Quando máquinas e pilotos chegam a Monza, a Formula 1 já sabe que, caso não existisse mais nenhuma catástrofe semelhante ao que lhe tinha acontecido no ano anterior, Niki Lauda tinha o bicampeonato na mão. A vitória na corrida anterior, em Zandvoort, o tinha colocado com 21 pontos de avanço sobre Jody Scheckter, e só faltavam quatro corridas até ao final do ano.
Contudo, ao chegar a Monza, o pelotão foi confrontado com uma bomba: o austriaco tinha decidido trocar a Ferrari pela Brabham. As negociações foram feitas em segredo, especialmente da Scuderia, e Lauda só anunciou a transferência após a assinatura do contrato. De acordo com a lenda, o "Commendatore" Enzo Ferrari indignou-se chamou "Ebreo!" a Lauda, o italiano para judeu, quando soube da noticia em Maranello, dada pelo próprio piloto.
Na lista de inscritos, existiam 34 carros, para apenas 24 lugares vagos na corrida italiana. As novidades vinham da Brabham, que tinha cedido um terceiro carro para o local Giorgio Francia, e da McLaren, que tinha dado de novo um terceiro carro para Bruno Giacomelli. O suiço Loris Kessel aparecia no pelotão da formula 1 com um Williams FW04 modificado, que o batizou de "Apollon", e no segundo Surtees, o italiano Lamberto Leoni estava no lugar do australiano Vern Schuppan.
A qualificação mostrou que a McLaren estava a regressar em força, talvez para encurtar as distâncias para a Ferrari e para a Wolf de Jody Scheckter. James Hunt foi o melhor, seguido por Carlos Reutemann, no seu Ferrari. Jody Scheckter era o terceiro, seguido por Mário Andretti, no seu Lotus. Na terceira fila estavam o Ferrari de Niki Lauda e o surpreendente Shadow de Riccardo Patrese. Clay Regazzoni era o sétimo no seu Ensign, seguido pelo Ligier-Matra de Jacques Laffite. A fechar o "top ten" ficou o segundo McLaren de Jochen Mass e o Surtees de Vittorio Brambilla.
Dos dez carros que ficaram de fora, o mais surpreendente foi o Copersucar de Emerson Fittipaldi, duas semanas depois de ter conseguido um quarto lugar em Zandvoort. O March de Alex Dias Ribeiro também não tinha conseguido a qualificação, tal como o Brabham de Giorgio Francia, o Surtees de Lamberto Leoni, o Boro de Brian Henton, o McLaren privado de Emilio de Villota, o BRM de Teddy Pillete, o Hesketh de Ian Ashley, o Apollon de Lorus Kessel e o Penske-ATS de Hans Binder.
Para a BRM, esta seria a sua última aparição de sempre na Formula 1, e a sua saída pela porta dos fundos.
A corrida começou com Scheckter e Regazzoni a fazerem grandes partidas, acabando a primeira curva com o sul-africano no primeiro lugar e o suiço no segundo. Contudo, nas curvas seguintes, Hunt e Andretti passarão Regazzoni e no final da primeira volta, ele estará na frente dos Ferrari, que pouco depois o ultrapassarão. No inicio da segunda volta, Hunt e Andretti trocam de posições e o americano vai atrás do piloto da Wolf. Atrás, Mass passa Regazzoni para o sexto posto.
Nas voltas seguintes, Andretti imprime o ritmo para apanhar Scheckter e no final da décima volta, o piloto da Lotus passa o da Wolf na Parabólica e toma o comando. A partir dali, o americano afasta-se do resto do pelotão, enquanto que apenas na volta 24 é que se viram alterações, quando o motor de Scheckter explode, deixando o segundo lugar nas mãos de Reutemann.
Na volta 35, Lauda passa o seu companheiro de equipa para o segundo lugar, e passa a garantir mais ou menos o seu campeonato. Atrás, o Shadow de Alan Jones veio a subir de posições até chegar ao quarto lugar. Na volta 39, o McLaren de Giacomelli sofre uma fuga de óleo, e Reutemann tem o azar de pisar essa mancha de óleo e despistar-se.
No final, Mário Andretti acaba por vencer a sua quarta corrida do ano, seguido por Niki Lauda, que alarga a sua vantagem para 27 pontos, dando virtualmente o campeonato ao austríaco. Alan Jones fica com o terceiro lugar, e nos restantes lugares pontuáveis ficaram o McLaren de Jochen Mass, o Ensign de Clay Regazzoni e o Tyrrell de Ronnie Peterson.
3 comentários:
Quarta do ano. Andretti ganhou quatro em 77. (Sou mesmo um cri-cri, não?)
És, mas são vocês que têm de alertar sobre possíveis erros, porque nem sempre lembro de tudo ou estou suficientemente alerta para os corrigir. Ninguém é infalível...
Hoje em dia a moda é ser pedante. =P
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