sexta-feira, 8 de setembro de 2023

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Em 1968, a Matra tinha ambições. Era a face de uma França que queria mostrar uma face moderna ao mundo. Na realidade, MATRA era uma sigla: Mecanique Aviacion TRAccion. Um conglomerado que envolvia não só os automóveis, como a aviação e a industria de defesa. Misseis, por exemplo. Contudo, o envolvimento no automobilismo era bem recente, a começar quando compraram uma marca de automóveis, a Automobiles René Bonnet.

Na altura, também estava uma pessoa que iria mexer imenso na companhia: Jean-Luc Lagardére. Apesar da marca ser estatal - a certa altura, o governo de Charles de Gaulle dava mais de um milhão de francos por ano - em 1965, dois anos após a chegada de Lagardére, e um depois de ficaram com a René Bonnet - decidiu-se que o automobilismo iria ser a melhor montra para mostrar os seus produtos e também mostrar que tinham de ser a "Ecurie de France", a usar as cores azuis com orgulho. 

Em 1968 tinham feito um motor de 3 litros, com 12 cilindros, a tinham pedido a Ken Tyrrell para gerir a sua equipa de automobilismo. Foram para a Formula 1, mas Tyrrell, que tinha Jackie Stewart, exigiu que queria os motores Cosworth nos seus carros. Chegaram a um acordo: Tyrrell e Stewart correriam com esse motor, e um piloto andaria com o Matra, neste caso, o guiado pelo francês Jean-Pierre Beltoise.

Mas existia um segundo lugar, e tinha de ser preenchido por um francês. Neste caso, deu o lugar a um piloto que Tyrrell achava ter com potencial para ganhar. E o escolhido foi Johnny Servoz-Gavin.

Nascido a 18 de janeiro de 1942, em Grenoble, como Georges-Francis, na sua juventude foi instrutor de ski, e com o seu aspecto - alto e loiro, com cabelos compridos - começou a ganhar a reputação de galanteador entre as mulheres. E o seu apelido "Johnny", como Johnny Halliday, o maior cantor de rock de então em França. Em 1967, depois de ter participado no Volant Elf, arranjou um Brabham preparado por Tico Martini para correr na Formula 3 francesa, estava na Formula 2, já pela Matra, e tinha se estreado na Formula 1... com um carro de Formula 2. 

No ano de 1968, Servoz-Gavin tinha conseguido um lugar na equipa francesa, ao lado de Beltoise, Henri Pescarolo e claro, Jackie Stewart. Contudo, a sua participação seria ocasional - chegou a correr com um Cooper no GP de França, mas no Mónaco, mostrou-se quando conseguiu um inesperado segundo tempo nos treinos, antes de se retirar com uma quebra de suspensão na terceira volta quando liderava a corrida! quer ele, quer o carro tinham mostrado o seu potencial, mas foi apenas em setembro que voltaria a ter nova chance. 

Em Monza, alinhou no segundo carro da Tyrrell (ou se preferirem, Matra International), e apesar de ter qualificado com um modesto 14º tempo, numa corrida marcada pela aparição dos americanos Mário Andretti e Bobby Unser, numa participação que acabou por não acontecer porque eles queriam correr numa corrida no outro lado do Atlântico, menos de 24 horas depois do Grande Prémio, do qual os organizadores vetaram, e eles, confrontados com uma escolha, foram para a América, porque pagaram melhor. 

A corrida teve duas partes. A primeira, um duelo entre Bruce McLaren e John Surtees, que acabou na volta oito, quando o britânico sofreu um acidente por ter escorregado no óleo do Ferrari de Chris Amon e voou para fora da pista, safando-se sem arranhões. McLaren continuou até ser apanhado por Stewart, e depois, por Dennis Hulme, no segundo McLaren. A partir daqui, foi a luta entre eles, com um segundo grupo, constituído por Jacky Ickx, Jochen Rindt e... Servoz-Gavin. 

No final, foi uma questão de resistência: McLaren retirou-se na volta 35, oito antes de Stewart, e Hulme ficou solitário na liderança, até cruzar a meta como vencedor, dando a segunda vitória à McLaren no campeonato. Rindt tinha-se retirado um pouco antes, na volta 33, e o segundo posto ficou reduzido a um duelo entre ele e o belga, ganhando por... 0,2 segundos. Nada mau, a maneira como conseguiu o seu primeiro pódio na Formula 1!

Contudo, isto foi o melhor que conseguiu. Concentrado em 1969 na Formula 2 . competição que triunfou, deram-lhe o MS84 de quatro rodas motrizes, onde conseguiu um sexto posto no GP do Canadá, em Mosport. E em 1970, seguiu Tyrrell quando se separou da Matra e arranjaram chassis March. Tinha potencial, mas um acidente no inverno e 1970 afetou gravemente a sua visão, e apesar de um quinto posto em Espanha, retirou-se depois de falhar a qualificação do GP do Mónaco. Tinha perdido a confiança nas suas capacidades de condução, e o prazer tinha-se evaporado. 

No seu lugar pareceu outro francês charmoso: Francois Cevért.

Acabou por se dedicar à vela, e sofreu um acidente sério em 1982, quando uma botija de gás explodiu e ficou com parte do corpo queimado. Mas recuperou e viveu mais tempo. Acabaria por morrer a 29 de maio de 2006, aos 64 anos. Já estava doente há algum tempo. 

WRC 2023 - Rali da Acropole (Dia 1)


No final do primeiro dia do Rali da Acrópole, a acontecer na Grécia, o melhor é o Hyundai de Thierry Neuville, que está na frente do Toyota de Sebastien Ogier em 2,8 segundos, com o carro de Kalle Rovanpera mais atrás, a 25,5. Tudo num rali que teve uma classificativa neutralizada devido à degradação da estrada à passagem dos carros. Ott Tanak, no seu Ford, sofreu uma penalização e caiu na classificação geral.

Com seis especiais a serem realizadas nesta sexta-feira, numa região afetada por cheias e chuvas intensas, que colocaram em perigo a realização do rali, o dia tinha passagens duplas por Loutraki, mais individuais por Pissia, Livadia, e Elatia. Mas a etapa de hoje começou no dia anterior, com a super-especial de Eko, onde Kalle Rovanpera ganhou, com vantagem de 0,3 segundos sobre Esapekka Lappi. 

O dia começou com Neuville ao ataque, ganhando na primeira passagem por Loutraki, deixando Ogier a 3,4 segundos e Tanak a 3,9. Loubet sofreu uma avaria e acabou por abandonar. 

Rovanpera atacou em Fissia e ganhou 3,1 segundos sobre Neuville, aproximando-se do piloto belga, ficando a dois segundos do comando, com Ogier a 4,6. 


Na parte da tarde, a segunda passagem da especial de Loutraki apenas foi realizada em parte, porque foi neutralizada devido à degradação do piso e preocupações com a segurança dos espectadores. Apenas oito piloto conseguiram passar, e o melhor foi Ogier, 2,2 segundos mais rápido que Neuville. Tanak foi penalizado em 3.40 minutos devido a um atraso na passagem pelo Check Point. E o atraso aconteceu por causa de um problema no seu Puma. A partir dali, foi uma corrida contra o cronómetro para recuperar o máximo possível.

Por causa disso, Tanak passou ao ataque e ganhou a quinta especial, com uma vantagem de 5,9 segundos sobre Neuville e 10.9 sobre Ogier. Andreas Mikkelsen sofreu um furo e atrasou-se. E no final do dia, o estónio continuou a vencer, desta vez em Elatia, 4,9 segundos adiante de Ogier e 8,2 sobre Evans, que assim passava Lappi e Sordo. 

Depois dos três primeiros, o quarto é Elfyn Evans, a 31.0, que conseguiu passar Esapekka Lappi, que está a 32,1. Katsuta Takamoto é o sexto, a 41,7, na frente de Dani Sordo, a 48,6. Nikolay Gryazin é o oitavo - e o melhor dos Rally2, a 3.16,7, e a fechar o "top ten" estão o Ford de Ott Tanak, a 3.34,5, e o Citroen de Yohan Rossell, a 3.46,3. 

O rali da Acrópole continua amanhã com a realização de mais seis especiais.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

WRC: Subaru pensa no regresso


A Subaru poderá estar a pensar no regresso... com o apoio da Toyota. Quem afirma isso é o próprio presidente da FIA, Mohammed ben Sulayem, nesta quinta-feira, na Grécia, onde está a assistir ao inicio da Rali Acrópole, ao referir o resultado de uma reunião com Akio Toyoda, o presidente do construtor nipónico.

Não é segredo que tive uma boa reunião com o Sr. Akio Toyoda e perguntei-lhe o que podemos fazer [para atrair mais construtores] e ouvi alguém que é apaixonado. E ele mencionou a Subaru”, começou a afirmar o Presidente da FIA. “Têm uma percentagem e vão apoiar uma iniciativa da Subaru. Sinto que alguém como ele, quando fala, fala com confiança”.

Caso regresse aos ralis, terminaria uma ausência que acontece desde 2008, quando era assistido pela Prodrive, de David Richards, onde desenvolveram entre 1993 e 2008 o modelo Impreza, e onde foram campeões em 1995, com Colin McRae, em 2001, com Richard Burns e em 2003, com Petter Solberg. Neste momento, apenas três construtores estão no Mundial de ralis com carros de Rally1: Toyota, Ford - com a M-Sport - a Hyundai.

Youtube Automobile Video: Como é guiar um Bentley de 1923

650 cavalos parece ser muito - e é - mas há um século, era o suficiente para construir motores de avião. Agora, imaginem um motor desses, de 27 litros de deslocamento, num Bentley super comprimido. Como é guiar essa máquina? 

Pois bem, os nossos amigos da Donut Media - o Jeremiah Burton - foram à garagem do Jay Leno e sentaram-se como passageiros num desses carros. Porque para além desse, foram correr num outro Bentley, com quase um quinto do deslocamento, mas com os mesmos cavalos.   

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

A imagem do dia


O clima está baralhado. No verão está calor (muito calor), mas quando chove, é imenso.  E por estes dias, a Grécia está a passar por uma tempestade, de seu nome Daniel. E... por manifesta falta de sorte, acontece na semana do rali da Acrópole. Esta quarta-feira, os organizadores decidiram anular o "shakedown" e o resto do rali está em dúvida.  

Hoje, o troço de Pavliani, que acolherá as especiais 7 e 10, teve os seus reconhecimentos interrompidos por falta de visibilidade, e para além disso, as limitações à circulação automóvel nos arredores de Lamia estão a dificultar as coisas para as equipas. Muitas equipas ficaram com os carros atolados na lama, e para além disso, o nevoeiro também tem dificultado os reconhecimentos por causa da falta de visibilidade.

 Por causa disso, a diretora da prova, Anita Passalis, emitiu uma comunicação sobre os meios de socorro e a forma como o sistema de segurança da prova está montado, deixando bem claro que "nenhum troço deverá começar se existir qualquer preocupação ou duvida sobre segurança".

O rali da Acrópole começa na sexta-feira, mas não se sabe até que ponto é que os troços estarão prontos para os carros que lá passarão. 

No Nobres do Grid deste mês...


O verão é boa altura para pausa, e agosto, ainda melhor. Não é por acaso que chamam por aqui de "meu querido mês de agosto", porque é quando aqui em Portugal, dezenas de milhares de pessoas, especialmente de lugares como França, Luxemburgo, Suíça, Alemanha ou Reino Unido, por exemplo, regressam às suas terras, especialmente no interior, para passar um mês a visitar os seus parentes. 

E, como sabem, o automobilismo também aproveita o agosto para fazer uma pausa, decidi pegar noutra minha atividade favorita: a leitura de livros. E peguei num que apanhei, por acaso, numa Feira do Livro por aqui e comprei, esperando por uns dias na praia para fazer as devidas leituras. 

E o livro que andei a ler por estes dias foi a autobiografia de Enzo Ferrari: "As Minhas Amargas Alegrias". Até calha bem, porque este ano passam os 125 anos do seu nascimento e os 35 da sua morte. Bastou-me um fim de semana para lê-lo - comecei numa sexta-feira à tarde e acabei dois dias depois - e é sobre ele que irei falar. 

(...)

Escrito originalmente em 1962, mostra uma faceta de um Ferrari que era notoriamente reclusivo. Mostrar-se como ser humano não era algo normal, e na altura, as suas memórias - ou autobiografia, se preferirem - foi um grande sucesso, acabando por se vender cerca de cem mil exemplares, só em Itália. Tanto que existiram reedições e modificações em 1964 e um dos seus capítulos - "Piloti, che gente!" - deu até um livro à parte, que teve atualizações até 1987, um ano antes de morrer, e com uma introdução de Piero Lardi Ferrari, o seu segundo filho e herdeiro.

Ali, explica as suas origens, na Emilia-Romagna natal - ele é de Modena - e que foi registado dois dias depois do seu nascimento, alegadamente por causa de um nevão. Fala também de uma adolescência dificil - combateu na I Guerra, numa altura em que morreram o pai e o seu irmão mais velho - de como foi à procura de trabalho em Milão e acabou como piloto, primeiro na CMN, antes de ir para a Alfa Romeo, onde correu ao lado de alguns dos melhores pilotos italianos da época, como Ugo Sivocci, Giuseppe Campari, António Ascari e sobretudo, Tazio Nuvolari. Depois, fala da sua transição para diretor da equipa - funda a Scuderia Ferrari em 1929, para lidar com carros da Alfa Romeo - e da razão pelo qual deixou de correr: o nascimento do seu filho Alfredino (Dino), em 1932.

Ele depositou imensas esperanças nele. Não só por ser seu filho, mas também por ser um engenheiro capaz - o motor Dino de 2.4 litros é obra dele - mas sofria de nefrite, uma doença nos rins, e acabou por morrer em junho de 1956, aos 23 anos. Ferrari sofreu imenso pela sua perda - aliás, é a ele que dedica a sua autobiografia - e sentiu a sua falta até ao fim, porque sabia que tinha imensas coisas em comum, e acreditava - não fala explicitamente, mas entende-se nas linhas - que acreditava que poderia continuar com o legado da Scuderia. 

(...)

Um capítulo à parte é um dedicado aos pilotos. Sendo ele um antigo piloto, Ferrari não coibiu de fazer avaliações sobre pilotos de três gerações, que abarcaram quase um século de automobilismo, desde os primeiros tempos - gente como Felice Nazzaro ou Piero Bordino, que competiram antes da I Guerra Mundial - até aos anos 80, como Nigel Mansell, Gerhard Berger, Michele Alboreto, Alain Prost ou Ayrton Senna.

Há parágrafos inteiros dedicados a pilotos que admirava e teve nas suas fileiras: Antonio Ascari, Ugo Sivocci, Giuseppe Campari, Tazio Nuvolari, Achille Varzi, Alberto Ascari, Froilan Gonzalez, Eugenio Castelloti, Mike Hawthorn, Peter Collins, Phil Hill, Lorenzo Bandini, Ricardo Rodriguez, John Surtees - e nas edições posteriores, Ludovico Scarfiotti, Jacky Ickx, Niki Lauda, Jody Scheckter, Gilles Villeneuve e Michele Alboreto.  

Fora desse núcleo, outros pilotos deu extensos parágrafos, especialmente dois: Juan Manuel Fangio e Stirling Moss. Também falou sobre Jim Clark, Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi e Ronnie Peterson, do qual correu apenas na Endurance. (...)

A literatura automobilística é fascinante, e este ano, Enzo Ferrari, estará nas bocas do mundo. Michael Mann estreou por estes dias um filme sobre um período da sua vida, e por acaso, consegui ler a sua autobiografia, "As Minhas Amargas Alegrias". O relato é fascinante de pilotos, pessoas, lugares e carros, numa altura em que a Europa e o mundo saia da II Guerra Mundial e a Itália passava por um desenvolvimento sem precedentes. 

Sobre isso e muito mais, falo este mês no Nobres do Grid.

Youtube Formula 1 Video: As comunicações de Monza

Monza é um belo lugar, onde ninguém fica indiferente. E no fim de semana do GP de Itália, paraíso dos "tiffosi" e da Ferrari, o pessoal deixou algumas mensagens bem interessantes para podermos ouvir neste compacto dos melhores. 

WRC: Ford com quatro carros no Chile


O WRC regressa esta semana com o rali da Acrópole, mas já se planeia para o rali do Chile, que acontecerá entre os dias 28 de setembro e 1 de outubro, num regresso depois de cinco anos de ausência. E a Ford anunciou que irá inscrever quatro carros Rally1, onde para além de Ott Tanak e Pierre-Louis Loubet, também dará a chance ao belga (mas a correr sob licença luxemburguesa) Gregoire Munster e ao chileno Alberto Heller

Munster, que corre no WRC2, irá usar o carro que Jourdan Serderidis usará na Acrópole e afirma que é um sonho de infância concretizado. “Graças a Jourdan Serderidis e à M-Sport, o meu sonho de infância mais precioso tornar-se-á realidade. Mal posso esperar para o experimentar”, afirmou ao wrc.com.

Já Heller, é a sua primeira experiência, e logo em casa: “Penso que é um sonho para todos os pilotos de rali, ter um dia a oportunidade de conduzir um carro de classe mundial.” disse Heller ao wrc.com. “É uma oportunidade que temos de aproveitar porque, se não, não a voltamos a repetir, sabes?", concluiu.

Contudo, antes do Chile, acontecerá o rali da Acrópole, que correrá a partir de quinta-feira em terras gregas.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

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Taki Inoue faz hoje 60 anos de idade. Atualmente radicado no Mónaco, é provavelmente um dos piores pilotos da história da Formula 1. Contudo, se em 1995 tivessem usado o sistema de pontos atual, ele teria conseguido... seis pontos. Tudo graças a um nono posto no Canadá e um oitavo em Monza, no GP de Itália.

Claro, pelo meio, foi atropelado por um Tatra dos comissários de pista húngaros, e foi tirado fora da pista do Mónaco pelo... Safety Car, um Clio Kit Car guiado pelo lendário piloto francês Jean Ragnotti. Mas Inoue, que conseguiu depois uma segunda carreira nas redes sociais, auto-depreciando-se em relação a aquilo que fez na categoria máxima do automobilismo: 18 corridas, em duas temporadas, e em equipas como Simtek e Arrows.

Mas o seu melhor resultado de sempre tem uma história. E que, por incrível que pareça, ele não foi último! Certo, ficou a uma volta do vencedor, o Benetton de Johnny Herbert, mas de uma certa forma, conseguiu sobreviver a carambolas, avarias e uma colisão entre Michael Schumacher e Damon Hill!

Vigésimo nos treinos, cinco lugares abaixo de Max Papis, seu companheiro de equipa, sobreviveu à carambola da primeira volta, onde quatro pilotos - Roberto Moreno, Andrea Montermini, Jean-Christophe Bouillon e... Max Papis! - acabaram por bater e obrigaram à amostragem das bandeiras vermelhas. 

Na segunda partida, David Coulthard foi o primeiro líder, antes da direção se quebrar e abandonar, o Ferrari  de Gerhard Berger ficou na frente e pareciam ter tudo controlado até às boxes. Atrás de Berger estavam Hill e Schumacher, e quando o britânico chegava-se a Inoue, ao pé da segunda chicane, não conseguiu travar a tempo e bateu na traseira do Benetton do alemão. 

Felizes da vida (os tiffosi), os Ferrari foram para a frente e parecia que seria uma dobradinha para Maranello... quando uma câmara de filmar se descolou do carro de Jean Alesi e rebentou com a suspensão do carro de... Gerhard Berger. Mas tudo bem, o francês tinha tudo controlado e ia a caminho da sua segunda vitória na temporada. Certo? 

Errado. A oito voltas do fim, o carro de Alesi ficou com problemas nos rolamentos e o carro parou definitivamente nas boxes, dando o comando para Johnny Herbert, que... esse sim, ia a caminho da sua segunda vitória na temporada. E o pódio era quase novo: por exemplo, foi aqui que Heinz-Harald Frentzen conseguiu o seu primeiro pódio da carreira. E o primeiro da história da Sauber. E Mika Salo, o quinto, conseguia os seus primeiros pontos da sua carreira.

No final, Inoue admitiu que foi o culpado da colisão entre ambos. Como? Explica-se da seguinte maneira: ele perdeu momentaneamente o controlo do carro quando Schumacher o passou, e Hill teve de fazer manobras evasivas, e não evitou o choque entre ambos. Schumacher, de inicio, tinha culpado Hill pelo que aconteceu, mas depois foi ter com ele e pediu desculpa. 

Sim, Inoue não tinha características de Formula 1, e foi o único atropelado por um carro de comissários. Mas ninguém fica indiferente a ele. Parabéns!

Youtube Motorsport Video: A carreira (falhada) do piloto Christian Horner

Christian Horner poderá ir para o panteão do automobilismo como sendo um dos melhores managers de uma equipa de Formula 1, a par de gente como Ron Dennis, Jean Todt, Ken Tyrrell ou Colin Chapman. É ele que está na frente da Red Bull desde a sua chegada à Formula 1, há quase duas décadas, e foi ele que conseguiu todos os títulos que a marca conseguiu desde 2010, a par de Helmut Marko e Adrian Newey.

Contudo, só muito por alto se fala que ele foi piloto. Que chegou a andar na Formula 3000, na Arden, correndo ao lado de gente como Juan Pablo Montoya, Mark Webber, entre outros e... não foi grande coisa. 

Assim sendo, hoje, o Josh Revell decidiu fazer um video sobre as suas façanhas quando conduzia carros a alta velocidade. Se calhar, até poderia ser um caso de "estar na profissão certa, mas na seção errada."

Noticias: FIA afirma que todas as equipas cumpriram limite orçamental


A FIA anunciou esta terça-feira que todas as equipas do pelotão da Formula 1 cumpriram integralmente o limite orçamental estabelecido entre eles. Isto surge depois de alguns rumores terem aparecido, afirmando que algumas delas se tinham excedido nesse limite, algo do qual a entidade máxima do automobilismo veio agora desmentir completamente. 

“[A] FIA confirma que a sua Administração para o Limite orçamental concluiu agora a análise da Documentação apresentada por cada Concorrente que participou no Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA de 2022 relativamente ao Período de Relatório do Ano Completo de 2022 que terminou em 31 de dezembro de 2022. A Administração do Limite orçamental da FIA emitiu certificados de conformidade para todos os dez Concorrentes.", começa por se ler no comunicado oficial.

"A revisão foi um processo intensivo e minucioso, começando com uma análise detalhada da documentação apresentada pelos concorrentes. Além disso, houve uma extensa verificação de quaisquer atividades não-F1 realizadas pelas equipas, que incluiu várias visitas às instalações das equipas e procedimentos de auditoria cuidadosos para avaliar a conformidade com os Regulamentos Financeiros. Todos os Concorrentes atuaram sempre num espírito de boa-fé e cooperação ao longo de todo o processo.”, concluiu.

Recorde-se que a Red Bull excedeu em cerca de 10 por cento o limite para 2022, no qual foi penalizado com uma multa e sanções que passaram por menos tempo no túnel de vento para 2023, o que não impediu de se tornar na equipa dominante nesta temporada. 

Noticias: Irlanda quer regressar ao WRC


As ilhas britânicas têm visto o WRC de muito longe, já que eles não vem mais ao País de Gales, pelo menos desde 2019. Assim sendo, outros lados tem estado ativos em receber o Mundial de ralis no calendário, e um deles é a Irlanda, que pretende o regresso ao WEC, onde esteve pela última vez em 2009.

Segundo conta o site o Dirtfish.com, citando o jornal The Irish Examiner, a Motorsport Ireland tem mantido negociações com o governo local no sentido de assegurar financiamento para este projeto. Nas últimas semanas, o organismo tem alado com os clubes locais para saber quais são as que tem melhores condições para receber toda a logistica do WRC. O site afirma que as cidades de Donnegal e Killarney são as mais capazes.

Entretanto, o organismo local está a trabalhar para o Raven's Rock Rally de 2024 seja uma prova para homenagear Craig Breen, que morreu em abril num acidente de testes na Croácia, e do qual alguns dos atuais pilotos do pelotão já manifestaram a sua presença, como Thierry Neuville

O Rally Ireland, rali em asfalto, esteve no calendário entre 2007 e 2009, quando a crise financeira atingiu fortemente o país, acabando por sair do calendário devido ao corte do financiamento por parte do governo irlandês. 

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Noticias: Ricciardo só regressa em Losail


A Red Bull afirma que Daniel Ricciardo só regressará à atividade dento de um mês, o que significa que o piloto australiano ficará ausente nas corridas de Singapura, dentro de duas semanas, e do Japão, uma semana mais tarde, e que poderá ser o lugar de consagração para Max Verstappen

Segundo contou Christian Horner aos jornalistas, em Monza, apesar da recuperação estar a correr bem, apressar a sua recuperação é contraproducente.

"Acho que certamente Singapura não haverá qualquer hipótese de ele estar pronto", começou por afirmar Horner. "E acho que seria otimista pensar que vai estar no Japão. No entanto, a recuperação de Ricciardo está a correr bem", continuou.

"Ele tem obviamente mobilidade na mão, está agora a fazer reabilitação. Mas já vimos com os motociclistas que os regressos precipitados podem, por vezes, causar mais danos. Por isso, acho que só queremos ter a certeza que ele está totalmente em forma antes de voltar ao carro. Acho que ele está muito interessado em estar no carro em Suzuka. Por isso, vamos levar as coisas numa base diária e ver como a recuperação e a natureza seguem o seu curso.", concluiu.

Recorde-se que Ricciardo fraturou um osso da mão em Zandvoort, durante os treinos livres para o GP dos Países Baixos. Ele foi operado para reduzir as fraturas, e está agora em reabilitação.

Até lá, o lugar do piloto de 34 anos será ocupado pelo neozelandês Liam Lawson, que aparentemente, está a deixar uma boa marca no seu Alpha Tauri nas duas corridas onde ele já participou. 

domingo, 3 de setembro de 2023

A imagem do dia


Quase ao mesmo tempo do GP de Itália, em Monza, não muito longe, em Barcelona, acontecia o GP da Catalunha de MotoGP. E se no primeiro caso, a partida foi sem história - aparte a largada abortada por causa do carro de Yuki Tsunoda, parado na berma na volta de aquecimento - no segundo caso, foi bem diferente. Três pilotos caíram na primeira curva, e na frente, Francesco "Pecco" Bagnaia caiu com estrondo, depois de ser cuspido da sua Ducati, e ficou no meio da pista, sendo atropelado pelo KTM de Brad Binder

Temeu-se o pior, numa grave lesão, mas depois de ser assistido no centro médico do circuito, um comunicado afirmou que “nada de grave se detetou nos dois pilotos”.

"O Francesco [Bagnaia] teve um politrauma grave, uma moto atropelou-o na região femoral e tibial. Fizemos radiografias e detetámos uma pequena lesão que não sabemos se é atual ou antiga", explicou o médico Angel Charte, referindo que a necessidade de uma TAC fez encaminhar o piloto para o hospital.

"A nível craniano, torácico e abdominal, esteve sempre normal. Estava consciente e orientado", disse o mesmo responsável médico ao canal DAZN. Outro dos pilotos que caiu na primeira curva, o italiano Enea Bastianini, sofreu uma fratura no tornozelo esquerdo e no segundo metacarpo da mão esquerda. Será operado nos próximos dias.

A corrida foi neutralizada com bandeira vermelha, e mais tarde, nova partida, acabando com a vitória de Aleix Espagaró, num pódio cem por cento espanhol, completado por Maverick Viñales e Jorge Martin. Miguel Oliveira foi quinto.  

O motociclismo é, em muitos aspectos, uma atividade ainda mais arriscada que o automobilismo. Há maior risco de quedas, e dependendo de como caem, uma ocasião como a da partida, os pilotos estão mais expostos a lesões graves. Na semana passada, no Brasil, dois pilotos morreram depois de uma queda ter atingido o piloto que caiu e ficou indefeso perante um pelotão que o tentava evitar no meio da pista, não evitando o impacto de outro piloto, que o atingiu em cheio e ficou inconsciente no local. Apesar dos socorros dos médicos, paramédicos e enfermeiros, ambos os pilotos acabaram por morrer. 

A velocidade, seja em duas ou quatro rodas, é excitante. É verdade que os pilotos nas suas rodas estão mais expostas que as de quatro, mas o momento do acidente é aquele onde a nossa respiração fica em suspenso, onde rezamos pelo melhor, mas tememos pelo pior.   

Formula 1 2023 - Ronda 14, Monza (Corrida)


Monza é sempre um clássico, provavelmente o antepenultimo do calendário - depois disto, temos Suzuka e Interlagos -  e claro, é o lugar onde os tiffosi sentem em casa, ainda por cima, depois de ontem, um dos seus pilotos, Carlos Sainz Jr, ter conseguido bater Max Verstappen e ficar com a pole-position, um lugar importante na grelha de partida... e no orgulho nacional, digamos assim.

Curiosamente, esta semana, surgiu o "meme" - ou maldição, chamem o que quiserem - que o vencedor da corrida do ano anterior acabar por desistir no ano seguinte. E o vencedor de 2022 foi quem...? Max Verstappen. E como ontem ele não conseguiu a pole-position, batido por pouco pelo Ferrari de Carlos Sainz Jr, como sabem, há quem pense que os Ferrari poderão pensar num esquema onde um dos carros bate no de Max para que o outro triunfe em solo italiano, um bocado como aconteceu em 1988, quando ganharam ali num dos triunfos mais sortudos da história do automobilismo. 

Seria bom essa repetição da história, não seria, Maranello?

Dito isto, as bancadas estavam cheias de gente que ainda tinha mais um motivo para ir lá: a tal pole de Carlos Sainz Jr. Ver um dos Ferrari no pódio era algo bem possível, e agarravam-se a essa chance, esperando que as coisas nas boxes, quer em termos de estratégia, quer até no acaso, as coisas estivessem a seu favor. 

Quanto a pneus todos partiam com médios, exceto três, que iam de duros, dois deles Kevin MagnussenLewis Hamilton e Valtteri Bottas

Contudo, quando as luzes se apagaram e os carros saíram dos seus lugares, ainda demorou bastante para que tal acontecesse. A primeira partida fora abortada por causa da paragem do Alpha Tauri de Yuki Tsunoda na volta de formação, que colocou tudo como estava dantes e adiou para 20 minutos depois da hora.


Quando aconteceu de vez, Sainz Jr. aguentou os ataques de Max, com Leclerc a segui-lo, esperando por alguma coisa. Foi assim nas primeiras 15 voltas, com o espanhol a aguentar estoicamente os ataques do Red Bull. O neerlandês apenas conseguiu passá-lo na volta 16, na travagem para a Roggia, para depois começar a afastar dos carros vermelhos. Numa altura em que os primeiros carros foram para as boxes, com Albon a Gasly a ser os primeiros, colocando duros, e provavelmente a irem assim até ao fim da corrida. 

Sainz Jr. foi o primeiro dos da frente a parar, na volta 20, seguido por Russell, enquanto na volta seguinte, Max e Leclerc também trocaram os médios por duros, com o monegasco a sair mesmo na traseira do seu companheiro de equipa, quase o ameaçando, mas Sainz Jr aguentou bem e manteve a posição. Na volta 22, foi a vez de Alonso e Checo Perez irem às boxes, deixando a liderança para os McLaren de Piastri e Norris. Este último foi às boxes na volta 23, uma volta antes do seu companheiro de equipa.

Entretanto, George Russell era penalizado pela defesa musculada da posição quando saía das boxes, fazendo "corta-mato" na primeira chicane antes dos comissários de pista notarem o que aconteceu e o britânico ser penalizado por isso. Na frente, Max voltou à liderança depois de passar o carro de Lewis Hamilton, com os Ferrari a não estarem longe dele, mas agora ameaçados por "Checo" Perez.

O britânico era mais um intruso, ao ponto de na volta 28, ele foi às boxes, trocando por médios, tentando ser rápido e subir na classificação. Caindo para décimo, demorou duas voltas para passar Fernando Alonso, discreto no seu Aston Martin, tentou partir para apanhar os McLaren e o Williams de Alex Albon. 


Mas na frente, tudo como esperado: Max na frente, e a distância para Sainz Jr aumenta para oito segundos, a 15 voltas do fim. Contudo, se tudo já estava resolvido na frente - e claro, Max iria-se torar no primeiro piloto a conseguir 10 vitórias seguidas em Grandes Prémios - o lugar final do pódio foi uma luta e tanto, tal como o sexto posto, entre os carros de Alex Albon e Lando Norris, com intervenções de Lewis Hamilton e Oscar Piastri, que entre eles, acabou mal na travagem para a segunda chicane quando ambos tocaram e a asa frontal do australiano foi arrancada, acabado fora dos pontos. Hamilton acabou por ser penalizado, mas como Albon era mais lento que os outros, conseguiu tempo suficiente para abrir e não perder lugares com essa penalização.

No final, Sainz Jr. conseguiu segurar Leclerc e ficar com o lugar no pódio. Russell foi o quinto, na frente de Hamilton, Albon, Norris, Alonso e o Alfa Romeo de Valtteri Bottas. 

Moral da história? A maldição acabou, a invencibilidade do neerlandês continua. Provavelmente, será assim até 2024, ou então, até ele conseguir o tricampeonato, que tudo indica ser algures na corrida japonesa. 


Agora são duas semanas até Singapura, e a despedida da Formula 1 em solo europeu. Que já agora, só regressam em abril do ano que vêm. Até lá, os fãs fizeram o seu costume depois da corrida: invadiram a pista e aplaudiram os seus heróis.