Tyler Alexander e Bruce McLaren, algures e 1968. As recordações de Alexander, morto ontem aos 75 anos de idade, e de McLaren, eram todas boas. Ali, a relação entre eles era quase fraterna, pois o americano tinha sido o braço-direito e o "faz tudo" de Bruce na oficina que o neozelandês tinha fundado em 1963. Era mecânico e construtor de chassis, mas também era secretário, cronometrista e motorista.
Em setembro de 2013, quando a revista Motorsport escreveu sobre ele e a fotobiografia que estava a lançar (era um excelente fotógrafo) falou sobre ele da seguinte forma: "Se tinha um ego, nunca o mostrou. Mas era o líder, sem dúvida alguma, e confiávamos nele totalmente. Se ele viesse ter contigo num amanhã e dissesse 'OK pessoal, alinhem numa única fila, porque hoje vamos marchar no deserto do Sahara', nós nem perguntávamos porquê, simplesmente seguiamo-o."
Naquele tempo, o americano chegou a viver na casa de Bruce, em Surbiton, nos arredores de Londres, num quarto, enquanto que Bruce e a sua mulher viviam noutro. E claro, o automobilismo estava sempre presente. "Vivia com Bruce e a sua mulher por muito tempo, primeiro no seu apartamento em Surbiton, depois num casa maior com um quarto, e ia para o trabalho com ele todos os dias. Isto chegava ao ponto de quando falava da parte que ele queria colocar num dos seus carros, mal ele acabava a frase, eu estava a começar a trabalhar nela. Era uma pessoa de trato fácil, e mesmo quando não trabalhavas para ele, trabalhavas com ele."
A confiança era tal que em 1970, Alexander estava nos Estados Unidos a cuidar das operações da marca para a USAC e a Can-Am. Em meados de maio, Dennis Hulme, Chris Amon e Peter Revson estavam nas 500 Milhas de Indianápolis quando o primeiro sofreu um incêndio no seu carro, que o queimou as mãos e o colocou fora de campo por cerca de um mês.
McLaren decidira que Revson iria guiar o carro de Formula 1 em Spa-Francochamps, mas na terça-feira anterior ao GP da Bélgica, a 2 de junho, McLaren estava a testar um M8D de Can-Am em Goodwood. Alexander ainda estava em Indianápolis, a tomar o pequeno almoço com Dan Gurney e a arrumar as coisas após a corrida no "Brickyard".
"Naquela terça-feira de manhã ainda estava em Indianápolis, arrumando as coisas para a corrida de Milwaukee, que aconteceria no fim de semana seguinte. Estava a tomar o pequeno almoço com Dan Gurney quando me disseram que tinha uma chamada para mim e fui atender. Do outro lado estava o Teddy, a dizer que o Bruce tinha morrido. Já não recordo que palavras usei, mas a cara de Dan falou mais do que o sentimento de perda que todos nós tínhamos sentido. Fui às garagens e contei aos mecânicos e disse a eles para continuarem com o trabalho. Depois peguei um voo para Londres e fui direito à fábrica".
"Toda a gente estava em choque: que vamos fazer agora? A pessoa que nos iria guiar pelo deserto do Sahara tinha desaparecido. Eu disse: 'Olhem, algo de terrível nos aconteceu. Mas aconteceu. O que nós teremos de fazer é continuar com aquilo que estávamos a fazer. Foi aquilo que o Bruce nos ensinou e agora depende de nós'. Depois Teddy juntou-nos - éramos cerca de 50 na altura - e disse: 'Temos uma corrida de Can-Am na semana que vêm. É melhor trabalharmos nisso'. Depois fomos para o escritório e falamos com o Dan ao telefone, que estava na California."
Uns dias mais tarde, a McLaren estava em Mosport para a primeira prova do campeonato Can-Am, com Gurney no lugar de McLaren e Dennis Hulme - que ainda sofria por causa das queimaduras nas mãos - no outro carro. As coisas foram más na qualificação, que foi marcada marcada pelo acidente mortal do americano Dick Brown, e o pessoal andava nas boxes a fazer modificações constantes nos carros. Tanto que a dez minutos do fim, Gurney não tinha feito qualquer tempo.
"Eu disse ao Dan, 'olha, tens de fazer um tempo'. Então, ele foi para a pista, fez duas voltas e regressou. Pole. E depois ganhou a corrida. Denny ainda não estava em forma - não que fosse um atleta no sentido de ir ao ginásio - mas acabou no terceiro lugar. Depois da corrida, ficou no carro, imóvel, incapaz de tirar as suas mãos cheias de pensos do volante. O que aqueles dois fizeram, tão pouco tempo depois da morte do Bruce, trouxe-nos de volta à vida."
Naquele tempo, o americano chegou a viver na casa de Bruce, em Surbiton, nos arredores de Londres, num quarto, enquanto que Bruce e a sua mulher viviam noutro. E claro, o automobilismo estava sempre presente. "Vivia com Bruce e a sua mulher por muito tempo, primeiro no seu apartamento em Surbiton, depois num casa maior com um quarto, e ia para o trabalho com ele todos os dias. Isto chegava ao ponto de quando falava da parte que ele queria colocar num dos seus carros, mal ele acabava a frase, eu estava a começar a trabalhar nela. Era uma pessoa de trato fácil, e mesmo quando não trabalhavas para ele, trabalhavas com ele."
A confiança era tal que em 1970, Alexander estava nos Estados Unidos a cuidar das operações da marca para a USAC e a Can-Am. Em meados de maio, Dennis Hulme, Chris Amon e Peter Revson estavam nas 500 Milhas de Indianápolis quando o primeiro sofreu um incêndio no seu carro, que o queimou as mãos e o colocou fora de campo por cerca de um mês.
McLaren decidira que Revson iria guiar o carro de Formula 1 em Spa-Francochamps, mas na terça-feira anterior ao GP da Bélgica, a 2 de junho, McLaren estava a testar um M8D de Can-Am em Goodwood. Alexander ainda estava em Indianápolis, a tomar o pequeno almoço com Dan Gurney e a arrumar as coisas após a corrida no "Brickyard".
"Naquela terça-feira de manhã ainda estava em Indianápolis, arrumando as coisas para a corrida de Milwaukee, que aconteceria no fim de semana seguinte. Estava a tomar o pequeno almoço com Dan Gurney quando me disseram que tinha uma chamada para mim e fui atender. Do outro lado estava o Teddy, a dizer que o Bruce tinha morrido. Já não recordo que palavras usei, mas a cara de Dan falou mais do que o sentimento de perda que todos nós tínhamos sentido. Fui às garagens e contei aos mecânicos e disse a eles para continuarem com o trabalho. Depois peguei um voo para Londres e fui direito à fábrica".
"Toda a gente estava em choque: que vamos fazer agora? A pessoa que nos iria guiar pelo deserto do Sahara tinha desaparecido. Eu disse: 'Olhem, algo de terrível nos aconteceu. Mas aconteceu. O que nós teremos de fazer é continuar com aquilo que estávamos a fazer. Foi aquilo que o Bruce nos ensinou e agora depende de nós'. Depois Teddy juntou-nos - éramos cerca de 50 na altura - e disse: 'Temos uma corrida de Can-Am na semana que vêm. É melhor trabalharmos nisso'. Depois fomos para o escritório e falamos com o Dan ao telefone, que estava na California."
Uns dias mais tarde, a McLaren estava em Mosport para a primeira prova do campeonato Can-Am, com Gurney no lugar de McLaren e Dennis Hulme - que ainda sofria por causa das queimaduras nas mãos - no outro carro. As coisas foram más na qualificação, que foi marcada marcada pelo acidente mortal do americano Dick Brown, e o pessoal andava nas boxes a fazer modificações constantes nos carros. Tanto que a dez minutos do fim, Gurney não tinha feito qualquer tempo.
"Eu disse ao Dan, 'olha, tens de fazer um tempo'. Então, ele foi para a pista, fez duas voltas e regressou. Pole. E depois ganhou a corrida. Denny ainda não estava em forma - não que fosse um atleta no sentido de ir ao ginásio - mas acabou no terceiro lugar. Depois da corrida, ficou no carro, imóvel, incapaz de tirar as suas mãos cheias de pensos do volante. O que aqueles dois fizeram, tão pouco tempo depois da morte do Bruce, trouxe-nos de volta à vida."
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