domingo, 6 de outubro de 2024

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Ser austríaco e ser piloto de automóveis é um negócio no qual os pilotos estão por sua própria conta a risco. E no caso de Helmuth Koinigg, é algo que perseguiu desde a sua juventude. Nascido em Viena, a 3 de novembro de 1948, comprou o seu primeiro carro, um Mini Cooper, a outro jovem, chamado Niki Lauda. E nos anos seguintes, ele se tornou num piloto competente, acabando por ganhar o campeonato Europeu de Formula Vê, em 1973, e correr na Endurance, fazendo pelo menos duas edições das 24 Horas de Le Mans e participando com um BMW Alpina em edições dos 1000 m de Nurburgring.    

A Surtees em 1974 era uma manta de retalhos. O seu carro, o TS16, não era um grande bólido, e o seu piloto principal, José Carlos Pace, tinha saído da equipa a meio da temporada, depois do GP da Suécia e no seu lugar, tinha entrado uma manta de retalhos. Para piorar as coisas, o seu segundo piloto, o alemão Jochen Mass, também tinha saído depois do GP da Alemanha. Assim sendo, a cada corrida, havia pilotos a entrarem e a saírem. Derek Bell tinha entrado na segunda parte, mas acumulava não-qualificações, e a temporada acabou com o francês José Dolhem, que - não se sabia na altura - era meio-irmão de Didier Pironi, então a correr nas categorias de base.

Koinigg surge para correr na temporada americana. Tinha-se estreado na sua Áustria natal, num Brabham BT42 da Scueria Finotto. Não conseguiu qualificar-se, mas a chance de correr oficialmente numa equipa do pelotão seria ótimo para a sua evolução como piloto. E em Mosport, numa qualificação onde de 22º, chegou a décimo, tinha deixado uma impressão que a equipa começaria a vê-lo como uma possibilidade de correr para eles, oficialmente, na temporada de 1975.

Koinigg conseguiu qualificar-se, mais uma vez, no fundo da grelha, mas teve melhor sorte que outros, como Jean-Pierre Beltoise, que bateu e não conseguiu prosseguir. Com todos os olhos no duelo entre Emerson Fittipaldi e Clay Regazzoni, com Jody Scheckter à espreita, caso ambos colidissem, os americanos queriam saber da sorte desses, mais os seus pilotos, Mark Donohue e Mário Andretti. O resto era para compor a pista, que naquele dia de outono tinha 150 mil espectadores espalhados à sua volta. 

E se calhar, alguns se lembravam que precisamente um ano antes, Francois Cevért tinha tido o seu acidente mortal. 

A corrida foi sem grande história até à nona volta, quando numa curva lenta, o Surtees foi em frente e bateu nos guard-rails. Como tinha acontecido com Peter Revson, em março, em Kyalami, o carro passou por baixo da proteção e andou mais um bocado, porque aquilo não absorveu totalmente o choque. Quando o socorro chegou, descobriram, com horror, que o piloto tinha tido morte imediata, porque encontraram o seu capacete separado do seu corpo. Como Cevért, mas numa outra curva. Koinigg tinha 25 anos, e estava na sua terceira corrida. 

Depois descobriu-se a causa do acidente: uma quebra na suspensão do TS16. Definitivamente, aquele não era um bom carro. Mas essa não foi a única causa daquele acidente fatal. É que á aquela velocidade de colisão, ele teria sobrevivido sem grandes ferimentos. Mas como aqueles guard-rails foram mal colocados no solo, ele se rompeu no ponto de menor resistência e independentemente da velocidade de impacto, foi suficientemente forte para causar os estragos que causou. 

Interessantemente, uma nota final: Niki Lauda, seu compatriota e conhecido no meio, por causa dos negócios que tinha feito com Koinigg, já era piloto da Ferrari em 1974, e quando parou nas boxes na volta 38 por causa de um problema com amortecedor, soube da morte dele e decidiu ali mesmo que o seu dia tinha terminado.