Quando amanheceu neste domingo de verão, em Valencia, sabia-se que para alem do calor convidar as pessoas a irem às praias de El Puig e arreedores, iria haver o último GP da Europa naquelas paragens, dado que a crise aperta por aquelas bandas e as regiões autonómicas estão já à beira da falência. Havia muita expectativa, claro, para saber se iria haver um oitavo vencedor diferente nesta temporada, com os Lotus a serem os candidatos numero um e dois. também havia expectativa para saber quem seria o piloto que iria repetir uma vitória nesta temporada. O candidato numero um seria Sebastien Vettel, por partir da pole-position, mas também tinha Lewis Hamilton, o segundo da grelha.
Havia também outros candidatos mais improváveis, como Fernando Alonso, que partia da 11º posição, e Mark Webber, que era o 19º na grelha, mas por aquelas bandas, tudo era possivel, especialmente devido ao facto de saber se as peças dos carros iriam resistir ao calor sufocante daquelas bandas.
A corrida começou com Vettel a segurar Hamilton, Grosjean e Maldonado e a ficar na frente da corrida, enquanto que mais atrás, o japonês Kamui Kobayashi armou confusão, ao bater em Bruno Senna, com este a ir para as boxes porque os comissários consideraram que... o brasileiro era o culpado. Mas isso tem uma explicação: o comissário convidado daquele final de semana era Mika Salo. Aquele que quer ver o Senna fora para colocar o Valtteri Bottas porque acha que é o maior...
A corrida estava tranquila até na primeira paragem nas boxes, com Vettel na frente de Hamilton, Grosjean e Alonso, que tinha aproveitado bem a primeira paragem para subir umas posições. Tudo indicava que o pódio era algo possivel para o espanhol, mas...
Mas... Jean Eric Vergne toca em Heikki Kovalainen, naquela nova briga que há entre a Caterham e a Toro Rosso, ambos ficam danificados - e Vergne leva dez lugares de penalização e 25 mil euros de multa - e o Safety car entra em pista. O resultado faz com que Vettel, que liderava com sobras, se juntasse com o resto do pelotão e visse toda essa vantagem a esfumar-se. Quando esta começou, Alonso passa Grosjean e beneficia do primeiro golpe de teatro do dia: a desistência de Vettel, vítima de um problema hidraulico.
Assim sendo, Alonso fica com o primeiro lugar, e com pneus mais novos, vai-se embora com alguma facilidade frente a Romain Grosjean e a Lewis Hamilton. Pouco depois, o segundo golpe de teatro acontece quando o piloto francês desiste com problemas no alternador do seu carro. Tudo isto em claro contraste com Felipe Massa, que tinha (mais uma vez) uma corrida para esquecer, pois sido mais uma vítima do excesso do Sauber de Kamui Kobayashi. O brasileiro arrastou-se pela pista pelo resto da corrida, ao ponto de ter sido ultrapassado pelo Caterham de Vitaly Petrov, que chegou a andar nos pontos até que um toque com o Toro Rosso de Daniel Ricciardo o fez partir o bico e acabar mais atrás, na 13ª posição.
A parte final foi emocionante. Com os pneus Pirelli a esfarelarem-se, Alonso escapava-se das confusões que aconteceria atrás, especialmente Lewis Hamilton, que era segundo e lutava contra maus pneus. Não aguentou Kimi Raikkonen e na penultima volta, resistiu até que pode aos ataques de Pastor Maldonado, o piloto da Williams. E a luta foi tal que ambos... bateram. O britânico desistiu de imediato e o venezuelano, mesmo com o nariz quebrado, acabou a cair até ao décimo posto, o último lugar pontuável. Quem beneficiou disto tudo foi Michael Schumacher, que com o seu Mercedes, subiu ao pódio no terceiro lugar, o primeiro desde o seu regresso, em 2010. Mas...
Mas parece que as corridas deste ano não acabam depois da bandeira de xadrez. Parece que a nova tendência é a secretaria da FIA, devido às penalizações. Primeiro, o venezuelano foi penalizado com dez lugares na partida do GP seguinte, em Silverstone. E para piorar as coisas, levou 20 segundos de penalização, perdendo o décimo posto a favor de Bruno Senna. Depois surgiram as suspeições de que Michael Schumacher passou em plena zona de DRS sob bandeiras amarelas, o que poderia dar uma penalização de vinte segundos.
No pódio, a chorar pelo facto de ter vencido "em casa", Fernando Alonso deve estar a pensar na sorte que teve e no esforço que fez do 11º posto para chegar até ali. E deverá pensar também no mau carro que lhe deram no inicio do ano e no esforço que fez nas primeiras corridas para o fazer funcionar, antes deles terem melhorado o carro. E querem saber quem vai vencer o título? Vai ser o Fernando Alonso.
A razão? Já se sabia que é muito bom a tirar o melhor do carro, mas hoje, teve a estrela da sorte. E em Valencia, lucrou imenso com os azares e os desastres dos outros: Vettel desistiu com problemas mecânicos, Hamilton bateu em Maldonado, Grosjean teve também problemas mecânicos, Webber teve um mau fim de semana. O Principe das Asturias, neste fim de semana valenciano, nasceu com o rabo para a Lua. E no dia em que por fim, houve uma repetição na lista de vencedores nesta temporada, parece que Alonso é agora o candidato numero um. Afinal de contas, no carro mais improvável para vencer como começou por ser o Ferrari F2012, ele tem agora vinte pontos de avanço...
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