quarta-feira, 22 de setembro de 2021

A imagem do dia


Ontem falei dos quatro pilotos que se sentaram por cima do muro das boxes. Hoje, falo da ultrapassagem que apanhou Michael Schumacher "com as calças na mão", do qual faz hoje 25 anos. E na última vez que a Formula 1 correu no Estoril. 

Jacques Villeneuve tinha a aura toda em 1996. Campeão da CART, vencedor das 500 Milhas de Indianapolis, filho de Gilles Villeneuve, piloto da Williams, a equipa que ganhava tudo, contra um Schumacher que tinha ido para a Ferrari para reconstruir uma equipa e levá-la para o cume, não interessava o tempo que durasse. Villeneuve era jovem, fresco e todos olhavam para ele com esperança e altas expectativas. E era o que andava a fazer naquela temporada.

Quando a Formula 1 chegou a Portugal, Schumacher tinha acabado de vencer em Monza, e via-se que a Ferrari tinha evoluído imenso com o seu chassis. Damon Hill estava mais preocupado com o seu companheiro de equipa, e sabiam que Schumacher não seria ameaça, mas depois do que tinha conseguido nessa prova, já entendiam que num futuro próximo, ele voltaria para a primeira linha.

A manobra aconteceu quando ambos lutavam pela terceira posição. Villeneuve tinha ido às boxes para o primeiro reabastecimeto e tinha apanhado o alemão. Aproximou-se e colocou-se lado a lado, por fora, na Parabólica, e parecia que o canadiano ia levar a melhor, antes de aparecer pela frente o Minardi de Giovanni Lavvaggi - descrito como "desesperadamente lento" por um dos comentadores - e parecia que Villeneuve tinha de levantar o pé. Na realidade, ele acelerou ainda mais e conseguiu manobrar para ficar na frente do alemão, e depois de passar o italiano, que era companheiro do Pedro Lamy, manteve-se na frente do alemão.

No final, foi um belo presente, e ainda por cima, Villeneuve acabou por ganhar, na frente de Hill e Schumacher, na quarta vitória da sua carreira, e ainda iria ter uma chance de alcançar o título mundial. Contudo, no Japão, ele acabou por desistir e Hill foi coroado como vencedor, o primeiro filho de campeão a ser campeão. 

O que não sabíamos, naquela tarde, era que iria demorar 24 anos e uma pandemia para voltar a ver as máquinas da Formula 1 na nossa terra, e noutro circuito. 

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