(continuação do capitulo anterior)
Na terceira (e última) parte desta série de trocas a meio da temporada, vamos para as últimas duas décadas e meia, incluindo a primeiras duas grandes trocas do qual a Red Bull se tornou famosa na Formula 1.
11 - Michael Andretti/Mika Hakkinen (1993)
Em 1993, Ayrton Senna andava indeciso sobre se iria ficar ou correr na McLaren, mas Ron Dennis não perdeu tempo em arranjar um piloto que o poderia substituir. O americano Michael Andretti, filho de Mário Andretti, era uma espécie de "vingança" da Formula 1 sobre a CART, ao tirar um dos seus pilotos mais proeminentes, depois de Nigel Mansell ter trocado as pistas europeias pelas americanas.
Depois de algum tempo, Senna decidiu ficar - a troco de um milhão de dólares por corrida - e começou a "devastar" o americano, que nitidamente tinha um problema de adaptação à Europa. Enquanto que Senna vencia corridas e era a verdadeira oposição à Williams, Andretti apenas conseguia três pontos até à prova de Monza, onde deu um ar da sua graça e conseguiu um terceiro lugar.
Mas já era tarde para convencer Dennis, que trocou pelo finlandês Mika Hakkinen no GP de Portugal. Ali, o jovem piloto, com passagem pela Lotus, andou a par de Senna desde a primeira corrida e conseguiu um terceiro lugar no Japão, demonstrando a sua rapidez e um passaporte para ficar na equipa de Woking até ao final da sua carreira, em 2001.
12 - Jan Magnussen/Jos Verstappen (1998)
O pai de Kevin Magnussen é um dos melhores exemplos de talento desperdiçado. Certo dia, Ron Dennis contou que tinha aberto a sua mala de viagem para descobrir aquilo que considerou como "a mais desarrumada mala que tinha alguma vez visto. Se ele era assim para arrumar uma mala, imagino como seria a mente dele", concluiu.
Piloto de testes da McLaren, fez uma corrida pela equipa de Woking no final de 1995, quando Mika Hakkinen teve de ser operado devido a uma apendicite. Contudo, Magnussen queria correr, e conseguiu a sua chance em 1997, quando alinhou na Stewart Racing, a equipa de Jackie Stewart. Contudo, não teve muitas chances de brilhar, não só devido à fragilidade do seu carro, como também ao seu estilo fraco de condução. Tanto que Stewart o aconselhou a fazer umas lições de condução com ele (!).
Quando por fim, Jan Magnussen conseguiu tirar partido do carro, veio tarde. O sexto lugar no GP do Canadá aconteceu irónicamente na sua última corrida pela equipa, sendo substituído por Jos Verstappen, pai de Max. Não fez grande coisa em termos de resultados - não pontuou nessa temporada.
13 - Jacques Villeneuve/Robert Kubica (2006)
Jacques Villeneuve nunca mais foi o mesmo após ter vencido o mundial de Formula 1 em 1997, ao serviço da Williams. Foi para a BAR, conseguindo alguns resultados de relevo, até abandonar a Formula 1 em 2003. Regressou à categoria máxima do automobilismo no ano seguinte, pela Renault, e depois seguiu para a Sauber, assinando um contrato de duas temporadas, correndo ao lado de Felipe Massa. Contudo, em 2006, a BMW adquiriu a Sauber e contratou o alemão Nick Heidfeld, ficando com Villeneuve, para cumprir o seu contrato com a anterior entidade.
Contudo, ele era constantemente batido por Heidfeld e o canadiano mostrava uma crescente desmotivação para continuar na categoria máxima do automobilismo, e após um acidente feio na Alemanha, Villeneuve decidiu pendurar o capacete de vez. Os alemães não perderam tempo e foram buscar o seu piloto de testes, o polaco Robert Kubica, que tinha vencido a World Series by Renault no ano anterior.
Kubica estreou-se no GP da Hungria, deslumbrando quem não esperava muito dele. Acabou a prova no sétimo posto, mas acabou por ser desclassificado. Contudo, pouco tempo depois, em Monza, conseguiu o terceiro lugar final, sendo o primeiro piloto do Leste Europeu a subir ao pódio.
14 - Scott Speed/Sebastian Vettel (2007)
Scott Speed foi um dos primeiros pilotos da Red Bull Junior Series, que tinha como objetivo de colocar pilotos jovens na Formula 1. Em dois anos, a equipa comprou primeiro a Jaguar, e depois a Minardi, para fazer, respectivamente a Red Bull e a Toro Rosso. Em 2006, ambas as equipas estavam prontas, e na "equipa B", o americano alinhava ao lado do italiano Vitantonio Liuzzi.
Contudo, em 2007, as coisas não estavam a correr muito bem para o americano, que até então, ainda não tinha pontuado. No GP da Europa de 2007, a corrida ficou conhecida pelo temporal que se abateu logo na primeira volta, colocando muitos carros na gravilha, incluindo o de Speed. Chegado à boxe, Franz Tost, o diretor da equipa, teve uma discussão com ele que rapidamente virou azeda, com agressões de parte a parte.
Speed foi despedido e logo a seguir, arranjou como substituto um alemão que lutava pelo comando da World Racing by Renault com o português Alvaro Parente. Chamava-se Sebastian Vettel, e não demorou muito para dar nas vistas, pontuando pela primeira vez na China, com um quinto lugar... depois de arranjar confusão na prova anterior, ao bater na traseira do Red Bull de Mark Webber!
15 - Sebastian Bourdais/Jaime Alguersuari (2009)
Sebastien Bourdais era um europeu que foi à America para conquistar prestigio. Em 2007, tinha alcançado 31 vitóirias e quatro títulos seguidos na CART, já na sua decadência final, e resolveu tentar a sua sorte na Formula 1, ao serviço da Toro Rosso. Depois de um ano de adaptação, com dois sétimos lugares, esperava-se algo mais em 2009, agora que Sebastian Vettel tinha ido para a Red Bull.
Contudo, o francês não tinha conseguido nenhum resultado de relevo e estava a ser constantemente batido por Sebastien Buemi. Depois de ter conseguido apenas dois pontos nessa temporada, foi dispensado após o GP da Alemanha, e para o lugar foi o espanhol Jaime Alguersuari, que na altura era o piloto mais novo de sempre ao volante de um Formula 1, com 19 anos de idade.
Bourdais foi de novo para os Estados Unidos, agora na IndyCar, e Alguersuari passou para a história como mais um dos pilotos "queimados" pelos energéticos.
16 - Timo Glock/Kamui Lobayashi (2009)
A Toyota estava na Formula 1 desde 2002 e tinha ganho a reputação de ser uma equipa muito rica, mas sem alcançar resultados de relevo. Até 2009, não tinha alcançado qualquer vitória. E o mesmo se poderia dizer de Timo Glock, campeão da GP2 em 2007, e que em 2009 tinha conseguido dois pódios, um na Malásia e outro em Singapura. Mas durante a qualificação do GP do Japão, em Suzuka, Glock feriu-se na perna, devido à entrada de um braço da suspensão no seu cockpit, e para o seu lugar veio o japonês Kamui kobayashi.
O japonês tinha dado nas vistas na Formula 3 europeia, mas na GP2, tinha sido bem discreto. A chance de ser piloto titular numa equipa japonesa era ideal para brilhar e foi isso que aconteceu, na corrida seguinte, no Brasil. Kobayashi deu nas vistas, apesar de ter acabado apenas no nono lugar (na altura, não contava para os pontos), mas um sexto lugar em Abu Dhabi fez com que muitos começassem a ver que ali, poderia ter despontado um excelente piloto. Contudo, a Toyota decidiu retirar-se da Formula 1 no final desse ano, e mostrou o seu talento na Sauber.