sábado, 21 de março de 2020

A imagem do dia

Neste que seria o 60º aniversário do nascimento do Ayrton Senna, uma frase que se recordou neste dia foi este:

“Somos insignificantes. Por mais que você programe a sua vida, a qualquer momento tudo pode mudar”.

Uma frase adequada para os tempos que vivemos, tempos excepcionais, que marcarão uma geração. E mostra que no final, somos frágeis, e esta ordem que vivemos e obedecemos, enquanto sociedade, quando se encontra em teste, e nos encosta à parede, praticamente nos vulnerabiliza. Oi seja, não somos invulneráveis, e as coisas podem acontecer de repente.

Como aconteceu a ele, num dia azul de primevera, numa pequena cidade no centro de Itália.

O desenho é do Ricardo Santos.

sexta-feira, 20 de março de 2020

A imagem do dia

"Não sabemos o quanto o trem da nossa história vai deixar a estação novamente, mas o fato é que não teremos GP de Mônaco em 2020. Como não houve em 1954, ano anterior ao desta imagem. Desde então, todos os anos, o mais famoso circuito de rua do planeta permaneceu no calendário."

"O cancelamento - e não adiamento - de um evento tão tradicional como a prova monegasca dá o tom da gravidade do que vive o Planeta Terra em 2020. Vamos cuidar dele - e de nós. Somos uma coisa só."

Isto foi o que o Alexaner Grunwald, jornalista brasileiro, escreveu quando soube do cancelamento do GP do Mónaco, nesta quinta-feira. Pode se dizer cobras e lagartos da pista, da sua estreiteza, do aeu aborrecimento. Mas é a pista onde os VIP's se passeiam de um lado para o outro, e á pista mais carismática do campeonato e a única do qual a Formula 1 não pode dispensar. Todos os outros podem ir embora, mas Formula 1 sem a pista do Principado, perde muito da sua essência.

E é nestes tempos loucos que temos consciência do que estamos a passar. É uma vez por século, se calhar. Não é o apocalipse zombie, não é o fim do mundo, mas é como se fosse. Ao ver nos nossos desportos favoritos fecharem portas, e esperar para que o pior passe, ficamos com a sensação de que isto não pode estar a acontecer. Que é um pesadelo, Hollywood ou lá o que é. Mas não é. Está a acontecer, faz nos pensar que este ano acabou. E ainda estamos em março. Vamos ficar fechados por semanas, senão meses, por causa de um vírus nanoscópico do qual ainda não temos defesas.

Temos de ser fortes e aguentar. Esperar que tudo passe e volte ao normal, mas depois disto ainda teremos outras crises, tão fortes como esta. uma crise económica, uma crise do emprego e provavelmente, crises politicas que abalarão os nossos sistemas. Isto é só o principio, e estes tem de ser tempos de reflexão sobre o que deveremos fazer depois de tudo acabar.

O GP do Mónaco voltará, isso é verdade. Resta saber como voltaremos a isto, depois de tudo acabar.  

quinta-feira, 19 de março de 2020

Automobilismo e o coronavirus: As atualizações do dia 19

Neste Dia do Pai totalmente fechado em casa, com o mundo a passar o pior da tempestade, duas novidades sobre a formula 1 foram divulgadas. A primeira é que todas as corridsas de maio foram adiadas para mais tarde. Isto significa que os GP's dos Países Baixos, de Espanha e do Mónaco vão ser realizados noutra data e agora, a prova de arranque do campeonato será em Baku, no GP de Azerbeijão, marcado (por agora) para o dia 7 de junho.

E tudo isto no dia em que Alberto II do Mónaco foi testado como positivo para o coronavirus. A casa real monegasca disse que os sintomas são ligeiros e ele vai ficar em casa a recuperar.

Entretanto, as equipas e a FIA decidiram que as mudanças que estavam previstas para 2021 serão adiadas por um ano, embora tenham decidido que o teto orçamental continua em vigor na próxima temporada. A medida ainda tem de ser aprovada pelo Conselho Mundial da FIA, mas praticamente está decidido.

Quem também anunciou o seu adiamento foi a organização do Pikes Peak, a mais famosa corrida de montanha do mundo. Eles disseram que do dia 28 de junho, a prova acontecerá agora a 30 de agosto. Isto é... se acontecer.

"Com um total reconhecimento e entendimento relacionados à situação atual do Coronavírus, nosso Conselho de Administração decidiu adiar a nossa Corrida para as Nuvens até 30 de agosto", disse Tom Osborne, Presidente da Pikes Peak Hill Climb, no seu comunicado oficial.

Como todos os americanos entendem nesses tempos difíceis, existem inúmeros fatores que podem influenciar a decisão de adiar, cancelar ou reagendar os principais eventos desportivos, nacional e internacionalmente - incluindo a corrida internacional em Pikes Peak. A segurança de nossos concorrentes, fãs, voluntários e parceiros é a nossa maior preocupação à medida que avançamos.

De uma certa forma, estas medidas eram esperadas, pois a pandemia está ainda na sua fase ascendente. Mas em relação ao campeonato, é muito provável que os adiamentos não se vão ficar por ali e já se deve considerar que corridas ficam e quais serão as que cairão, adiados para 2021. Não ficaria surpreso se existisse uma mini temporada de doze corridas, todas na Europa. Veremos.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Motores e o coronavirus - As atualizações do dia 18

Algumas novidades em relação ao automobilismo. Hoje soube-se que as 24 Horas de Le Mans foram adiadas para setembro, mais concretamente para os dias 19 e 20, a primeira vez que é adiado desde 1968, quando os eventos de maio obrigaram a um adiamento de três meses. Veremos se mantêm a data, o que significa que o calendário da temporada 2020-21 será fortemente alterada.

No campo da Formula 1, decidiu-se que a pausa de verão seria antecipada para agora, o que significará que haverá Grandes Prémios em agosto, para compensar a paragem forçada. 

"Tendo em vista o impacto global do coronavírus COVID-19 que atualmente afeta a organização dos eventos do Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA, o Conselho Mundial de Automobilismo aprovou uma alteração no Regulamento Esportivo da FIA de Fórmula 1 2020, mudando o período de encerramento de verão a partir de julho e agosto a março e abril, estendendo-o de 14 para 21 dias."

"Todos os concorrentes devem, portanto, observar um período de paralisação de 21 dias consecutivos durante os meses de março e / ou abril."

"A mudança foi apoiada por unanimidade pelo F1 Strategy Group e pela F1 Commission", termina o comunicado.

Entretanto, Jean Todt, presidente da FIA, decidiu lançar uma mensagem para o público sobre a doença e a consequente paralisação dos campeonatos. Ele expressou a sua solidariedade para todos os cidadãos do mundo, em especial para a aqueles que colaboram com o desporto motorizado ou com o automobilismo em geral:

Queridos amigos, como o mundo está a passar por uma pandemia histórica, quero dizer-lhes o quão estou perto de todos vocês. Como sabemos, a situação é crítica e está em constante evolução. Proteger as pessoas deve ser a prioridade. Gostaria de expressar meu apoio e solidariedade a todos os cidadãos e àqueles que contribuem para o automobilismo e a mobilidade. Como vocês sabem, tivemos que cancelar ou adiar eventos agendados para as próximas semanas e, neste estágio, não temos uma visão clara de quando nossas vidas voltarão ao normal.”, começa por dizer a mensagem.

É nossa responsabilidade compartilhada tomar todas as medidas necessárias, e peço-vos encarecidamente a cumprir rigorosamente as instruções de segurança da OMS e as dos vossos governos nacionais.

Somente a nossa disciplina individual nos permitirá superar esse vírus. Juntos, conseguiremos”, concluiu.

terça-feira, 17 de março de 2020

Automobilismo e o coronavirus: As novidades do dia 17

No dia 17, com todas as atividades paralisadas devido ao coronavirus, algumas novidades no que respeita ao automobilismo, enquanto dura esta emergência. 

Com a W Series a cancelar o seu teste marcado para Valencia - e provavelmente parte da temporada deve ser adiada, pois faz parte do DTM - outras competições fazem contas do que aí vêm e tentam corrigir os erros cometidos e recuperar um pouco a reputação.

E isso é o que diz respeito à Formula 1, onde depois da "debacle" em relação ao GP da Austrália, Chase Carey, o homem forte da Liberty Media e da FOM, veio esta terça-feira a público pedir desculpas aos fãs por terem subestimado a gravidade da situação, que levou não só ao cancelamento do Grande Prémio a 72 horas da prova, como também levou ao adiamento das outras provas, fazendo com que o inicio passe a ser agora a 3 de maio, em Zandvoort, nos Países Baixos. 

Eis o conteúdo da carta na íntegra: 

“Caros fãs da Formula 1,

Queríamos dividir algumas ideias e perspectivas a partir da semana passada, neste momento que lidamos com a pandemia de coronavírus.

Em primeiro lugar, nossa prioridade é a saúde e a segurança dos fãs, equipes e organizadores da Fórmula 1, bem como da sociedade como um todo.

Pedimos desculpas aos fãs afetados pelo cancelamento na Austrália, bem como pelo adiamento das outras provas até o momento. Essas decisões estão sendo tomadas pela Fórmula 1, pela FIA e por nossos promotores locais em circunstâncias que mudam e evoluem rapidamente, mas acreditamos que sejam as corretas e necessárias. Também queremos estender nossos pensamentos para aqueles que já foram afetados, incluindo aqueles da família da Fórmula 1.

Reconhecemos que todos querem saber o que virá a seguir para a Fórmula 1 em 2020. Não podemos fornecer respostas específicas hoje, dada a fluidez da situação. No entanto, planejamos iniciar a temporada do campeonato de 2020 assim que for seguro. Estamos trabalhando diariamente com especialistas e autoridades, enquanto avaliamos como avançamos nos próximos meses. Manteremos você atualizado e forneceremos os detalhes o mais rápido possível no Formula1.com.

Agradecemos seu apoio e compreensão e desejamos a você e sua família tudo de bom.

Atenciosamente”

Entretanto, no WRC, o "buraco" de dois meses está a ser cumprido, mas hoje surgiram indicações de que o Rali de Portugal poderá ser adiado. A prova, marcada para a terceira semana de maio, acontece duas semanas antes do Rali da Sardenha, e Yves Matton revelou que em relação à data da prova portuguesa há "poucas chances da situação evoluir até então. Com o bloqueio logístico existente, não é possível organizar um evento ou o que quer que seja.", disse à francesa Auto Hebdo.

Contudo, a mesma pressão está a ter a prova italiana, já que a crise por ali é mais grave ainda, e as coisas poderão levar algum tempo até ao regresso à normalidade. Apesar de muitos esperarem que em maio, o pior já tenha passado, muitas das restrições que foram agora colocadas poderão ainda estar vigentes.

Mas nesse caso, Carlos Barbosa, presidente do ACP, logo, o organizador do Rali de Portugal, já pediu calma às pessoas sobre essa possibilidade. "Ainda é muito cedo para se tomar uma decisão. Faltam dois meses. Aguardemos com calma e sem stress.” disse, em declarações ao site regiao-sul.pt.

segunda-feira, 16 de março de 2020

Um anuncio importante

As circunstâncias assim o permitem. A decisão é natural, e acho que mais cedo ou mais tarde, teria de ser tomada. Assim sendo, digo já: a partir de hoje, o blog está suspenso. O coronavirus, ou o CoVid-19, teve como consequência a interrupção das atividades automobilísticas um pouco por todo o mundo. Assim sendo, sem muito para fazer, levou a tomar esta decisão que será temporária.

Não há muito a dizer porquê. A essência deste sítio são os automóveis. Tirando isso, não há muito mais que justifique a sua existência. Certamente temos os assuntos opinativos, mas isso, no meu caso em particular, tenho através das colunas que escrevo, por exemplo, no Nobres do Grid. Não é o fim, é apenas umas férias, uma situação excepcional, que recorre a uma media excepcional.

Como é sabido, estou em casa, em quarentena, curiosamente numa cidade onde não foi confirmado qualquer caso da doença. O mundo está virado de pernas para o ar, mais cedo ou mais tarde tudo parará na Europa, e os governos pedirão às pessoas que não façam nada, a não ser que seja absolutamente necessário. As pessoas tratam desta doença como se fosse a Peste Negra e há quem peça algo menos do que a paragem da vida. O tempo correrá devagar, um mundo fecha para que outro abra, são assim as coisas.

Quando for a altura apropriada, colocarei noticias e artigos que valham a pena. Aqui também se escreve sobre história, mas não haverá a urgência para tal. É uma situação anormal, e procurar por noticias vai ser ainda mais complicado do que era antes, dado que todas as competições, como a vida, estão suspensos.

Assim sendo, digo até já. Nos treze anos e dois meses de duração deste espaço, só excepcionalmente é que as coisas ficaram paradas, apenas por causa de problemas de saúde deste vosso escriba. Quanto tudo voltar à normalidade - e não acredito que isso aconteça até ao final da Primavera - isto também regressará a todo o vapor, noticiando e divulgando o automobilismo no seu todo.

Assim sendo, até já a todos. Isto irá passar, vai durar o seu tempo.

Motores e o coronavirus - As novidades do dia 16

Com tudo parado, as novidades têm a ver com o futuro próximo. As primeiras noticias têm a ver com funcionários a terem contraído o virus, como aconteceu com um da Pirelli, que testou positivo na Austrália, onde estava para o Grande Prémio. Contudo, nem tudo é mau, porque ao mesmo tempo, um funcionário da McLaren, que testou positivo, está em recuperação.

Na Formula 1, com as quatro primeiras provas canceladas ou adiadas, a sombra paira sobre as corridas dos Países Baixos, em Zandvoort, e da Espanha, em Barcelona. Os organizadores de ambas as provas afirmam que nada receberam ainda da organização sobre algum possível adiamento, já que são corridas que acontecerão em maio. 

Com base nos relatórios da Formula One Management e da FIA, estamos em consulta conjunta com eles sobre as possíveis consequências para o Grande Prémio", começou por dizer a organização do circuito de Zandvoort, num comunicado oficial.

Eles ainda não são totalmente conhecidos, mas em caso de possível adiamento, todos os bilhetes permanecem válidos. Assim que mais notícias forem conhecidas, as partilharemos com todas as partes envolvidas.”, concluiu.

Pelo lado do circuito de Montmeló, o comunicado alinha pelo mesmo diapasão.

O Circuito de Barcelona-Catalunha continuará monitorizando a evolução da pandemia, mantendo contato permanente com os diferentes órgãos e autoridades de saúde, a fim de continuar implementando as medidas e recomendações aplicáveis, garantindo a saúde e a segurança de nossos visitantes.", começa por dizer.

"Lamentamos os inconvenientes que essas mudanças possam ter causado e pedimos desculpas a todos os fãs e clientes que foram afetados por essas medidas extraordinárias", concluiu.

Ao mesmo tempo, em Le Mans, a ACO falou sobre a possibilidade de um adiamento das 24 Horas de Le Mans, mas eles afirmam que tal decisão só acontecerá em maio, com Pierre Fillon a dizer que nunca acontecerá um cancelamento, mas sim um adiamento. "Estamos monitorizando a situação e seguindo as instruções emitidas pelas autoridades.", começou por dizer, em declarações à Autosport britânica.

"Aconteça o que acontecer, as 24 horas de Le Mans irão adiante este ano.", concluiu.

Tuo isto acontece no mesmo dia em que a organização das Seis Horas de Spa-Francochamps adiou a prova para data a marcar por causa do virus. A data inicial seria o dia 25 de abril.

Eis o que está a acontecer nas últimas 24 horas. Haverá em breve mais desenvolvimentos.

domingo, 15 de março de 2020

WRC 2020 - Rali do México (Final)

Sebastian Ogier venceu um rali do México que acabou por ser encurtado devido às ações do coronavirus e do fecho das fronteiras um pouco por toda a Europa. Com os pilotos e as equipas a decidirem por um regresso antecipado a casa, a organização decidiu que depois da 21ª especial, a prova acabava, três especiais antes do tempo.

Depois de Ogier ter acabado na sexta-feira no comando, com 13,2 segundos de vantagem sobre Teemu Suninen, o dia começava com a primeira passagem por Guanajuatito, com o piloto francês a levar a melhor sobre Ott Tanak, 8,2 segundos adiante. Suninen foi terceiro, a 9,7.

Neuville foi o mais forte na primeira passagem por Alfaro, ganhando 2,9 segundos sobre Tanak, com Gus Greensmith a ter problemas no seu carro e a atrasar-se. Tanak venceu na primeira passagem por Derramadero, com 2,7 segundos sobre Evans e 6,1 sobre Ogier. 

Na segunda passagem por Guanajuatito, Neuville conseguiu ser o melhor, 1,1 segundos na frente de Ogier, e 2,5 sobre Tanak. O estónio vencia em Alfaro, na sua segunda passagem, 0,4 segundos na frente de Neuville e 2,9 sobre Suninen, Ogier tinha perdido 5,1 segundos e era quarto, mas por esta altura parecia que tinha o rali sob controlo, pois liderava com 28,1 segundos sobre Suninen, que estava a lutar com Tanak pelo segundo posto.

O estónio vencia na segunda passagem por Derramadero, 0,4 segundos de vantagem sobre Neuville, suficiente para passar Suninen para ser segundo. Ogier era terceiro, 3,8 segundos atrás de Tanak, mas chegava para triunfar.

O resto do dia eram as passagens por Leon, onde Neuville venceu na primeira e segunda volta, bem como na improvisada Power Stage, na Rock & Rally León.

Depois dos três primeiros, Elfyn Evans foi o quarto, a 1.13,4 segundos, cerca de um minuto adiante de Kalle Rovanpera, quinto noutro Toyota. Este tinha mais de oito minutos de vantagem sobre Pontus Tidemand, o melhor dos WRC2, a 10.29,3, na frente do russo Nicolay Gryazin, no seu Hyundai. Marco Bulacia, num Citroen, foi o oitavo, a 13.37,5, e a fechar o "top ten", ficaram o britânico Gus Greensmith e o norueguês Ole Christian Veiby, no seu Hyundai i20 R5, a 15.32,2.

Agora, o Mundial de Ralis, como todos os outros, vai parar por uns tempos. Como a vida, nesta altura excepcional.

A imagem do dia

Nos primeiros tempos do Rali de Portugal, antes do salto da Pedra Sentada, em Fafe, havia o Salto de Quiaios, menos espectacular, mas suficiente para umas belas fotografias. E quando se vê um Citroen DS21 a voar, fica-se espantado com a sua leveza, contrastando com o aparente peso do "Boca de Sapo".

A Citroen tem uma tradição de ralis, mas não é de agora. O DS foi o primeiro grande carro de rali, e em 1966, Pauli Toivonen foi o triunfador, mas as circunstâncias foram tão controversas que o finlandês nunca o comemorou, praticamente o repudiou. Vinte anos mais tarde, quando o seu filho Henri Toivonen triunfou na estrada, afirmou que "a honra da familia tinha sido resposta".

Mas houve vários pilotos que ajudaram no desenvolvimento e na reputação do DS. Um deles, aqui em Portugal, era o Francisco Romãozinho. Um piloto que ganhou o gosto pelas corridas quando a sua avó lhe deu um Mini Cooper como prenda de passagem de ano no Liceu, Romãozinho foi ajudar a Citroen pouco depois de ter vencido o seu primeiro rali de Portugal, em 1967, a bordo de um Renault 8 Gordini. Por esta altura tinha congelado o seu curso de Arquitectura e andava a fundo nas estradas portuguesas e da Europa, em 1973, aproveitou o facto do rali fazer parte do campeonato do mundo recém criado para mostrar o que valia.

As coisas deram certo, com o terceiro lugar final, que poderia ter sido melhor, caso a sorte estivesse mais do seu lado. Contudo, o resultado colocava-o no pódio, o primeiro de um português naquilo que viria a ser mais tarde o WRC.

Romãozinho, falecido na quinta-feira aos 77 anos, depois de um longo declínio com a doença de Parkinson, teve uma longa carreira no automobilismo, e nos anos 70, era essencialmente piloto do Citroen, usando o DS, CX e o Visa. Mas afirma ter adorado os DS modificados para meter o motor Maserati que o SM tinham com eles, e que lhes valiam 260 cavalos, pelo menos. Mas fez muito mais pelos automóveis, quer como dirigente - trabalhou para a Volksawagen, Fiat e Audi, para além da Citroen - trouxe a Skoda para Portugal, ainda a marca não estava incluida no grupo VAG, que iria acontecer pouco tempo depois. 

Piloto respeitado por outros como Estanislao Reverter - o homem por trás do Alpinche, o Alpine com motor Porsche que encantou os espanhóis nos anos 70 - Romãozinho faz parte de um tempo que, inevitavelmente, vai acabando. Ars lunga, vita brevis.

Motores e o coronavirus: As novidades do dia 15

Dia 15, e há mais novidades em relação aos eventos que foram cancelados e à vida que está, neste momento, interrompida, se quiserem.

Como é sabido, o rali do México era a única prova que estava a acontecer, no meio dos adiamentos e cancelamentos. Mas no final do dia de sábado, a prova foi encurtada devido a receios de que o espaço aéreo da Alemanha e da França fossem encerrados nesse dia, e assim sendo, as classificativas de domingo foram canceladas. Sebastien Ogier foi o vencedor, provavelmente na última prova importante que irá acontecer nos próximos tempos, na frente de Ott Tanak e Teemu Suninen.

Entretanto, aqui em Portugal, o rali de Mortágua previsto para os dias 16 e 18 de abril, foi adiado "sine die", acompanhando o rali dos Açores, que também já tinha sido adiado. 

No campo da Formula 1, surgiu noticia na sexta-feira de que Lewis Hamilton tinha estado num evento, em Londres, e posou ao lado da mulher do primeiro ministro canadiano Justin Trudeau. Alguns dias mais tarde, a mulher resultou positivo para o CoVid-19, e também o seu marido, acabando ambos isolados em quarentena. Logo, o piloto britânico estava preocupado com a sua saúde.

Ao mesmo tempo, o site motorsport.com deu mais pormenores sobre as razões do cancelamento. Depois da votação da madrugada, que acabou em empate entre equipas, e de Ross Brawn ter dito que as atividades continuariam na sexta-feira em termos de avaliação, Toto Wolff recebeu um telefonema de Olla Kallenius, o chefe da Mercedes, a meio da noite, que o informou do impacto que o coronavirus estava a ter na Europa. 

A conversa deixou Wolff indeciso - apesar de Kallenius ter dito que cabia a ele a última palavra - e depois, telefonou a Brawn para dizer que tinha mudado de opinião. Eles tinham votado a favor da corrida, e agora apelariam ao seu cancelamento. Por essa altura, a Ferrari, que tinha votado contra, tinha deixado Sebastian Vettel tomar voo de regresso à Alemanha, e assim deixando implícito que não iriam correr com um dos seus carros, juntando-se assim à McLaren, que tinha renunciado depois de um dos seus membros ter testado positivo para o coronavirus.

Por agora, é tudo. Alguns pilotos andam a correr em provas virtuais na Net, com dezenas de milhares de pessoas a assistir, enquanto se espera que a tempestade passe. 

WRC: Rali do México encurtado

O coronavirus pode estar longe do México, onde está a decorrer o rali local, mas foi o suficiente para que o WRC decidisse encurtar a prova, terminando no final deste sábado, depois de cumprirem 21 especiais de classificação. Apesar de haver poucos casos no próprio país, os problemas na Europa, com os encerramentos nas fronteiras como a França, Espanha e Itália, fazem com que as três últimas especiais, deste domingo, fossem cancelados.

A decisão acolheu a unanimidade dos pilotos e das equipas.

A logística estava a tornar-se complicada para levar os membros da equipa de volta à Europa. O vírus está no topo da mente de todos, mas também leva as pessoas para casa.", disse uma fonte.

Com o Rali da Argentina adiado para novembro, o WRC terá dois meses de pausa até meados de maio, para o Rali de Portugal... caso a situação de saúde melhore.