domingo, 29 de novembro de 2020

A(s) image(ns) do dia




Ontem à noite, calhei ver as imagens do GP dos Estados Unidos de 1976, do ano que nasci, ganho pelo James Hunt. E ali houve um acidente bem feio por parte do Jacky Ickx, onde ele saiu do seu Ensign destruido em dois, a coxear, antes de se deitar no lado de lá das barreiras de proteção, com fraturas no tornozelo direito, creio eu.

Mal eu sabia que pouco mais de doze horas depois, iria ver Romain Grosjean a bater forte contra os rails de proteção, ver o seu Haas cortado em dois e o carro a pegar fogo por causa do depósito rompido. E depois observar os ocupantes do carro médico, o britânico Ian Roberts, o médico de serviço e o substituto do Dr. Syd Watkins, e o seu condutor, o sul-africano Alan Van der Merwe, filho de uma lenda local do automobilismo, Sarel van der Merwe, a pegarem literalmente o piloto francês das chamas, ele que tinha já conseguido retirar-se do seu carro destruido.

Há quem se tenha lembrado de Roger Williamson, Niki Lauda, Ronnie Peterson, Francois Cevért, qualquer acidente horrivel nos anos 70 com chamas à mistura. Alguns desses acidentes foram fatais, mas Grosjean teve mais o desfecho de Ickx, o belga vencedor de cinco 24 Horas de Le Mans. Não ficou preso,  o seu capacete não voou, não se queimou, não se sufocou com os fumos, e ainda o ajudaram a tirar daquele inferno naquele canto o deserto, à noite, num dos circuitos mais improváveis para se ter um acidente.

Muitos podem dizer, aliviados, que "ainda bem pela segurança", mas eu pergunto isto: como é que foi possivel um acidente daqueles cortar um chassis pelo meio, preciamente onde não se deve quebrar, e acabar pasto das chamas? É veradade que agora temos Halos e "celulas de sobrevivência" para aguentar impactos deste tipo - não há milagres, há imensa competência - mas eu pensava que não voltaria a ver carros a explodir no ecrã numa corrida de Formula 1. Estava enganado.

E ainda tivemos um carro de cabeça para baixo noutro incidente, com o Lance Stroll

Em jeito de "moral da história", mais uma vez, podemos dizer que o automobilismo continua perigoso, e que por muito que se faça para proteger o piloto, o risco zero está fora do nosso alcance. Hoje, tivemos heróis e a tecnologia a funcionar bem. 

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