Depois de uma pausa necessária, a Formula 1 regressou ao Reino Unido, numa fase onde eles pedem aos estrangeiros que respeitem leis de quarentena rigorosas, e submetem os seus a um confinamento, caso vão de férias para algum destino turistico que esteja em "zona vermelha", como a Peninsula Ibérica. Há duas ironias nisto: a primeira é que as interdições podem ser contornadas no espaço Shengen. A segunda é que o próprio Reino Unido tem mais casos do que, por exemplo, Portugal, um dos países do qual se queixa as medidas apertadas que impedem a chegada dos turistas...
Antes do fim de semana automobilístico, a noticia da substituição de Sergio Perez por Nico Hulkenberg devido à doença do mexicano causou espanto no paddock, especialmente depois de este ter andado a fazer a sua vida sem máscara. Depois, justificou a sua ida ao México por causa de um acidente envolvendo a sua mãe. Independentemente do que aconteceu, o problema é outro, ou outros: há gente que está fechado em casa, voluntariamente, há mais de cem dias, e tenta cumprir todos os termos da quarentena com as consequências físicas e mentais que tal acarreta, enquanto há quem se ache privilegiado e atua como se nada existisse, e ainda por cima, o México é um dos piores sítios neste momento em termos de doença.
Dito isto, desejam-se as melhoras ao piloto e que volte depressa, mas provavelmente a sua situação na Racing Point pode ter se deteriorado ainda mais.
Debaixo de céu nublado, num tempo típico de julho no Reino Unido - curiosamente, estão mais de 30 graus na zona... - havia novidades ainda antes de saírem à pista, com Daniil Kvyat os carros começaram a fazer os seus tempos num Silverstone vazio, o que é algo estranho mesmo nestes tempos estranhos que vivemos. Em pouco tempo, os Mercedes marcaram os seus tempos, ficando com os dois primeiros lugares, enquanto Leclerc e Stroll ficavam a seguir, enquanto Vettel era apenas oitavo. Pouco depois, Max Verstappen fica entre os Mercedes, com 1.26,115, com Albon a ser sexto.
Enquanto era assim nos lugares da frente, atrás. Lando Norris tinha dificuldades em marcar um tempo, fazendo companhia aos Alfa Romeo, o Williams de Nicholas Lattifi, e o Haas Kevin Magnussen. Quando finalmente marcou, conseguiu o décimo melhor tempo, entrando Romain Grosjean na zona de perigo.
No final, entre os que ficaram de fora, eram quatro os carros com motor Ferrari: os Haas e os Alfa Romeo, mais o carro de Nicholas Latiffi, que ainda se despistou quando fazia um tempo mais veloz. George Russell passou por ele nesse momento, e houve quem dissesse que ele não abrandou na altura. Os comissários verificaram e como ele foi correr na Q2, queria dizer que não fez nada de errado.
Começando a Q2 com a maior parte dos pilotos a usarem os médios, as coisas começaram com Bottas a fazer 1.25,015 com médios, ao mesmo tempo que Hamilton teve problemas e fez um pião, voltando à pista e estragando um jogo de pneus. A gravilha que espalhou na pista foi o suficiente para que os comissários agitassem a bandeira vermelha, para que varressem a gravilha espalhada no asfalto.
Poucos minutos depois, a sessão recomeçou com Hamilton a manter os médios e a tentar uma volta suficientemente boa para a Q3. Quando conseguiu, fez 1.25,347, dois décimos mais lento que Bottas. No final, a luta era para ver quem conseguia entrar na fase final. Hulkenberg andou perto, mas falhou por 65 centésimos. Lando Norris andou aflito, mas passou, a mesma coisa não poderia dizer Alex Albon, que já se viu ter um problema nas qualificações, por agora.
Assim sendo, para além de Mercedes, Ferrari, McLaren e Renault, o Racing Point de Lance Stroll - que anda a melhorar a olhos vistos - e o Red Bull de Max Verstappen estavam na Q3.
Para a fase final, ou se quiserem, como Lewis Hamilton acabou com a 91ª pole-position da sua carreira, a versão mais simples é dizer que foi mais veloz. Mas para ser o mais rápido, tinha de estar inspirado, e esteve, para fazer 1.24,303, recorde do circuito e ficar a mais de três décimos de Valtteri Bottas. E claro, deixando Max Verstappen a ser "o melhor do resto" a praticamente um segundo. São carros de outra galáxia, mas esforçam-se por sê-lo, essa é a parte que conta.
Atrás dos três primeiros, Charles Leclerc foi quarto, na frente dos McLaren, enquanto Vettel foi só décimo. E entre eles ficaram os Renault e um Lance Stroll que, sendo sexto, aproveita bem a ausência de Perez para consolidar o seu estatuto nos cor de rosa.
Amanhã há mais. E com bom tempo previsto para domingo, parece que isto será um passeio para os Flechas Negras.