"A Formula 1 e um desporto onde não se pode (nem se deve) pensar em termos de preto e branco. Também envolve vários tons de cinza". Joe Saward, 30 de julho de 2013.
"Silly Season" traduz-se literalmente em "estação tola" ou "estação dos disparates". O Verão é literalmente um tempo onde o melhor é estar na praia do que ficar a trabalhar, pois o calor não permite muito para pensar. E desde domingo, altura em que decorreu o GP da Hungria, parece que a Formula 1 desligou o cérebro e permite dizer disparates. Ou então, todos os diretores de equipa combinaram entre si, qual "lobby", para dizer um disparate do qual os jornais ficam entretidos ao longo do mês de agosto. E qual foi o disparate escolhido? Fernando Alonso de saída da Ferrari.
É certo que parece tudo combinado: primeiro, a presença do "manager" de Alonso na "motorhome" da Red Bull, com 98 por cento das pessoas desconhecendo que ele é também o "manager" de Carlos Sainz Jr. - e já agora, o pai também lá estava - e muito provavelmente, ambos estariam a discutir a participação do piloto espanhol na Red Bull Junior Team, onde ele faz parte.
Ora, as pessoas viram isso, combinado com as declarações de Luca di Montezemolo ditas ontem, o dia de aniversário de Fernando Alonso, e pensaram que essa "prenda de aniversário" amarga significava que as relações entre ambas as partes estariam no ponto de rotura.
Já agora, para quem não leu, Montezemolo disse: “Todos os grandes campeões que pilotaram para a Ferrari sempre lhes foi pedido que colocassem os interesses da equipa acima dos seus. Este é um momento para ficar calmo, evitar polémicas, e mostrar humildade e determinação na sua contribuição, ficando ao lado da equipa e das suas pessoas na pista ou fora dela”.
É certo que Fernando Alonso é um grande piloto, mas com uma personalidade difícil. Trabalhava bem na Renault, mas aí estava protegido por Flávio Briatore, que lhe dava toda a liberdade para que pudesse mandar na equipa. Tanto assim que esmagava os seus adversários internos. Mas a partir da sua passagem pela McLaren, em 2007, é que Alonso mostrou um pouco essa personalidade algo irascível. Na Ferrari, as coisas até agora andavam boas, apesar das frustrações da perda dos campeonatos de 2010 e 2012 para Sebastian Vettel e a Red Bull. Mas parece que em 2013, essas frustrações se acumulam e o vapor começa a sair, aumentando a tensão dentro da Scuderia. Não tanto por causa da Red Bull, mas porque agora começa a aparecer a Mercedes, e a Lotus também não anda longe. Logo, esta chamada de atenção de Alonso sobre o carro poderá servir para que não sejam ultrapassados por estas equipas.
Qualquer assunto relativo à Red Bull não pode ser visto como que aconteça já em 2014, com ele a ir para o lugar de Mark Webber. Seria mais verdadeiro se fosse em 2016, quando Sebastian Vettel termina o contrato com os energéticos. E Alonso têm tendência a negociar bem cedo, a "arrumar a casa" bem antes de acontecer. Exemplos? Olhem quando é que ele assinou o contrato com a Ferrari... isso é uma boa hipótese. Mas Vettel está muito feliz na marca austriaca e provavelmente deseja bater recordes atrás de recordes. A ideia de ficar por lá até ao fim da sua carreira é uma hipótese bem plausível.
Outro assunto relativo a pilotos e "silly season" é Kimi Raikkonen. Sobre isso, já falei no sábado, e continuo a achar que o finlandês vai continuar na Lotus, especialmente quando se têm uma equipa que o quer e o deixa ser o que é. Não o vejo a ir para a Red Bull e ser o capacho de Sebastian Vettel, e não o vejo regressar à Ferrari, onde ele saiu de lá antes de tempo e já ter dito por mais do que uma vez que "passou dos tempos mais infelizes da vida". Nesse campo, o seu nome, tal como o de Vettel, Alonso, Massa, etc... são mais usados para fazer correr rios de tinta nestes dias mais parados.
Lembrem-se, teremos quatro semanas sem Formula 1, e nem toda a gente consegue ler nas entrelinhas...
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