Quatro anos depois, na Finlândia, quando ele era piloto da Citroen, conseguiu o seu primeiro pódio no WRC com um terceiro lugar. Emocionado, dedicou aquele resultado a Roberts, mostrando que ainda se lembrava dele após aquele tempo todo.
Existiam certas coisas que faltava para ter "o estofo de campeão" como tem o Sebastien Ogier, o Thierry Neuville, o Ott Tanak e o Kalle Rovanpera, mas conseguia trabalhar para a equipa. Conseguia bons resultados - o seu segundo lugar no Rali da Suécia, há quase dois meses, comprova isso - mas numa Hyundai onde tem Neuville e Esapekka Lappi, partilhar o terceiro carro com o espanhol Dani Sordo implicava que tivesse aceite o desafio da Hyundai Portugal de guiar um i20 Rally2 no Campeonato de Portugal de Ralis, ao ponto de se perguntar se era legal ele guiar ali e ser campeão nacional. Mas aceitou o desafio e correu duas probas, ganhando em Fafe e desistindo no Algarve, com um despiste enquanto perseguia o seu companheiro de equipa, Ricardo Teodósio.
Breen nunca ganhou ralis no WRC, mas conseguiu oito pódios e 30 vitórias em especiais, conseguindo 372 pontos. Este ano, participara no rali da Suécia, onde foi segundo classificado, mostrando ter talento para ombrear com aquele gente que falei umas linhas acima. E mesmo quando, por exemplo, não conseguiu aproveitar a oportunidade de ser o primeiro piloto da Ford, com o Puma Rally1 - a única vitória do carro foi em Monte Carlo com... Sebastien Loeb! - conseguiu dois pódios e 84 pontos, a temporada mais lucrativa de sempre, superior ao de 2021, onde em apenas cinco ralis pela Hyundai, acabou com três pódios.
Os que amam este desporto deveriam saber que este tipo de desfecho pode acontecer, pois andam muito depressa em lugares muito estreitos. Mas confiamos na rigidez das máquinas e... na sorte. Até ao dia em que, infelizmente, acaba. Recordo na minha memória o acidente de Esapekka Lappi no México onde, depois de um primeiro dia de sonho, acabando por liderar o rali, se despistou, saiu de estrada e embateu de traseira contra um poste. Apenas o "roll cage" o impediu de aquele despiste ter tido consequência sérias. E ao contarem-me das circunstâncias do acidente desta quinta-feira... só lembro de Lappi no México e o Gareth Roberts, em 2012, na sorte e no azar, a diferença entre a vida e a morte.
E com idade que tenho, das coisas que já presenciei nos quase 40 anos que sigo este desporto, depois do choque, aparecerá a tristeza. Até surgir, muito mais tarde, a nostalgia. Sentimos o desaparecimento precoce e brutal desta gente como se fosse uma perda familiar. Mas é porque amamos este desporto, simples.
Caro Craig, foi bom ver-te a correr e ombrear-te com os campeões. Tenho pena de não te ter visto ganhar um rali do WRC, porque tinhas velocidade e carro para tal. Hoje é mais um dia muito triste no automobilismo, iremos sentir a tua falta. Ars aeterna.
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