sábado, 9 de janeiro de 2016

O agradecimento de Ruben Faria a quem o ajudou

Ontem, o motard Ruben Faria sofreu uma queda que o deixou fora deste Dakar, fraturando um dos seus pulsos, mas também a sua cara, do qual já foi operado em terras argentinas, esperando para ser transferido para Lisboa. 

Contudo, o piloto que o assistiu, o espanhol Gerard Farrés, já tem história nesse campo. Segundo conta a Autosport portuguesa, na edição de 2014, quando corriam a etapa que ligou Chilecito a San Miguel de Tucumán, Farrés acudiu o seu compatriota, Enric Martí, que estava desidratado face às elevadas temperaturas que se faziam sentir.

"Quero agradecer ao Gerard Farres e ao Van Beveren pela assistência, suporte e força que me deram até à chegada da equipa médica! Este é o espírito do Dakar e que nunca poderá acabar!" começou por dizer Faria na sua página de Facebook. "Ontem em resultado da minha queda fraturei o radio, cubito e ligamentos, fraturei tambem um osso da cara em resultado de um dente que subiu. Já fui operado ontem para resolver a fratura da cara. Irei seguir para Portugal nos próximos dias onde vou resolver os problemas das outras fraturas. Acabei por ter muita sorte apenas com estas mazelas, pois a queda foi bastante violenta", continuou. 

"Muito obrigado pelas vossas mensagens de apoio que me têm ajudado a superar estes momentos difíceis!" concluiu.

Dakar 2015: Meo e Sainz os mais velozes, Gonçalves lidera nas motos

A etapa de hoje entre Uyuni, na Bolivia, e Salta, na Argentina, no total de 793 quilómetros, 353 dos quais feitos em especial cronometrada, foi complicada, pois durante algum tempo esteve suspensa devido às fortes chuvas que caíram naquela zona da Bolívia, alargando os vários ribeiros que correm naquela região. Após algum tempo de pausa determinada pela organização, a etapa foi retomada por alturas do quilómetro 350.

Mas a etapa também foi marcada pelo atropelamento mortal de um espectador de 63 anos ao quilómetro 82, ainda em terras bolivianas. Aparentemente, ele foi apanhado pelo carro do francês Lionel Baud, que seguia na 48ª posição da geral.

Nos automóveis, tivemos uma dupla da Peugeot, com o melhor a ser Carlos Sainz, com uma vantagem de 38 segundos sobre Sebastien Loeb e três minutos e 22 segundos sobre Nasser Al Attiyah. Com isso, Loeb voltou ao comando do rali, com uma vantagem de pouco menos de três minutos, na véspera do dia de descanso. Stephane Peterhansel foi o quarto, com um tempo cinco segundos superior ao piloto qatari. 

Nas motos, a etapa foi bem dura. Joan Barreda Bort desistiu com um motor partido e Matthias Walkner, terceiro classificado à entrada desta etapa, caiu forte e partiu uma perna. Nesse campo, foi assistido por Paulo Gonçalves, que o ajudou a chamar os meios de socorro e ficou ao seu lado durante mais de dez minutos até que estes chegassem, num gesto elogiado por todos.

"No início da especial, parei para ajudar Matthias Walkner, que tomou uma queda, e eu fiquei com ele até que o Pablo Quintanilla chegou", começou por dizer no final da etapa. "A primeira parte da etapa teve alguma navegação, mas, em seguida, o perfil era semelhante ao que era há dois dias atrás, com muitos rios. Na segunda parte da especial, depois do sector neutralizado, estava chovendo muito e eu estava muito cauteloso, pois parecia neve. O clima melhorou um pouco no final", continuou. 

"Estou bastante satisfeito com a etapa de hoje, até agora. Se eu puder repetir isso na segunda semana, eu certamente ficaria muito contente, mas acho que as etapas seguintes serão muito diferentes, então vamos a ver", concluiu.

No final, descontado o tempo que ele perdeu a assistir o austriaco da KTM, ainda ganhou cinco minutos sobre Toby Price, numa etapa ganha pelo francês Antoine Meo. Gonçalves foi segundo, a um minuto e 57 segundos de Meo, enquanto que Helder Rodrigues foi o quarto classificado, a quatro minutos e 58 segundos do vencedor da etapa.

No final do dia, Gonçalves alarga a sua liderança para cinco minutos e vinte segundos sobre Price, enquanto que Stefan Svitko é o terceiro, a doze minutos. Antoine Meo é o quarto, a 21 minutos e cinco segundos, mas assediado por Kevin Benavides (a 21.31 minutos) e Helder Rodrigues (a 23.23 minutos)

O Dakar estará amanhã em dia de descanso, com a caravana de regresso a terras argentinas, em Salta.

The End: Maria Teresa de Filippis (1926-2016)

A italiana Maria Teresa de Filippis, a primeira mulher a pilotar um Formula 1 e a alinhar num Grande Prémio, em 1958, morreu hoje aos 89 anos. As causas da sua morte não são conhecidas, mas sabia-se que estava doente desde há algum tempo. 

Filippis alinhou em quatro corridas na temporada de 1958 com um Maserati 250F, sempre por inscrição própria, excepto no GP de Portugal, que decorreu no circuito urbano da Boavista, onde alinhou com um carro inscrito pela Scuderia Centro Sud. Tornou-se na primeira de um clube muito pequeno: depois dela, apenas mais quatro mulheres tentaram alinhar num Grande Prémio de Formula 1: as italianas Lella Lombardi e Giovana Amati, a inglesa Divina Galica e a sul-africana Desirée Wilson. E ainda mais extraordinário por ser mulher, alinhou num tempo em que a sociedade era ainda mais machista que é agora, e onde os pilotos jogavam com a vida ao correr a alta velocidade: esse foi o ano em que morreram Luigi Musso, Peter Collins e Stuart-Lewis Evans, e no inicio do ano seguinte, Mike Hawthorn

Nascida de uma família abastada em Nápoles, Filippis começou por se dedicar à equitação antes de se virar para os automóveis. E isso aconteceu por causa de... uma aposta. Aos 22 anos de idade, dois dos seus irmãos apostaram que ela não seria capaz de ir mais veloz numa prova de montanha. Alinhou com um Fiat 500 numa subida entre Salerno e Cava de Tirreni e ela acabou por ganhar. Nos anos seguintes, alinhou em várias provas de Turismos, terminando como vice-campeã italiana em 1954, o suficiente para que a Maserati a contratasse como piloto de fábrica para os carros de Sport.

Nos três anos seguintes, De Filippis conseguiu alguns resultados de relevo, especialmente na Endurance, onde conseguiu ser segunda classificada numa corrida de suporte do GP de Napoles, a bordo de um Maserarti 200S. E no final de 1957, decidiu que iria tentar a sua sorte na Formula 1.

Com um Maserati 250F nas suas mãos, tentou a sua sorte no GP do Mónaco, a segunda prova do ano (a primeira tinha sido na Argentina), mas com 31 inscritos para 16 lugares, as chances eram bem pequenas. Juan Manuel Fangio disse-lhe que ela estava a fazer as curvas "demasiado depressa" e que estava a tomar "demasiados riscos". No final, não conseguiu qualificar-se, arrancando um tempo cinco segundos mais lento do que o "poleman", mas nesses tempos, até era um resultado digno.

Tentou depois a sua sorte em Spa-Francochamps, onde foi a última a qualificar-se e a última a acabar, na décima posição. Mas em Reims, palco do GP de França, sofreu com o machismo dominante: a sua inscrição fora recusada. Anos depois, ela afirmou que quem a recusou foi o diretor de corrida, afirmando que "o único capacete que uma mulher deveria usar era o do cabeleireiro". Mesmo assim, continuou, voltando a competir no GP de Portugal, inscrita pela Scuderia Centro Sud. Qualificou-se na 15ª (e última) posição, mas acabou por se retirar na volta seis, vitima de um problema de motor. Correu também em Monza, qualificando-se na 21ª e última posição, mas a sua corrida acabou na volta 57, por causa de um problema de motor.

De Filippis voltou a tentar a sua sorte no GP do Mónaco de 1959, a bordo de um Behra-Porsche de Formula 2, mas não conseguiu se qualificar. Continuou a correr em provas de Sport, mas a morte de Jean Behra, em agosto, fez com que ela tomasse a decisão de se retirar de vez e constituir família, casando-se em 1960. Quase vinte anos depois, em 1979, regressa ao automobilismo ao juntar-se ao International Club of Former Formula 1 Drivers, e nos últimos anos tem sido vista nas várias reuniões de clássicos, onde chegou a andar várias vezes no Maserati que a tornou famosa.

Depois da aventura de De Filippis, a Formula apenas voltaria a ver uma mulher ao volante em 1974, com outra italiana, Lella Lombardi, onde conseguiu ser a única a pontuar, no GP de Espanha de 1975. Agora, tal como ela, fazem parte da história. Ars lunga, vita brevis.

O homem do dia

O rali Dakar é um lugar diferente. Não é só o "rally raid" mais famoso do mundo, não é só um dos mais duros, onde uma queda pode significar o fim (e não falo só da corrida), mas onde pode acontecer as melhores manifestações de desportivismo. E foi o que aconteceu hoje, em terras bolivianas, quando o austriaco Matthias Walkner, que era o terceiro classificado da geral, caiu duro no chão da sua KTM e quebrou uma perna. E quem o assistiu durante mais de dez minutos até que chegasse o socorro? Nada mais, nada menos do que o líder da categoria, o português Paulo Gonçalves.

Não é a primeira vez que isto acontece neste Dakar. Há dois dias, falei-vos do que fez a espanhola Laia Sanz, quando assistiu um motard francês na zona de Jujuy, na Argentina, assistindo-o enquanto não chegava o socorro, para o poder evacuar para o hospital mais próximo.

Mas o mais fantástico deste dia é que apesar de todos os gestos, o piloto português mantêm - e alarga a sua liderança! Com o australiano Toby Price, o seu mais direto perseguidor, a perder tempo, e feito o devido desconto, o piloto português acabou por ser segundo na etapa, perdendo apenas para o francês Antoine Meo, e numa altura em que os da frente estão a sofrer muito. É que para além de Walkner, Joan Barreda Bort desistiu com o motor partido.

Amanhã é dia de descanso, em Salta, mas este Dakar já esta a ser marcado pela dureza. E por estes gestos. Independentemente disto acabe ou não com o lugar mais alto do pódio (que merece), este gesto que teve hoje já é o suficiente para ganhar todo o nosso respeito e admiração. Todo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A imagem do dia

Tyler Alexander e Bruce McLaren, algures e 1968. As recordações de Alexander, morto ontem aos 75 anos de idade, e de McLaren, eram todas boas. Ali, a relação entre eles era quase fraterna, pois o americano tinha sido o braço-direito e o "faz tudo" de Bruce na oficina que o neozelandês tinha fundado em 1963. Era mecânico e construtor de chassis, mas também era secretário, cronometrista e motorista.

Em setembro de 2013, quando a revista Motorsport escreveu sobre ele e a fotobiografia que estava a lançar (era um excelente fotógrafo) falou sobre ele da seguinte forma: "Se tinha um ego, nunca o mostrou. Mas era o líder, sem dúvida alguma, e confiávamos nele totalmente. Se ele viesse ter contigo num amanhã e dissesse 'OK pessoal, alinhem numa única fila, porque hoje vamos marchar no deserto do Sahara', nós nem perguntávamos porquê, simplesmente seguiamo-o."

Naquele tempo, o americano chegou a viver na casa de Bruce, em Surbiton, nos arredores de Londres, num quarto, enquanto que Bruce e a sua mulher viviam noutro. E claro, o automobilismo estava sempre presente. "Vivia com Bruce e a sua mulher por muito tempo, primeiro no seu apartamento em Surbiton, depois num casa maior com um quarto, e ia para o trabalho com ele todos os dias. Isto chegava ao ponto de quando falava da parte que ele queria colocar num dos seus carros, mal ele acabava a frase, eu estava a começar a trabalhar nela. Era uma pessoa de trato fácil, e mesmo quando não trabalhavas para ele, trabalhavas com ele."

A confiança era tal que em 1970, Alexander estava nos Estados Unidos a cuidar das operações da marca para a USAC e a Can-Am. Em meados de maio, Dennis Hulme, Chris Amon e Peter Revson estavam nas 500 Milhas de Indianápolis quando o primeiro sofreu um incêndio no seu carro, que o queimou as mãos e o colocou fora de campo por cerca de um mês.

McLaren decidira que Revson iria guiar o carro de Formula 1 em Spa-Francochamps, mas na terça-feira anterior ao GP da Bélgica, a 2 de junho, McLaren estava a testar um M8D de Can-Am em Goodwood. Alexander ainda estava em Indianápolis, a tomar o pequeno almoço com Dan Gurney e a arrumar as coisas após a corrida no "Brickyard".

"Naquela terça-feira de manhã ainda estava em Indianápolis, arrumando as coisas para a corrida de Milwaukee, que aconteceria no fim de semana seguinte. Estava a tomar o pequeno almoço com Dan Gurney quando me disseram que tinha uma chamada para mim e fui atender. Do outro lado estava o Teddy, a dizer que o Bruce tinha morrido. Já não recordo que palavras usei, mas a cara de Dan falou mais do que o sentimento de perda que todos nós tínhamos sentido. Fui às garagens e contei aos mecânicos e disse a eles para continuarem com o trabalho. Depois peguei um voo para Londres e fui direito à fábrica".

"Toda a gente estava em choque: que vamos fazer agora? A pessoa que nos iria guiar pelo deserto do Sahara tinha desaparecido. Eu disse: 'Olhem, algo de terrível nos aconteceu. Mas aconteceu. O que nós teremos de fazer é continuar com aquilo que estávamos a fazer. Foi aquilo que o Bruce nos ensinou e agora depende de nós'. Depois Teddy juntou-nos - éramos cerca de 50 na altura - e disse: 'Temos uma corrida de Can-Am na semana que vêm. É melhor trabalharmos nisso'. Depois fomos para o escritório e falamos com o Dan ao telefone, que estava na California."

Uns dias mais tarde, a McLaren estava em Mosport para a primeira prova do campeonato Can-Am, com Gurney no lugar de McLaren e Dennis Hulme - que ainda sofria por causa das queimaduras nas mãos - no outro carro. As coisas foram más na qualificação, que foi marcada marcada pelo acidente mortal do americano Dick Brown, e o pessoal andava nas boxes a fazer modificações constantes nos carros. Tanto que a dez minutos do fim, Gurney não tinha feito qualquer tempo.

"Eu disse ao Dan, 'olha, tens de fazer um tempo'. Então, ele foi para a pista, fez duas voltas e regressou. Pole. E depois ganhou a corrida. Denny ainda não estava em forma - não que fosse um atleta no sentido de ir ao ginásio - mas acabou no terceiro lugar. Depois da corrida, ficou no carro, imóvel, incapaz de tirar as suas mãos cheias de pensos do volante. O que aqueles dois fizeram, tão pouco tempo depois da morte do Bruce, trouxe-nos de volta à vida."

Dakar 2016: Loeb perde a liderança, Gonçalves mantém o comando nas motos

A etapa de hoje à volta de Uyuni, em terras bolivianas, provou ser de autêntica maratona... e de autêntica tareia para os concorrentes. Sebastien Loeb perdeu muito tempo e o comando para Stephane Peterhansel, enquanto que Paulo Gonçalves tem a liderança por um fio, depois de nova vitória de Toby Price, enquanto que Joan Barreda Bort atrasou-se, com problemas na sua moto Honda e Ruben Faria caiu ao chão, fraturando o pulso direito.

Nos carros, a etapa de 542 quilómetros cronometrados resultou em mais uma tripla da Peugeot, com Stephane Peterhansel a bater Carlos Sainz por meros 17 segundos, enquanto que sebastien Loeb atrasou-se um pouco e ficou a oito minutos e 15 segundos do vencedor da etapa. Nasser Al Attiyah foi o quarto, a oito minutos e 51 segundos.

Na classificação geral, a vitória de Peterhansel e a distância que conseguiu sobre Loeb foi mais do que suficiente para que o veterano assumisse a liderança com uma vantagem de 27 segundos sobre loeb, com Carlos Sainz a rodar na terceira posição, a cinco minutos e 55 segundos do primeiro. Nasser Al Attiyah é o melhor dos não-Peugeot, no quarto posto, a quinze minutos e dezanove segundos.

Nas motos, o dia não foi muito bom para as cores portuguesas. Se Paulo Gonçalves já se adaptou melhor e acabou no terceiro posto, mantendo a liderança (apenas 35 segundos separam ele de Toby Price), já Ruben Faria teve azar, caindo na etapa e fraturando o pulso, sendo evacuado de helicóptero para o hospital mais próximo e terminando ali a sua participação no Dakar. A Husqvarna pardia ali o seu ponta de lança na prova. Quanto a Hélder Rodrigues, foi o quinto na especial.

Em termos de etapa, Toby Price voltou a vencer, numa dupla da KTM (o austriaco Matthias Walkner foi o segundo) e também onde Joan Barreda Bort e Kevin Benavides tiveram problemas e atrasaram-se muito. O espanhol parou duas vezes na etapa, e depois descobriu-se que tinha partido o motor, e o argentino perdeu mais de quinze minutos e meio, caindo para a oitava posição. 

Na especial, Gonçalves continua a liderar, com os tais 35 segundos de diferença para Toby Price, enquanto que o terceiro classificado é Walkner, agora a dois minutos e 50 segundos da liderança. Hélder Rodrigues é agora o sexto, a vinte minutos e doze segundos do lider, mas não anda muito longe do quinto, o chileno Pablo Quintanilla.

Amanhã, a caravana do Dakar sairá de Uyuni para regressar a terras argentinas, mais concretamente a Salta, numa etapa que levará 793 quilómetros, 353 dos quais em especial cronometrada.

O "crowdfunding" de Ricardo Teodósio

"Crowdfunding" é uma das palavras que mais se tem ouvido por estes tempos, mas não é outra palavra para dizer "peditório", ou seja, as pessoas pedem a outras para que contribuam com dinheiro para ajudar num determinado projeto, seja ele qual for. São raros os projetos automobilísticos - pelo menos dos que tenho conhecimento - mas hoje surgiu um aqui em Portugal. E por cá, é um nome bem conhecido: Ricardo Teodósio

Piloto do Algarve conhecido por dar espectáculo, Teodósio andou nos últimos tempos a correr a bordo de um Mitsubishi EvoIX, até que no último Rally Casinos do Algarve, ele decidiu alugar um Fiesta R5 e apesar de problemas iniciais, acabou na quinta posição, vencendo um troço e tudo. Agora, tem intenções de fazer uma temporada completa no Campeonato Nacional de Ralis (CNR) e numa altura em que o panorama vai se alargar bastante - fala-se em doze R5! - Teodósio quer se lançar à aventura, fazendo um "crowdfunding" para completar o orçamento. E precisa da nossa ajuda, pedindo dez mil euros para ajudar num orçamento que ele mesmo afirma estar "50 por cento completo".

Eis o seu apelo: "Depois do último Rallye Casinos do Algarve, onde provei que com armas iguais consigo lutar pelas vitórias e consequentemente pelo título máximo nos ralis em Portugal, chegou a altura de dar o passo que faltava.

Neste momento, posso avançar que tenho cerca de 50% do projeto praticamente garantido, mas, para conseguir realmente concretizá-lo, preciso da vossa ajuda e de quem vocês conhecerem.

Graças a todo o apoio nas provas e a todas as mensagens que tenho recebido, surgiu agora a oportunidade de todos mostrarem e contribuírem, apoiando o meu projeto! Espero poder contar com o vosso apoio e dar-vos o espetáculo de que todos gostam...

Vem reforçar a minha equipa e ajuda-me a tentar ser o próximo campeão nacional de ralis!

Juntos conseguiremos!"

O apelo apareceu hoje e até agora já conseguiu cem euros, e o prazo termina a 15 de fevereiro. A ideia é interessante e o que ele pretende è simples: que os seus apoiantes contribuam neste projeto. Vamos a ver se o consegue, não é? Para poder ver (e apoiar, porque não?) podem seguir este link

Youtube Automobile Presentation: A nova temporada do Top Gear... França

Ano passado, a RMC Decouvérte decidiu fazer a sua própria versão do Top Gear. Arranjaram três apresentadores, fizeram algumas coisas fixes e aparentemente as coisas correram suficientemente bem para que fizessem uma segunda temporada, que se vai estrear algures este mês.

Eis o video de apresentação da nova temporada. Parece que não são muito fãs do Fiat Multipla...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Dakar 2016: Carlos Sousa acabou por desistir

O Dakar para Carlos Sousa acabou hoje com uma avaria irreversível para o piloto português. Depois de um começo bem difícil para o piloto português, perdendo mais de duas horas por problemas mecânicos, caindo para a 94ª posição na geral, conseguiu recuperar cerca de 50 lugares até que hoje sofreu um acidente no quilómetro 188 da etapa entre Jujuy e Uyuni, na Bolívia, ao cair num buraco e danificou o seu Mitsubishi de forma irremediável.

Assim sendo, o piloto português de 49 anos teve a sua terceira desistência de uma longa carreira no Dakar, que já vai na sua 17ª participação.

No final do dia, explicou o que se passou: “A especial estava a correr-nos muito bem. Tínhamos já ultrapassado vários carros e seguíamos a um bom ritmo. Só que de repente, começou a chover intensamente, depois a cair granizo e o vidro da frente embaciou totalmente, deixando-nos quase sem visibilidade para a estrada. Abrandei para o Paulo Fiuza poder limpar o vidro, só que em menos de dois segundos estávamos com o carro fora de pista, junto a um precipício e pendurados em duas pedras. O João Franciosi, nosso colega de equipa na Mitsubishi Brasil, ainda nos tentou ajudar, só que na posição em que o carro ficou só mesmo com a ajuda de um camião”, começou por explicar o piloto português.

Tentámos pedir novamente ajuda, mas ninguém quis parar… Vimos o tempo a passar e a temperatura a baixar abruptamente. Com zero graus e a 4.000 metros de altitude, começamos a passar um pouco mal… Foi então que os médicos da prova chegaram e insistiram para abandonarmos o local, porque não nos deixariam passar ali a noite. E assim, viemos de helicóptero até ao acampamento, tristes e desolados por este desfecho. Mas realmente, este não era mesmo o nosso Dakar”, concluiu.

The End: Tyler Alexander (1940-2016)

Tyler Alexander, um dos fundadores da McLaren, em 1965, morreu hoje aos 75 anos. Americano de Boston, trabalhou com Roger Penske e Timmy Mayer, foi fundador da McLaren e um dos braços-direitos de Bruce McLaren até à morte deste, em junho de 1970. Depois ajudou Teddy Mayer até à chegada de Ron Dennis, em 1980, altura em que saiu da equipa e foi trabalhar para a IndyCar, regressando com a Team Haas em 1986, ao lado de Mayer. Após isso, regressou à McLaren em 1989, como diretor de projetos especiais, até 2008, altura em que se reformou.

Ron Dennis, o lider da marca, prestou tributo ao fundador no site oficial"Ao lado de Bruce McLaren, que fundou a empresa McLaren em 1963, Tyler Alexander foi um dos primeiros pilares da nossa empresa - trabalhando duro ao lado de Bruce desde os seus primeiros dias - e Bruce não poderia ter pedido um par resistente de ombros sobre a qual ajudou a construir a reputação da equipa", começou por afirmar.

A sua experiência e sua prática, juntamente com a sua atitude enérgica e otimista, completado pelo seu sentido de humor contagiante seco e satírico, fê-lo extremamente popular entre os funcionários, supervisionando os carros construidos nas oficinas da equipa, e gerindo equipas vencedoras na CanAm e nas 500 Milhas de Indianápolis, e trabalhando com alguns dos maiores pilotos e engenheiros da Fórmula 1.

Muito simplesmente, Tyler viveu e respirou McLaren - e, após sua reforma no final de 2008, durante o qual desempenhou um papel importante na obtenção do sucesso do campeonato do mundo para Lewis Hamilton, ele permaneceu um amigo muito amado e muito valorizado por muitos de nós, visitando regularmente nossa fábrica de Woking para conversar com os nossos amigos mais antigos e mais novos. Tyler era uma pessoa que você podia realmente confiar; nunca iria deixar você em baixo." continuou.

"Na verdade, Tyler foi um dos melhores da velha escola: Trabalhador, humilde e sábio, deixa-nos uma reputação e um legado que permanecerá indelével na história do automobilismo internacional", concluiu.

Nascido a 2 de setembro de 1940 em Boston, Alexander era aluno da Wentworth Institute of Technology quando conheceu Roger Penske, que o ajudou a construir chassis para as corridas da SCCA (Sports Car Championship of America). Pouco dpeois, ia trabalhar com John Meecom, um milionário texano, na construção e modificação de chassis, que conseguiu atrair em 1963 Teddy Mayer, que tinha uma equipa constituida pelo seu irmão mais novo, Timmy Mayer e Peter Revson, todos eles tinham se conhecido na Universidade de Cornell.

No outono desse ano, os Mayer e Revson foram para a Europa e convidaram Alexander para ir com eles no sentido de os ajudar na sua equipa na Formula Junior. Foi nessa altura que conheceram Bruce McLaren, que queria correr na Tasman Series, mas a Cooper não o deixava levar os seus chassis. Assim sendo, decidiu construir dois para a série, ainda ligado à Cooper, mas fundando a Bruce McLaren Motor Company, com Alexander e os Mayer na equipa.

Em 1964, Alexander ajuda a construir o Zerex Special, um ex-Cooper de Formula 1 modificado com um motor Chevrolet para as provas de GT. Ele foi buscá-lo da Florida e levou-o até Nova Iorque, embarcando-o para a Grã-Bretanha, chegando a tempo da corrida em Brands Hatch, batendo o Chaparral de Jim Hall. No ano seguinte, ajudou a construir o modelo M1A, e em 1966, começaram a correr na Formula 1 e na Can-Am, onde tiveram inegável sucesso, chegando ao ponto de em 1969 terem ganho todas as corridas e chamar à competição "The Bruce and Denny Show".

Quando Bruce morreu, a 2 de junho de 1970, durante um teste com um modelo M8D de Can-Am, Alexander, em conjunto com Teddy Mayer e Dennis Hulme, ajudaram a manter a equipa e a fazer com que vencesse o seu primeiro campeonato em 1974, com Emerson Fittipaldi ao volante. Nessa altura, Alexander era o chefe dos mecânicos e já estava envolvido com as operações da marca nos Estados Unidos, primeiro com a Can-Am, e depois, com a IndyCar, onde venceu as 500 Milhas de Indianápolis em 1972, com Mark Donohue. Dois anos depois, Johnny Rutherford fez o mesmo e em 1976, foi a vez de Tom Sneva. Pelo meio, conquistaram o título na USAC.

Em 1979, Alexander foi chamado à Europa para ajudar a equipa na Formula 1. Os bons dias tinham ido embora e não venciam desde o GP dos Estados Unidos de 1977, com James Hunt ao volante. No ano seguinte, Ron Dennis, diretor do Project Four - a instigação da Marlboro - adquiriu 50 por cento da equipa. Alexander - que tinha uma pequena parte da equipa - ficou até 1982, quando se foi embora e voltou para os Estados Unidos, trabalhando para a CART, na Mayer Motor Racing, dando nas vistas em 1984, quando Tom Sneva foi segundo classificado no campeonato.

Mayer depois voltou à Formula 1 na aventura de Carl Haas na categoria máxima do automobilismo, ao lado de Mayer e com pilotos como Alan Jones e Patrick Tambay. Contudo, no final de 1986, a Beatrice retirou o seu apoio e a equipa terminou. Depois trabalhou para a BMW antes de ser chamado por Ron Dennis em 1989 para trabalhar no departamento de projetos especiais da marca, ficando lá até 2008, trabalhado com pilotos como Ayrton Senna, Mika Hakkinen, David Coulthard, Kimi Raikkonen e Lewis Hamilton.

Após a sua reforma, contou a sua carreira através de dois livros. Primeiro, uma fotobiografia, que saiu em 2013, de seu nome "McLaren From the Inside" e dois anos depois, a sua própria biografia, "Tyler Alexander: A Life and Times with McLaren".

Um grande senhor, de uma grande equipa, de um tempo que muitos recordam com nostalgia. Ars lunga, vita brevis, Tyler.

Dakar 2016: Loeb foi de novo o vencedor, Toby Price o melhor nas motos

O Dakar está hoje em terras bolivianas e a bater recordes, pois irá andar a mais de 4100 metros de altitude, em pleno planalto dos Andes, entre San Salvador de Jujuy e Uyuni, já em terras bolivianas. Mas apesar da altitude, apesar de ser a segunda parte de uma etapa-maratona, parece que tudo ficou na mesma na geral, pois Sebastien Loeb e Paulo Gonçalves continuam a ser os lideres nas categorias de automóveis e motos, respectivamente.

Nos automóveis, foi de novo um trio Peugeot a ocupar o pódio da etapa, com Sebastien Loeb a vencer de novo, a terceira vitória neste Dakar. O piloto francês conseguiu uma vantagem de 22 segundos sobre Carlos Sainz, e dois minutos sobre Stephane Peterhansel. Nasser Al Attiyah é o quarto, a três minutos e sete segundos, enquanto que Carlos Sousa teve dificuldades, caindo num buraco no quilómetro 188 e aguarda assistência.

Em termos de geral, Loeb estendeu a sua liderança para sete minutos e 48 segundos para Peterhansel, enquanto que o terceiro é Carlos Sainz, a treze minutos e 26 segundos. Nasser Al-Attiyah é o quarto, e o primeiro dos não-Peugeot, a 14 minutos e 16 segundos, na frente dos Toyotas dos sul-africanos Leeroy Poulter e Giniel de Villiers.

Nas motos, o melhor foram os KTM, que se adaptam melhor a altas altitudes. O australiano Toby Price venceu pela segunda vez neste Dakar, com uma vantagem de dois minutos e 21 segundos sobre o francês Anthony Meo, enquanto que Stefan Svitko foi o terceiro, a dois minutos e 33. O austriaco Matthias Walkner foi o quarto, na frente do primeiro não-KTM, o Honda de Joan Barreda Bort

Hélder Rodrigues foi o melhor português terminando na oitava posição, na frente de Ruben Faria, o décimo, e de Paulo Gonçalves, o 11º, a oito minutos e 56 segundos.

No final, Paulo Gonçalves comentou que a altitude dificultou muito as coisas: “A altitude fez com que tivesse tido dores de cabeça perto do final da tirada. Estou contente porque a moto esteve muito bem e consegui realizar um bom tempo. Amanhã vamos ter outro dia difícil e veremos como vai ser”, comentou.

A altitude fez com que tivesse tido dores de cabeça perto do final da tirada. Estou contente porque a moto esteve muito bem e consegui realizar um bom tempo. Amanhã vamos ter outro dia difícil e veremos como vai ser”, acrescentou.

Na geral, Gonçalves tem agora um avanço de um minuto e 45 segundos sobre Svitko, e um minuto e 47 segundos sobre Toby Price, agora o terceiro. Barreda Bort é o quarto, a dois minutos e 27 segundos, enquanto que Ruben Faria caiu para o oitavo posto, a oito minutos e 13 segundos da liderança. Helder Rodrigues está na 12ª posição, a dezasseis minutos e um segundo.

Amanhã, o Dakar fará nova etapa à volta de Uyuni, em terras bolivianas, num total de 723 quilómetros, dos quais 542 serão feitos em especial competitiva.

Dakar em Cartoons - O dominio dos Peugeot (Cire Box)

Oportuno, como sempre, o "Cire Box" desenha sobre o dominio dos Peugeot nos Dakar, especialmente da parte de Sebastien Loeb, que venceu as duas primeiras etapas competitivas, enquanto que ontem, os carros da marca do "leão" ficaram com as três primeiras posições. E claro, eis o diálogo que a concorrência tem em relação a eles...

- Mas o que é que é aquela nuvem de poeira à nossa frente? - questiona o Hummer de Gordon.

- Os Peugeot 2008 que se encavalitam à nossa frente! - responde o Mini.

- Há, esses ******, eles nos tramaram bem com a nossa aproximação timorata... fomos demasiado cuidadosos! - responde o pickup da direita.

Heróis da Nação

Cada país tem a sua maneira para honrar os seus heróis ao longo da sua história, que claro, varia conforme as gerações. Já se honrou estadistas, e depois atores e escritores, e agora, atletas. Em França, como em Portugal, há o Panteão Nacional, na Grã-Bretanha, enterram-se na Abadia de Westminster. 

No Brasil existe algo semelhante, de seu nome "Panteão da Pátria de da Liberdade", um edificio em Brasilia projetado por Oscar Niemeyer e que ostenta o nome de Tancredo Neves, o presidente da República em 1985, e que morreu antes de tomar posse a 21 de abril desse ano, dia de Tiradentes. Lá dentro existe o "Livro de Aço" (ou o "Livro dos Heróis da Pátria"), onde se escrevem os nomes daqueles que se destacaram em prol do Brasil um pouco por todo o mundo. E entre os critérios para que tal nome fosse escrito, a pessoa em questão teria falecido há pelo menos 50 anos.

E falo isso no passado porque no passado dia 31, a presidente Dilma Rousseff decidiu alterar os critérios, baixando para dez os anos necessários para que a pessoa em questão possa ser escrita nesse livro. E já teve resultados: Leonel Brizola, por exemplo, vai ser escrito dentro em breve no "Livro de Aço".

Mas há quem queira outro nome nesse livro: Ayrton Senna. Segundo conta o sitio Voando Baixo, da Rede Globo, existe uma petição pública a pedir que o nome do piloto morto em 1994 seja colocado nesse "Livro de Aço". A iniciativa, feita por Adilson Carvalho de Almeida, antigo presidente da Torcida Ayrton Senna (TAS), já juntou até agora 1227 assinaturas (parece muito pouco para a dimensão do Brasil...) e ele afirma que ele se enquadra nos requisitos por causa da sua trajetoria no automobilismo mundial. Quando alcançarem um numero de assinaturas significativo (eles não afirmam quais) entregarão a um parlamentar, do qual ele irá propor ao Congresso e ao Senado.

Veremos se a lei passa. E é verdade, os critérios estão lá, e ele merece tal inscrição. E se aqui já colocamos um futebolista no Panteão Nacional, porque não no Brasil?

Os perigos (e solidariedade) do Dakar

O rali Dakar é duro e por vezes coloca pilotos em risco de vida. Raras são as edições que não acabam sem uma morte. E neste ano de 2016, já tivemos um acidente grave na primeira etapa, que deixou dez feridos, dois deles com gravidade. Esta quarta-feira, outro acidente grave aconteceu na etapa-maratona à volta de San Salvador de Jujuy, onde o francês Pierre Alexandre Renet (Pela), da Husqvarna, caiu com gravidade, perdendo a consciência e sendo levado para o hospital local. 

Mas no meio do acidente - ocorrido no quilómetro 400 - um ato de coragem, tipico do Dakar: a piloto espanhola Laia Sanz parou para o poder assistir até à chegada do corpo médico do rali, perdendo mais de 40 minutos. E ainda teve problemas, pois teve problemas com o seu sistema de localização.

Assustei-me bastante quando encontrei Pela estendido no caminho. No primeiro momento, temi pelo pior”, contou Laia. “Eu tentei avisar a organização, mas o Iritrack não funcionava. Eu ouvia a organização, mas eles não me ouviam. Depois de várias tentativas, liguei do meu telefone para Alex Doringer, meu chefe de equipe, para que ele desse o alerta e, pouco depois, o helicóptero médico chegou e o removeu. Mas em todo esse processo passou mais de meia hora”, explicou.

Renet já foi examinado e apesar de um ferimento na cabeça, não apresenta quaisquer traumas. “Infelizmente, Pela caiu hoje”, lamentou Daniel Trauner, o chefe da Husqvarna, equipa onde está Ruben Faria. “Ele passou por exames e avaliações, e não há ossos fraturados”, completou.

Renet era 38º da geral após a terceira etapa, dezassete lugares abaixo de Sanz. E curiosamente, após o longo tempo de paragem, Sanz caiu no final desta etapa para o... 38º posto.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Perto do perigo...

O Ano Novo no Dubai foi tudo menos aborrecido. o incêndio no hotel The Adress, uma torre de 63 andares na noite de 31 de dezembro causou 14 feridos, um deles em estado grave, e causou mais aparato, pois o edificio estava perto do Burj Al Khalifa, o prédio mais alto do mundo. Contudo, o jornal holandês De Telegraaf conta na sua edição de hoje que algumas das pessoas que lá jantavam era a familia... Verstappen. Sim, Jos e Max estavam a jantar, mais as suas companheiras, quando o incêndio os obrigou a serem evacuados. Quem conta isto é o "The Judge" no seu blog

Felizmente, eles tinham marcado quarto um hotel proximo, logo, não foram totalmente afetados pelo que aconteceu. Mas Max afirmou que a experiência foi "bastante assustadora".

Entretanto, a familia já regressou à Holanda, e Max começa já a trabalhar no carro de 2016, que está a ser modificado para acolher o motor Ferrari, depois de em 2015 ter ficado com os Renault, tal como a irmã mais velha, a Red Bull.

Dakar 2016: Peterhansel vence, Gonçalves é o novo lider nas motos

A quarta etapa do Rali Dakar de 2016, um percurso de 429 quilómetros cronometrados à volta de San Salvador de Jujuy, na Argentina, onde os mecânicos não poderão tocar nas máquinas, fez com que Stephane Peterhansel e Paulo Gonçalves fossem os vencedores desta etapa, beneficiando da penalização de Joan Barreda Bort em cinco minutos. Isso fez com que o piloto português passasse a ser o novo lider nas motos. Ruben Faria  foi o segundo na etapa, consolidando o quinto lugar na classificação geral. 

Começando nos carros, o dia foi dominado de novo pelos Peugeot, com uma tripla, mas desta vez foi Stephane Peterhansel o grande vencedor, assinando a sua 66ª vitória em especiais, onze segundos mais veloz do que Carlos Sainz. Sebastien Loeb foi o terceiro na etapa, mas mantêm a liderança no rali. Nasser Al Attiyah foi o quarto, e o melhor dos Mini, na frente de Cyril Després e do árabe Yazid Al-Rahji.

Na geral, Loeb mantêm a liderança com quatro minutos e 48 segundos de vantagem sobre Peterhansel, enquanto que Nasser Al Attiyah é o terceiro, a onze minutos e nove segundos do piloto francês. 

Nas motos, a etapa foi dominada pelo duelo entre Barreda e Gonçalves, com o espanhol a levar a melhor, ficando ambos separados por um minuto e 49 segundos. Contudo, o resultado foi ótimo para o piloto da Honda, pois subiu ao terceiro lugar da geral, agora a dois minutos e meio do seu companheiro da marca japonesa.

Foi uma etapa rápida. Ultrapassei alguns pilotos, o que foi bom, apesar de ter passado muito tempo no pó de alguém. Tudo correu bem. Não tive problemas mecânicos. Estou na posição perfeita para atacar o segundo dia da etapa maratona”, referiu o piloto valenciano da Honda.

Foi uma primeira etapa maratona rápida. Estava perto do Kevim Benavides antes de reabastecer, mas depois cometi um pequeno erro que me custou algum tempo. No final não terminei muito longe do primeiro lugar. Era importante trazer a moto em bom estado. Estou contente por mim e pela Honda”, comentou o piloto de Esposende.

Mas pouco depois, os organizadores decidiram penalizar Barreda em cinco minutos, caindo para o quarto lugar na etapa e fazendo com que o piloto português não fosse só declarado como o vencedor da etapa, como também é o novo lider da geral, com uma vantagem de dois minutos e 17 segundos sobre Kevin Benavides.

Já Ruben Faria foi o segundo, a quatro minutos e 24 segundos do vencedor, continuando a ser o ponta de lança da Husqvarna neste Dakar. Apenas a dois segundos de Faria ficou o local Kevin Benavides, que consolidou o segundo posto da geral. Com este resultado, Faria subiu ao quinto posição da geral.

Quanto a Helder Rodrigues, foi apenas o 14º na etapa, mantendo o 14º posto da geral.

Amanhã, o Dakar sairá de San Salvador de Jujuy para entrar em terras bolivianas, acabando a etapa em Uyuni, no total de 624 quilómetros, 327 dos quais em troço cronometrado.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Dakar 2016: Loeb volta a ser o melhor, Barreda Bort vence nas motos

O terceiro dia do Rali Dakar, a acontecer entre Termas de Rio Hondo e San Salvador de Jujuy, em terras argentinas, terminou tal como ontem, com Sebastien Loeb a vencer a sua segunda especial consecutiva e a alargar a sua vantagem para cinco minutos sobre a concorrência. 

Na etapa de hoje, o piloto francês conseguiu ser o melhor sobre o seu companheiro de equipa, Carlos Sainz, em um minuto e 23 segundos, enquanto que Nasser Al Attiyah foi o terceiro, a um minuto e 25 segundos do piloto francês. Giniel de Villiers foi o quarto, a dois minutos e dois segundos, mais 47 segundos do que o finlandês Mikko Hirvonen. Já Carlos Sousa chegou na 27ª posição a Jujuy, depois de ter dito que teve problemas mecânicos na especial do dia anterior.

Na geral, Loeb lidera, com um avanço de cinco minutos e três segundos sobre De Villiers, enquanto que Stephane Peterhansel é o terceiro, a cinco minutos e 15 segundos. Hirvonen é o quarto, a cinco minutos e 52 segundos, enquanto que Nasser Al-Attiyah é o quinto, a seis minutos e 39 segundos. Já Carlos Sousa subiu para o 69º posto, recuperando 25 lugares.

Nas motos, os melhores foram todos Honda. Juan Barreda Bort foi o melhor na etapa, com um avanço de dois minutos e 26 segundos sobre o argentino Kevin Benavides e dois minutos e 32 segundos sobre Paulo Gonçalves. Ruben Faria, na sua Husqvarna, foi o sétimo na etapa, a cinco minutos e 387 segundos do vencedor, enquanto que Helder Rodrigues atrasou-se um pouco.

No final, Barreda Bort afirmou: “Hoje foi um bom dia, depois de ontem ter aberto a pista, o que tornou as coisas mais difíceis. Tive um bom ritmo num dia que foi fácil, sem navegação. Apenas tive de dar tudo e manter-me concentrado. As diferenças são mínimas, pelo que o mais importante é estar a lutar com os pilotos e esperar pelas etapas de maior dificuldade”.

Já Ruben Faria explicou à Autosport portuguesa que iniciou a “especial com um ritmo calmo seguindo mais uma vez a estratégia delineada. A cerca de 80km do fim da especial reparei que algo estava errado quando quis trocar de gasolina do depósito traseiro para o dianteiro, percebi nessa altura que estava a ficar sem gasolina o que me obrigou a rolar muito devagar até final perdendo algum tempo para os primeiros”.

Na geral, Barreda Bort lidera, mas tem um avanço de "apenas" de 14 segundos sobre o eslovaco Stefan Svitko, e 48 segundos sobre Kevin Benavides. Paulo Gonçalves é o quarto, a um minuto e 48 segundos, mais dois segundos do que Charles Duclos. Ruben Faria é oitavo, a três minutos e 57 segundos, enquanto que Helder Rodrigues é 15º, a oito minutos e 25 segundos,

E não deu para mais, porque quando os camiões passaram, o piso cedeu, fazendo com que a especial fosse anulada.

A etapa de amanhã, a quarta será um especial de maratona, à volta de San Salvador de Jujuy, no total de 629 quilómetros, dos quais 429 serão em troços cronometrados. E vai ser uma etapa bem dificil, pois andarão a mais de 3500 metros, e no final do dia, os mecânicos não poderão tocar nos veículos, indo diretamente para parque fechado.

Quando o comediante fala com o presidente

Francamente, sempre gostei do Jerry Seinfeld, apesar de confessar que demorou um pouco a entender o humor que ele tinha nos anos 90, mesmo no alto dos meus então vinte, 21 anos de idade. Contudo, as coisas mudaram um pouco depois de saber que ele é um "petrolhead" e tinha uma vasta coleção de carros, incluindo um 917 de corridas.

Quando ele começou a fazer pela Net a sua série de "Comediantes em Carros a beber Café", era como juntar dois mundos aparentemente diferentes. Parecendo aparentemente não terem nada em comum, na realidade, as coisas eram mais parecidas do que imaginavas. Muitos desses comediantes adoram carros, outros gostam de ser tão excêntricos como os carros que andam. Um bom exemplo é o episódio do Jimmy Fallon.

Contudo, há uma notória excepção, que aconteceu agora, para inaugurar a nova temporada: "El Presidente". Num Corvette Stingray de 1963, ele e o titio Obama (isto é raro nele e no programa e rarissimo em presidentes) e ali eles falam de forma divertida das razões porque ele tem de ficar preso numa espécie de "gaiola dourada" (e foram tomar café na cafetaria da Casa Branca) e claro, falam sobre os limites de liberdade, entre outras coisas.

Parecendo que não, Obama é um tipo porreiro, e daqui a um ano, quando passar o testemunho a outro (parece ser mais outra...), será certamente uma pessoa bem mais aliviada. Enfim, vejam tudo isso e muito mais no episódio deles, a partir deste link

A imagem do dia

Hoje passa exatamente um ano sobre o desaparecimento de Jean-Pierre Beltoise, piloto francês que correu entre 1967 e 1974 por marcas como a Matra e a BRM. Começando a carreira nas motos, pasosu para o automobilismo e tornou-se na esperança francesa para voltar a vencer corridas, desde Maurice Trintignant, no GP do Mónaco de 1958. Contudo, ele foi superado, meses antes, pelo seu compatriota Francois Cevért. Que era... seu cunhado.

 A imagem de hoje relata a sua única vitória na Formula 1, no GP do Mónaco de 1972, catorze anos depois da vitória de Trintignant. Mas também foi a última vitória da BRM na categoria máxima do automobilismo, corrida debaixo de uma chuva inclemente, onde ele conseguiu levar a melhor num circuito citadino e travado, como é Mónaco.

Mas a sua carreira não foi só este momento. Beltoise conseguiu oito pódios e quatro voltas mais rapidas, e em 1968 e 1969 foi o fiel escudeiro de Jackie Stewart na Matra, correndo com o motor Matra V12 enquanto que Stewart dominava com o Cosworth V8. Mas Beltoise não foi com eles quando em 1970, Ken Tyrrell decidiu ter a sua própria equipa. Irónicamente, o seu lugar, depois de algumas corridas com Johnny Servoz-Gavin, foi para Cevért, irmão da sua segunda mulher, Jacqueline.

A sua lealdade à Matra deu-lhe também muitas vitórias na Endurance e ajudou à chegada de uma nova geração de pilotos franceses, como Jean-Pierre Jabouille, Jacques Laffite ou Patrick Depailler, mas em 1971, a sua carreira parecia estar em perigo quando ele empurrou o seu Matra no meio da pista, causando uma colisão com o Ferrari 512 de Ignazio Giunti, causando a sua morte. A sua licença foi retirada e muitos pediram a sua cabeça, e isso afetou um pouco a sua capacidade de condução, recuperada no ano seguinte, na BRM. Até ao final de 1974, conseguiu maus um pódio, e foi o último a pontuar na marca, com um quinto lugar no GP da Bélgica, em Nivelles.

No final, ajudou no projeto da Ligier, em 1975-76 mas acabou por ser preterido por Jacques Laffite. Gerard Ducarouge, o projetista do primeiro carro da marca, disse anos depois que ele estava fora de forma e o avisou acerca disso, mas ele não deu importância ao assunto. Passada a história da Formula 1 (tinha 39 anos), decidiu envolver-se nos Turismos, correndo até finais da década de 80, altura em que os seus filhos também começaram a pensar em se envolver no automobilismo, onde tiveram carreira nos GT's e Turismos.

GP Memória - Africa do Sul 1966

A meio da década de 60, o Ano Novo para muitos pilotos de Formula 1 era passado em paragens sul-africanas, onde se disputavam algumas corridas por lá, integrados no campeonato local de Formula 1 (Sim, existiu. E escrevi sobre eles há pouco tempo), e por vezes o dia de Ano Novo era aproveitado para correr a principal prova do calendário local: o GP da África do Sul.

Em 1966, iriam entrar as novas regras em relação aos motores, que iriam dobrar dos 1.5 litros para os 3 litros, com a maior parte das equipas a construírem motores V12. Contudo, isso era algo que ainda estava no começo, e teriam de arranjar algumas soluções provisórias enquanto os motores definitivos não estavam prontos. E na África do Sul, a corrida veio tão em cima dessa mudança de regulamento que decidiu ser uma prova extra-campeonato, já que iria ser corrido a partir do ano seguinte no circuito de Kyalami, que estava a passar por obras de remodelação.

Apesar disso, algumas equipas oficiais iram participar por ali. A Brabham trouxe dois carros para Jack Brabham  -o único que tinha um carro pronto de acordo dom as novas especificações - e Dennis Hulme, enquanto que a Lotus trazia dois modelos 33 com motor Climax para Mike Spence e Peter Arrundel, que regressava à competição após um ano de ausência devido a um acidente a meio de 1964 em Reims. Já Rob Walker trazia dois Lotus-Climax para Jo Siffert e Jo Bonnier, enquanto que Reg Parnell tinha dois Lotus, um com motor BRM para Innes Ireland, e outro com motor Climax para o australiano Paul Hawkins.

Um BRP também alinhava nesta corrida, para o americano Richie Ginther, enquanto que Bob Anderson alinhava com o seu Brabham BT11 privado.

Já do lado local, eram muitos pilotos, capazes de baterem o pé aos estrangeiros. A scuderia Scribante tinha Dave Charlton e Jackie Pretorious, o primeiro num Brabham-Climax e o segundo num Cooper-Climax, enquanto que o resto alinhava em inscrições individuais. John Love tinha dois carros em seu nome, ambos Cooper-Climax, com o segundo a ser corrido por Tony Jeffries, enquanto que Pieter de Klerk estava num Brabham, Douglas Serruier num LDS-Climax, Sam Tingle num LDS e Clive Puzey num Lotus-Climax. Para finalizar, estava o britânico David Prophet, num Lotus com motor Maserati.

Como seria de esperar, Jack Brabham e Dennis Hulme ficaram com a primeira fila da grelha, com Brabham a ser o melhor, enquanto que Mike Spence entre eles, na segunda posição. John Love era o melhor dos locais, sendo quarto na grelha no seu Cooper. Innes Ireland era o quinto, seguido por Richie Ginther, enquanto que Pieter de Klerk foi o sétimo, seguido por Bob Anderson, enquanto que a fechar o “top ten” estavam o Lotus de Jo Bonnier e o Brabham de Dave Charlton.

O dia da corrida acontecia debaixo de céu nublado e alguma chuva, apesar de ter parado por alturas do inicio da corrida. Na partida, Mike Spence conseguiu ser mais veloz do que os Brabham e ficou com o primeiro posto, enquanto que atrás, John Love tinha problemas e perdia tempo para ajustar o volante, antes de largar e recuperar o tempo perdido.

Na segunda volta, Brabham passou Spence e começou a afastar-se dele, ganhando segundo após segundo nas voltas seguintes, enquanto que ele aguentava Dennis Hulme, enquanto que Innes Ireland era o quarto, adiante de De Klerk. Entretanto, a pista começou a secar por completo e a distância entre Brabham e Spence estava estabilizada nos cinco segundos, ao mesmo tempo que aconteciam as primeiras desistências, com Ginther a despistar-se e a bater em Bonnier, sem consequências fisicas.

Outro dos que se despistaram foi Bob Anderson, com os comissários de pista a decidiram empurrá-lo para o colocar de novo na pista. Isso aconteceu, mas a organização decidiu depois desclassificá-lo por este gesto.

Nada de especial aconteceu até à volta 49, quando a bomba de injeção do carro de Jack Brabham avariou, colocando-o de lado e terminando ali a sua impressionante corrida. Isso deixou Mike Spence na liderança, e isso aconteceu até ao final, com quase duas voltas (!) de avanço sobre Jo Siffert. Peter Arrundell era o terceiro, enquanto que Dave Charlton foi o melhor dos locais, na frente de Sam Tingle e John Love. 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Dakar 2016: Loeb foi o melhor na segunda etapa

A encurtada segunda etapa do Dakar, entre Villa Carlos Paz e Termas de Rio Hondo, pode ter acontecido sem chuva, mas os terrenos continuam saturados da tanta água que caiu nas últimas semanas naquela região. Tanto que nos automóveis foram vários os carros que se atascaram nas estradas, entre eles Robby Gordon e Carlos Sainz.

Contudo, no final, quem levou a melhor foi um ex-piloto de ralis, Sebastien Loeb. O piloto francês da Peugeot conseguiu levar a melhor com uma vantagem de dois minutos e 23 segundos sobre Stephane Peterhansel e três minutos e um segundo sobre Giniel de Villiers. Aliás, esta foi uma etapa em grande para os ex-pilotos de rali, pois Mikko Hirvonen foi quinto, no seu Mini, seguido por Nasser Al-Attiyah, em oitavo, e por Martin Prokop que foi o nono. Yazid Al Rahji foi o 12º e Carlos Sainz o 14º, pois se atrasou em mais de cinco minutos devido às condições difíceis das estradas argentinas. 

Nas motos, o melhor foi o australiano Toby Price, que conseguiu vinte segundos de vantagem sobre o português Ruben Faria, o segundo classificado, a bordo de um Husqvarna. O eslovaco Stefan Svitko, numa KTM, foi o terceiro, enquanto que Paulo Gonçalves foi o sexto melhor, na sua Honda. Já Helder Rodrigues foi vitima de um erro de navegação no inicio da etapa e perdeu sete minutos e meio para o vencedor.

Amanhã, o rali continua em terras argentinas, entre Termas de Rio Hondo e Santiago del Estero, num total de 663 quilómetros, 314 dos quais feitos em especial cronometrada.

A América do Sul trabalha para ficar com o Dakar

Como sabem, existe a possibilidade de num futuro próximo o Dakar poder regressar a terras africanas, mas a América do Sul pode estar a esforçar-se para que eles fiquem por ali por mais tempo. Isto, se darmos credibilidade a uma ideia de cinco países para fazer um rali o mais extenso possível, num formato de ferradura, com partida em terras chilenas e chegada a Punta del Este.

O jornal espanhol Mundo Deportivo fala nesta segunda-feira que cinco países sul-americanos - Argentina, Chile, Bolivia, Paraguai e Uruguai, trabalham nesse sentido, e estão a tentar incluir o Brasil no percurso, para que se faça uma prova extensa e com uma dimensão dita "épica", com começo em Valparaíso. A ideia é convencer os chilenos de que é uma opção viável (eles sempre foram ponto de chegada e nunca de partida), e para isso, a ASO quer falar com a presidente chilena, Michele Bachelet, para solucionar os problemas económicos e políticos, para além dos ambientais, que impediram o Chile de receber o Dakar este ano.

Para além disso, a ASO quer também falar com os governos do Paraguai e do Uruguai, que também expressaram interesse em receber o Dakar nas suas terras, e até colocar Punta del Este como destino final, escapando um pouco a Argentina como poiso quer de partida, quer de chegada, algo que tem acontecido desde que o Dakar está em paragens sul-americanas, em 2009.

Mas também a organização por trás do Rali Dakar poderá querer integrar o Brasil no itenerário. Essa hipótese existiu desde sempre, mas as negociações nunca chegaram a bom porto, especialmente quando se falou na chance de terem o Dakar naquela zona para complementar as grandes realizações que iriam receber então, nomeadamente o campeonato do mundo de futebol e os Jogos Olimpicos.

Veremos no que vai dar, mas aparentemente, a América do Sul está a esforçar-se para ter o rali naquela parte do mundo.

No Nobres do Grid deste mês...

(...) "Em janeiro de 1977, [Thierry] Sabine decide participar no Rally Abidjan-Nice numa moto Yamaha XT500, na companhia de três amigos, Dominique Sauvêtre, Patrick Schaal e Uwe Ommer. As coisas correm sem problemas até que o rali entre no deserto do Sahara, numa zona no sudoeste da Libia. Sabine fica sem gasolina na sua moto e decide caminhar em busca de assistência durante três dias, debaixo de um calor intenso, com mais de 45 graus de temperatura. Quando estava prestes a desistir, um avião aparece e acaba por salvá-lo. O avião tinha aparecido por acaso, pois a organização já o tinha dado como perdido. Após ter encontrado, o piloto lhe disse: “Meu amigo, depois disto, tudo o que você viver será lucro”. Depois de ser assistido, regressa à França, onde a imprensa lhe dá destaque por causa da aventura que tinha vivido."

(...)

"Tudo ficou pronto para a partida da primeira edição, na véspera de ano Novo de 1979. O rali começava em Paris, e a caravana ia até Sête, onde embarcariam um ferry-boat rumo a Argel, a capital da Argélia, e atravessavam o deserto do Sahara até atravessarem a fronteira do Nigel, o Mali (com um dia de repouso em Gao) para por fim, chegarem ao seu destino, o Senegal. 140 concorrentes aparecem no rali, e o vencedor é Alain Genestier, em carros, e Cyril Neveu, em motos. O rali se torna num sucesso, e Sabine, questionado sobre o que deveria ser este rali, responde “Um desafio para os que partem, um sonho para os que ficam”. Tornou-se no lema do rali para os anos seguintes, que cedo começa a mostrar a sua periculosidade, com a primeira morte a ocorrer na primeira edição, um motard francês, de seu nome Patrick Dodin, que é projetado quando tentava ajeitar o seu capacete."

(...)

"Quando o Dakar entra na sua sétima edição em 1986, já era uma prova incontornável no automobilismo. Entre carros, motos e camiões, nesse ano, estavam inscritos 486 veículos, e marcas oficiais como Porsche e Mercedes fazem parte do rali, entre as dezenas de pilotos amadores e entusiastas, vindos um pouco por todo o mundo."

"E também se sabia que era um rali perigoso, pois todos os anos morria sempre alguém normalmente motards, que caíam a alta velocidade nas classificativas do deserto, mas também havia espectadores atropelados pelos carros em alta velocidade. E o rali, que começara em Paris no 1º de janeiro, começava mal quando na madrugada do dia 2, nos arredores de Sête, o motard japonês Yazko Kaneko é mortalmente atropelado por um condutor em sentido contrário. Veio-se a saber depois que esse condutor estava alcoolizado."

(...)

"Para Sabine, agora com 36 anos, os acidentes fazem parte do espetáculo, e o que interessa é fazer que tudo corra sobre rodas. Numa roda-viva entre as diversas autoridades, e verificar o estado dos pilotos, entre outros, Sabine desloca-se num helicóptero Ecreuil, sempre disponível para as suas deslocações." (...)

No próximo dia 14 de janeiro, numa altura em que o Rali Dakar estará a acabar em terras argentinas, passarão 30 anos sobre o acidente mortal de Thierry Sabine, que ocorreu na zona de Gourma-Rhaous, no Mali, quando o seu helicópetro tinha batido contra uma duna no final desse dia e no meio de uma tempestade. Para além de Sabine e do seu piloto, iam também o cantor Daniel Balavoine e os jornalistas Nathalie Odent e Jean-Paul Le Fur, e todos tiveram morte imediata.

Trinta anos depois, o legado de Sabine continua forte, mas noutro continente. E mesmo em África, provas como o Africa Race continuam a existir, palco de muitos entusiastas, que pretendem correr nas areias do deserto do Sahara, passando por condições extremas, só para viver a aventura. Tudo isto e muito mais pode ser lido este mês no site Nobres do Grid

Noticias: Etapa do Dakar vai ser encurtada

Os organizadores do Rali Dakar anunciaram na noite deste domingo que a segunda etapa do Rali Dakar, que irá ligar as localidades de Villa Carlos Paz e Termas de Rio Hondo, irá ser encurtada devido aos estragos que as tempestades estão a fazer naquela zona da Argentina. 

Para as motos e os quads, a etapa será encurtada dos 450 quilómetros para os 354, enquanto que para os carros e camiões, este será reduzido dos 510 para os 387 quilómetros. Os organizadores esperam que mesmo com este encurtamento, a etapa acontecerá na mesma, marcando o verdadeiro arranque da edição de 2016 do Rali Dakar.

"O especial vai terminar no CP (checkpoint) 4", começou por dizer o diretor esportivo Marc Coma. "Além disso, existem novas modificações na rota entre o quilómetro 147 e o 170. Uma equipa já fez a rota de amanhã e aprovou o percurso. Outras equipas estão nessa rota e estarão lá durante esta noite para que possamos ter o ok final", concluiu.

Coma também disse que estará atento aos espectadores, depois do acidente de sábado, no Prólogo, onde dez deles ficaram feridos: "Iremos estar em alerta para os fãs. Esperamos ter muita gente na zona de Córdoba. Temos que ter cuidado extra nas três zonas reservadas para o público", comentou.