Em 1976, os motores Cosworth eram reis no pelotão da Formula 1, estando em quase todas as equipas. Apenas Ligier, BRM e Ferrari não tinham motores V8 britânicos, mas nesse ano, a Brabham decidiu ir contra a corrente das outras equipas, conseguindo arranjar um motor flat-12 da Alfa Romeo, tentando ser tão competitivo quanto a Ferrari, que tinha vencido no ano anterior. Essa transferência não teve sucesso, mas a Brabham conseguiu dar nas vistas durante esse tempo. Quarenta anos após a sua estreia, hoje falo do Brabham BT 45, mais uma criação da equipa de
Bernie Ecclestone, proveniente da mente de
Gordon Murray.
No final de 1975, a Brabham tinha feito uma excelente temporada com
Carlos Reutemann e
José Carlos Pace, a bordo dos BT44, com o patrocínio da firma de bebidas espirituosas Martini. Tinha havido duas vitórias, enquanto que no ano anterior, mais três tinham acontecido, e parecia que a Brabham, era uma das melhores equipas do pelotão. O britânico Bernie Ecclestone, que tinha adquirido a equipa em 1971, tinha acertado no projetista, um jovem sul-africano de 27 anos chamado Gordon Murray, e tinha dois bons pilotos dentro da marca.
Contudo, sabia que faltava alguma coisa, e era potência. Os Ford Cosworth V8 eram velozes e fiáveis, mas esse era o motor que toda a gente tinha, exceto Ferrari, BRM ou os Matra. Esses motores, especialmente os Ferrari, com o seu flat-12, tinham dominado a temporada de 1975 graças a
Niki Lauda, e Ecclestone tinha de arranjar algo que fizesse com que alcançasse o passo necessário para ser campeão do mundo. E no verão de 1975, tratou de procurar por alternativas. Estas surgiram na forma da Alfa Romeo.
A marca de Arese tinha o seu departamento de competição, a AutoDelta, chefiada por
Carlo Chiti, e desde 1966 que tinha um programa em Le Mans, através do seu modelo 33, que evoluiu ao longo dos anos seguintes, correndo pelas vitórias ao lado de Porsche, Ferrari e Matra. Os seus motores flat-12 poderiam dar cerca de 550 cavalos, mais cem do que os V8 da Cosworth, o que fariam com que andassem na frente, ao nível dos seus rivais de Maranello. Atraído por essa potência, Bernie Ecclestone conversou com a marca e logo tratou de arranjar um contrato com eles para as próximas quatro temporadas.
O carro, o BT45, era basicamente uma evolução do modelo anterior, mas tinha de ser modificado para acolher o flat-12 italiano de 3 litros que iria ser construído de propósito para a competição. E para o fazer, Gordon Murray teve de modificar a posição dos radiadores, para poder fazê-lo respirar melhor. Para além disso, os depósitos de combustível tinham de ser um pouco maiores, pois um flat-12 consome bem mais do que um V8 normal. Caber isso tudo num carro daquele tamanho era desafiante, mas Murray fez o seu melhor.
O carro ficou pronto a tempo da primeira corrida do ano, em Interlagos, onde Pace e Reutemann alinharam. Nenhum deles terminou a corrida, e foi apenas em Jarama é que pontuaram pela primeira vez, com o argetino a conseguir um quarto posto, enquanto que Pace terminou na sexta posição. O carro evoluiu ao longo de 1976, com o brasileiro a conseguir dois quartos lugares em Paul Ricard e no Nurburgring, na mesma corrida em que Niki Lauda teve o seu grave acidente.
Contudo, se Pace lutava com a arma que tinha, já Reutemann estava cansado e desmotivado por andar com o carro. Após o acidente na Alemanha, o argentino decidiu candidatar-se ao lugar e conseguiu-o. Ecclestone teve de pedir os serviços do alemão
Rolf Stommelen, que no Nurburgring, lhe deu um dos carros de reserva para chegar ao fim no sexto lugar, para correr em Itália, onde nao chegou ao fim.
A partir da corrida canadiana, Stommelen regressou à Endurance e o lugar foi ocupado pelo jovem australiano
Larry Perkins. Ele andou nas três corridas que faltavam, sem resultados de relevo. no final dessa temporada, a Brabham tinha apenas nove pontos e ficara no nono posto no campeonato de Construtores, muito pouco para o que prometiam.
Em 1977, Murray fez modificações no carro, no sentido de ele poder respirar melhor, mexendo nos radiadores. O resultado foi o BT45B e Pace tinha um novo companheiro de equipa, o britânico John Watson. A temporada começou muito bem para a equipa quando Pace andou perto da vitória na Argentina, perdendo apenas para o Wolf do sul-africano Jody Scheckter. O brasileiro andou bem nas corridas seguintes, antes de morrer tragicamente num acidente aéreo em São Paulo.
Contudo, Bernie Ecclestone estava confiante de que tinha um conjunto vencedor e contratou Niki Lauda à Ferrari, aparentemente à custa de um milhão de dólares por temporada. Murray já desenhava o sucessor do BT45, mas ele só estaria pronto em Kyalami, e até lá, teria de modificar o carro no sentido de se adaptar ao efeito-solo. Tentou espalhar radiadores ao longo do carro, mas isso foi um fracasso total e decidiu colocar um novo tipo de radiadores no carro. Com isso, Lauda conseguiu dois pódios, um segundo lugar na Argentina e um terceiro posto no Brasil, antes do carro novo se estrear na África do Sul.