terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A imagem do dia

Nos anos 70, no automobilismo, os acidentes eram frequentes. Carros feitos de alumínio, muitos deles tinham os depósitos de gasolina nas laterais, ao lado dos pilotos. Em suma, verdadeiras bombas ambulantes, esperando que, em caso de colisão lateral, eles não explodissem. Não era assim. Muitos pilotos acabariam morrendo queimados, ou vítimas da inalação de vapores causados por matérias tóxicas. Niki Lauda que o diga, pois viveu dois terços da sua vida carregando as cicatrizes de um acidente no Nordschleife.

Contudo, desde o final dos anos 60 que se via um movimento a favor da segurança nos carros e nos pilotos. Capacetes integrais, cintos de segurança de seis pontos, fatos de Nomex, um compósito artificial criado pela DuPont, inicialmente para os fatos de bombeiros, mas depois acabou por ir para os pilotos de automóveis, dando mais chances de sobrevivência.

Bill Simpson era um piloto como todos os outros até um dia sofrer um acidente de "dragster" que o colocou na cama de um hospital, tinha ele 18 anos. O muito tempo que teve para pensar foi o suficiente para colocar um pára-quedas na traseira do carro, para ajudar a abrandar os carros - os travões a disco eram uma novidade para a época, e eram de aço. Só recentemente, com os travões a carbono, é que a capacidade de travagem melhorou imenso.

Simpson, vendo o potencial para a segurança, começou a montar um negócio ao mesmo tempo que corria. Ele disse certo dia que abandonou o volante quando fez a Curva 4 do circuito de Indianápolis a pensar numa chamada telefónica que tinha de fazer quando saísse do carro. Estávamos no final dos anos 70, quando fez o modelo de capacete Bandit, que acho até hoje ser um dos melhores da história. Mas era frágil: em 1980, dois pilotos de Formula 2, Markus Hottinger e Hans-Georg Bürger, sofreram acidentes fatais quando os seus capacetes não aguentaram o impacto de rodas - no primeiro caso, em Hockenheim - e de um poste, no caso do segundo. O primeiro piloto a chegar foi o italiano Beppe Gabbani, que disse ter visto o seu capacete partido em dois.    

Mas em muitos casos, a melhor maneira de vender uma ideia é pelo exemplo. E Bill Simpson não se importava de ser a "cobaia" nos testes para demonstrar a segurança dos seus fatos, capacetes e luvas. Pegar fogo a ele mesmo é uma excelente publicidade, e na América, como tudo que dá nas vistas rende bem, pode-se dizer que a Simpson está na lista dos grandes impérios que nasceram numa garagem. Acreditem, é verdade.

Bill Simpson também tinha faro para outras coisas. Foi ele que descobriu Rick Mears e o recomendou a Roger Penske, em 1978. Tinha sido casado por três vezes e era um sujeito irascível, que adorava uma boa briga de bar. Mas era determinado em não só fazer vender os seus produtos, mas sobretudo, vender a ideia que velocidade e segurança, combinavam. E ele sempre teve razão. 

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