domingo, 1 de janeiro de 2023

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Por duas vezes na história da Formula 1, houve corridas no Ano Novo. Ou seja, os pilotos não poderiam entrar nos carros de ressaca porque a corrida depois iria ser um desastre. Ou se quiserem, as sessões de treinos foram num ano, e a corrida noutro. 

Era costume ir à África do Sul no final do ano, e nos anos 60, tanto poderia ser no final da temporada - no inicio da década - como poderia ser a proba de abertura, como aconteceu a partir de 1967. Mas em 1965, 66 e 68, foi logo no dia 1, e sempre em Kyalami.

Mas a prova de 1968 foi memorável. Porque a Formula 1 celebrava a quebra de um recorde. E era pelo seu grande piloto, Jim Clark, e o carro do momento, o Lotus 49. 

O escocês estava num grande momento, pois tinha triunfado nas duas últimas corridas da temporada, em Watkins Glen e na Cidade do México, um grande final para uma temporada de altos e baixos, mas todos sabiam que o conjunto chassis-motor, com o Cosworth de oito cilindros, era quase imbatível. E Clark, que ia entrar na sua oitava temporada, estava prestes a superar o recorde de 24 vitórias, que pertencia a Juan Manuel Fangio, dez anos depois do argentino ter vencido pela última vez. 

Com 23 carros inscritos, Clark conseguiu o melhor tempo, na frente de Graham Hill e do seu compatriota Jackie Stewart, no seu Matra. O piloto da Lotus perdeu temporariamente a liderança, na partida, mas retomou o comando na segunda volta, ficando por ali até à meta. Quando por fim cruzou a bandeira de xadrez, detinha os seguintes recordes:  

- vitórias (25) 
- pole-positions (33) 
- voltas na liderança (1943) 
- pole, vitória e volta mais rápida (11)

E já tinha o "Grand Slam", ou seja, a pole, a vitória, a volta mais rápida e a liderança em todas as voltas da corrida. Ele tinha tido oito fins de semana perfeitos. Em Kyalami, tinha sido quase perfeito, porque não liderou em uma volta. 

E tudo isto em apenas 72 corridas, sempre pela Lotus.

Parecia que o carro tinha, por fim, deixado para trás os seus problemas de juventude e iria dominar as pistas. E Chapman preparava-se para isso, com o acordo que estava a magicar nos bastidores e o iria fazer cem mil libras mais rico. Mas não iria ser o primeiro a consegui-lo. Apenas iria fazer melhor.  

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