segunda-feira, 18 de abril de 2022

A (re)volução dos elétricos


Por estes dias de Páscoa, cruzei-me com um bom amigo meu, que sabendo do que escrevo, perguntou-me de rajada: o que há assim de revolucionário nos automóveis? Ele pensava que tinha algum truque na manga que pudesse aproveitar, por causa da torrente de noticias sobra a industria automóvel, do qual ele pudesse ter deixado escapar, mas eu não.

Demos por nós a discutir o Mercedes Vision EQXX, que causava sensação com o facto de ter feito 1008 quilómetros com uma só carga. Sim, leram bem: a mítica barreira dos mil quilómetros fora ultrapassada, e não foi a "pisar ovos", nem com baterias extra para fazer passar. Era real, num carro que pode ser produzido, e era algo do qual, doze anos antes, seria considerado utópico. E nem falo dos Lucid Air, do qual reportam que podem fazer até mil milhas, 1600 quilómetros, com uma só carga...


Esse tal "teste do mundo real" levou o "pópó" de Sindelfingen, na Alemanha até Cassis, na Côte d’Azur francesa, totalizando 1008 quilómetros, onde enfrentou as "autobahn", os Alpes suíços e o tipicamente montanhoso norte de Itália, acabando com o Mediterrâneo à vista. E a uma média de quase 90 km/hora, fazendo 140 por hora nas míticas autobahns teutónicas, onde não há limite de velocidade. E quando chegaram, a bateira ainda tinha carga... de 15 por cento, ou seja, para mais 140 quilómetros!

Claro, o carro tinha mais alguns truques - 117 células solares de 12 volts, que lhe deram mais 25 quilómetros de autonomia, um sistema de regeneração na travagem mais eficaz, para ganhar mais alguns quilómetros nas subidas, por exemplo. Ao fim e ao cabo, o carro fez uma média de 8,7 kW a cada 100 quilómetros, metade do habitual - entre os 14 e os 18 kW por cada 100 quilómetros.

Claro, este Vision EQXX é um protótipo, mas será marcante no mundo automóvel. Estas soluções serão usados nos futuros modelos da Mercedes, e as baterias serão no futuro mais eficientes, terão maior autonomia, e com o kW/hora a custar... tostões (cerca de 14 cêntimos na Europa, e ainda por cima, pode-se recarregar em casa), pode-se dizer que a tecnologia avança aos pulos. Daqui a cinco anos, eles estarão nos carros de médio rendimento, e qualquer carro novo terá uma média de 600 quilómetros de autonomia.

E a pensar que em 2010, os 320 quilómetros que o Tesla Model S eram revolucionários... 

Dito isto, só falta a próxima revolução: a da cabeça das pessoas. Muitas ainda estão em 1986, sabem? Mas também sabem que só não vê quem não quer ver. 

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