Esta é uma pequena pérola que encontrei neste sábado à tarde: a corrida - na íntegra - do Grande Prémio da Suécia de 1978, que se realizou no circuito de Anderstorp, e no qual se viu o Brabham BT46B, com uma ventoinha a servir de "efeito-solo" alternativo ao sistema arranjado por Colin Chapman e o seu Lotus 79, que começava a dominar a concorrência naquela temporada, depois de ter sido estreado em Zolder, no GP da Belgica.
O "carro-ventoinha" foi controverso desde o inicio, com quatro equipas a contestar a sua legalidade: Lotus (quem diria!), Tyrrell, Ligier e Surtees. Contudo, os comissários disseram que não havia nada que fosse contra os regulamentos e deixaram seguir. Sabe-se que Bernie Ecclestone, então o patrão da Brabham, ordenou que os carros de Niki Lauda e John Watson estivessem carregados de gasolina para que não existisse um monopólio da primeira fila. Mário Andretti fez a pole-position, mas Watson e Lauda estavam logo a seguir.
Não foi uma corrida muito emocionante na frente, dado que Lauda o domina, graças à ventoinha instalada no Brabham BT46B, mas os grandes duelos acontecem mais atrás, especialmente entre o Arrows de um jovem Riccardo Patrese e o Lotus 79 de Ronnie Peterson, que queria muito vencer "em casa", mas é batido por cerca de um centésimo de segundo, e fica com o terceiro posto. Os troféus são entregues pelo Rei da Suécia, Carl Gustaf, que é um notório "petrolhead".
No entanto, para mim, a imagem mais impagável acontece a partir da 1:57 horas: após Lauda parar o seu Brabham, toda a gente espreitava a ventoinha colocada no BT46B, incluindo um jovem Patrick Head, da Williams, identificado com a camisola verde com o numero 27, e o projetista Gerard Ducarouge, com óculos escuros e a segurar uma placa.
O resto da história é conhecido: a FIA considera o BT46B ilegal, mas apenas a partir do GP de França, logo, validando a vitória do austríaco na Suécia. Assim, este chassis retirou-se com um palmarés perfeito: uma corrida, uma vitória.
E claro, este foi a última corrida na Suécia. Com as mortes de Ronnie Peterson e Gunnar Nilsson, as pessoas perderam o interesse em ver a Formula 1 e apesar de ter sido marcado um GP da Suécia no calendário de 1979, este foi cancelado, devido à escassa procura de bilhetes.
Eis a corrida na íntegra, ideal para quem quiser "queimar tempo" até à corrida de Suzuka.