sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Uma complicação chamada hidrogénio


O hidrogénio está a ser visto por alguns como "o combustível do futuro", com alguns construtores, especialmente japoneses, a apostarem nele como transição para a economia "verde". Um dos que quer apostar nessa tecnologia para o automobilismo é o ACO, o Automobile Club de L' Ouest, situado em Le Mans, que desde 2018, tem estado a testar e desenvolver propulsores para essa tecnologia, com a intenção de usar nas 24 Horas de Le Mans. Até a Toyota já embarcou no projeto, quando mostrou nas 24 Horas deste ano o seu H2, o carro para a tal nova classe.

Contudo, apesar de ter mostrado há cerca de um mês o seu carro para a nova classe, a data da sua introdução tem sido outro problema. E este, bem grande. A ACO queria introduzir em 2025, no inico da década, mas a pandemia atrasou as coisas, e foi adiado para 2026. Contudo, nesta semana, anunciou que a sua entrada acontecerá, afinal, em 2027. Segundo conta o presidente da ACO, Pierre Fillon, este último adiamento tem a ver com razões relacionadas com a segurança. 

Nós [o ACO e a FIA, ndr] gastamos muito tempo em tudo relacionado com a segurança”, começou por afirmar Fillon, no fim de semana das Oito Horas do Bahrein. "Demorou mais do que o esperado. Acho que 2027 é mais realista.", concluiu.


O problema que Fillon está a falar é que a FIA está a analisar certas questões espinhosas relacionadas à segurança, e isso inclui a localização dos tanques de combustível. Segundo conta o Endurance-info.com francês, os depósitos de combustível, que estão instalados em ambos os lados do cockpit, terão de ser posicionados atrás dele, como acontece nos depósitos a gasolina. E isso não é fácil, porque para injetar o hidrogénio no carro, terá de ser sob muita pressão, e isso está a ser algo muito complicado de se resolver, e até é uma questão, na indústria, que está a complicar a introdução em massa dessa tecnologia no mercado. E não é só nos carros, também é no depósito dos postos de abastecimento. Daí se wer muito poucos um pouco por todo o mundo, em contraste com as centenas de milhares de postos de carregamento elétricos um pouco por todo o mundo.

Para além disso, os poucos construtores que olham para o hidrogénio - especialmente os japoneses como Honda e Toyota, bem como a coreana Hyundai - estão a ter dificuldades em resolver os problemas relativos à segurança dos seus carros de estrada, e a insuficiência dos postos de abastecimento. E mesmo quando apresentou o seu projeto H2, não disse quando pretende colocar na pista. Segundo conta a mesma endurance-info, a Toyota poderia ter o H2 em testes a partir de 2026, contudo, está a ter os mesmos problemas relacionados com a segurança e a colocação dos depósitos de combustível. O suficiente para forçar o fabricante japonês a rever minuciosamente o seu projeto e adiar por mais algum tempo. Isto... se continuar a acreditar na aposta no hidrogénio.

Teremos de esperar se o futuro resolverá estes problemas e se a ACO conseguirá levar o seu projeto adiante. O automobilismo também é isto: colocar novas tecnologias para serem experimentadas na pista, antes de se generalizarem nos carros de estrada.  

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