa, ao lado de Beltoise, Henri Pescarolo e claro, Jackie Stewart. Contudo, a sua participação seria ocasional - chegou a correr com um Cooper no GP de França, mas no Mónaco, mostrou-se quando conseguiu um inesperado segundo tempo nos treinos, antes de se retirar com uma quebra de suspensão na terceira volta quando liderava a corrida! quer ele, quer o carro tinham mostrado o seu potencial, mas foi apenas em setembro que voltaria a ter nova chance.
Em Monza, alinhou no segundo carro da Tyrrell (ou se preferirem, Matra International), e apesar de ter qualificado com um modesto 14º tempo, numa corrida marcada pela aparição dos americanos Mário Andretti e Bobby Unser, numa participação que acabou por não acontecer porque eles queriam correr numa corrida no outro lado do Atlântico, menos de 24 horas depois do Grande Prémio, do qual os organizadores vetaram, e eles, confrontados com uma escolha, foram para a América, porque pagaram melhor.
A corrida teve duas partes. A primeira, um duelo entre Bruce McLaren e John Surtees, que acabou na volta oito, quando o britânico sofreu um acidente por ter escorregado no óleo do Ferrari de Chris Amon e voou para fora da pista, safando-se sem arranhões. McLaren continuou até ser apanhado por Stewart, e depois, por Dennis Hulme, no segundo McLaren. A partir daqui, foi a luta entre eles, com um segundo grupo, constituído por Jacky Ickx, Jochen Rindt e... Servoz-Gavin.
No final, foi uma questão de resistência: McLaren retirou-se na volta 35, oito antes de Stewart, e Hulme ficou solitário na liderança, até cruzar a meta como vencedor, dando a segunda vitória à McLaren no campeonato. Rindt tinha-se retirado um pouco antes, na volta 33, e o segundo posto ficou reduzido a um duelo entre ele e o belga, ganhando por... 0,2 segundos. Nada mau, a maneira como conseguiu o seu primeiro pódio na Formula 1!
Contudo, isto foi o melhor que conseguiu. Concentrado em 1969 na Formula 2 . competição que triunfou, deram-lhe o MS84 de quatro rodas motrizes, onde conseguiu um sexto posto no GP do Canadá, em Mosport. E em 1970, seguiu Tyrrell quando se separou da Matra e arranjaram chassis March. Tinha potencial, mas um acidente no inverno e 1970 afetou gravemente a sua visão, e apesar de um quinto posto em Espanha, retirou-se depois de falhar a qualificação do GP do Mónaco. Tinha perdido a confiança nas suas capacidades de condução, e o prazer tinha-se evaporado.
No seu lugar pareceu outro francês charmoso: Francois Cevért.
Acabou por se dedicar à vela, e sofreu um acidente sério em 1982, quando uma botija de gás explodiu e ficou com parte do corpo queimado. Mas recuperou e viveu mais tempo. Acabaria por morrer a 29 de maio de 2006, aos 64 anos. Já estava doente há algum tempo.