O lugar da última prova do ano é, normalmente, anticlimático. Dito de outra forma, não é excitante, e poucos são os que gostam dela. E corridas que ficara na memória foram bem poucas. Se calhar deve ser por isso que é bem pago para ser a última corrida do ano... mesmo numa temporada toda compactada como esta, onde em cinco meses, correu-se em 14 lugares, muitas delas em estreia.
Mas nesta última qualificaçao do ano, alguns dias depois dos eventos e Shakir, onde - quem diria! - a pista consegue ser o palco de corridas muito boas, não havia muitas expectativas sobre o que iria acontecer. Ainda por cima, Lewis Hamilton superava a doença e decidia regressar para mostrar ao mundo que não havia nada de novo e ele era o favorito à pole-position. Pelo menos no papel.
Mas também nesta última qualificação da segunda década do século XXI, havia penalizações a cumprir. Quem diria, apesar do pouco tempo, das poucas corridas, não haveria motores suficientes para poder fazer qualificações sem pegar o preço, partindo do fundo da grelha. Como aconteceu a Sergio Perez, o vencedor em Shakir, que antes de fazer a sua última corrida pela Racing Point, tinha mudado de motor e iria largar do fundo da grelha. Não era uma boa maneira de se despedir...
A qualificação começou com os do fundo do pelotão, que de uma certa forma, "limparam" a pista antes dos pilotos mais consagrados, primeiro Charles Leclerc, e depois os Red Bull, primeiro Alex Albon, com 1.36,106, seguido por Max Verstappen. Mas não demorou muito até que os Mercedes entrarem em ação. Valtteri Bottas fez 1.35,699, seguido por Hamilton, com 1.35,797, mas o britânico viu o seu tempo apagado porque excedeu os limites na curva 20. Pouco depois, Max Verstappen conseguiu colocar o seu carro entre os Mercedes, 294 centésimos atrás de Bottas.
No final da Q1, Hamilton lá passou, fazendo 1.35,528, enquanto os que ficariam para trás foram os Haas de Pietro Fittipaldi e Kevin Magnussen, os Williams de Nicholas Latifi e George Russell e o Alfa Romeo de Kimi Raikkonen. Claro, com Sergio Perez no fundo da grelha, por causa da penalização acima referida, toda esta gente iria subir duas posições.
Com o Q2, os pilotos começaram a usar os médios para fazer as suas voltas na pista, mas o primeiro piloto de relevo foi Hamilton, que marcou um tempo pouco mais rápido que Bottas na primeira passagem no Q2. O britânico marcou 1.35,466, 61 centésimos melhor que seu companheiro de equipa. Os Red Bull não conseguiam marcar tempo, logo no inicio desta parte da qualificação, ainda por cima quando Alex Albon viu o seu tempo apagado porque... excedeu os limites na famosa curva 20.
Na fase final, Hamilton ficou com o melhor tempo, indo calmamente para a Q3, enquanto no outro lado da moeda ficaram pilotos como os Renaults de Daniel Ricciardo e Esteban Ocon, que conseguira o pódio na corrida anterior, Sebastian Vettel, que tinha uma despedida melancólica da Ferrari, e o Alfa Romeo de Antonio Giovinazzi.
E agora, a última fase da derradeira quaificação de 2020, onde se esperava mais do mesmo. Mas não foi assim.
Primeiro, os dez contemplados começaram a marcar tempos na pista. Primeiro, o Alpha Tauri de Daniil Kvyat, depois os McLaren e o Racing Point de Lance Stroll. Até que Lewis Hamilton fez 1.35,550 e ficou no topo da tabela de tempos. Mas Valtteri Bottas reagiu, fazendo 1.35,415, e cada vez mais se mostra ser o piloto dos sábados.
Para a fase final, a Mercedes deu tudo para cosolidar a primeira linha, mas... surpresa! Primeiro, Bottas, que reagiu na sua tentativa final e superou Hamilton com 1.35,271. Mas depois Max Verstappen, com uma volta magistral, registou 1.35,246 e conquistou a pole-position nos segundos finais em Abu Dhabi, deixando os Mercedes para trás. Bottas a 25 centésimos e Hamilton por 86 centésimos.
E assim acabou as qualificações de 2020. Amanhã é dia de corrida, de fecho de uma temporada atípica, é verdade. E torcer para que seja uma corrida interessante.