quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Um final conveniente

Paulo Gonçalves caiu esta manhã nas areias argentinas, entre La Rioja e San Juan, e foi encontrado inconsciente. Já foi transportado para o hospital e espera-se mais noticias ao longo desta tarde, pois está em observação.

A queda do piloto da Honda é "o final conveniente da ASO", digamos assim. Como sabem, na véspera, a organização decidiu penalizar o piloto português em mais de 50 minutos, um dia depois da confusão que foi na etapa-maratona à volta de Jujuy, onde ele furou o radiador da sua Honda, ao mesmo tempo que a etapa era neutralizada após o CP1. Se na terça-feira celebrávamos uma situação que ia da desistência inevitável até a algo próximo de um milagre,  esta madrugada conhecíamos uma penalização do qual a ASO teve muita dificuldade em explicar, e ainda por cima, não tinha a ver nem com uma mudança de motor (que acabou por não acontecer) nem com o que se passou entre a CP1 e a CP2, que no minimo, poderemos dizer que foi uma confusão. E muitos até falavam que eles se lembraram do tempo que tinha sido deduzido na sexta-feira, quando ele parou para ajudar o austríaco Matthias Walkner, que tinha caído e fraturado o fémur.

E não falamos só do "portuguesinho contra o mundo". A estranha decisão da organização a favor de Stephane Peterhansel, quando foi do polémico reabastecimento em zona proíbida, protestada pela X-Raid e do qual a ASO decidiu que era legal porque, apesar de não ser recomendado, passava porque tinha sido "numa estrada de ligação", não convenceu ninguém no "bivouac", e Sven Quandt, o lider da X-Raid, esteve bem perto de ordenar aos seus carros para que abandonassem de imediato o rali e mostrando que a organização, este ano liderado por Nani Roma, era premeável a pressões de que existisse um vencedor francês. E como sabem, temos um francês, numa máquina francesa, a liderar nos carros. E já agora, nas motos, com a penalização (e queda) do "Speedy" e os problemas que passa hoje Toby Price, quem é o grande beneficiado? Um francês, Alain Meo, num KTM. Está aqui no seu segundo ano, e vai ao pódio! Pois é...

No final, são pequenos episódios que vão minando a credibilidade desta organização, e claro, do rali Dakar. Um Dakar onde hoje, por coincidência, passam 30 anos sobre a morte do seu fundador, Thierry Sabine. E isso faz-nos lembrar que este rali, não há muito tempo, esteve perto de não se realizar este ano, depois de Chile e Peru terem "tirado o tapete" por causa de razões meteorológicas. Esta organização está em crise, é certo, mas as suas decisões fazem nos pensar se todos podem participar nela, desde que o vencedor seja francês. E se Sebastien Loeb fez o que fez este ano, então poderemos esperar mais domínio gaulês nos próximos anos, uma vez que o alsaciano se adaptar aos "rally-raids"...

Enfim, as melhoras para o Paulo, e que em 2017 venha numa máquina imbatível, numa excelente equipa e que tenha os deuses (e a organização) do seu lado...

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