Por fim, a Formula 1 está em solo europeu. Aqui, a primavera bate mais forte, mas no sentido de chuva a encharcar os corpos e as almas... isto, se não é tiffosi. Porque se é, é apenas a primeira etapa de uma digressão que eles esperam que termine em triunfo. Eles não querem outra coisa senão ver os seus vencerem, por um lado, porque há mais de uma década e meia que não os vêm no lugar mais alto do pódios, e acreditam que este será o ano. E com a noticia de que Carlos Sainz Jr. renovou por mais duas temporadas, é como se a estrutura se encontra inabalada, e nada os parará rumo aos títulos que julgam ser seus.
Aliás, o regresso da Formula 1 a aquelas paragens na província de Emilia-Romagna, não muito longe de Bologna e Modena, é como um certo mecanismo voltasse a funcionar, sinal de que todas as coisas boas estão de volta, como se existisse desde tempos imemoriais. Para os "tiffosi", as coisas boas estão de volta, e esperam que fiquem por muito tempo, tanto ou mais que nos tempos de Michael Schumacher, por exemplo. Só tem pena que não haja mais italianos na engrenagem, mas como Mattia Binotto é um deles, já está no bom caminho...
O fim de semana baralhou as coisas. Não está um sol e o céu não é de um azul imperial, na realidade está um tempo cinzento e a chuva encharca tudo e todos, como já referi uns parágrafos acima. Mas isso não impede os carros do Cavalino de dominarem a concorrência. Aliás, os dois melhores tempos no treino livre foram dele, e Charles Leclerc até teve o luxo de fazer um pião, para deleite dos adeptos. Afinal de contas, não partiu nada e pode continuar pelo seu próprio pé...
Mas Imola é o local da primeira "sprint race" do campeonato. Esta qualificação de sexta-feira é para escolher a grelha de partida dessa corrida de sábado, ainda por cima, com um novo sistema de pontuação. Agora, são os oito primeiros que pontuam e claro, definem quem partira no domingo, numa corrida que durará cerca de uma hora. A única coisa que muitos quererão saber é se o tempo e as condições de pista trarão algo diferente.
Quando chegou a hora, tinha parado de chover, e já havia alguns lugares onde o piso começava a ficar para o húmido. Logo, pilotos a correrem riscos eram bem prováveis.
E foi o que aconteceu: primeiro, os Aston Martin foram testar as águas, ao saírem de "slicks". Outros, mais prudentes, foram para a pista de intermédios, parando depois e colocar "slicks" moles. E os tempos começaram a cair, à medida que se adaptavam. Hamilton fez 1.27,214 e ia para o topo da tabela de tempos, mas logo a seguir, Lance Stroll fazia 1.23,419, menos quatro segundos que o britânico, basicamente demolindo-o. É por momentos, mas a sensação deverá ser boa.
Atrás, Alex Albon tem o carro a arder e provavelmente será o primeiro que ficará de fora da Q1, porque com aquilo, não irá muito longe na qualificação, toda a gente topava. Contudo, o pneu rebentou, e apesar de levar o carro até às boxes, a sessão era interrompida com bandeira vermelha, pois os comissários tinham de limpar a pista dos pedaços de borracha que ficaram espalhados.
Poucos minutos depois, a sessão regressou, e com a pista a secar, todos começaram a fazer os seus tempos. E claro, baixaram, inevitávelmente. A seis minutos e meio do final da Q1, Sainz Jr tinha um tempo de 1.20,319, 271 centésimos de Leclerc. Lando Norris era o terceiro, com 1.21,232. Lattifi pedeu o controlo do seu carro, mas como não bateu em nada, continuou.
Na parte final, Leclerc consegue 1.18,796, quase meio segundo mais veloz que Max Verstappen, enquanto Lewis Hamilton lutava para conseguir um tmepo que o permitia ficar na Q2. E chegou a dar mais voltas com os moles porque... está frio em Imola, e aquecer os pneus demora o seu tempo. Lá conseguiu o que queria, mas... foi quase. Quatro milésimos! George Russell, foi melhor, mas nem tanto: apenas o 12º tempo.
Quem não conseguiu isso, foram Nicholas Latifi, Yuki Tsunoda, Esteban Ocon e Pierre Gasly. Os Alpha Tauri tiveram o seu mau dia em Imola, no meio da roleta que foram a temperatura, os pneus e o "porpoising".
Chegados à Q2, com a pista seca, os pilotos tinham pressa de fazer um tempo porque... parecia que vinha chuva pelo caminho. Tinham dois a três minutos para marcar tempo, antes da pista voltar a ficar molhada. E claro, com a pressa... os acidentes. Sainz Jr despistava-se na Rivazza e a bandeira vermelha era mostrada pela segunda vez na sessão. E claro, no meio disto tudo, a chuva começava a cair.
Nesta altura, o "top ten" era este: Max, Sainz Jr, Norris, Perez, Leclerc, KMag, Vettel, Ricciardo e Bottas, no seu Alfa. Isto significava, por exemplo, que os Mercedes não estavam por ali. E isso era importante, porque não ver os Flechas de Prata na Q3 era algo raro... e se calhar, a tendência do futuro, de uma era da Formula 1 tinha terminado.
E claro, com a luz verde, ninguém foi para a pista, porque com ela molhada, os tempos não iriam melhorar, por muito que se esforçassem.
Com a Q3, os nove carros - Sainz fica a ver o resto das boxes, enquanto os seus mecânicos reparam os estragos - eles entravam para a pista de intermédios, e com o asfalto a não ajudar muito. Primeiras voltas... e bandeira vermelha, culpa do Haas F1 de KMag, que se despistou em Acqua Mineralle, mas não bateu. Ou seja, durou pouco tempo.
Logo, os carros foram a seguir para a pista, e Max faz 1.27,999, ficando no topo da tabela de tempos... antes de Valtteri Bottas parar e causar nova bandeira vermelha devido a problemas no seu Sauber Alfa. Mais uns minutos pra rebocar o carro às boxes, mais um tempo onde a pista continuava molhada, e claro, faltava pouco mais de dois minutos e meio para o final. Haveria tempo para marcar... um tempo?
Max foi para a pista, tentando manter o tempo alcançado antes, apesar de se queixar da falta de aderência. Charles queria passá-lo o mais depressa possível para ter tempo de ficar na frente na tabela de tempos e levar os "tiffos" ao delírio.
Mas... não houve tempo. Lando Norris saiu de pista, novas bandeiras vermelhas e era o facto consumado: Max era o poleman em Imola, na frente de Charles Leclerc... e Lando Norris, o mais recente despistado da tarde! São coisas da vida. E em P4? Ora, nem mais... KMag, no seu Haas F1! Querem ver que eles andam a caminho do seu primeiro pódio? Seria divertido.
Mas na realidade, o final foi anticlimático. Há quem goste, há quem não, mas estes foram os factos. Amanhã, na Sprint Race, acho que será mais uma corrida de lotaria do que propriamente uma de inteligência. Da última vez que a Formula 1 andou à chuva por ali, foi isso o que aconteceu.