sexta-feira, 11 de novembro de 2022

A imagem do dia


A alegria de toda uma boxe por algo inédito na sua história.

Esta equipa, recordo-vos, ainda não tem um pódio na sua história, e bateu um recorde com 47 anos: de mais tempo sem uma pole feita por uma equipa americana. A última ocasião foi no GP da Grã-Bretanha de 1975, quando Tom Pryce fez a pole a bordo de uma Shadow. E hoje tem algo que se calhar é inédito - mas deverá existir, tenho a certeza: eles detêm quer o primeiro... quer o último lugar da grelha, sem penalizações.

Para Kevin Magnussen, que a meio de Fevereiro deste ano estava a preparar-se para uma temporada na Endurance, a bordo de um Peugeot, ser chamado para ficar com o lugar de Nikita Mazepin por causa de uma guerra, foi uma bênção. uma segunda oportunidade numa equipa que já conhecia. E de uma certa maneira, até aproveitou bem, com um quinto posto na corrida de abertura, no Bahrein.

Hoje, a chuva deu um ar da sua graça, mas quem conhece aquilo que ele é capaz de fazer, não deveria estar surpreso. Aliás, pouco depois da pole, o Humberto Corradi me lembrou de um post meu no Twitter escrito em 2014 (!) onde afirmava ter visto algumas das suas performances debaixo de chuva na World Series by Renault, em 2012 e 2013, quando competia pelo título com o belga Stoffel Vandoorne e o português António Félix da Costa. Kevin acabou sendo campeão, mas os seus rivais deram cartas noutras categorias, como a Endurance e a Formula E.

E claro, esquecemos que Kevin esteve dois anos na McLaren, e logo na sua primeira corrida na Formula 1, em Melbourne, em 2014, conseguiu um segundo lugar. Foi pena que a sua carreira não tivesse cumprido as expectativas que muitos esperavam dele, especialmente na Renault e na Haas.

Mas neste seu regresso, fez o que tinha de fazer com um chassis daqueles, esperando por uma oportunidade. E numa corrida onde a chuva para colocar todos em pé de igualdade, foi otimista e marcou o tempo certo na hora certa. E o acidente de George Russell, logo a seguir, causando uma bandeira vermelha, ajudou ainda mais. 

Depois, foi o contar dos minutos. E nisso, as tribunas vibravam radiantes com a chance de ver algo inusitado. E ainda por cima, na equipa cujo chefe é Gunther Steiner, que um dia, as câmaras da Netflix o apanharam a dizer que "nós eramos um bando de idiotas" (a bunch of fu**ing wankers, no original).

Agora, passaram de idiotas a heróis. E - quase por coincidência pessoal - andava a ouvir na minha playlist a música "Heroes" do David Bowie, cantado pelo Dave Gahan, o vocalista dos Depeche Mode. Um dia, as luzes da ribalta estarão em cima de nós. 

Como heróis. "A bunch of fu**ing heroes, Gunther."

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