Existia - temos de ser honestos - uma sensação de expectativa em relação a esta corrida. A primeira das quais foi por causa da qualificação, que tinha sido excitante, provavelmente a melhor da temporada até agora. Na Q3, chegamos a ter quatro pilotos diferentes a lutar pela pole-position, com Max Verstappen a ser, a certa altura, quinto na tabela de tempos, antes de arrancar uma volta que lhe deu a pole-position de alguém como o veterano Fernando Alonso.
E no domingo de corrida, existia uma segunda expectativa: iria chover em que altura e ainda durante a corrida. E se sim, iria mexer na classificação, um "baralhar e voltar a dar", com implicações no campeonato? E seria que Sérgio Pérez iria ter alguma recuperação mítica, signa de campeão do mundo?
Pois é... agora que se escreve isto depois da corrida, a resposta a tudo isso é... não. Aliás, foi uma corrida onde o neerlandês foi primeiro do principio ao fim, de forma anticlimática e a chuva, que acabou por aparecer, não baralhou a voltou a dar, porque todos foram cautelosos, e as batidas não foram muitas e espalharam material por toda a parte. Todos andaram bem, alinhados, encarreirados. E isso, os espectadores não gostam. Mas os espectadores são esquizofrénicos, logo... não liguem ao que afirmam.
Na partida, Max conseguiu superar Alonso e este teve de se defender de Ocon, que queria o segundo posto. Atrás, ninguém bateu e o Sérgio Pérez tentou efetuar uma corrida de recuperação, mas ali o espaço é muito curto e passar é bem complicado.
E depois das emoções das primeiras voltas, o aborrecimento se instalou. Max afastou-se de Alonso, incapaz de o apanhar. E claro, com a estreiteza da pista, as ultrapassagens só aconteceriam com o erro dos outros. Apesar do Carlos Sainz Jr. ter feito possível para apanhar e passar o Esteban Ocon, por exemplo. Acabando com asas danificadas e tudo...
Claro, com o escurecer dos céus, houve quem tenha aguentado o mais possível para o momento em que caísse a chuva. Contudo, quando boa parte dos pilotos começou a ir trocar, ente as voltas 30 e 35, foi para duros e ainda tudo estava seco. Iria demorar mais um bocadinho.
Os pingos de chuva caiam na volta 52 na descida do Mirabeau e em Portier, numa altura em que Sainz Jr atacava Ocon pelo quarto posto - Russell, que não tinha parado, era terceiro - e nessa altura, a Aston Martin fez uma aposta: Alonso de médios, quando se ameaçava mais chuva, e não menos. Ao mesmo tempo, Russell e Ocon metiam... intermédios, porque a chuva tendia a aumentar, por causa das instruções que tinham recebido. E claro, com a carga de água, começou o baile: primeiro Sainz Jr, depois Stroll, Russell, que foi atingido por... Pérez. Contingências de pistas molhadas no meio da cidade. E na volta 56, primeiro abandono: Stroll, depois de ter batido no guard-rail do gancho do hotel Loews.
Atrás, Yuki Tsunoda, então nono, queixava-se dos travões que falhavam, especialmente quando o engenheiro lhe falou da ameaça dos McLarens. Claro, o japonês não entendeu nada e resmungou. E quando falhou a travagem para Ste. Debote, pareceu que ele tinha razão, e Lando Norris e Oscar Piastri ficaram com as duas últimas posições pontuáveis, à custa dos problemas do japonês.
Depois, a chuva parou de cair e os pilotos limitaram-se a levar os seus carros à meta, não valendo a pena trocar para meter slicks, mesmo com uma linha seca a aparecer. Max, com quatro triunfos em seis, é cada e mais líder, e pelos vistos - apesar de ser muito cedo, é verdade - parece ser o favorito para ser tricampeão. Resta saber onde conseguirá o troféu. Se calhar... mas isso sou eu, deve ser em Interlagos.
Agora, é arrumar tudo, que no próximo domingo é em Barcelona.