sábado, 3 de setembro de 2016

Formula 1 2016 - Ronda 14, Itália (Qualificação)

Esta altura do ano é bem agradável para todos os que acompanham a Formula 1. O verão ainda está no seu auge, as pessoas gozam-no em todo o seu esplendor, apesar dos primeiros sinais de que o fim está iminente. A visita da Formula 1 a um velho conhecido é sempre ótimo, e como Monza aparece uma semana depois de Sopa-Francochamps, assistir a tudo isto é como fazer a visita anual a um velho amigo, a um lugar familiar, a algo que nunca desiludiu.

Este ano, Bernie Ecclestone quis sacar mais algum dinheiro de Monza, dizendo que havia outros lugares e que o seu estatuto não era intocável, mas se foi porque o outro lado cedeu à chantagem ou foi porque o dinheiro que queria lá apareceu, a Formula 1 andará por lá por mais três temporadas, até ao final da década. Naquela casa que a Ferrari fez sua, já não há mais os "tiffosi" que subiam as placas publicitárias para se sentar nelas e ver a corrida do algo, ou os "portoghesi" que furavam as redes de proteção e iam assistir à corrida sem pagar. Mas ainda há os que invadem a pista no final da corrida para aplaudir os vencedores, mesmo se os seus pilotos tem andado distante do pódio nos últimos tempos... parece um regresso aos anos 90, onde as vitórias andavam fugidas à Scuderia.

Mas independentemente do lugar, os Mercedes levam sempre a melhor. E aqui, o melhor foi Lewis Hamilton, que conseguiu bater Nico Rosberg e ambos conseguiram distanciar-se da concorrência, onde o "melhor dos outros" foram os Ferrari, que conseguiram bater os Red Bull. Mas numa das pistas mais velozes do calendário, a diferença assustou: quase um segundo. Parece que amanhã será um passeio, caso ambos não se autoeliminem na travagem para a primeira chicane...

A qualificação, que decorreu debaixo de um esplendoroso sol italiano, começou com a noticia de que Romain Grosjean tinha trocado a sua caixa de velocidades, que o fez perder cinco posições na grelha. Depois disso, viu Kevin Magnussen entrar dentro do carro e tentar marcar um bom tempo para evitar ficar na Q1, mas também para dizer ao mundo que não tinha sequelas do acidente de há seis dias, em Spa. Os Mercedes davam uma volta, para assustar a concorrência, enquanto que o resto lutava para entrar na Q2, especialmente os que estavam no fundo da grelha.  

A primeira baixa foi o novato Esteban Ocon, que sem marcar tempo, ficava de fora, e no final dessa primeira parte, mostrava que - com uma notaval excepção - os carros mais lentos foram os eliminados: os Renault de Magnusen e de Joylon Palmer, os Sauber de Felipe Nasr e Marcus Ericsson, e o Toro Rosso de Daniil Kvyat, que pode ter o consolo de saber que não está tão distante de Carlos Sainz Jr, e que ambos sofrem com a falta de desenvolvimento do Toro Rosso. E quem passou para a Q2 foi o outro Manor de Pascal Wehrlein, que demonstra que o carro até pode ser mais competitivo do que se pensa.

Quando se deu a luz verde para a Q2, os Mercedes saltaram logo para a pista, com pneus moles, determinados a marcar um tempo para que a concorrência não os alcançasse. Primeiro, Rosberg, com 1.21,809, e depois Hamilton, com 1.21,498, praticamente deixaram a concorrência a ver navios, sem chance de competir.

Mas mesmo assim, tentou-se. Primeiro, os Williams conseguiram ficar atrás dos Mercedes, mas os Ferrari cedo impuseram o seu ritmo, com Vettel a fazer o terceiro melhor tempo. Atrás, Esteban Gutierrez fazia de tudo para entrar na Q3, e os seus tempos correspondiam a isso, conseguindo no final uma inédita entrada da equipa americana na última fase do treino. E logo com o piloto que ainda não pontuou...

No final, os Mercedes foram de novo fazer uma volta, para marcar os seus lugares na grelha, e quando a bandeira de xadrez foi mostrada, viu-se que para além deles, passaram os Ferrari, os Red Bull, os Force India, o Haas de Gutierrez e o Williams de Valtteri Bottas. Quem ficava pelo caminho eram os McLaren, que tiveram o Manor de Pascal Wehrlein entre eles - o que é um feito! - o Williams de Felipe Massa, o segundo Haas de Romain Grosjean e o Toro Rosso de Carlos Sainz Jr.

A parte final não teve muita história: os Mercedes fizeram o que tinham de fazer, primeiro Nico Rosberg, que conseguiu 1.21,646, com Hamilton logo depois marcar 1.21,135, pulverizando a concorrência e marcando mais uma pole-position para o seu palmarés. Valtteri Bottas tentou marcar um bom tempo, andou momentâneamente na terceira posição, mas os Ferrari fizeram melhor e salvaram a honra do convento, mesmo com Vettel a ir um pouco longe demais quando fez a Parabólica com as quatro rodas fora da linha branca... a mesma coisa fez depois Gutierrez, que o impediu de ter melhor do que o décimo tempo.

No final, foi a hierarquia esperada. Os Ferrari não tinham motivo algum de vergonha, mas é provável que tenham ficado assustados com o desempenho "teutónicamente" avassalador dos Flechas de Prata. Isso poderia dizer que, caso não acontecesse uma hecatombe, amanhã está tudo definido, e que as 53 voltas ao circuito serão uma formalidade burocrática. 

Contudo, na longa história deste circuito, muitos dos vencedores antecipados acabaram na gravilha ou nas redes de proteção, celebrando as vitórias dos outros, muitas delas, os populares triunfos da Scuderia... o vencedor só é coroado depois de atravessar a linha de chegada.

Formula E: Audi oficializa parceria com Abt

A Audi anunciou esta sexta-feira que terá uma equipa própria na Formula E, absorvendo as operações da Abt a partir da temporada de 2017-18, segundo noticia a Autosport britânica.

De acordo com Stefan Knirsh, o engenheiro responsável pelo desenvolvimento tecnológico, afirmou que a entrada da Audi nesta competição tem a ver com o futuro da tecnologia e o desenvolvimento dos carros elétricos.

"A mobilidade eléctrica é um dos temas-chave da nossa indústria. Temos a intenção de evoluir para um dos principais fabricantes de automóveis nesse domínio. Em 2025, [queremos que] um em cada quarto Audis seja um veículo eléctrico. O primeiro modelo que planeamos é um SUV que vamos apresentar em 2018" comentou.

"À luz destes planos, adaptando o nosso programa de automobilismo, ao assumir um compromisso numa competição totalmente elétrica [como a Formula E] é só um passo lógico", concluiu.

Já o Dr. Wolfgang Ulrich, o patrão da divisão automobilística da marca dos quatro aros, afirmou que o uso do automobilismo para o desenvolvimento de tecnologia sempre existiu ao longo da história. "Agora tencionamos fazer o mesmo em relação aos automóveis elétricos", comentou. 

O envolvimento oficial da Audi é o mais recente de uma série de construtores que se tem juntado à Formula E, quer com equipas próprias - Jaguar, DS Virgin, Mahindra - quer com parcerias com outras equipas, como a Renault com a e-dams, e a BMW com a Andretti Autosport. Quanto aos pilotos, tudo indica que serão os mesmos até agora: o brasileiro Lucas di Grassi e o alemão Daniel Abt.

A nova temporada da Formula E começa a 9 de outubro, em Hong Kong.

Noticias: McLaren confirma Vandoorne em 2017, Button faz ano sabático

A McLaren confirmou esta sábado que o belga Stoffel Vandoorne será piloto titular da McLaren para a temporada de 2017, substituindo Jenson Button. A McLaren anunciou também que o britânico fará uma temporada sabática, no sentido de ser o embaixador da marca, bem como ajudar no desenvolvimento dos motores Honda, mas é provável que essa decisão seja para ter alguém experimentado no plantel, caso Fernando Alonso abandone a equipa no final do ano que vêm.

Para Vandoorne, é o concretizar de um sonho, depois de ter corrido este ano no GP do Bahrein, terminando na décima posição: "Sinto-me fantástico. Jenson é uma inspiração para todos nós", comentou.

Sobre o seu novo papel, Button afirmou: "Decidi no verão que não continuaria mais a correr. Vou passar mais tempo com amigos e família e viver na minha própria agenda. Eu estou realmente animado. Vou fazer tudo o que puder para garantir que esta equipa é competitiva em 2017", afirmou.

Ron Dennis enfatiza que o regresso de Button à competição vai ser sempre uma possibilidade, apesar de em 2018, o britânico já tenha 38 anos de idade.

"Jenson ainda é capaz de vencer corridas e campeonatos mundiais, mas a rotina física de Formula 1 [é desgastante]. Jenson pode voltar a ter a sua mente equilibrada. É um contrato criativo que funciona para nós dois, uma solução perfeita para as circunstâncias do momento dentro da nossa equipa", afirmou o patrão da McLaren.

Nascido a 19 de janeiro de 1980 em Frome, no Sommerset inglês, Button é o mais velho piloto de Formula 1 no ativo, pois já vai na sua 17ª temporada. Tem 301 Grandes Prémios, com quinze vitórias, oito pole-positions, oito voltas mais rápidas e foi campeão do mundo de 2009 pela Brawn GP.

Começou a sua carreira na Williams, no ano 2000, aos vinte anos, batendo recordes de precocidade (foi na altura o mais novo piloto a pontuar, ao ser sexto classificado no GP do Brasil desse ano). Depois passou pela Benetton, que se transformou na Renault, antes de ir para a BAR em 2003, que se transformou em Honda em 2006. Pelo meio, alcançou a sua primeira pole-position da sua carreira no GP de San Marino de 2004, mas teve de esperar até ao GP da Hungria de 2006 para alcançar a sua primeira vitória na Formula 1.

Contudo, as temporadas de 2007 e 2008 terminaram em desastre, pois os Honda não se mostraram competitivos, e no final dessa temporada, a marca japonesa anunciou uma apressada retirada, deixando a equipa de Brackley apeada. A solução veio de Ross Brawn, que na altura era o diretor técnico da marca, que decidiu ficar com a equipa - batizando-a de Brawn GP - e alcançando ambos os títulos de pilotos e construtores. Com Button ao volante, ele alcançou a vitória em cinco das primeiras seis corridas da temporada, alcançando a vantagem necessária para ser campeão do mundo.

Em 2010, Button rumou para a McLaren, ao lado de Lewis Hamilton, onde até conseguiu ser um bom piloto perante o seu compatriota. Ao serviço da equipa de Woking, conseguiu oito vitórias em Grandes Prémios, sendo a sua última alcançada no GP do Brasil de 2012. Contudo, a partir de 2013, a marca sofreu com a decadência das suas performances, que não foi alterada nem com a chegada de novo motor, a Honda. Seu último pódio foi no GP da Austrália de 2014, um terceiro lugar que foi quando beneficiou da desclassificação de Daniel Ricciardo.

Nesta temporada, conseguiu até agora 17 pontos, sendo que o seu melhor lugar foi um sexto posto no GP da Austria. 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Endurance: Davidson não vai correr no México

O Mundial de Endurance vai voltar à ação este fim de semana no Autódromo Hermanos Rodriguez, mas na Toyota, haverá uma ausência de peso. O britânico Anthony Davidson não correrá este fim de semana por causa das lesões sofridas durante um acidente sofrido há algumas semanas durante uma sessão de testes em Paul Ricard.

De acordo com os médicos, Davidson, de 37 anos, tem lesões nas costelas, para além de uma contusão cerebral, e apesar de ter tentado dar algumas voltas no Autódromo Hermanos Rodriguez, decidiu que não estava apto para correr. Davidson não será substituido, logo, Sebastian Buemi e Kazuki Nakajima correrão como uma dupla na prova mexicana.

"Tive uma espécie de incidente de testes", começou por dizer Davidson à Motorsport.com. "Há algumas semanas, nós estávamos em Magny-Cours e havia um problema com o carro que, infelizmente, me colocou fora da pista em alta velocidade. Eu não posso entrar em outros detalhes porque era uma questão técnica. Em testes que você explora tecnicamente os limites e descobe coisas que você não encontra num fim de semana de corrida.
"Eu acabei batendo fortemente no muro de proteç
ão. Bati com a minha cabeça e magoeei-me fortemente nas minhas costelas. Fiz um exame e, obviamente, não encontraram danos cérebrais - o velho clichê! Não, mais a sério... foi uma colisão lateral bem grande e bati minha cabeça dura por volta dos 30 G's.
"Quatro semanas é o limite para que as costelas recuperem. Se alguém já teve dores toráxicas, você sabe que é isso que leva para curar.
"Eu vim aqui tentando manter-me positivo, mas quando tentei conduzir esta manhã, provou ser um pouco cedo demais. Eu senti isso de imediato, e falei com Seb e ele concordou que se tivesse qualquer sinal de dor que ele não me deixava conduzir - que me deu o conforto para dizer 'eu não estou completamente pronto'".
 
"É pena, estava a gostar, eu gosto de pistas novas, mas aqui eu estava adiando a dor, mas eu estava dirigindo de forma protegida. O meu coração queria estar na pista, mas meu corpo
não me deixou" concluiu.

Noticias: Magnussen autorizado a correr em Monza

O acidente de Kevin Magnussen em Spa-Francochampos foi forte e o piloto dinamarquês sofreu lesões no tornozelo, mas isso não foi impeditivo de que a FIA tenha dado "luz verde" para que ele pudesse correr na pista italiana. 

Os exames foram feitos na quarta-feira, já em Itália, e mesmo que Magnussen tenha uma entorse diagnosticada, não é impeditiva de correr, e ele ainda assim se submeteu voluntáriamente a exercicios complementares de diagnóstico. Jean-Charles Piette, delegado médicos da FIA, confirmou que Kevin Magnussen está apto para alinhar em Monza ao serviço da Renault.

Quanto ao carro... esse está irrecuperável, logo, vai alinhar com um chassis de reserva.

No Nobres do Grid deste mês...

No final de 1990, a Lotus esteve para fechar. Perdendo o patrocinio da R.J. Reynolds – detentora de marcas como a Camel – e ficando sem os pesado e gulosos V12 da Lamborghini, a empresa esteve prestes a fechar as portas no final desse ano. Os salvadores foram Peter Collins e Peter Wright, que decidiram ficar com as rédeas da Team Lotus e tentar reerguer das cinzas, quase do zero. Pegaram nos velhor motores V8 da Judd e tinham conseguido três pontos, graças a um quinto e sexto lugares no GP de San Marino, com o jovem finlandês Mika Hakkinen e o britânico Julian Bailey. 

Sem grandes patrocinadores por trás e precisando de pilotos pagantes para sobreviver (um deles foi um alemão chamado Michael Bartels, que nunca se qualificou para qualquer corrida!), a Lotus acolhia de bom grado qualquer proposta de algum construtor que estivesse interessado em estar na Formula 1. 

Nesse ano de 1991, a competição tinha muitas equipas (quinze ao todo) e muitos fornecedores de motores, todos de 3.5 litros, que forneciam desde os V8 (Ford e Judd, por exemplo), passando pelos V10 (Honda, Renault e Ilmor) até aos V12 (Ferrari, Lamborghini e Yamaha), e isso fazia com que muitas outras marcas vissem toda esta variedade de motores e ficassem tentados em experimentar a sua sorte na Formula 1. Alguns mais a sério, outros como mero exercício de engenharia nas horas vagas.

O projeto da Isuzu começou em dezembro de 1990 por um grupo de engenheiros da secção de pesquisa e desenvolvimento. Feito de forma secreta, todas as partes foram fornecidas por outras empresas do mesmo grupo (a Isuzu é um conglomerado industrial do qual a Isuzu Motors é apenas uma parte) e os engenheiros decidiram que um motor V12 de 3.5 litros seria o ideal para experimentar os seus conhecimentos de mecânica. (...)

Depois de um “shakedown” a 2 de agosto, numa das partes do circuito de Silverstone, o verdadeiro teste propriamente dito aconteceu quatro dias depois, a 6 de agosto de 1991 (fez agora 25 anos), com Johnny Herbert ao volante. O 102D, modificado para poder acolher o V12 japonês, fez uma série de 15 voltas, numa espécie de comparativo com outros carros em pista, como o McLaren MP4/6 guiado por Jonathan Palmer, na altura, um dos pilotos de testes da marca, pelo Leyton House CG191 de Mauricio Gugelmin, entre outros. 

Os engenheiros da marca estavam na pista para assistir a tudo. Um deles até levou uma câmara de vídeo para poder filmar os testes. Outro contou a experiência, anos depois, a uma revista japonesa especializada.

"O carro não tinha um alternador, então eles colocaram várias baterias [dentro do carro]. Por causa disso, o carro não podia fazer muitas voltas, andar por longos períodos de tempo. Quando o carro começou a andar, eu estava realmente impressionado, porque o som do motor que eu ouvi no banco de ensaios era totalmente diferente do que o som que fazia quando estava instalado no chassis. O pessoal da Lotus elogiou-nos sobre a velocidade e aceleração, que era melhor do que o Leyton House-Ilmor, e comparada com o McLaren-Honda, foi apenas alguns quilómetros por hora mais lento".

Oficialmente, nunca foram tirados tempos desse teste, mas há quem jure que o carro andava ao nível do McLaren em pista. Contudo, outros dizem que os tempos foram seis segundos mais lentos do que o mais veloz (1.30 contra 1.24 do McLaren), porque o carro estava mais pesado e não tinha especificações de corrida, como pneus e gasolina. E era 125 quilos mais pesado por causa das baterias que tinha de levar, à falta de alternador. (...)

Há precisamente 25 anos, acontecia uma das histórias mais obscuras da Formula 1. Um pequeno construtor japonês decidira construir um motor V12 e experimentar num carro de Formula 1. Na altura, tinha-se falado disso nas especulações sobre a entrada de mais construtores japoneses, numa altura em que o Japão estava na moda, e a crescer imenso em termos económicos. Contudo, o interesse desapareceu e no final desse ano, não deu em nada.

Na realidade, a história do motor V12 da Isuzu nunca foi mais do que um mero exercício de engenharia, só para saber se eram capazes de construir um, numa altura em que existiam várias marcas de automóveis capazes de construir um motor V12 de 3.5 litros, que era a norma da época. Depois de o meter no banco de testes, quiserem colocar num carro de corrida e conseguiram. Cumprido o objetivo, guardaram o motor e partiram para outra.

Hoje em dia, o carro e o motor estão na sede da fabricante de modelos Tamiya, e a história pode ser lida a partir de agora no Nobres do Grid.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A imagem do dia

Um de setembro é dia de recordar uma estrela cadente chamada Stefan Bellof. E aqui, ninguém esquece as estrelas cadentes, que brilham imenso, mas que desaparecem mais cedo do que o habitual.

Nesse dia, recordo-o nesta foto de Paul-Henri Cahier, no GP da Bélgica de 1984, em Zolder.

Formula 1 em Cartoons - O fim de semana automobilistico (Cire Box)

O fim de semana automobilistico, quer na Formula 1, quer na Endurance pode ser visto... pelos estômagos. 

E para o "Cire Box", eis a explicação mais convincente sobre a razão pelo qual Felipe Massa decidiu retirar-se... é que não havia churrasco!

Traduzido:

"O quê? Não há mesmo churrasco no menu! Se é assim, vou embora de vez! Adeus! E nem me tentem parar!"

E agora, Brasil?

Felipe Massa anunciou esta quinta-feira em Monza que abandonará a Formula 1 depois de 15 temporadas ao mais alto nível em equipas como Sauber, Ferrari e Williams. O piloto de São Paulo, que foi campeão do mundo por uns 20 segundos, em 2008, numa das mais finais mais épicas da história da Formula 1, decidiu sair pelo seu próprio pé, depois de três temporadas na Williams, onde os seus resultados têm estado aquém das expectativas.

Com a saída de Massa, apenas um piloto tupiniquim andará no pelotão em 2017: Felipe Nasr. E nele, nem há certezas sobre a sua presença na próxima temporada. É que o piloto da Sauber já manifestou a sua vontade de rumar a outras paragens, mas as outras equipas não estão lá muito interessadas nele. E isso poderá fazer com que aconteça algo inédito na Formula 1, que é de não ter qualquer piloto no pelotão. E a última vez que isso aconteceu foi... no GP de França de 1970, em Charade. A corrida antes da estreia de Emerson Fittipaldi na Formula 1, em Brands Hatch.

Desde então e até agora, o Brasil conheceu oito campeonatos do mundo, acolheu a Formula 1 em sitios como Interlagos e Jacarépaguá, e teve a sua própria equipa, a Copersucar-Fittipaldi. Os brasileiros ajudaram a escrever muitas páginas douradas na história da categoria máxima do automobilismo.

E não aplaudiram só Fittipaldi, Piquet e Senna. Houve outros pilotos que abrilhantaram o pelotão, como José Carlos Pace, Wilson Fittipaldi, Ingo Hoffman, Mauricio Gugelmin, Roberto Moreno, Christian Fittipaldi, Luciano Burti, Rubens Barrichello, Lucas di Grassi e Bruno Senna, entre outros. Contudo, há cada vez menos pilotos a acederem às categorias de acesso, e muitos decidem tomar o caminho da IndyCar, onde também já criou a sua classe de pilotos, entre vencedores de campeonatos e das 500 Milhas de Indianápolis.

Se formos ver uma olhada rápida nas categorias de acesso, veremos que o único piloto com chances de chegar à Formula 1 a curto prazo poderá ser Sergio Sette Câmara, mas apenas por estar na Red Bull Junior Team, que tem tanto a fama de dar a mão a talentos emergentes, como a de cuspir o mais rapidamente possível, uma vez sacado o seu talento. O próprio Nasr andou por alguns tempos nessa "cantera", antes de chegar à categoria máxima do automobilismo pelo seu próprio pé.

A isso também não poderemos alhear o facto de haver um claro desinvestimento no automobilismo no país. A demolição do autódromo de Jacarépaguá para ali se construir o parque olímpico do Rio de Janeiro é o assunto mais óbvio, mas poucos fora do Brasil sabem sobre a situação do Autódromo de Brasília, parado desde 2014 em obras de modernização que deveriam ter sido feitas para acolher a IndyCar.

Contudo, o governo do Distrito Federal estava sem dinheiro para concluir várias obras, incluindo a remodelação do autódromo Nelson Piquet, e muitos temem que tenha o mesmo destino que Jacarépaguá, demolido não para uma manifestação desportiva, mas para a especulação imobiliária da capital do país.

Sem grandes categorias nacionais a agitar o panorama automobilístico brasileiro - a Stock Car é a excepção mais óbvia, para além do fenómeno Truck Racing - a isso não é alheio as queixas de que a Confederação Brasileira do Automobilismo tornou-se no espalho do país: corrupta, ineficaz e o paraíso dos amigos do presidente da entidade. O que se salva são as confederações estaduais, sobretudo os do sul, que colocam adiante categorias regionais, viveiro de pilotos amadores e excelentes corridas.

Mas nem tudo é mau. Em 2016, foi inaugurado o Autódromo do Curvelo, em Minas Gerais, e no interior de São Paulo, o Velo Cittá, um autódromo construído por fundos privados, vieram enriquecer o panorama automobilístico brasileiro. Faltarão mais algumas coisas para fazer do Brasil um polo atrativo para os automobilistas, como é a Argentina, por exemplo, e provavelmente, quando se construir uma categoria de promoção verdadeiramente competitiva, talvez aparecerão de novo na Formula 1 os muitos talentos que polvilharam as grelhas de partida em tempos idos.

Noticias: Felipe Massa anuncia o seu abandono

O brasileiro Felipe Massa, de 35 anos, anunciou esta tarde em Monza que abandonará a Formula 1 no final do ano, depois de 14 temporadas de bons serviços na categoria máxima do automobilismo. 

Tenho vindo a pensar nos últimos meses relativamente ao meu futuro e tomei a decisão de no final desta época sair da Fórmula 1. A vida apresenta-nos muitas escolhas e para mim chegou o tempo em que irei fazer algo diferente. Talvez me voltem a ver aos comandos de um carro de corrida, mas de momento a única coisa que tenho a certeza é que terei muito tempo para decidir o que irei fazer no futuro”, disse-o em declarações à Motorsport.com

O piloto reforçou essa decisão mais tarde, na conferência de imprensa coletiva feita em Monza, na motorhome da Williams. Ao lado da familia e de Claire Williams, explicou a razão pelo qual fez o anuncio em Monza.

O motivo pelo qual escolhi Monza para anunciar minha saída da Formula 1 não é por acaso. Há dez anos, em Monza, um piloto anunciou também que estava abandonando, e foi ele quem mais influência teve na minha carreira: Michael Schumacher. Fui elevado a titular da Ferrari no começo da temporada de 2006, mas me disseram logo que em 2007 chegaria Kimi Räikkönen, de modo que minha experiência de vermelho poderia acontecer por uma temporada. Então Michael tomou a decisão de sair, e isso me garantiu continuar na Ferrari para as temporadas seguintes. Dez anos depois deste dia, e no mesmo lugar, decidi anunciar minha decisão”, comentou.

Aos 35 anos de idade (nasceu a 25 de abril de 1981) Massa é o quarto piloto mais veterano do atual pelotão, sendo superado apenas por Jenson Button, Fernando Alonso Kimi Raikkonen. Atualmente, realizou 244 Grandes Prémios, onde venceu por onze vezes, conseguiu 16 pole-positions e 15 voltas mais rápidas, obtendo 41 pódios e 1110 pontos.

Com passagens por Sauber, Ferrari e Williams, o piloto de São Paulo começou a sua carreira em 2002 ao serviço da equipa de Peter Sauber, antes de passar à Ferrari em 2006, onde venceu o seu primeiro Grande Prémio, no circuito de Istambul Park, na Turquia. Depois da retirada de Michael Schumacher, foi companheiro de equipa de Kimi Raikkonen, onde foi escudeiro do campeão de 2007, enquanto que no ano seguinte, quase foi campeão do mundo, perdendo na última curva da última volta do GP do Brasil, quando Lewis Hamilton, seu rival no campeonato, ultrapassou o Toyota de Timo Glock.

No ano seguinte, Massa lutou contra um carro pouco competitivo, e para piorar as coisas, um acidente nos treinos para o GP da Hungria o colocou fora de combate até ao final dessa temporada. Uma mola saída do carro de Rubens Barrichello o atingiu no capacete, causando lesões na cabeça.

Em 2010, regressou ao ativo, mas tinha ao seu lado o espanhol Fernando Alonso, que o superava de forma constante e era o declarado primeiro piloto da equipa. ainda mais quando no GP da Alemanha, em Hockenheim, foi obrigado a abdicar da vitória a favor do espanhol, com uma frase que ficou na história: "Fernando is faster than you".

Massa não voltou a vencer desde então e somente em 2012 é que regressou ao pódio de um Grande Prémio, um segundo lugar no GP do Japão. No final de 2013, transferiu-se para a Williams, onde alcançou cinco pódios e uma pole-position - no GP da Austria de 2014 - e tem andado a par do seu companheiro de equipa, o finlandês Valtteri Bottas. Nesta temporada, tem 39 pontos, estando no décimo lugar da classificação geral.

Noticias: Reinaugurado monumento a Gilles Villeneuve em Imola

Já se passaram 34 anos, mas a memória de Gilles Villeneuve continua viva, pelo menos em Itália. Em Imola, existe um monumento na zona da curva com o seu nome, inaugurada em 1983, mas que se tinha vindo a degradar-se com os anos. Ontem, porém, foi reinaugurado, depois de ter passado por uma restauração, com a presença do seu filho Jacques Villeneuve, que manifestou admiração pelas pessoas que acorreram para a reinauguração do monumento.

"Eu estou muito surpreso", começou por dizer Jacques Villeneuve. "Eu não esperava ver tantas pessoas e tanta paixão, é um sinal de que a memória do meu pai ainda está vivo no coração dos fãs. Quero agradecer a todos por este dia maravilhoso", concluiu.

Umberto Selvatico Estense, presidente da Formula Imola, recordou o piloto canadiano da seguinte forma.

"Pensando em Gilles Villeneuve, as primeiras palavras que me vêm à mente são 'Audaz como Nuvolari!' Estas palavras foram ditas pelo comendador Enzo Ferrari, e não qualquer um! A citação porque, para aqueles que não viveram aqueles momentos, acho que não há melhor maneira de revivê-los através de suas próprias palavras e porque acredito que se Ferrari não se tivesse apaixonado por este piloto, o mito Villeneuve nunca teria existido", começou por afirmar. 

"E então posso acrescentar que os pilotos, para nós aqui na Emilia-Romagna, que pertenciam ao mesmo povo apaixonado que "Drake" [outro apelido para Enzo Ferari], estão sempre com os seus "Herois" com H grande. Gilles Villeneuve nunca ganhou um campeonato mundial de Fórmula 1, mas a cada corrida que ele disputou, foi um campeão moral para aqueles que o amavam. E, portanto, como nos lembramos das batalhas de um herói, temos também de lembrar este piloto fantástico que arrastou multidões".

O monumento tem a inscrição "Salut Gilles", e tem a seu lado uma árvore de acer, cujas folhas são o símbolo nacional do Canadá.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Youtube Rally Testing: O Citroen C3 WRC em asfalto

As imagens são de ontem, e foram tiradas em Itália. O novo Citroen C3 WRC começou a ser testado em asfalto, com um difusor traseiro feito para aquela superfície. O piloto de serviço foi Kris Meeke e pelos vistos, andou a voar imenso no asfalto. 

Formula 1 em Cartoons - Bélgica (Cire Box)



As aventuras dos pilotos no GP belga, contados pelo "Cire Box". Confesso que gosto do primeiro quadradinho, cujo título diz tudo: "NICO ROSBERG É REI DE SPA PERANTE A INDIFERENÇA GERAL".

Pobre Nico...

terça-feira, 30 de agosto de 2016

A imagem do dia

Vi o video ontem, mas hoje surgiu esta foto, que vi no Facebook. Não sei se direi que é um milagre, mas anda bem perto. A foto aconteceu num rali na Bolívia, e o carro era pilotado por uma dupla uruguaia. 

O cachorro chama-se Pupi e claro, é o mais sortudo do mundo. Pode contar aos netos que viu um carro a passar por cima dele...

Youtube Rally: A vitória de Kalle Rovanpera no Rally Tallin

Kalle Rovanpera é alguém que começa a ser seguido com atenção. Os entendidos sabem que o filho de Harri Rovanpera, que vai fazer 16 anos dentro de um mês (nasceu a 1 de outubro do ano 2000), está a ser treinado como piloto desde os dez anos de idade, e em 2016, anda pelos países balticos - Letónia e Estónia, mais concretamente - a andar em ralis locais, para ganhar rodagem, primeiro num Skoda Fabia S2000, agora num R5.

E foi um R5 que alcançou a sua primeira vitória na categoria, no Rally Tallin, na Estónia, neste final de semana que passou. Não é a sua primeira vitória absoluta - já ganhou dois ralis na Letónia com o S2000 - mas o facto de já conseguir ganhar numa máquina deste tipo só nos faz ficar com mais atenção para saber se o potencial de ser mais um dos "finlandeses voadores" que polvilharam a história dos ralis, desde há três gerações. 

A ver vamos, pois como sabem, Tommi Makkinen já lhe disse que queria dar um teste a bordo de um dos Toyotta de WRC.

Por agora, eis o video da sua vitória no Rally Tallin, com Risto Pietiläinen - navegador de Harri por muitos anos - ao seu lado.

Lotterer e as suas opiniões sobre a Formula E

Três vezes vencedor das 24 Horas de Le Mans, e piloto de longa data da Audi, o alemão Andre Lotterer, de 34 anos, deu uma opinião sobre a Formula E numa longa entrevista, afirmando que por agora, a competição de carros elétricos é mais uma filosofia e tem mais de politico do que competitivo, afirmando também que apesar de estar presente nos centros das cidades um pouco por todo o mundo, não tem muita divulgação. E deu como exemplo a sua visita a Londres, onde assistiu à ultima corrida da temporada passada, a convite da sua marca.

Não foi muito impressionante ver os carros a passar por nós, mas já sabia disso. Já as disputas entre os pilotos nas corridas não foram assim tão más, honestamente. Era uma pista apertada e houve muitos incidentes. Mas fiquei surpreendido por ter decorrido em Londres e não ter visto publicidade sobre a corrida. Os dois condutores da Uber que me levaram até lá não sabiam o que se estava a passar. Fiquei surpreendido. Pensava que haveria mais entusiasmo. E não vi muitos espectadores”, começou por contar, em declarações captadas pela Autosport portuguesa.

Lotterer contou também que não se mostra entusiasmado com a competição, que acha ser mais uma filosofia do que uma competição pura e dura, mas que reconhecia que na próxima década, iria crescer mais do que está agora, devido à maior procura - e oferta - por carros elétricos mo mercado.

Se olhares para o futuro, penso que os fabricantes de automóveis vão necessitar de uma competição assim – infelizmente, já que eu prefiro conduzir híbridos no WEC, que nos permitem o melhor de dois mundos. Mas acredito que um dia os construtores terão de fazer essa aposta para justificar os seus orçamentos no desporto motorizado. A Fórmula E ganhou o meu interesse, mais do ponto de vista político do que desportivo, e se as coisas melhorarem talvez gostasse de fazer parte dela no futuro. Mas é um pouco cedo.

E conduzir um desses carros? Lotterer revela pouco entusiasmo. "O problema não é a condução, é mais fazeres parte das corridas do futuro. Não penso que os carros sejam entusiasmantes. Não é um desporto – antes algo político, e se queres estar envolvido nesse sentido. Não podes comparar o campeonato com outras formas de corrida. É uma filosofia”.

Formula 1 em Cartoons - Max Verstappen (Pilotoons)

Quem diria, Max Verstappen ainda tem 18 anos e já fala como gente grande! Pois bem, apesar de já ter chegado à idade adulta, teve tomates suficientes para colocar Kimi Raikkonen - com quase o dobro da idade! - em respeito, e claro, causar controvérsia com o seu comportamento em pista, ao ponto de Niki Lauda - que tem idade para ser seu avô - o ter chamado à atenção.

E como Bélgica é o país do "Maeneken Pis", o pequeno garoto mijão de Bruxelas, o Bruno Mantovani fez um cartoon apropriado a isso.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Noticias: FIA vai analisar acidente de Magnussen

Vinte e quatro horas depois do acidente de Kevin Magnussen no Radillon belga, a FIA anunciou que irá investigar o acidente do piloto da Renault. A entidade que regula o automobilismo disse que irá ficar com o capacete do dinamarquês e o apoio da cabeça do monolugar, que saltou com o impacto, medido em... 42 G's.

A ideia de ficar com esses items é para perceber melhor a dinâmica desses acidentes e estudar a melhor forma de minimizar os danos no futuro.

Como é sabido, o piloto perdeu o controle do seu carro na volta seis, devido provavelmente à perda do apoio aerodinâmico quando passou pelo Eau Rouge. O impacto foi tal que a corrida teve de ser interrompida duas voltas depois, para que fosse devidamente reparada a barreira de pneus. Quando a Magnussen, foi levado para o hospital, onde se detectou um corte no tornozelo, que em principio, não deverá ser impeditivo de alinhar no GP de Itália, no final desta semana.

domingo, 28 de agosto de 2016

A(s) image(ns) do dia


Isto foi o que sobrou do Renault de Kevin Magnussen após o seu acidente no Radillon, na oitava volta do GP da Bélgica. O forte impacto do carro do filho de Jan Magnussen nas barreiras de proteção da pista fez lembrar outros grandes choques do passado, como por exemplo, os de Ricardo Zonta ou Jacques Villeneuve, em 1999, ou ainda antes, em 1993, quando Alessandro Zanardi também bateu forte naquela zona, durante os treinos do GP belga, e o fez levar para o hospital.

Magnussen teve sorte no impacto, pois bateu de traseira. E falo do fator sorte porque quando o carro bateu forte nos pneus, aquele dispositivo que o prende ao bacquet, mas que retirado, facilita a sua entrada, foi arrancado do seu lugar e projetado para longe. E para além disso, os braços da suspensão direita entraram dentro do chassis, mas felizmente não atingiram o piloto. Poderemos dizer que na aplicação prática do "crash test", o chassis passou com distinção.

No Twitter, o dinamarquês afirmou: "Obrigado pelas mensagens, pessoal! De volta a casa com um tornozelo dorido, mas estarei pronto para correr em Monza!" Esperemos que sim, pois é mais um trestemunho de como é que estes carros sobrevivem a impactos deste tipo.

Formula 1 em Catoons - Bélgica (Pilotoons)

Como diz o próprio Bruno Mantovani quando quis ilustrar este cartoon, você pode ter vários tipos de sorte. E estes dois foram os sortudos do dia (mais o Fernando Alonso)

Formula 1 2016 - Ronda 13, Bélgica (Corrida)

Depois de uma qualificação anormal, por causa das penalizações, a Formula 1 regressava à acção depois do seu mês de férias com algumas coisas interessantes de se ver. A penalização de Lewis Hamilton poderia fazer com que Nico Rosberg recuperasse a liderança do campeonato, que seria inevitável se o inglês não pontuasse neste domingo. Mas atrás dos (quase) inalcançáveis Mercedes, também teríamos de ver se os Red Bull iriam ser os segundos melhores - ou se preferirem, os melhores do resto - e conseguiriam superar os Ferrari, do qual estariam de novo num processo de renovação após a saída de James Allison.

E em termos de meio do pelotão, mesmo com as penalizações acumuladas de Fernando Alonso (que até parecia que iria largar de Amesterdão ou Colónia, passe o exagero) a colocaram-no à partida fora dos pontos, ver Jenson Button a conseguir um lugar na Q3 poderia indicar que a Honda estaria no seu processo de recuperação para chegar ao meio do pelotão. Ainda não dá para andar ao nível da Force India ou Williams, mas já começa a afastar-se de uma Toro Rosso ou da novata Haas, por exemplo.

Com isso tudo, as expectativas de corrida numa solarenga Spa-Francochamps (é raro, mas é verão!) poderiam ser algo sonolentas, se não fossem as trocas de pneus que se previam nas primeiras voltas da corrida, por causa dos compostos moles. Mas uma coisa que se aprende destes circuitos clássicos é que poderá haver sempre algo que perturbe a pacatez da corrida...

E foi o que aconteceu. A partida e as voltas seguintes do GP da Bélgica foram agitadas. As coisas começaram na primeira curva, em Eau Rouge, quando os Ferraris se desentenderam e bateram um com outro. Kimi Raikkonen foi o mais prejudicado que Sebastian Vettel, pois o carro ficou atravessado na pista, acabando por cair para o fim do pelotão. Mais adiante, mais colisões e furos, com Carlos Sainz Jr. a desistir em Les Combes, com uma asa quebrada e furo na traseira direita.

Max Verstappen tinha o bico da frente quebrado por causa da colisão com as Ferrari, mas atrás, Jenson Button andava tão lento que Pascal Wehrlein enfiou a sua frente na sua traseira por não ter travado a tempo. No final da primeira volta, tínhamos já três desistências e dois atrasos devido a danos. E em algumas equipas, os cabelos estavam já a ser puxados...

Mas nas voltas seguintes, os incidentes não pararam. Até à oitava volta, altura em que Kevin Magnussen perdeu o controle do seu Renault no Radillon, a colina imediatamente a seguir à Eau Rouge, batendo forte na barreira de pneus. Partes do carro foram arrancados com o impacto, mas o filho de Jan Magnussen, incrivelmente, saiu do que restava do carro pelo seu próprio pé!

Contudo, o Safety Car acabou por virar bandeira vermelha porque a barreira de pneus teria de ser devidamente reparada e isso não poderia acontecer com os carros a circular, mesmo andando devagar. E assim, os carros pararam nas boxes no final da nona volta. E nessa altura, a última fila era quarto (Fernando Alonso) e quinto (Lewis Hamilton). Sem terem trocado de pneus, diga-se.

Nas voltas seguintes, Hamilton aproximou-se dos da frente, passando Nico Hulkenberg na volta 18, pouco depois de Max Verstappen ter colocado Kimi Raikkonen em respeito, com o veterano finlandês a mandar mais uma das suas clássicas frases do Kimi em relação aos seus adversários...

Mas a partir daqui, as agitações acalmaram-se e a corrida entrou numa morroda que faria pensar no que isto teria sido, se não fossem os acidentes e as constantes trocas de pneus. Lewis Hamilton chegou ao terceiro posto e nunca conseguiu se aproximar de Daniel Ricciardo, quanto mais de Nico Rosberg - que nunca foi incomodado da primeira até à última volta, diga-se - enquanto que os Force India ficaram juntos na quarta e quinta posições, o seu melhor resultado de conjunto até agora, e a mostrar-se constantemente superiores à Williams.

E a ação nas voltas finais aconteceu a partir de Fernando Alonso. Conseguindo levar o seu carro ao sétimo posto, depois de ser passado por Sebastian Vettel, teve atrás de si uma luta entre os dois Williams e Kimi Raikkonen, que iriam ver quem ficariam com os lugares finais. Felipe Massa, que decidiu ficar demasiado tempo com os mesmos compostos, viu a sua posição degradar-se do sexto até quase perder o último lugar pontuável perante um Max Verstappen em carga, depois do acidente da primeira volta. Valtteri Bottas conseguiu vencer o duelo nacional com Kimi Raikkonen, mas não conseguiu apanhar Alonso, que os engenheiros da Williams julgavam que iria ser "um alvo fácil". Pois...

No final, Nico Rosberg comemorou a sua sexta vitória no ano, mas não alcançou o comando do campeonato, o que faz de Lewis Hamilton o grande vencedor desta corrida. O terceiro lugar fê-lo manter no comando do campeonato, e ele poderá não ter muitas mais penalizações, ao contrário de Nico, que nas oito corridas que faltam, deverá estar numa situação complicada num futuro próximo, que beneficiará sempre o seu companheiro de equipa. Daniel Ricciardo conseguiu um segundo lugar e exibiu uma bandeira australiana para comemorar no pódio, só para mostrar que em casa de Max, ele foi o rei. E ainda deu o seu ténis para que Mark Webber pudesse beber um gole de champanhe!

E no meio disto tudo, soubemos que Kevin Magnussen teve um tornozelo magoado, o que coloca em dúvida a sua participação no GP de Itália. E já sabem qual vai ser o assunto dos próximos dias...