A ideia parecia acabar no caixote do lixo do esquecimento até que, muitos anos depois, se tornar na ideia de um jovem aristocrata sueco e na sua ideia de ter um hipercarro memorável. Após muitas ideias, ele considerou seriamente em fazer dele o seu motor de eleição até descobrir que era tudo... demasiado artesanal.
CAPITULO FINAL
Carlo Chiti, um dos mais marcantes engenheiros automobilísticos da segunda metade do século XX, morreu a 7 de julho de 1994, aos 69 anos, depois de uma longa carreira na engenharia automóvel. Cinco anos depois, em 1999, havia alguém interessado nesses motores, e comprou os planos para ele, bem como a maquinaria e algumas unidades, com o objetivo de construir o seu próprio supercarro. A pessoa? Um sueco, Cristian von Konnigssegg.
Tudo começou algum tempo antes, em 1997, quando a Motori Moderni entrou em falência, e aconteceu um leilão para a venda de equipamento industrial. Koeningssegg comprou a maquinaria, os desenhos e pelo menos, duas das unidades completas. Mas quando tudo chegou à sua fábrica, na Suécia, descobriu que tudo aquilo era... analógico. Os desenhos eram feitos à mão, nada de computadores (na altura, já havia design em CAD) e dos equipamentos, parte deles eram feitos de madeira e estavam desgastados com o tempo. E pior: as instalações da fábrica, em Itália, tinham sido consumidos pelas chamas, num incêndio que acontecera algum tempo antes.
Apesar disso tudo, Koenigssegg estava entusiasmado com o motor. Mas depois de alguma pesquisa, ele descobriu que, mesmo colocando um Turbo no boxer, a potência não ultrapassaria os 750 cavalos. Pouco tempo depois, colocou esses planos de lado e assinou um acordo para ficar com os V8 da Audi para o seu primeiro carro.
"Tínhamos este protótipo, baseado numa configuração específica que pensávamos que poderíamos utilizar e não tínhamos um fornecedor de motores. Podíamos ter processado, mas eu não queria seguir esse caminho.", começou por escrever.
Conheci uma pessoa que conhecia o Carlo Chiti através de um grupo de amigos. Chiti dirigia uma empresa de motores chamada Motori Moderni. Estavam com alguns problemas, mas costumavam fabricar motores de Fórmula 1 para a Minardi. Tinham este motor boxer-12, feito em cooperação com a Subaru, que quase nunca tinha corrido. Tiveram problemas com o peso e para fazer os difusores funcionarem com o layout do carro de Formula 1 depois de o motor ter sido instalado.
O motor de 12 cilindros não teve sucesso na Fórmula 1, mas a Motori Moderni teve grande sucesso na construção de outros motores para a Alfa Romeo utilizar nas corridas de DTM. Eles provaram o seu valor, por isso valia a pena falar com eles.
Fomos encontrar-nos com eles e foram muito abertos. Disseram que poderiam modificar o seu motor boxer de 3,5 litros e 12 cilindros para nós. Motores semelhantes foram utilizados em regatas de barcos offshore com turbos duplos, pelo que estávamos confiantes na sua durabilidade. Montaram um motor boxer de 3,8 litros e reduziram as RPM de 12.000 para 9.000. Colocaram-lhe diferentes eixos de comando, fizeram um curso, colocaram tubos de admissão mais compridos. Foi configurado para produzir 580 cv às 9.000 rpm e tenho os testes no dinamómetro de onde usamos o motor.
Quando concebemos o monocoque do Koengisegg, foi concebido para aquele motor e foi o primeiro motor que lá colocámos. As posições de montagem para este motor ainda são utilizadas hoje em dia no Agera."
Depois, continuou, alando da razão porque os flat-12 não foram os escolhidos:
"Infelizmente, por esta altura, Carlo Chiti já tinha morrido e a Motori Moderni entrou em falência. Recebemos dois motores deles (que ainda temos), mas, mais uma vez, ficámos sem fornecedor.
No início de 1997, acabei por ganhar um leilão para comprar alguns ativos da empresa. Consegui todas as ferramentas, os desenhos, as peças montadas e algumas peças de substituição para os motores. Parte deste foi incendiado na antiga fábrica. Pensámos que talvez, com todo aquele equipamento, pudéssemos construir os nossos próprios motores a partir dos projetos da Chiti, mas quando levámos o equipamento de volta para a Suécia e começámos a organizar tudo, foi um pesadelo. Não existiam desenhos computadorizados. Foi tudo feito à mão. Muitas das ferramentas eram velhas, feitas de madeira e estavam bastante danificadas."
Apesar de tudo, Koeingssegg achava que esses motores teriam dado certo, se tivesse sido feito de forma apropriada.
"O motor seria viável? Certamente no início. Foi realmente incrível. Todo o bloco do motor estava sob o centro do eixo traseiro, o que nos dava um centro de gravidade super baixo e ficava muito atraente quando se abria o capô traseiro do carro. Não havia vibração nenhuma, e foi por isso que decidimos aparafusá-lo ao monocoque. Era largo, baixo e sólido, pelo que agia como um componente do chassis. Ainda o fazemos com os V8 que usamos hoje, mas com um pequeno compromisso porque não são tão suaves.
A desvantagem deste motor é que nunca nos levaria ao nível em que estamos agora. Teria sido bom até cerca de 750 cavalos com turbo, mas teria sido apenas isso. Acontece que o pacote de motor que finalmente adotámos em 1998 permitiu-nos ir muito mais longe do que poderíamos ter feito com o motor boxer de 12 cilindros da Chiti.", concluiu.