Esta sexta-feira começa o Rali de Gales, a última etapa do campeonato do Mundo de 2010. É um grande coincidência no calendário isto ocorrer no mesmo fim de semana de encerramento do Mundial, mas isto é mais importante do que aquele duelo a três que vai haver no "tilkódromo" árabe, num sitio onde mais parece um parque temático gigante, com tantas coisas a cheirar a novo... digo que isto é muiot mais importante porque este vai ser o último rali oficial onde irão alinhar carros do WRC.
Portanto, as paisagens do País de Gales vão marcar o final de uma era. O facto de acontecer num rali clássico onde há menos de 20 anos as classificativas eram secretas (ou seja, davam-lhes as notas no momento da partida) até é bom e bonito, pois dão uma despedida condigna a estes modelos. É certo que actualmente só existem dois modelos minimamente competitivos, o Citroen C4 WRC e o Ford Focus. Mas serão dois modelos que ficarão na história dos ralis, e deste capitulo em particular.
Um capitulo que arrancou em 1997, em Monte Carlo, com a vitória do italiano Piero Liatti, no seu Subaru Impreza da Prodrive - curiosamente, a sua unica vitória no Mundial - e que ao longo dos anos providenciou uma geração de excelentes pilotos, pilotando as mais diversas máquinas.Foi a era de Sebastien Löeb e Mikko Hirvonen, sem dúvida, mas também foi a era onde correram Carlos Sainz, Colin McRae, Tommi Makinen, Markko Martin, Petter Solberg, Richard Burns, Marcus Gronholm... até veteranos como Didier Auriol, Francois Delecour e Juha Kankunnen experimentaram estas máquinas. E que máquinas: Toyota Corolla, Subaru Impreza, Ford Focus, Skoda Octavia, Seat Cordoba, Hyundai Accent, Mitsubishi Lancer, Peugeot 206 e 307, Citroen Xsara e C4, todos eles foram máquinas fabulosas no seu tempo.
É certo que muitos olham para este periodo como e era onde somente um homem conquistou títulos: o francês Sebastien Löeb. Mas se somente olharem para o homem que dominou o panorama dos ralis desde 2004, e dizerem que "é isto e mais nada", é menosprezar os esforços dos outros pilotos que o tentaram bater. Marcus Gronholm, Mikko Hirvonen, Jari-Matti Latvala, Sebastien Ogier, Petter Solberg, Dani Sordo, entre outros, foram e são excelentes pilotos que deram imenso trabalho a Löeb nestes anos todos. O francês não ganhou isto com "uma perna ás costas", como muitos julgam. Ele, o seu navegador Daniel Elena e a equipa Citroen sentiram muitas vezes esses seus rivais atrás das costas e lutaram muito para conseguir batê-los. Retirar mérito à maneira como Löeb ganhou os títulos é retirar mérito aos seus adversários.
No final, como é que esta era vai ficar na história dos ralis? Estes carros não serão tão especatulares e perigosos como o Grupo B, ou tão contidos como o Grupo A, e o calibre de pilotos pode não ter sido tão vasto como o que houve nos anos 70 e 80, mas esta era chegou a ter sete construtoras ao mesmo tempo a correr nas estradas de todo o mundo. Não é algo que os verdadeiros fãs de ralis devam menosprezar, pelo menos. Por mim, vou olhar para esta era como algo tão bom ou verdadeiro como os anos 80, e modelos como o Citroen C4 WRC deverão ser tão miticos como o Ford Escort de primeira geração, o Lancia Stratos, o Audi Quattro, o Lancia Delta ou o Subaru Impreza, só para citar cinco exemplos.
Agora, em 2011, aparecerão novos modelos e mais uma nova era nos Ralis: Citroen DS3, Ford Fiesta, Mini Countryman estarão lá. E outras marcas poderão estar no horizonte, como Volkswagen e Saab. Creio que serão ser anos interessantes para acompanhar...
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