sábado, 4 de janeiro de 2020

Presidente da IMSA espera que haja convergência entre DPi e Hipercarros

A IMSA tem novo presidente. John Doonan é agora o líder da competição, escolhido em outubro, mas começou o seu trabalho no dia de Ano Novo. O dirigente tem conhecimento das negociações entre a sua organização e o ACO sobre a possibilidade de colocar os DPi no Mundial de Endurance, que a partir de 2021-22 terá os hipercarros. Doonan diz que o interesse é legítimo.

Desde o segundo dia de trabalho como presidente do IMSA que já me envolveram nas discussões com os parceiros do ACO.”, começou por dizer, em entrevista à sportscars365.com

Há muito interesse e as discussões envolvem muita coisa. Estamos a trabalhar juntos para que este desporto continue a crescer.”

Quando perguntado sobre a viabilidade de uma convergência, Doonan indicou que os fabricantes do FIA WEC, assim como os atuais fabricantes dos DPi, já fizeram grandes investimentos nas plataformas confirmadas.

A Toyota já fez um grande investimento. A Aston Martin já se comprometeu, tal como a Peugeot, à plataforma dos Hipercarrros. No IMSA os nosso três principais investidores também já se comprometeram. Só o tempo dirá. Há potencial para tal, mas, tal como tudo, existem muitas coisas a resolver antes.”, concluiu.

Noticias: Meeke pensa no Dakar

No fim de semana em que começa o Rally Dakar, o britânico Kris Meeke pensa na ideia de poder correr num futuro mais ou menos próximo. Aos 40 anos de idade, ele afirma que não volta mais aos ralis de forma permanente, e que recentemente, teve um convite por parte de Cyril Després para tentar a sua sorte nas areias do deserto.

Sou muito amigo do Cyril. Ele está na classe T3 com a Red Bull Junior Team e assim tive a oportunidade de vir cá ver como é o Dakar. Sempre segui na televisão e sempre tive uma paixão pelo Dakar. Já fiz alguns eventos de endurance com a minha moto e sempre disse que quando acabasse o WRC, isto poderia ser uma hipótese.”, começou por afirmar.

É muito bom estar aqui. E se o fizeres deve ser ainda melhor. É algo que gostava de explorar no futuro.”

Quanto aos ralis, depois de ter sido dispensado da Toyota, no final do ano passado, Meeke diz que por agora, encerrou o capitulo, por razões familiares, sobretudo. 

Quando o mercado de pilotos está assim é impossível. Neste ponto da minha carreira tenho de ser realista. Eu não vou pilotar por nada. Não vou passar 200 dias fora da minha família por nada. Provavelmente o Lappi leva o salário da Citroen, por isso não precisa de dinheiro, portanto para mim o WRC para mim a tempo inteiro acabou. Continuo a falar com a Toyota para, talvez, estar envolvido em testes. Mas mantenho as minhas opções abertas. Estou à procura de outras coisas que me apaixonem.”, concluiu.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A imagem do dia

Está tudo pronto de Jeddah para o primeiro Dakar em terras arábicas. Os concorrentes fazem os seus "shakedowns", os mecânicos tratam dos carros, motos e camiões, e o resto, desde os jornalistas até aos fãs. contam as horas para o começo, que acontecerá no domingo. Será o primeiro Dakar a acontecer na Arábia Saudita, depois de onze edições em areias e terras sul-americanas, fdesde Buenos Aires até Lima, passando por Santiago, Córdoba, Assuncion e La Paz, entre outros.

Está tudo pronto... mas a politica poderá ter uma mãozinha nisto. E eu temo essa mãozinha.

Esta madrugada, o general Qasem Soleimani, o chefe supremo da guarda Revolucionária iraniana, foi morto por um drone americano quando estava na gare do aeroporto de Bagdad. Solemani era a segunda figura mais poderosa do Irão, e graças a ele, a Guarda Revolucionária andou na última década em sítios como a Síria, para apoiar o líder Al-Assad contra um levantamento geral que gerou a guerra civil síria e que causou mais de trezentos mil mortos e mais de de milhões de refugiados.

O ataque a Soleimani aconteceu menos de uma semana depois de uma multidão ter atacado a embaixada americana em Bagdad. A multidão, suspeita-se, tenha sido guiada por iranianos para armar confusão. O ataque lembrou os eventos de há 40 anos, em Teerão, onde  uma multidão invadiu a embaixada, prendeu 56 membros do seu staff e os fez reféns por 444 dias, sendo libertados precisamente no dia da tomada de posse. Muitos analistas dizem que o presidente americano, ao reagir dessa forma, poderá ter caído numa armadilha causada por eles para escalar ao ponto de conflito.

E o que têm a ver o Dakar com isto tudo? Ora, este ano é na Arábia Saudita, um país maioritariamente sunita. E os iranianos são xiitas. É como os católicos e os protestantes no século XVII: não se podem ver nem pintados a ouro. E para além da divisão dentro da religião, também tem a rivalidade regional. Em setembro, a maior refinaria de petróleo do mundo, situado no leste do país, foi atacado por drones desconhecidos, mas tudo indica terem sido drones iranianos, eventualmente mandados pela Guarda Revolucionária, provavelmente em jeito de provocação. E como o Irão também deseja ter o poder de fechar o Estreito de Ormuz, passagem de mais de um terço do petróleo saudita e de outros países da região, tentar algo desse género seria um passo mais para uma guerra aberta.

E como a Arábia Saudita está ao lado dos Estados Unidos, uma prova desportiva como esta tem os seus riscos. Afinal de contas, é algo do qual os sauditas servem como demonstração de relações públicas, de que são um país aberto e seguro. Imaginem algo que perturbe o Dakar ou o país por estes dias? Pois... esse é o risco. 

É olhar atentamente para o que vai acontecer e esperar pelos próximos dias para saber até que ponto isto irá escalar. Uma retaliação iraniana - e isso será inevitável - acontecerá já o Dakar estará em ação, em pleno deserto. Veremos se não será perturbado.  

WRC: Latvala na Suécia com novo navegaor

Jari-Matti Latvala, que saiu da Toyota no final da temporada passada, confirmou que irá disputar o Rali da Suécia, em fevereiro, com novidades no lugar do lado direito. E não é um qualquer que o irá navegar: será Juho Hanninen, que já foi piloto de ralis da Toyota.

Estranho... mas real. Primeiro que tudo, Mika Anttila irá navegar outro finlandês, e Hanninen, de 38 anos, e sem competir desde 2017, já trabalhou como navegador ao lado de Latvala na Finlândia. Quanto ao programa de Latvala, já estão garantidos dois ralis em 2019, mas ele poderá conseguir mais seis, caso arranje bons apoios. E todos esses ralis acontecerão a bordo de um Toyota Yaris WRC.

 A prova sueca, segundo rali do ano, disputa-se de 13 a 16 de Fevereiro, nas classificativas à volta de Karlstad.

Dakar: Ricardo Porém quer aprender

O piloto leiriense Ricardo Porém está no Dakar a defender as cores da Borgward, e nesta primeira edição em que participa com a nova máquina, pretende levar o seu carro até ao fim, com o objectivo se aprender algo nesta primeira edição em terras sauditas. Com o seu irmão Manuel Porém como navegador, a dupla portuguesa estará integrada na mesma equipa de Nani Roma, o conhecido e experiente piloto espanhol, vencedor do Dakar em 2004 na categoria de motos e 2014 nos automóveis.

O objetivo principal é aprender, sem descurar um possível bom resultado. Vou disputar o Dakar pela segunda vez, agora com o Borgward, e estou confiante que eu e o meu irmão Manuel poderemos lutar para terminar nas dez primeiras posições. Participei em 2019 no Dakar, noutra região e com uma viatura diferente, mas estou em crer que a experiência que acumulei será muito importante para o desafio deste ano, principalmente ao nível da navegação nas etapas mais longas e técnicas. Creio que na Arábia não teremos áreas de dunas tão extensas como nas edições passadas o que será uma novidade.", começou por dizer em Jeddah, onde o rali irá parte e de onde já foi feito o "shakedown".

"O Borgward BX7 é um carro competitivo e bastante fiável, e acredito que estará apto a permitir algumas boas surpresas ao longo da prova. O trabalho desenvolvido pelo Nani Roma e pela Borgward Rally Team tem sido muito relevante na evolução da performance do Borgward, e vamos com confiança. Vou fazer a minha corrida e partir sem qualquer tipo de pressão, tentar ser inteligente, pois são muitos dias, e quero evitar erros, apostar na regularidade, para obter o melhor resultado final", concluiu.

O Rally Dakar arranca no dia 5 de Janeiro em Jeddah, e termina no dia 17 de Janeiro em Qiddiya, perto da capital, Riyadh.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A imagem do dia

O normal fos filhos é ficarem com o negócio dos pais quando eles morrem ou reformam-se. Mas para Gilbert Sabine, um pacato dentista do norte de França, aos 64 anos de idade, foi acometido de algo inesperado: ficar com o negócio do filho, tragicamente desaparecido num acidente. Pode-se imaginar que isso é anormal, mas mais anormal seria se esse negócio fosse o Paris-Dakar, precisamente a mais famosa prova de todo-o-terreno, fundada pelo seu filho, Thierry Sabine.

E tudo isso se passou em 1986. A 14 de janeiro, quando a caravana estava em Gao, no Mali, o helicóptero, um Ecreuil, levava Sabine, o piloto e co-piloto, o cantor Daniel Balavoine e a jornalista Nathalie Odent quando este se despenhou numa duna, matando-os a todos. A organização, apanhada em choque, pediu ao seu pai para que administrasse da melhor maneira possível a administração deste rali, enquanto passava pela tarefa de sobreviver - como todos - à morte do seu fundador. 

Gilbert Sabine fez o seu melhor, mantendo-se à frente da organização até ao final da década de 80, quando esta passou para as mãos da Amaury Sports Organiation, a ASO. Ao ver que esta estava em boas mãos, decidiu regressar ao anonimato da sua vida e observar o legado do seu filho crescer e ir para outros lados, como este ano, onde passará a correr nas areias do deserto saudita, onde um século antes, T.E. Lawrence ajudou os beduinos do deserto se libertar do jogo otomano, apesar da Grã-Bretanha e França não lhes terem dado logo a independência...

Gilbert Sabine morreu no último dia de 2019, aos 97 anos de idade. O Dakar, independentemente do lugar, continua a ser tão famoso e tão forte como era nos tempos do seu filho, porque não interessa o lugar, o que se que é muita areia e que seja aquilo que o seu filho disse um dia. Que fosse o desafio para os que partiam, e um sonho para os que ficavam. 

Youtube Formula 1 Video: Yuji Ide, o pior piloto de sempre?

Ano Novo, vida nova... e esqueçam o Taki Inoue. No capitulo de "pior piloto de sempre", pelo menos. Digo isto porque o Josh Revell publicou hoje um video sobre... Yuji Ide, que provavelmente deverá ser ainda pior que Taki Inoue! Diz-se isto porque esteve em apenas quatro corridas, na temporada de 2006, pela Super Aguri, e... não só não fez nada como era um perigo na pista!

Enfim, eis o video que o Josh Revell fez sobre ele. Até tem um palmarés interessante, mas pelo que ele conta... não sabia falar inglês. 

WRC: M-Sport anuncia Lappi

A M-Sport, que prepara os Ford no Mundial de Ralis, anunciou esta tarde que o finlandês Esapekka Lappi será seu piloto para a temporada de 2020, ao lado de Teemu Suninen e de Gus Greensmith. Numa equipa muito jovem - a média de idades dos engenheiros anda pela casa dos 30 anos! - os pilotos também o são. Gus Greensmith, por exemplo, tem 21 anos. 

Para Lappi, que é o mais velho dos três - tem 28 anos - a M-Sport é uma alternativa à Citroen, que se retirou de cena no final da temporada de 2019, onde obteve três segundos lugares como melhor resultado. Já no caso de Suninen, é a continuidade, depois de uma temporada onde o segundo lugar no rali da Sardenha foi o seu melhor na temporada. Para Gus Greensmith, que esteve em onze das catorze provas, três dos quais num WRC, em substituição do lesionado Elfyn Evans, andar toda a temporada nessas máquinas é uma espécie de recompensa.

Ao contrário de Lappi e Suninen, Greensmith vai fazer nove ralis: Monte Carlo, México, Argentina, Portugal, Sardenha, Finlândia, Turquia, Alemanha e País de Gales.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

A(s) image(ns) do dia

Jacky Ickx e Hans-Joachim Stuck tem algumas coisas em comum, para além da data de nascimento. O belga nasceu em 1945 e o alemão, filho do mítico Hans Stuck, seis anos depois. Correram na Porsche, entre 1983 e 85, embora não correram juntos num 956 ou num 962. E Ickx era mais cavalheiro do que Stuck, apelidado de "Strietzel" e um enorme brincalhão, como já viu pela foto...

Ambos tiveram longas carreiras e a correrem por vezes juntos na mesma equipa, deverão ter corrido com o mesmo carro, juntos. Claro. Uma das vezes aconteceu em 1974, no Nurburgring Nordschleife, a bordo de um BMW 3.0... e a participação de ambos acabou na volta três, devido a um problema na sua caixa de velocidades. 

Curiosamente, ambos foram campeões do mundo de Endurance. Ickx conseguiu-o em 1983, Stuck dois anos depois., emparelhado com Derek Bell. E ambos partilham sete vitórias em Le Mans, embora nunca tenham vencido juntos qualquer uma dessas edições onde alcançaram o lugar mais alto do pódio. Stuck esteve mais com Bell e o americano Al Holbert.

Noticias: Kubica assina pela Alfa Romeo

Robert Kubica irá ser piloto de desenvolvimento da Alfa Romeo em 2020 e leva consigo um dos seus patrocinadores, a RK Orlen, que fará parte da equipa como "main sponsor". Aos 35 anos de idade, o piloto polaco atuará no simulador e ficará de prontidão para uma eventual substituição, em caso de necessidade.

"Estou realmente feliz em começar este novo capítulo da minha carreira com a Alfa Romeo Racing Orlem", disse Kubica. "Esta equipa tem um lugar especial no meu coração e estou satisfeito de encontrar alguns rostos conhecidos dos meus anos aqui em Hinwil", continuou.

A razão de ele ter dito isto é simples: a Alfa Romeo é a antiga Sauber, lugar onde Kubica andou lá como piloto titular entre 2006 e 2009, antes de passar para a Renault.

Para Frederic Vasseur, as suas contribuições serão importantes para fazer desenvolver os carros para esta e as temporadas seguintes. 

"Nós também estamos alegres em receber Robert de volta à nossa casa e não vemos a hora de começarmos a trabalhar com ele", começou por dizer. "Ele é um piloto que dispensa apresentações: um dos mais brilhantes de sua geração e um indivíduo que mostrou o verdadeiro significado da determinação humana em sua luta para voltar a correr depois de seu acidente. Sua ajuda terá fundamental para continuarmos avançando".

Em 2019, Kubica se tornou piloto titular da Williams, depois de oito anos de ausência à conta do seu acidente no Ronda di Andora, em fevereiro de 2011. Contudo, o mau chassis da equipa de Grove fez com que tivesse apenas um ponto. 

Noticias: Formula 1 apresenta logótipo comemorativo



A Formula 1 entra em 2020 a comemorar os 70 anos da sua fundação, e a Liberty Media pretende comemorar de muitas formas. Numa competição com mais de mil Grandes Prémios, e onde 33 pilotos foram campeões do mundo, 108 ganharam Grandes Prémios, e até agora, 764 pilotos e mais de 150 equipas participaram em pelo menos uma corrida, os novos logótipos honram o "pedigree" automobilístico e o vasto legado que já criou ao longo destes anos.

"As duas linhas do novo logotipo e o design interligado permitem que esta marca honre essas pistas. Outro objetivo deste design é permitir às TV, promotores, patrocinadores e equipas injetar as suas próprias cores na marca, proporcionando um nível de personalização na celebração deste aniversário da Fórmula 1", começaram por dizer os responsáveis da Liberty Media, no comunicado oficial. 

"Para além da marca numérica, desenhámos também uma palavra como se mostra [numa das imagens]. O nosso passado alimenta o nosso futuro e o novo logótipo celebra um marco ao mesmo tempo que olha para o futuro. Celebrar 70 anos é tornar o passado parte do presente, enquanto o nosso desporto olha para o futuro, o que faz com confiança e orgulho”, concluiu.

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Feliz Ano Novo a todos!

O ano que passou foi bom, e poderia ter sido melhor. Acho que isso deve estar a passar pela cabeça de muita gente, acredito. Mas no meu caso em particular, até que é verdade. Muito do que disse sobre o ano podem lê-lo na minha crónica natalícia, portanto, isto pode ser usado para pensar um pouco num futuro... condicional. 

Em 2019, o que mais me marcou foi o alcançar objetivos de forma inesperada. E de como as coisas boas, quando aparecem, podem ser em catadupa. E mesmo as coisas más podem ser meramente um contratempo, que pode ser corrigido mais adiante, com melhor preparação. Se for assim, então poderei pensar que o ano que está prestes a começar poderá ser uma continuidade positiva do ano que irá acabar daqui a umas horas. Se assim for, estou satisfeito.

Mas também cultivei-me em termos mentais. Nunca li tanto como em 2019, e a tendência é de continuar no ano que vêm. E ainda ganhei uma mascote para me entreter em casa. Portanto, apesar de não se ter tudo, não há motivos de queixa, em termos pessoais. Aprendi muita coisa, tomei o conhecimento de muitas outras.

E o que desejo para 2020? Saúde, acima de tudo. Porque é com isso que poderemos fazer as outras coisas. E é o que também desejo a todos vocês. Um excelente ano!

E dia 2, estou de volta, porque como sabem, o Dakar está à esquina.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Considerações sobre um 2019 automobilístico (Final)

5 - GERAÇÃO QUE SAI, E A QUE ESTÁ A CAMINHO


Mais ou menos por estes dias, mas em 2009, todos vibravam com a noticia do regresso de Michael Schumacher à Formula 1, três anos depois da sua retirada, ao serviço da Ferrari. O alemão tinha 40 anos - prestes a fazer 41 - e tinha alguns velhos amigos presentes, como Fernando Alonso e Jenson Button, o campeão desse ano, mas tinha uma nova geração a lidar. Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e Robert Kubica eram alguns dos novatos que tinham aparecido durante esse tempo e que tinham começado a deixar marca na categoria máxima do automobilismo.

Hoje, no final de 2019, Hamilton domina, depois de uma era onde Vettel era rei e senhor. Aliás, esta segunda década do século XXI poderá ser dividida em dois: aquela onde a Red Bull dominou, dando quatro títulos seguidos a Vettel, e a da Mercedes, onde Lewis Hamilton foi rei e senhor, exceptuando 2016, onde Nico Rosberg conseguiu superar o britânico, e logo a seguir, decidiu retirar-se de cena. Quanto a Schumacher, voltou a pendurar o capacete em 2012, depois de um regresso que não correspondeu às expectativas. De uma certa forma, a nova geração tinha o superado.

Muitos dizem que a geração de 2010 poderá ter sido a melhor da história do automobilismo. Isso, para mim, é algo relativo, porque cada geração tem os seus talentos, que lidam com máquinas potentes e pouco controláveis, apesar dos apoios eletrónicos que têm dentro dos seus carros. 

Mas nesta altura, vemos chegar aos cockpits uma nova geração de pilotos que andam a ameaçar Vettel e Hamilton. Desde Charles Leclerc a Max Verstappen, passando por Lando Norris e George Russell, todos eles têm potencial para vitórias e campeonato. Aliás, Leclerc e Verstappen Jr já triunfaram.

No meio disso tudo, vimos Fernando Alonso frustrar-se na McLaren, antes de ir para a IndyCar e depois na Toyota, onde venceu por duas vezes seguidas as 24 horas de Le Mans. O piloto espanhol quer ainda regressar à Formula 1, de preferência num carro competitivo, mas ser o novo Schumacher contra pilotos vinte anos mais novos que ele, não nascidos quando entrou um cockpits de monospotos, poderá ser um desafio com o mesmo destino do heptacampeão do mundo.

Mas falados dos que já lá estão, e os que estarão para chegar? Quem terá o potencial para marcar a década que aí vêm. Existirá?

Há uns dias falaram-me de Dan Ticktum, um britânico que esteve na Red Bull Academy, e que venceu por duas vezes a corrida de Formula 3 de Macau. O potencial de piloto existe, mas há um contra: é um desbocado, ao estio Jacques Villeneuve. E muitos afirmam que ele não tem empatia com mecânicos e engenheiros. E isso é importante. Tanto que, depois de uma mau inicio de temporada na SuperFormula japonesa, ele foi dispensado. Mas isso foi no inicio de 2019, porque logo depois, a Williams o contratou para ser piloto de desenvolvimento.

Se ele tiver a capacidade de chegar à Formula 1, isso não sei. Tem algum talento, e alternativas não faltam, quer na Formula E ou na Edurance, mas parece que o seu "fala-baratismo" não ajuda muito. Veremos.

Outro piloto interessante para ser seguido no futuro é Colton Herta. Quem? Um americano, filho do Bryan Herta. Aos 19 anos, ele já venceu duas corrias na Indy Car Series e nas Américas, ele é visto como talento para vencer campeonatos e as 500 Milhas. Que ele têm talento, ninguém o contesta. Poderá ser o piloto que domine a década que aí vêm nas Américas, mas uma tentativa na Formula 1 não seria descabido de todo, caso ele alcance o que deseja numa idade... precoce.

E já que falamos de filhos de pilotos... e o Mick Schumacher, o Pedro Piquet ou o Pietro Fittipaldi? Pode ser que cheguem à Formula 1, mas tenho séries dúvidas sobre a sua capacidade de ombrear com os melhores. Poderão ser pilotos bons, mas num pelotão hipercompetitivo como é o da Formula 1, poderão passar por otimos segundos pilotos numa equipa de ponta. Schumacher junior poderá até ser o segundo piloto de uma Ferrari dominada por Charles Leclerc, mas até desafiar o monegasco, existem muito mais dúvidas que certezas.

Todos estes poderão estar na Formula 1 numa eventual temporada de 2029. Por essa altura, talvez as coisas tenham mudado para uma Red Bull, Ferrari ou uma McLaren, num regresso às vitórias. Mas até lá, é tudo especulação. E por essa altura, uma nova geração poderá estar a fermentar, agora nos kartódromos um pouco por todo o mundo.

E em 2029, provavelmente poderemos ter uma mulher nas fileiras. A formação da W Series ajudou à concentração do talento feminino no automobilismo, e esta pode ser fornecida para outras categorias mais superiores, dado que os carros são semelhantes às de uma Formula 3. A britânica Jamie Chadwick já mostra talento suficiente para ser piloto de desenvolvimento da Williams, mas há quem olhe com outros olhos a japonesa Juju Noda. E quem é ela? aos 14 anos, a filha de Hideki Noda vai começar a andar em monolugares na Formula 4 dinamarquesa, e teve muito tempo para se preparar para a aventura dos monolugares, andando em Formula 4 e Formula 3. Aparentemente, tem velocidade, mas a competição é outra coisa completamente diferente.

Caso ela se dê bem nos monolugares, não ficaria admirado se dentro de três ou quatro anos a veremos na W Series, competindo para ser das melhores. E ver se as expectativas se confirmem.

Mas não queria ir embora sem falar do WRC. Quem sabe das coisas, tem conhecimento que Sebastien Ogier está para ir embora em 2020, e quer ir embora em grande, voltando a vencer um título antes de fazer outras coisas. Ainda vemos Sebastien Loeb a andar no WRC, numa equipa oficial, a caminho dos 46 anos de idade. Mas o futuro não é Sebastião e não deve ser francês. A aparição de Kalle Rovanpera, agora com 19 anos e filho de Harri Rovanpera, poderá ser a aparição de um potencial campeão do mundo, treinado desde muito novo a andar veloz nos ralis. Em 2020, será piloto oficial da Toyota, ao lado de Ogier e Elfyn Evans, e as expectativas são altas, porque a Finlândia não tem um campeão do mundo desde Marcus Gronholm, em 2002.

Terá ele o estofo necessário? Provavelmente sim, mas quem é que o acompanhará em termos de geração? Como na Formula 1, aparecerão os filhos de pilotos, e já pilotos como Oliver Solberg começam a aparecer no horizonte. Mas por aqui, temos de espera muito mais tempo para ver a tendência.

Youtube Building Video: As obras de construção do circuito de Hanoi

Faltam quatro meses para o Vietname receber pela primeira vez na sua história um Grande Prémio de Formula 1, e as obras vão a todo o vapor para que a zona ao pé do Estádio Nacional de Hanoi esteja pronta para receber as máquinas em abril. E neste video, com quase um mês de existência, pode-se ver como andam as obras, onde o paddock está quase pronto - provavelmente já pronto - e as zonas asfaltadas já deverão estar completas.

Assim sendo, eis o video daquilo que vai ser este GP vietnamita, que acontecerá no fim de semana de 18 e 19 de abril, duas semanas antes da Formula 1 visitar Zandvoort, este um regresso à Formula 1, quase 35 anos depois da última vez.

Endurance: Toyota quer bater recorde de volta em Le Mans

A Toyota quer fazer algo semelhante à Porsche quando retirar de circulação o seu TS050 Hybrid: bater o recorde de pista de Le Mans. Tirando todos os adereços legais, como fez a marca alemã. Em declarações ao portal DSC, Rob Leupen, presidente da Toyota Gazoo Racing e vice-presidente da marca para a competição, disse que há um desejo da marca ver o que o carro pode fazer sem as restrições impostas durante o período atual temporada do FIA WEC.

"O recorde de 3.14,793 de Kamui [Kobayashi, em Le Mans em 2017], foi um grande momento, nunca esquecerei isso", começou por dizer. “Posso dizer agora que tinha em mente que poderíamos ficar abaixo do tempo 3:15. Até contei isso a um jornalista, que disse: 'você é louco'. Normalmente tu gostas de ultrapassar os limites, o que ele fez foi sensacional. Os regulamentos atuais não nos permitem mostrar o que realmente é possível. Porque o desempenho do nosso carro é realmente retido devido à BoP [Balance of Performance] que temos hoje. O carro tem um novo pacote aerodinâmico, que o tornou ainda mais rápido, mas concordamos que precisamos ter corridas [com os adversários].", continuou.

Então o que eu gostaria que acontecesse é que talvez possamos encontrar uma ocasião em que possamos liberar o carro e dar-lhe toda a potência, alcançar o desempenho máximo que ele possui e completar outra volta rápida em Le Mans. Isso seria algo que realmente gostaria de ver. Acho que há muito mais por vir. E sabemos que o carro pode fazer muito mais, mas por causa dos regulamentos ainda não é possível mostrar isso”, concluiu.

Contudo, para uma tentativa dessas, a Toyota precisaria de encontrar uma maneira de percorrer a pista completa com um TS050 Hybrid de forma irrestrita. Existem poucas oportunidades a cada ano, quando todo o Circuito de la Sarthe fica disponível, visto que são um conjunto de estradas à saída da cidade francesa.

domingo, 29 de dezembro de 2019

Considerações sobre um 2019 automobilístico (4)

4 - E AGORA, O QUE VEM AÍ?


Parecendo que não, mas 2019 se tornou numa encruzilhada. O automobilismo está num tempo de transição, que será tão revolucionária como foi há cerca de um século, quando começou a massificação do automóvel. As alterações climáticas estão aí a bater à porta, e são quase inevitáveis, e a industria do transporte está a fazer a mudança tecnológica do motor a combustão para outras formas como a electricidade. Elon Musk é o Henry Ford do século XXI, e o resto do mundo começa a reconhecer que a industria automóvel tem de mudar, porque o mercado e os seus consumidores assim o exigem. E se não seguir, será uma sentença de morte.

O automobilismo não escapa, por muito que os detratores gritem o contrário. A Formula E está a ter um ascendente do qual não se pode negar a sua importância. Na temporada 2019-20, todas as equipas, menos duas, são de construtoras. Mercedes e Porsche são as mais recentes adições a uma competição que está a ganhar o futuro. E mesmo que a Formula 1 não vire elétrica por mais algum tempo - não na próxima década - outras competições estão a pensar nisso. E também se pensa noutras formas de energia.

A Formula 1 pensa em 2022, para mudar os seus regulamentos. Mantêm-se o motor V6 Turbo, mantêm-se a hibridização, graças aos sistemas de recuperação de energia, mas tornam-se em carros mais aerodinâmicos, e começam a cortar nos custos, para evitar que a piscina cheia de piranhas seja ainda mais mortal. Agora, há um limite de 175 milhões de euros em gastos, e há mais dinheiro para as equipas darem dinheiro.

Mas isso poderá fazer repensar a existência de algumas equipas na categoria máxima do automobilismo. Falou-se que a Mercedes poderá retirar-se como construtor e manter-se como mera fornecedora de motores, porque já cumpriu os seus objectivos. E a Renault, que a partir de 2020 será fornecedora única, estará a pensar se todo esse dinheiro na Formula 1 compensa, especialmente quando boa parte dos construtores estão a apostar na Formula E.

Nos Ralis, todos sabem que a Citroen se retirou de cena em 2019, enquanto se colocam dúvidas sobre a continuidade da M-Sport, pois ainda não foram anunciados os seus pilotos, e o apoio da Ford é não-oficial. Mas mesmo que o apoio esteja reduzido a dois, o WRC sobreviveria, pois foi assim que os ralis andaram durante boa parte da década passada e o inicio desta década, quando apenas Citroen e Ford andavam oficialmente a correr no Mundial.

Contudo, a FIA já anunciou que quer a hibridização dos carros em 2022, e algumas equipas colocaram dúvidas sobre a sua participação nesse novo campeonato. Aliás, a Citroen, antes de sair, tinha dito que não iria participar nessa fase, preferindo concentrar-se na Formula E, com a DS, e na Endurance, com os hipercarros da Peugeot, outra das marcas do grupo PSA.

Mas numa era onde, por fim, Ott Tanak quebrou quinze anos de domínio dos "Sebastiões" como campeões do mundo, a hipótese de um duelo entre Tanak e Ogier, ambos em equipas diferentes - o estónio foi para a Hyundai e Ogier substituiu-o! - poderemos ter um 2020 inesquecível nos ralis. Que será o último, porque o francês já anunciou a sua retirada.

A Endurance talvez seja, por estes dias, a competição mais falada. Os novos regulamentos fizeram criar a classe dos Hypercars, que a partir de 2022 serão feitos a partir de carros de estrada. De uma certa forma, serão os velhos GT's do final de década de 90 do século passado, e do qual algumas marcas já anunciaram o seu regresso, como a Peugeot. Haverá hibridização, mas a ACO está a apostar num protótipo de hidrogénio que pretende correr em 2024.

Contudo, pelo meio, a ACO e a FIA querem juntar a maior quantidade de carros no pelotão. Uma das chances são os DPi americanos, que correm na IMSA, e os pretendem juntar em Le Mans para ter a maior quantidade e variedade de carros a correr a clássica das 24 Horas, que como sabem, em 1923 fará o seu centenário. De uma certa forma, esta constante reformulação dos regulamentos poderá estar a "dinamitar" toda esta história dos Hypercars, apesar de algum entusiasmo das marcas que já andam a construir os seus modelos - Aston Martin. Toyota e Peugeot, mais a Kolles e a Glikenhaus, para começar.

Em suma, a nova década traz desafios em termos de regulamentos, num mundo em acelerada mudança. O automobilismo não está imune ao que se passa, à mudança de gostos, a uma nova geração que não quer mais os gostos da antiga, e do qual não se pode forçar, e avisa: se mantiver tudo na mesma, os seus dias podem estar contados.

Amanhã, para finalizar, falarei sobre a velha e nova geração de pilotos.

Noticias: Todt quer doze equipas em 2021

Jean Todt gostaria de ver um pelotão mais alargado em 2021, altura em que a Formula 1 adaptará as novas regras em termos de construção de chassis. Contudo, com candidaturas como a Campos e a Panther Team Asia, que pretende usar usar o mesmo modelo da Haas F1 Team, comprando o máximo de componentes a fornecedores externos, não convencem o presidente francês, que afirma não se mostrar completamente satisfeito com nenhum dos candidatos, querendo um projecto mais forte e viável que lhe permita dar luz verde para alcançar a Fórmula 1.

Os detentores dos direitos comerciais estão em contacto com as equipas e geram financiamento com elas, mas como regulador, que é a FIA, preferia doze equipas. Se tivermos doze, cada uma das actuais perde valor, portanto temos de considerar essa perda se decidirmos abrir a possibilidade de haver mais uma”, começou por afirmar.

O Chase [Carey] e eu temos algumas propostas interessantes e equipas interessadas em participar, mas ainda não fomos convencidos. Mas se formos convencidos de que uma estrutura apropriada pretende participar, penso que doze é um bom número de equipas para a Fórmula 1”, concluiu.

Da maneira como esta conversa é interpretada, o provável é que queira equipas de fábrica, mas como boa parte delas estão na Formula E, dificilmente serão vistos na Formula 1, mesmo que em 2021 comece-se a ter o tecto salarial de 175 milhões de dólares.