Mais ou menos por estes dias, mas em 2009, todos vibravam com a noticia do regresso de Michael Schumacher à Formula 1, três anos depois da sua retirada, ao serviço da Ferrari. O alemão tinha 40 anos - prestes a fazer 41 - e tinha alguns velhos amigos presentes, como Fernando Alonso e Jenson Button, o campeão desse ano, mas tinha uma nova geração a lidar. Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e Robert Kubica eram alguns dos novatos que tinham aparecido durante esse tempo e que tinham começado a deixar marca na categoria máxima do automobilismo.
Hoje, no final de 2019, Hamilton domina, depois de uma era onde Vettel era rei e senhor. Aliás, esta segunda década do século XXI poderá ser dividida em dois: aquela onde a Red Bull dominou, dando quatro títulos seguidos a Vettel, e a da Mercedes, onde Lewis Hamilton foi rei e senhor, exceptuando 2016, onde Nico Rosberg conseguiu superar o britânico, e logo a seguir, decidiu retirar-se de cena. Quanto a Schumacher, voltou a pendurar o capacete em 2012, depois de um regresso que não correspondeu às expectativas. De uma certa forma, a nova geração tinha o superado.
Muitos dizem que a geração de 2010 poderá ter sido a melhor da história do automobilismo. Isso, para mim, é algo relativo, porque cada geração tem os seus talentos, que lidam com máquinas potentes e pouco controláveis, apesar dos apoios eletrónicos que têm dentro dos seus carros.
Mas nesta altura, vemos chegar aos cockpits uma nova geração de pilotos que andam a ameaçar Vettel e Hamilton. Desde
Charles Leclerc a
Max Verstappen, passando por
Lando Norris e
George Russell, todos eles têm potencial para vitórias e campeonato. Aliás, Leclerc e Verstappen Jr já triunfaram.
No meio disso tudo, vimos Fernando Alonso frustrar-se na McLaren, antes de ir para a IndyCar e depois na Toyota, onde venceu por duas vezes seguidas as 24 horas de Le Mans. O piloto espanhol quer ainda regressar à Formula 1, de preferência num carro competitivo, mas ser o novo Schumacher contra pilotos vinte anos mais novos que ele, não nascidos quando entrou um cockpits de monospotos, poderá ser um desafio com o mesmo destino do heptacampeão do mundo.
Mas falados dos que já lá estão, e os que estarão para chegar? Quem terá o potencial para marcar a década que aí vêm. Existirá?
Há uns dias falaram-me de
Dan Ticktum, um britânico que esteve na Red Bull Academy, e que venceu por duas vezes a corrida de Formula 3 de Macau. O potencial de piloto existe, mas há um contra: é um desbocado, ao estio Jacques Villeneuve. E muitos afirmam que ele não tem empatia com mecânicos e engenheiros. E isso é importante. Tanto que, depois de uma mau inicio de temporada na SuperFormula japonesa, ele foi dispensado. Mas isso foi no inicio de 2019, porque logo depois, a Williams o contratou para ser piloto de desenvolvimento.
Se ele tiver a capacidade de chegar à Formula 1, isso não sei. Tem algum talento, e alternativas não faltam, quer na Formula E ou na Edurance, mas parece que o seu "fala-baratismo" não ajuda muito. Veremos.
Outro piloto interessante para ser seguido no futuro é
Colton Herta. Quem? Um americano, filho do
Bryan Herta. Aos 19 anos, ele já venceu duas corrias na Indy Car Series e nas Américas, ele é visto como talento para vencer campeonatos e as 500 Milhas. Que ele têm talento, ninguém o contesta. Poderá ser o piloto que domine a década que aí vêm nas Américas, mas uma tentativa na Formula 1 não seria descabido de todo, caso ele alcance o que deseja numa idade... precoce.
E já que falamos de filhos de pilotos... e o
Mick Schumacher, o
Pedro Piquet ou o
Pietro Fittipaldi? Pode ser que cheguem à Formula 1, mas tenho séries dúvidas sobre a sua capacidade de ombrear com os melhores. Poderão ser pilotos bons, mas num pelotão hipercompetitivo como é o da Formula 1, poderão passar por otimos segundos pilotos numa equipa de ponta. Schumacher junior poderá até ser o segundo piloto de uma Ferrari dominada por Charles Leclerc, mas até desafiar o monegasco, existem muito mais dúvidas que certezas.
Todos estes poderão estar na Formula 1 numa eventual temporada de 2029. Por essa altura, talvez as coisas tenham mudado para uma Red Bull, Ferrari ou uma McLaren, num regresso às vitórias. Mas até lá, é tudo especulação. E por essa altura, uma nova geração poderá estar a fermentar, agora nos kartódromos um pouco por todo o mundo.
E em 2029, provavelmente poderemos ter uma mulher nas fileiras. A formação da W Series ajudou à concentração do talento feminino no automobilismo, e esta pode ser fornecida para outras categorias mais superiores, dado que os carros são semelhantes às de uma Formula 3. A britânica
Jamie Chadwick já mostra talento suficiente para ser piloto de desenvolvimento da Williams, mas há quem olhe com outros olhos a japonesa
Juju Noda. E quem é ela? aos 14 anos, a filha de
Hideki Noda vai começar a andar em monolugares na Formula 4 dinamarquesa, e teve muito tempo para se preparar para a aventura dos monolugares, andando em Formula 4 e Formula 3. Aparentemente, tem velocidade, mas a competição é outra coisa completamente diferente.
Caso ela se dê bem nos monolugares, não ficaria admirado se dentro de três ou quatro anos a veremos na W Series, competindo para ser das melhores. E ver se as expectativas se confirmem.
Mas não queria ir embora sem falar do WRC. Quem sabe das coisas, tem conhecimento que
Sebastien Ogier está para ir embora em 2020, e quer ir embora em grande, voltando a vencer um título antes de fazer outras coisas. Ainda vemos
Sebastien Loeb a andar no WRC, numa equipa oficial, a caminho dos 46 anos de idade. Mas o futuro não é Sebastião e não deve ser francês. A aparição de
Kalle Rovanpera, agora com 19 anos e filho de
Harri Rovanpera, poderá ser a aparição de um potencial campeão do mundo, treinado desde muito novo a andar veloz nos ralis. Em 2020, será piloto oficial da Toyota, ao lado de Ogier e
Elfyn Evans, e as expectativas são altas, porque a Finlândia não tem um campeão do mundo desde
Marcus Gronholm, em 2002.
Terá ele o estofo necessário? Provavelmente sim, mas quem é que o acompanhará em termos de geração? Como na Formula 1, aparecerão os filhos de pilotos, e já pilotos como Oliver Solberg começam a aparecer no horizonte. Mas por aqui, temos de espera muito mais tempo para ver a tendência.