segunda-feira, 16 de setembro de 2024

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Uma semana depois da Ferrari se consagrar como campeã de Formula 1 em casa, no Autódromo de  Monza, alguns carros foram um pouco mais abaixo, para disputar um ensaio. Em Imola, no Autódromo Dino Ferrari, a corrida extra-campeonato era para saber se seria possível receber na Formula 1 naquela pista, pois nessa altura se falava da chance de trocar de pista, porque, depois dos incidentes de 1978, Monza poderia passar por grandes obras e não queriam perder a Formula 1 em 1980.

Dezasseis pilotos inscreveram-se para essa corrida, com os Ferrari a levar os seus pilotos: Jody Scheckter e Gilles Villeneuve, ou seja, o campeão e o vice-campeão. Muitos pilotos italianos compuseram a grelha, destacando-se Giacomo Agostini, o mítico campeão de motociclismo, num Williams FW06 do ano anterior, mas o que nos interessa é Niki Lauda, que participava num Brabham-Alfa Romeo. 

1979 foi um desastre para o piloto austríaco: a sua pior temporada em cinco anos, apesar das muitas qualificações nas primeiras filhas da grelha, graças à potência do motor Alfa Romeo de 12 cilindros. Apesar de potente, era quebradiço, e só conseguiu quatro pontos, três dos quais conquistados na corrida anterior. Para aliviar as coisas, se quisermos falar assim, a Alfa Romeo decidiu avançar com o seu projeto de chassis próprio e aquela era a última corrida com esse motor. No Canadá, novo chassis, e o regresso aos fiáveis Cosworth, que não tinham desde 1975. 

Com ele na quarta posição, atrás dos Ferraris e do Lotus de Carlos Reutemann, Lauda passou a perseguir os carros de Maranello nas 40 voltas que durou a corrida. Especialmente Villeneuve, sempre espetacular na maneira como conduzia e tratava dos carros. E como não tinha ganho em Monza, uma em Imola não faria mal ao seu ego.

Mas hoje, tudo estava bem no Brabham de Lauda. A potência estava lá, e a resistência também. Os quatro primeiros da grelha afastaram-se do resto do pelotão - um dos que lá estava era Alex Dias Ribeiro, que ia conduzir o segundo Copersucar F6A para as corridas americanas, mas em Imola andava num F5A - e em poucas voltas, passou Reutemann e Scheckter, para não deixar escapar Villeneuve. Quando passou o sul-africano, campeão do mundo, foi atrás do canadiano, e ali começou mais um duelo do qual os "tiffosi" adoravam, perante um Villeneuve do qual muitos já comparavam a Tazio Nuvolari.  

Gilles vendeu cara a sua permanência na pista. Defendeu fortemente a sua liderança, em algo parecido com o que acontecera três meses e meio antes, em Dijon, e Lauda não deixava atrás. Se calhar, queria provar algo a muita gente que não era daqueles que levantava o pé à primeira chance, e também mostrar que a sua má temporada não era culpa dele, mas sim da maquinaria... na volta 21, Lauda tentou passar na travagem para a Tosa, mas Gilles respondeu, passando de novo. Na volta seguinte, a 22ª, Lauda tentou a mesma coisa, Gilles tentou responder da mesma maneira, mas no toque no pneu fez com que a sua asa ficasse torta e acabasse nas boxes, substituindo-a. Terminou em sétimo, enquanto Lauda ganhou. 

No final, parecia que as coisas começariam a ser diferentes para o austríaco. Mas as duas temporadas na Brabham tinham feito os devidos estragos no seu psicológico. Estava cansado, mesmo sabendo que ali tinha ganho. Não era incentivo suficiente. Tinha 30 anos, mas parecia ter 50, tinha passado por muito, e a sua cabeça começava a estar noutro lados. A aviação começava a ser algo interessante para ele, e queria experimentar. Em breve, iria tomar decisões.      

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