sexta-feira, 21 de julho de 2017

As razões e as polémicas do Halo

A história da decisão da FIA em colocar o Halo em 2018 poserá ser vista como uma jogada da FIA para mostrar à Liberty Media que são eles que ditam as regras na Formula 1. Por outras palavras, a tensão entre ambas as partes poderá ter aumentado, ao anunciar uma decisão que não é popular, mas que tinha de ser feito, pois em 2016, ambas as partes tinham decidido adiar a solução de uma proteção para a cabeça por uma temporada.

E é isso que vemos isso em Toto Wolff, quando comentou a introdução do Halo. “Penso que a FIA não teve escolha. Querem aumentar a segurança e o Halo foi o único que esteve próximo de ser bom. Não é bom esteticamente, mas a decisão está tomada”.

Apesar da GPDA aprovar o sistema, quase metade dos pilotos odeiam-no. Lewis Hamilton, por exemplo, foi um deles e disse o que tinha a dizer sobre ele no ano passado.  “É a pior modificação na história da Fórmula 1. Se for aprovada, espero que tenhamos uma opção para usá-lo ou não, porque não o vou usar no meu monolugar”, afirmou. 

Contudo, meses depois, numa nova experimentação, afirmou isto: "Tirando entrar no monolugar, não percebi muita diferença. Bloqueia os espelhos – não consegui ver a asa traseira”.

De uma certa forma, apesar de muitos o odiarem, por motivos estéticos, os pilotos habituam-se. Contudo, ao ler hoje as impressões escritas pelo Joe Saward no seu sitio, a ideia é que isto foi feito como medida provisória.

"Isto tinha de sair [o Halo] porque, no verão de 2016, a FIA votou para fazer algo sobre proteção de cabeça. Um ano depois, nenhum outro sistema foi suficientemente pesquisado e, portanto, temos de suportar o "Halo", mas [foi] porque havia um compromisso de fazer algo, se não fizesse isso, poderia ter havido motivos para uma reivindicação de negligência e, portanto, o halo foi empurrado. Espera-se que esta seja apenas uma fase e que o horrível halo logo desapareça para ser substituído por algo mais sexy".

Algumas coisas são certas. Primeiro, tinha de haver uma protecção para a cabeça, desse por onde desse. Adiar a ideia "sine die" foi aquilo que a FIA fez desde o acidente de 2009, na Hungria, com Felipe Massa, até ao GP do Japão de 2014, quando Jules Bianchi teve o seu acidente fatal. Sei que houve testes, e não se chegou a qualquer conclusão, porque, de uma certa maneira, a FIA estava relutante num sistema de proteção de cabeça. Achavam que os capacetes, as viseiras reforçadas e o HANS já chegavam, mas não.

E sim, sei: o acidente fatal do Jules teve a ver com a desaceleração de mais de 450 G's que sofreu no embate contra um trator que não deveria estar ali no momento em que tirava o Sauber de Adrian Sutil. Mas não fazer nada é como diz o Joe em cima: dá ideia de que são negligentes. E isso dá má fama à modalidade, para desgosto dos puristas. E como já disse por estes dias, noutro lado, o público já não tolera o tempo de uma Formula 1 em chassis de alumínio, com depósitos de combustível ao lado dos pilotos. Só os puristas é que gostam de gladiadores, que acham que eles deveriam fazer um juramento a Jean Todt no inicio da temporada, dizendo: "Ave Caesar, morituri te salutant!" (Avé Cesar, os que vão morrer te saúdam!)

Contudo, se isto significa que é para darmos tempo ao desenvolvimento do "Shield" para ser implementado em 2020 ou 2021, se calhar até pode ser um pílula que se tenha de engolir. Mas eu não gosto do "Halo". Aliás, acho que quase ninguém gosta.

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