sábado, 19 de março de 2022

Formula 1 2022 - Ronda 1, Bahrein (Qualificação)


E a Formula 1 está de volta. Só que com esta nova temporada, há novas regras, que modificaram os carros fortemente, e provavelmente, baralharam as coisas na grelha. E se calhar, é isso que a FIA queria, para tirar o aborrecimento de uma só equipa a alcançar os títulos de pilotos e construtores. Ironicamente, na temporada a seguir a uma batalha a dois que prendeu os espectadores nas bancadas e nas televisões entre Max Verstappen e Lewis Hamilton

E depois da noite a cair por lá, descobrimos que a Ferrari está de volta. Charles Leclerc foi o "poleman", com o seu companheiro de equipa, Carlos Sainz Jr. no terceiro posto, e entre eles, Max Verstappen, no seu Red Bull. Há atores novos, mas existe aqueles que nunca se foram embora, mesmo com as novas regras.  E o motor da Ferrari foi tão falado que todos os outros que têm esses motores foram vistas com mais alerta. E claro, com um Haas F1 e uma Alfa Romeo na Q3, esse resultado não surpreende.

As coisas começaram no inicio do noite, quando no Q1, os pilotos mais rápidos entraram a meio da sessão. Max Verstappen tratou de baixar os tempos em um segundo do melhor, marcado pelo Alpha Tauri de Pierre Gasly. A seguir, apareceu Kevin Magnussen, que no seu Haas, marcou o segundo melhor tempo. E logo depois, apareceram os Ferrari na pista e mão demorou muito até marcar os tempos suficientes para serem os melhores e seguirem para a Q2. Quando a Mercedes apareceu para marcar os seus tempos, Hamilton não conseguiu mais que o quinto posto, e George Russell, o oitavo. 

E se eles foram tranquilamente para a fase seguinte, já o Williams de Nicholas Latifi, o McLaren de Daniel Ricciardo, os Aston Martin de Nico Hulkenberg e Lance Stroll, e o Alpha Tauri de Yuki Tsunoda, ficaram para trás.

A Q2 começou com Alexander Albon a ir para a pista... e a regressar logo depois às boxes, regressando mais tarde, para tentar a sua sorte - spoiler: não passou - antes do resto do pelotão entra entrado em pista em catadupa, para marcar os seus tempos. Verstappen foi o melhor, seguido por Leclerc, Pérez, Magnussen e Hamilton. Mais tarde, Sainz destronou Leclerc do segundo melhor tempo, mas não conseguiram ser melhor que Max. Mas os três foram para a Q3, acompanhados por Pérez, no segundo Red Bull. E os dois Mercedes também os acompanharam, com o Alpine de Fernando Alonso, o Alfa Romeo de Bottas, o Haas de Kevin Magnussen e o Alpha Tauri de Pierre Gasly.

E entre os que ficavam, para além de Albon e o chinês Guangyou Zhou, no segundo Alfa, o McLaren de Lando Norris, o segundo Haas de Mick Schumacher e o segundo Alpine de Esteban Ocon.


E chegados ao Q3, o duelo era entre a Ferrari e a Red Bull, com os Mercedes à espreita. E foram os carros de Brackley os primeiros a irem para a pista, com Russell na frente. E claro, foi o primeiro a colocar um tempo na tabela nesta sessão. Hamilton apareceu logo atrás e melhora o tempo, ficando com o primeiro posto. Mas os Ferrari apareceram logo a seguir, com Sainz a conseguir um tempo 44 centésimos melhor que o seu companheiro de equipa, Charles Leclerc. 

Chegados aos últimos minutos, e a última volta lançada, primeiro foram os Mercedes, com a mesma ordem: Russell primeiro, Hamilton depois. Mas eles tinham sido superados por Red Bull, primeiro, e Ferrari, depois. e na Scuderia, Leclerc marcou primeiro, e Sainz não conseguiu melhorar. Assim sendo, foi o monegasco que ficou com a primeira pole do ano. Parece que... há transferência. Pelo menos, no duelo.


Agora, esperamos por domingo para saber até que ponto Maranello baterá Milton Keynes, e se estes pilotos serão os favoritos à conquista do campeonato. 

sexta-feira, 18 de março de 2022

A imagem do dia


Falar de momentos da carreira José Carlos Pace - que morreu faz hoje 45 anos num acidente aéreo no estado de São Paulo - muitos falam da sua única vitória na Formula 1, no GP do Brasil de 1975. Contudo, um ano antes, em 1974, o piloto brasileiro fez uma corrida do qual pode ser considerada como meritória, dado o carro que tinha nas suas mãos.

Depois de uma temporada de 1973 onde ele conseguiu um pódio e duas boltas mais rápidas em dois dos circuitos mais complicados e desafiantes do calendário, em Nurburgring, na Alemanha e no agora Red Bull Ring, na Áustria; em 1974, mantinha-se na Surtees como primeiro piloto, num novo carro, o TS16. 

Interlagos era a segunda corrida do calendário, depois de Buenos Aires, na Argentina. O carro tinha-se estreado naquela prova, e na qualificação para a corrida brasileira, Pace conseguiu um mero 12º posto, pior que o seu companheiro de equipa, o alemão Jochen Mass, que fora décimo. 

E estava zangado. Na Folha de São Paulo, soltou o verbo: 

Minha paciência acabou. Desta vez, estou pensando seriamente em romper o contrato com a Surtees. São falhas em cima de falhas e não são minhas não, são da equipe. Que outra explicação eu posso dar? Até o cabo do acelerador quebrou. Assim não dá. Suspensão e pneus também tiveram problemas. Não posso continuar assim”, desabafou.

E as pretensões para a corrida? Aí, foi enfático. “Ainda ontem, tinha gente me apontando como um dos favoritos e com possibilidades até de vencer. Olha, não vai dar não, podem ter certeza que não vai dar”, afirmou.

Mas não baixou os braços. Claro, teve de esperar mais um pouco porque na hora anterior à corrida, os espectadores tinham atirado as garrafas de cerveja para o asfalto e tiveram de limpar, para evitar furos. Pace fez uma corrida de fúria: em três voltas, chegou a sétimo, e esperou pela desistência de Peter Revson para chegar aos pontos. Isso aconteceu na 10ª passagem pela meta. Depois, passou Carlos Reutemann, que tinha problemas nos seus pneus, para ser quinto. E na volta 20, quando Ronnie Peterson teve um furo e foi para as boxes, subiu para a quarta posição.

E mais sorte teve quando começou a chover, e na volta 32, o diretor de corrida decidiu terminar antecipadamente a corrida. Emerson Fittipaldi triunfava de novo, na frente de "Regga" e do Lotus de Jacky Ickx. Pace estava cansado, mas feliz. 

Mas foi sol de pouca dura. Não maios pontuou e a meio do ano, a sua paciência acabou, decidindo ir embora e a partir do GP de França, começou a guiar pela Brabham, a equipa onde ficou para o resto da sua carreira. 

Rumor do Dia: Qatar no lugar da Rússia?


A noticia foi esta tarde avançada pela brasileira Rede Bandeirantes, mas aparentemente, Qatar triunfou na corrida para substituir o GP da Rússia, cancelada por causa do conflito com a Ucrânia. A corrida acontecerá na última semana de setembro, e seria a primeira de uma série de três corridas consecutivas, com as outras duas a serem Singapura, e depois Suzuka, no Japão.

Caso seja confirmada, eles poderá ter batido a Alemanha - resta saber se Hockenheim ou Nurburgring - Turquia e Portugal, com o autódromo de Portimão. 

Qatar não tinha qualquer intenção de receber a Formula 1 em 2022, porque a data indicada, o final de novembro, iria coincidir com o Mundial de futebol. Contudo, nada a impede de receber a caravana da categoria máxima do automobilismo em setembro... a não ser a temperatura, que naquela parte do Golfo Pérsico, está sempre acima dos 40 graus, e mesmo à noite, não baixa mais do que os 30.

Ainda não se sabe quando a Formula 1 irá revelar o substituto da corrida russa, nem até se haverá, porque há algumas equipas que gostariam de ter um calendário mais pequeno que o atual. 

Youtube Motorpsort Vídeo: O projeto Alfa 164 ProCar

Há mais de 35 anos, Bernie Ecclestone tentou passar a ideia do regresso de um Troféu BMW Procar, que foi bem sucedido em 1979 e 80, com alguns pilotos de Formula 1, usando os BMW M1. Em 1986, apoiado num motor Alfa Romeo V10, e o chassis do Alfa Romeo 164, criaram-se dois protótipos a parte de um chassis Brabham, para serem corridos na temporada de 1987. 

Contudo, a chegada da Fiat à Alfa Romeo, depois de a ter comprado ao IRI - Instituto de Recuperação Industrial, pertencente ao estado italiano - fez mudar os planos, e não só caiu o projeto do regresso da Alfa à Formula 1, como fornecedora de motores, como matou o projeto da Procar. Contudo, os carros foram apresentados no fim de semana do GP de Itália de 1988, e foi guiado por Riccardo Patrese, então piloto da Williams... e logo depois, foram arrumados tranquilamente no museu. 

A história é aqui contada pelo italiano Matteo Licata, a pessoa por trás do canal do Youtube Roadster Life.   

quinta-feira, 17 de março de 2022

Rumor do Dia: Las Vegas regressa em 2023


A cidade de Las Vegas receberá de novo a Formula 1 a partir de novembro de 2023, sendo a terceira corrida em solo americano. O anuncio será feito a 30 de março e será o regresso da categoria máxima do automobilismo à capital do jogo americana, 41 anos depois de terem corrido pela última vez no parque de estacionamento do casino de Ceasar's Palace.

Nessa altura, será anunciado a duração do contrato e onde a pista será construída, se será uma pista urbana no centro da cidade ou algo construído de raiz ao lado ou dentro do complexo onde está a oval onde correm as provas da NASCAR.

Com a corrida na maior cidade do estado do Nevada, aumentarão para três as corridas de Formula 1 na superfície americana, depois de Austin, que recebe o GP dos Estados Unidos, no Circuit of The Americas - que anunciou esta semana já ter esgotado os bilhetes para a corrida, que acontecerá...em outubro - e antes, a 8 de maio, em Miami, onde acontecerá a corrida inaugural desse Grande Prémio. 

   

Noticias: Bruno correia tripulará o Medical Car da Formula 1 no Bahrein


O português Bruno Correia irá tripular o Medical Car no fim de semana do GP do Bahrein, substituindo o sul-africano Alan van der Merwe. Aparentemente as funções serão mais definitivas, mas o piloto português é ainda o piloto do Safety Car na Formula E, logo, não estará presente em todos os finais de semana da Formula 1. 

O português foi apontado pela Federação Internacional do Automóvel e irá estar aos comandos do novo Mercedes-AMG GT 63 S 4MATIC+ em Sakhir. Em termos de Safety Car, o piloto continua a ser o almão Bernd Mylander, que cumpre essa função desde o ano 2000. 

Pelo menos no Bahrein e na Arábia Saudita, ambos os carros serão Mercedes, com os carros a Aston Martin a entrarem na terceira ronda do campeonato, na Austrália. E pelo menos nessas três corridas, ele estará presente.

Noticias: Vettel não corre no Bahrein, Hulkenberg é o substituto


Sebastian Vettel testou positivo nesta quinta-feira para a Covid-19 e não participará no Grande Prémio do Bahrein de 2022. No seu lugar irá o seu compatriota Nico Hulkenberg, piloto de testes da Astin Martin. Isto surge uma semana depois de Daniel Ricciardo ter também testado positivo durante os testes de pré-temporada, mas já recuperou e irá alinhar na corrida deste final de semana pela McLaren.

Não é a primeira vez que Hulkenberg é o substituto apontado na estrutura de Silverstone, em situações como esta. O piloto de 34 anos desempenhou esse papel ainda no tempo da Racing Point, na temporada de 2020, quando Lance Stroll Sérgio Pérez testaram também positivo para a Covid-19. Na primeira corrida, na Grã-Bretanha, acabou por ser sétimo, enquanto na segunda, no circuito de Nurburgring, acabou em oitavo. 

O grande problema de Hulkenberg é que não testou com o novo Aston Martin nos testes de pré-temporada e poderá ter mais dificuldades em se adaptar ao carro em relação à concorrência. 

quarta-feira, 16 de março de 2022

A imagem do dia


Kunimitsu Takahashi no GP do Japão de 1977, correndo a bordo de um Tyrrell 007 inscrito pela Meiritsu Racing Team. Acabou a corrida na nona posição, e a sua experiência ficou-se por ali. O que poucos sabem é que esta experiência que Takahashi teve na categoria máxima do automobilismo foi apenas a ponta de um icebergue que durou... 41 anos. E pelo meio, se tornou num dos monstros sagrados do automobilismo japonês, e um dos pais do "drift", ao lado de Keiichi Tsuchiya e Daigo Saigo

Takahashi, que morreu nesta quarta-feira aos 82 anos, começou a sua carreira no motociclismo, bem novo, aos 18 anos. Piloto da Honda, começou a correr nos 125 e 250cc a partir de 1960, com o seu grande ano a ser o de 1961, sendo quarto classificado em ambas as categorias, e alcançando cinco vitórias, uma delas no GP da Irlanda do Norte, na classe 125cc. Contudo, um acidenta grave no Man TT de 1962 fê-lo pensar em se transferir para as quatro rodas, que achava mais seguro. 

Uma década depois, em 1975, começou a participar na Formula 2 japonesa, a percursora da Super Formula, acabando por ser vice-campeão em 1977, o ano da sua única participação na Formula 1. Continuando a competir nas quatro rodas, nos anos 80 passou para a Endurance e os GT's, sendo campeão japonês por quatro vezes, pela Team Advan, patrocinado por uma marca de pneus local. E foi a correr com eles que em 1986 fez a sua estreia em Le Mans. Que acabou de forma trágica, quando um dos seus companheiros, o austríaco Jo Gartner, perdeu o controlo do seu carro a meio na noite, nas Hunaudriéres, e acabou por morrer. 

Em 1994, aos 54 anos de idade, montou o seu Team Kuimitsu, para correr na temporada inaugural da Super GT, conseguindo vitórias até 1999, altura em que ele já tinha 59 anos, a bordo de um Honda NSX GT2. Nesse ano, retirou-se e tomou conta da equipa até triunfar em 2018, com Naoki Yamamoto e o britânico Jenson Button, o campeão do mundo de Formula 1 em 2009. 

Kunimitsu Takahashi foi uma lenda no automobilismo japonês e uma personagem incontornável na paisagem automobilística. E o seu desaparecimento é certamente um dia tristemente marcante. Desaparece a pessoa, fica a lenda. Ars longa, vita brevis.

Tsunoda e a tranquilidade da segunda temporada


O jovem Yuki Tsunoda teve altos e baixos na sua primeira temporada na Alpha Tauri, com o seu melhor resultado um quarto lugar na corrida de Abu Dhabi, apesar de alguns percalços que o colocaram a duvidar da sua continuidade na Formula 1 no final desta época. Porém, ele ficou e agora encara a nova temporada com mais tranquilidade, esperando melhorar os seus resultados. 

Na antevisão do GP do Bahrein, falou no seu estado de espírito:

No geral, sinto-me mais bem preparado do que há um ano no Bahrein. […] Não esperava nada no ano passado e nem sempre tive todas as situações sob controlo.”, começou por dizer. “Agora sei o que tenho que fazer para melhorar. Tenho um objetivo claro e estou muito mais tranquilo”, continuou. 

Tsunoda quer errar menos do que no ano passado, “mas não sinto nenhuma pressão”, esclareceu. “Estou confiante de que posso fazer isso. E não estou preocupado em cometer erros".  

O japonês de 21 anos disse esperar que sua experiência na Fórmula 2 com os pneus de 18 polegadas possa ajudá-lo este ano. 

A mudança de pneus de 13 polegadas para 18 significa sentimos o carro mais rápido nas curvas de alta velocidade, mas com um maior controlo nessas curvas. Nas curvas mais lentas, com o aumento do peso dos carros, é ligeiramente mais lento. Lembro-me de conduzir o carro de Fórmula 2 com pneus de 18 polegadas e penso que essa experiência poderá ser útil agora”, concluiu.

terça-feira, 15 de março de 2022

A imagem do dia


Continuando com os tributos a Vic Elford, morto no domingo aos 86 anos, falo ainda de 1968, e do seu "annus mirabilis" onde triunfou em tudo que era máquina, em condições por vezes quase impossíveis, como no Targa Florio, onde recuperou de um furo para triunfar.

Parecendo que não, a sua carreira de "all rounder" tem uma passagem discreta pela Formula 1. Apenas 13 Grandes Prémios, entre 1968 e 1971. Mas a sua primeira corrida, em Rouen, teve uma participação digna de registo, num carro datado, numa equipa em declínio e numa corrida debaixo de chuva. E com (mais) uma morte na pista. 

Naquele ano, a Cooper estava em decadência. Apesar do motor Maserati V12, e de pilotos como John Surtees, Jochen Rindt e Pedro Rodriguez, em 1968, e mão podendo ter os motores Cosworth V8, decidiu ficar com os BRM V12. E com o velho chassis T86 a acusar o peso dos anos, e os bons resultados do inicio da temporada - Brian Redman e Lucien Biahchi conseguiram pódios - o outro piloto da marca, o italiano Ludovico Scarfiotti, sofreu um acidente mortal numa corrida de montanha na Alemanha.

Elford foi chamado para correr em Rouen, para substituir Scarfiotti, e quando chegou ao lugar onde se disputaria o GP de França, tinha já no seu currículo as vitórias em Monte Carlo, Daytona, e Targa Florio, mostrando a sua versatilidade. Contudo, sofreu nos treinos com o seu Cooper pouco fiável, acabando por largar na 18ª e última posição, subindo um lugar quando o Lotus de Jackie Oliver ficou danificado o suficiente para não poder correr.

Com todos concentrados no novo chassis da Honda, poucos olhariam para ele. E quando o Honda RA302 de Jo Schlesser, com o seu chassis de magnésio, pegou fogo na segunda volta, na Virage des Six Fréres, matando-o, poucos olhariam para o que iria fazer Elford a bordo desse carro. Andando bem à chuva, e usando os seus conhecimentos de condução, subiu paulatinamente na classificação, acabando nos pontos, num honroso quarto lugar, a duas voltas do jovem vencedor, o belga Jacky Ickx, no seu Ferrari.

Elford ficou para o resto da temporada, conseguindo ainda um quinto posto em Mont Tramblant, no GP do Canadá, um dos poucos sobreviventes e... a quatro voltas do vencedor, Dennis Hulme. E foi ele que assinou a última corrida da Cooper na Formula 1, quando o guiou no GP do México, acabando no oitavo lugar, a duas voltas do Lotus de Graham Hill, que triunfou no campeonato. 

Ainda houve mais um episódio com o chassis Cooper em 1969. Sem que a equipa arranjasse um patrocinador, nem um motor Ford Cosworth, eles fecharam portas, e os chassis firam bendidos em leilão. Um deles calhou ficar com Colin Crabbe, que negociava com carros antigos, e decidiu formar equipa, chamando Elford para guiá-lo. Último, com 8,2 segundos a mais que o "poleman" Jackie Stewart, ele conseguiu sobreviver chegando ao sétimo - e último posto - a seis voltas do vencedor. Na corrida a seguir, Crabbe arranjou um chassis McLaren e ele lá pontuou mais duas vezes, antes de um acidente no Nordschleife o deixou de fora durante algumas semanas, terminando por ali a sua carreira na categoria máxima do automobilismo.    

Apesar dos sarilhos, respira-se tranquilidade na Haas


Parece que todos os olhos do mundo da Formula 1 estão colocados na Haas F1. Última no campeonato de 2021, sem pontuar, e com uma pré-temporada agitada, primeiro pela retirada dos patrocinadores russos e o despedimento de Nikita Mazepin, e depois pelo carro totalmente branco e sem mais do que o investimento de Gene Haas, muitos acreditam que eles poderão estar em sarilhos. Mas quer Gene, quer Gunther Steiner, estão tranquilos sobre a situação financeira da equipa, que afirma ser "estável".

A equipa é financeiramente estável. Não temos de se preocupar com a equipa. Isso é o mais importante para mim”, começou por afirmar o diretor desportivo da equipa.

Falando sobre a saída de Mazepin, e reagindo às queixas do mau tratamento da parte do piloto russo, Steiner confirmou que o despedimento foi feito por escrito:

Só o fiz por escrito. Eu não falei com ele. É sempre mau quando se tem de fazer algo assim. As circunstâncias externas, que nem eu nem ele podemos mudar, são exatamente como elas são. É preciso viver com isso e seguir em frente. Vejo-o como parte da vida”, afirmou.

Tudo isto acontece ao mesmo tempo que Gene Haas afirmou que iria aumentar o investimento na equipa. Segundo conta o site racer.com, Haas está em conversação com novos patrocinadores  - não ficaria admirado se fossem da área das criptomoedas... - e o próprio Magnussen poderá trazer os seus próprios patrocinadores para a equipa. E também aproveitando a nova imagem da Formula 1 no mundo, esta se tornou ainda mais atraente, logo, ele está disposto a colocar mais dinheiro no seu projeto.  

E se o carro for bom em pista...

Youtube Morosport Experiment: Pneus sem câmara de ar... feitos em casa

Aparentemente, uma grande revolução está a acontecer... e poucos tomaram nota: pneus sem ar. Ou seja, sem câmara de ar, logo, à proba de furo e ainda por cima, causam mais resistência e seriam amigas do ambiente, por serem mais duráveis. Marcas como a Michelin estão a desenvolver essa tecnologia, mas um engenheiro decidiu faxer um DIY, "Do It Yourself", para saber se seria viável. 

E a conclusão é... de uma certa forma, sim. Mas seria mais barulhenta, agitada e se calhar, algo divertida. O engenheiro mecânico Callum McIntyre pegou em tubos de água, tiras de borracha, parafusos e porcas, colocou-os em rodados aro 15 de um Ford Mondeo, e calçou-os num Caterham Super Seven pilotado por Scott Mansell - nenhuma relação de parentesco com Nigel Mansell - e lá foram dar umas boltas a 160 km/hora. E aparentemente, aguentaram os obstáculos. 

Eis o resultado, neste vídeo. 

CPR/ERC: Açores divulgou a sua lista de inscritos


O Rali dos Açores, que irá acontecer dentro de semana e meia - entre os dias 25 e 27 de março - tem uma boa lista de inscritos, ao confirmar a presença de 46 pilotos de classe internacional. O húngaro Norbert Herczig, o italo-romeno Simone Tempestini, os espanhóis Efren Llarena e Javier Pardo e os italianos Simone CampedelliAlberto Battistolli, entre outros, irão competir nesta prova, a contar para o Europeu.

Já nos portugueses, Armindo Araújo, segundo em Fafe no seu Skoda Fabia Rally2 Evo, será o principal inscrito, mas também estarão presentes Bruno Magalhães e Ricardo Teodósio, nos seus Hyundai i20N Rally2, José Pedro Fontes, no seu Citroën C3 Rally2, bem como os locais Ricardo MouraLuís Miguel Rego, ambos em Skoda Fabia Rally2.

A prova, que já está na sua 56ª edição, é organizada pelo Grupo Desportivo e Comercial, e junta os principais interessados na disputa dos títulos no FIA ERC, Campeonato de Portugal de Ralis e Campeonato dos Açores de Ralis.

segunda-feira, 14 de março de 2022

A imagem do dia


O ano de 1968 foi um de "annus mirabilis" para Vic Elford. Para o piloto falecido ontem aos 86 anos, começou nas estradas geladas dos Alpes a bordo de um Porsche 911 para triunfar no rali de Monte Carlo. Ele, que era o campeão europeu em título. E uma semana depois, em Daytona, conseguiu dar à marca alemã a sua primeira vitória numa prova de 24 horas.

Mas o grande feito do piloto britânico com a Porsche foi em Itália, nas estradas sicilianas. Em plena primavera, com a Ferrari ausente, a Porsche e a Alfa Romeo pensava que tinham a chance de vitória. Na casa de Estugarda, inscreveram um 907 para Elford e o local Umberto Maggioli contra os Alfas guiados por gente como Nanni Galli, Lucien Bianchi e Ignazio Giunti.

Para Elford, o desafio começou logo na primeira volta, quando ele furou e perdeu mais de 10 minutos. Todos julgavam que as chances de vitória tinham acabado e disseram a ele para se concentrar em bater o recorde da volta. Elford entrou no carro e a partir dali, realizou sete voltas absolutamente excecionais. Graças ao seu estilo de condução, baseado dos ralis, fazia "drifting" nas curvas, para delírio dos espectadores, tentando ganhar assim tempo para a concorrência. Claro, ele conseguiu fazer baixar o tempo por volta e no final da sexta passagem pela meta, estava perto dos carros da frente, dando o volante para Maggioli, que o guiou nas três voltas seguintes.

À nona volta, o italiano devolveu o carro a Elford, esperando que fizesse o ataque final aos Alfas, que fez. No final, três minutos separam os dois primeiros, a favor do Porsche, numa das melhores conduções de um piloto de automóveis, só comparado com o GP da Alemanha de 1957, com o Juan Manuel Fangio, no seu Maserati.

No final, a Porsche, para comemorar a vitória, fez este cartaz, o que é raro, porque normalmente, o destaque era o carro. Mas aqui, reconheceram que sem o piloto, não teriam conseguido aquele triunfo. Era a sua terceira grande vitória do ano, e ainda faltava mais desse "annus mirabilis" que passou há mais de meio século.

Brundle: "Red Bull é a clara favorita"


Martin Brundle, o antigo piloto da Tyrrell, Brabham, Benetton, McLaren e Jordan, entre outros, e agora comentador na Sky Sports, afirma que a Red Bull é a clara favorita no inicio desta temporada. Mas considera que os energéticos estão a par da Ferrari graças aos tempos por bolta e ao ritmo de corrida que apresentaram, que por bexes foram superiores à concorrência, e também ao pouco uso dos seus sistemas de propulsão durante os testes.

A Red Bull para mim foi claramente a favorita”, disse Brundle à Sky Sports F1.“Não tenho dúvidas de que o pacote aerodinâmico da Red Bull deu um passo significativo à frente. A Red Bull mudou o jogo hoje em termos de ritmo bruto, ritmo de corrida. Eles estão sorrindo o dia todo. Acho que as peças que eles colocaram no carro de repente fizeram todo ele parecer melhor.", continuou.

Contudo, o ex-piloto coloca também a Ferrari numa posição de vantagem na linha da frente, por ter feito muita quilometragem, juntamente com o que pareciam ser tempos de volta competitivos.

Avaliando o desafio que a Scuderia poderia representar no Bahrein, Brundle acrescentou: “A Red Bull tem uma corrida a par com a Ferrari. Esse é um favorito, um concorrente [aos lugares da frente], sem dúvida.", concluiu. 

O GP do Bahrein, proba de arranque da Formula 1, acontece neste final de semana.

Noticias: Grosjean não aceitaria um regresso à Formula 1


Com a noticia do regresso de Kevin Magnussen à Formula 1, através da Haas, equipa onde andou entre 2017 e 2020, perguntou-se a Romain Grosjean, que anda na IndyCar ao serviço da Andretti, se encararia um regresso à categoria máxima do automobilismo. E ele, que saiu da Formula 1 depois de um acidente no GP de Shakir, no Bahrein, respondeu de forma negativa.

Muita gente me perguntou se eu voltaria – eu não voltaria. Estou realmente feliz nos Estados Unidos, realmente feliz na IndyCar. Estou muito entusiasmado todos os fins-de-semana porque posso entrar numa corrida e ter uma oportunidade de ganhar. Tive uma carreira incrível na Formula 1 é uma parte muito grande da minha vida. Mas neste momento estou no próximo capítulo e o próximo capítulo é sobre ganhar corridas e tentar ganhar campeonatos. Portanto, não teria respondido positivamente ao telefonema”, afirmou.

Com a Formula 1 a começar neste final de semana no Bahrein, e ao mesmo tempo que a IndyCar corre na oval do Texas, o piloto de 35 anos está mais felix onde está, mas aparentemente, a Haas parece que este ano poderá sair dos últimos lugares onde está metido, depois de um 2021 onde não pontuou em qualquer ocasião. 

domingo, 13 de março de 2022

The End: Vic Elford (1935-2022)


O britânico Vic Elford, conhecido pela sua longa e versátil carreira no automobilismo, desde a Endurance até à Trans-Am, passando pelos ralis e Formula 1, morreu esta manhã na sua casa na Florida, vitima de um cancro. Tinha 86 anos. 

Nascido a 10 de junho de 1935 em Londres, "Quick Vic" é o único piloto da história do automobilismo que triunfou no Rali de Monte Carlo - em 1968, a bordo de um Porsche 911 - e teve carreira na Formula 1, especialmente com um quarto posto na sua corrida de estreia, no GP de França de 1968, a bordo de um Cooper. Aliás, ele foi o último piloto oficial da marca antes desta abandonar a Formula 1 no final dessa temporada. Ainda nesse ano, deu à Porsche o seu primeiro grande triunfo, ao ganhar as 24 Horas de Daytona, num modelo 907, ajudado por Jo Siffert, Hans Hermann, Jochen Neerspach e Rolf Stommelen. E ao lado de Umberto Magioli, triunfou também na Targa Florio, depois de ter perdido 18 minutos devido a um furo, no inicio da prova.

Com o começo nos ralis - primeiro como navegador, antes de pegar no volante em 1962 - começou a obter sucesso com a Ford, a bordo dos seus Cortina, em 1964. Em 1967 trocou pela Porsche e foi bem sucedido, acabando por ser o campeão da Europa de ralis. E em Le Mans, na sua estreia, venceu na classe de 2 litros, com o 907, ao lado do neerlandês Ben Pon. No ano seguinte, acabou por ter o seu "annus mirabilis" com as vitórias em Monte Carlo, Daytona - com uma semana de intervalo! - Targa Florio e a sua estreia na Formula 1 num Cooper, com bons resultados.

Em 1969, correu num dos 917L ao lado de gente como Richard Attwood e Kurt Aherns nas grandes provas de Endurance, mas apenas em Sebring é que conseguiu resultados, ao triunfar na edição de 1971, ao lado do francês Gerard Larrousse. Ambos também acabaram no primeiro posto nos 1000 km de Nurburgring, ajudando a marca a ser campeã de Construtores. 

Em 1972, nas 24 Horas de Le Mans, a bordo do Alfa Romeo T33 e com Helmut Marko como seu parceiro, foi protagonista de um ato altruísta: na manhã da corrida, ele parou o carro ao ver um Ferrari a bater forte no guard-rail e começar a arder. Na realidade, tinha visto apenas parcialmente, porque esse Ferrari tinha batido no Lola de Jo Bonnier, que tinha voado para além dos guard-rails e acabando na floresta, a arder. O veterano Bonnier tivera morte imediata e Elford entrou no Ferrari incendiado para tentar salvar o seu piloto, o francês Florian Vetsch, que na realidade, tinha saído incólume do carro. 

Contudo, o seu ato não passou despercebido e foi condecorado pelo governo francês com a Ordem Nacional de Mérito.  

Depois de se retirar, radicou-se na Florida, onde era presença assídua nas competições em Sebring, Daytona e Watkins Glen, e ajudou a escrever livros sobre a sua passagem pela Porsche, bem como uma autobiografia, em 2005.  

A Mercedes esconde o jogo ou não está tão competitivo assim?


Parece que a Mercedes não anda muito bem como queriam. Mesmo com a "versão B" do seu W13 na pista, e que deu um furor quando o estrearam, com o passar dos dias e das voltas que davam na pista, esse entusiasmo e furor dissipou-se, e parece que não é a "máquina" que todos temiam. Aparentemente, Red Bull e sobretudo, a Ferrari, parecem estar na linha da frente em termos de favoritismo à vitória neste campeonato, por estarem mais estáveis em termos de performance de corrida, e quando foram instados a darem o seu melhor, responderam bem. 

Ou seja, parece que o favoritismo podem andar entre Max Verstappen e Charles Leclerc (ou Carlos Sainz Jr), com os carros de Brackley a andarem numa terceira fila, a par de, provavelmente, McLaren, que, apesar de ter rodado muito - Lando Norris fez 200 voltas - teve problemas de travões que não os colocaram muito confortáveis. E sem falar do tal "porpoising"...  

De qualquer fora, as declarações de George Russell, o recém-chegado à equipa, refletem um pouco esses problemas. Se calhar, o carro radical destes testes poderá ser uma solução de recurso a algo já detetado, ou então, uma proposta radical para dar "o pulo do lobo". 

É bastante claro ver onde estamos limitados. O carro está a saltar muito e não nos está a colocar na janela certa. Ainda temos de encontrar uma solução, mas isso não significa que não vamos conseguir encontrar uma antes da próxima semana ou mais tarde na época. Acredito que a performance está algures, só temos de a encontrar. Tal como está, a Red Bull parece incrivelmente forte, a Ferrari parece realmente sólida e temos algum trabalho a fazer”, comentou George Russell.

Lewis Hamilton teve um discurso semelhante ao do seu colega de equipa em relação à performance do carro, apesar de terem cumprido os objetivos nestes testes.  

Conseguimos fazer o programa de testes, tivemos uma fiabilidade decente, o que foi positivo. Penso que todos estão a ter dificuldades com os ressaltos da pista e saímos daqui sabendo que ainda temos muito trabalho a fazer. Há uma confiança de que podemos sempre resolver qualquer problema que enfrentemos. Neste momento não somos os mais rápidos. Penso que a Ferrari parece ser a mais rápida, talvez a Red Bull então talvez nós ou a McLaren, não sei. Atualmente, não estamos no topo”.

Contudo, as preocupações da Mercedes não são acolhidos pelo resto do pelotão, que acha tudo um "bluff". Carlos Sainz Jr, por exemplo, minimizou os elogios, afirmando "Típico da Mercedes. Eles promovem os outros e chegam à primeira corrida dominando toda a competição". Em suma, só acreditam na pista, e no fim de semana da corrida. E Helmut Marko alinhou no mesmo diapasão, embora dizendo que o seu carro até tem um bom ritmo e é competitivo. 

"A Mercedes normalmente esconde o seu verdadeiro ritmo durante os testes. Lembro-me no ano passado, quando também estava atrasada nos testes, mas estamos principalmente preocupados com o nosso carro e estamos a sair-nos bem”, comentou.

Caiu o pano sobre os testes, agora é a contagem até ao Grande Prémio. Faltam sete dias.