O piloto finlandês era o principal de uma equipa Peugeot que, liderado por Jean Todt, tinha estreado o seu carro na Córsega e quando ele triunfou no rali da Finlândia, tinha começado uma série de vitórias contra uma concorrência de carros como o Lancia 037 ou o Audi Quattro S2. Em Monte Carlo, depois de ter ganho o Rali RAC, no Reino Unido, a Peugeot tinha a concorrência da Audi, e claro, ambas as marcas estavam bem preparadas: Walter Rohrl e Stig Blomqvist, da parte da Audi, Vatanen, o seu compatriota Timo Salonen e o francês Bruno Saby, da parte da Peugeot.
Perante eles, tinham 34 especiais, percorridos em asfalto, mas com gelo e neve pelo caminho, num percurso cheio de armadilhas. E logo de inicio, mostrou-se também os perigos que os carros do Grupo B estavam a se tornar, quando Vatanen cometeu um erro a atropelou alguns espectadores. Dois deles acabaram com pernas fraturadas, indo ao hospital. Isso não impediu de manter um duelo contra Rohrl, mesmo que o alemão tivesse uma vantagem de 35 segundos no final do primeiro dia.
Mas no dia seguinte, quando o finlandês tinha passado para a frente, e construído uma vantagem de três minutos e meio quando a caravana chegou a Gap, foi penalizado pelos comissários, por causa de um erro cometido pelo seu navegador, Terry Harryman. Tinham chegado ao posto de controle oito minutos demasiado cedo. Com quatro minutos de atraso, o que para muitos seria um "baixar de braços", para ele, começou uma corrida de recuperação que acabou com três minutos... de vantagem sobre o Audi de Rohrl.
Mas para conseguir isso, tinha de fazer escolhas no limite, especialmente na escolha de pneus. Colocar pneus de seco em troços onde poderia haver neve, acelerar até ao limite, onde outros seriam mais cuidadosos, foi a tética do finlandês para ganhar tempo, e conseguiu, de uma certa forma.
E um bom exemplo foi quando, numa especial com mais de 30 quilómetros, com Rohrl a meter intermédios no seu Audi, o finlandês meteu pneus de neve, mesmo sabendo que só lhe seria útil em cerca de dez. Isso, aliado à velocidade imprimida, chegou para o apanhar... em plena especial, para acabar com seis minutos de avanço!
No final, comemorou com... leite. É que ele tinha um contrato com uma marca na sua Finlândia natal e as suas comemorações tinham-se tornado icónicas no seu país.
Hoje em dia, 40 anos depois, os entendidos consideram que é um dos grandes feitos do finlandês não só em Monte Carlo, como também na história do WRC, e deu a ele a sua quarta vitória seguida no Mundial, mostrando que era o melhor piloto a bordo do Peugeot, e se calhar, o principal candidato ao título daquele ano, no melhor carro do pelotão daquela altura. Simplesmente... fabuloso.