quinta-feira, 31 de maio de 2012

GP Memória - Mónaco 1992

Quando máquinas e pilotos chegaram ao circuito do Mónaco, para a sexta prova do campeonato do mundo de 1992, as coisas no campeonato iam num só sentido: Nigel Mansell e os Williams dominavam a competição, sem que os adversários pudessem se aproximar o suficiente para os contestarem. Era uma questão de tempo até que vencessem ambos os campeonatos. Mas havia quem admitisse que o Mónaco, sendo diferente, poderia trazer alguma surpresa na manga.

De facto, elas aconteceram, mas começaram na qualificação. Roberto Moreno, na sua Andrea Moda, começou a fazer das tripas coração do seu carro, e enquanto que Perry McCarthy não marcava qualquer tempo, este conseguia fazer o terceiro melhor tempo na pré-qualificação e desalojar o Larrousse de Ukyo Katayama. Era a primeira vez naquela temporada que eles entravam na qualificação, mas parecia que as coisas não iriam terminar por ali, pelo menos do lado do Moreno. Os outros pré-qualificados foram o Larrousse de Bertrand Gachot, o Footwork de Michele Alboreto e o Fondmetal de Andrea Chiesa.

Contudo, nessa qualificação própriamente dita, os Williams dominaram. Nigel Mansell fez a pole-position, seguido pelo seu companheiro, Riccardo Patrese. Ayrton Senna era o terceiro, com o Ferrari de Jean Alesi no quarto posto. O outro McLaren-Honda de Gerhard Berger era o quinto, seguido pelos Benetton de Martin Brundle e Michael Schumacher. O segundo Ferrari de Ivan Capelli era o oitavo, enquanto que o "top ten" era fechado pelo Lotus-Ford de Johnny Herbert e o Tyrrell-Ilmor de Andrea de Cesaris.

Esta qualificação representou a segunda parte do milagre para Roberto Moreno, pois com uma Andrea Moda pelos arames, conseguiu um tempo suficiente para poder largar na grelha. Podia ser o 26º e último tempo, mas tinha conseguido colocar de fora os Brabham de Eric van de Poele e Damon Hill, o Fondmetal de Andrea Chiesa e o March-Ilmor de Paul Belmondo.

No dia da corrida, sob céu nublado, mas sem previsão de chuva, o Minardi de Gianni Morbidelli teve problemas de motor na sua volta de lançamento e largou das boxes. Na partida, Mansell largou bem, com Senna a conseguir passar Patrese para a segunda posição. A meio da primeira volta, o Dallara de Pierluigi Martini despistou-se no Mirabeau e ficou-se por lá.

Na frente, as coisas estavam na mesma, enquanto que Roberto Moreno aproveitava as retiradas e algumas ultrapassagens para chegar o mais à frente possivel. Na volta onze, o brasileiro estava na 19ª posição quando o seu motor Judd V10 cedeu, terminando ali a sua corrida. Na votla seguinte, quando discutiam o quinto posto, Schumacher e Alesi colidem, mas continuam a correr. Contudo, os danos sofridos no carro do piloto francês foram tais que acabou por desistir na volta 28, fazendo com que Berger herdasse a posição por pouco tempo, porque na volta 32, a sua caixa de velocidades cedeu.

Mais estranho ainda foi o que aconteceu a Ivan Capelli. Na volta 61, o italiano da Ferrari rolava calmanente na quinta posição quando bate na curva das Piscinas, danificando um braço da suspensão. Para piorar as coisas, na curva seguinte, bate nas barreiras de proteção, deixando o carro a um ângulo de 45 graus, com duas rodas no ar. Era o final anormal, mas frustrante para a marca de Maranello.

Na frente, impertubável, Mansell parecia ir a caminho de mais uma vitória, a sexta consecutiva. E parecia mesmo que as coisas ficariam assim, mas na volta 70, um dos parafusos de uma das rodas cedeu e Mansell teve de ir às boxes para reparar a anomalia. A sua diferença, de quase 30 segundos, evaporou-se e foi ultrapassado por Ayrton Senna.

Mansell aproximou-se rapidamente do brasileiro e tentou por várias vezes ultrapassá-lo, mas o brasileiro, mais esperto, conseguiu manter o carro numa trajetória que o impedisse de passar na pista e foi assim que o brasileiro acabou por ganhar a corrida. Uma vitória que tinha caído do céu, por certo, mas uma vitória.

Depois de Senna e Mansell, Riccardo Patrese fechou o pódio, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis ficaram os Benetton de Michael Schumacher e Martin Brundle e o Larrousse de Bertrand Gachot.  

1 comentário:

Ronei Rech disse...

Essa corrida vi ao vivo pela TV, e lendo seu texto as lembraças vem de tal foprma que parece que posso ver de novo tudo o que aconteceu. Otimo texto! Parabéns Forte Abraço. Ronei Rech Twitter @roneirech