sábado, 25 de março de 2017

Ate que ponto estes pilotos vão aguentar?

Até 1982, nenhum dos pilotos do pelotão da Formula 1 pensava a sério sobre a sua forma física. Toda a gente conhece o caso de James Hunt, o britânico campeão de 1976, que era mais conhecido pela cerveja que bebia no pódio, pelos cigarros que fumava e por praticar aquilo que certo dia bordou no seu fato de corrida: "Sexo, pequeno almoço dos campeões".

Então, um dia, um piloto do fundo do pelotão apareceu com um médico, que monitorizava os seus sinais vitais e passou a comer de forma mais cuidada possível, para poder aguentar as corridas. Infelizmente, a carreira de Riccardo Paletti - o piloto em questão - terminou de forma trágica na partida do GP do Canadá. A ideia pegou de vez a partir de 1984, quando Ayrton Senna trouxe consigo o preparador físico Nuno Cobra, que o fez aguentar as duas horas de corrida, as forças centrifugas dos carros e por vezes, as altas temperaturas dentro dos cockpits dos carros, e que deixavam os pilotos à beira da desidratação. Senna sentiu a diferença entre uma corrida de Formula 3 - que não passava de 50 minutos de duração - e um de Formula 1, que tinha mais do dobro, quando saiu exausto do seu Toleman na sua segunda corrida da carreira, em Kyalami, na África do Sul.

E ele jurou que não mais seria apanhado numa situação dessas, apesar de ter havido situações onde teve de aguentar cãibras, especialmente no GP do Brasil de 1991.

Hoje em dia, os carros são cada vez mais velozes. Este ano, com os novos regulamentos, os carros serão mais rápidos até quatro segundos por volta, mas os pilotos começam a aguentar, volta após volta, forças centrifugas muito fortes. Para terem uma ideia, esta semana, via os treinos da IndyCar em Barber, a pilotos como Alexander Rossi aguentavam em média 2 a 2,5 G's nas curvas.

Os monolugares são brutais de pilotar – não estamos muito longe dos 8 G's no ápice das curvas de alta velocidade – pelo que é muito divertido. Mas é duro para o corpo, para as peças e para os monolugares”, começou por dizer Romain Grosjean, da Haas, sobre os carros que anda a lidar nesta temporada.

O gaulês acrescentou que estes carros tem menos tolerância a deslizes: “É melhor não falhar o ponto de viragem em alguns locais. A velocidade com que entramos na curva é de loucos comparando com o ano passado. Há que ter maior precisão e o corpo passa por momentos complicados nas curvas”.

Outro que fala sobre estes carros é Toto Wolff, que chama a eles de "monstros", e afirma: "Pelo que pude ver nas imagens onboard, as velocidades de curva são muito impressionantes e vamos ver amanhã na primeira corrida como [os pilotos] são realmente físicos e quanto é que retira do piloto".

Partimos do principio que estes pilotos deram o seu melhor ao longo do inverno para ficarem em forma. Estão nos seus limites em termos de forma física. São magros e musculosos, e não se sabe bem até que ponto aguentam uma corrida inteira. Partimos do principio que aguentam, pois estiveram a testar em Barcelona ao longo de duas semanas, a fazer o equivalente a duas ou três corridas por manhã. Mas isto é um pouco diferente, pois falamos das pressões de um fim de semana de corridas, onde o piloto não pode falhar muito. Aliás, pelo que vimos até agora, não podem falar de jeito algum, pois isso leva a um toque na parede e o fim da tarefa que andavam a fazer.

São os pilotos mais em forma da história da Formula 1, preparados para lidar com todas estas forças centrifugas. Esperamos que aguentem estas velocidades de forma constante, mas oito vezes o seu peso parece ser algo no limite, coisa para pilotos de aviões ou astronautas no momento em que são lançados para o Espaço. Se para alguns, isso excita, para outros que tem o pescoço magoado, demora algum tempo para recuperar das lesões sofridas. Vide o que se passou com Pascal Wehrlein. A sua falta de confiança em relação ao seu pescoço fez com que no seu lugar, este fim de semana, esteja o italiano António Giovanazzi. Um erro, um deslize, e dificilmente estes pilotos voltam ao seu lugar. Pelo menos, não o mais depressa possível.

Vamos a ver no que vai dar esta temporada que aí vêm. Quero acreditar que aguentam.

Formula 1 2017 - Ronda 1, Melbourne (Qualificação)

Por fim, depois de quatro meses de ausência, a Formula 1 estava de volta. Um novo tipo de carro era mostrado ao mundo, mais aerodinâmico, mais agressivo, com rodas maiores, asas maiores, tudo isso para ser mais veloz em pista. Mas nada se sabia sobre se isso iria prejudicar as ultrapassagens, apesar de serem quatro a cinco segundos mais velozes do que os carros de 2016.

A Formula 1 também mudava, tinha novas caras. Pela primeira vez em mais de 45 anos, havia uma ausência: Bernie Ecclestone. Não, o Diabo não o foi buscar, ainda vive. Contudo, a compra da Formula 1 por parte da Liberty Media, em setembro, tinha passado a ideia de que, mais cedo ou mais tarde, Ecclestone seria reformado. E foi o que aconteceu, num dia de janeiro: após a confirmação da compra por parte dos accionistas, eles decidiram "reformar" o "anãozinho tenebroso", dando-lhe um cargo honorifico pelos bons serviços. No seu lugar, apareceram três pessoas: Sean Bratches, Chase Carey e Ross Brawn.

O facto de tirarem Brawn da sua reforma, pescando trutas nos rios britânicos, só poderia acontecer se todos estivessem ali com o firme propósito de reformar, tornar a Formula 1 mais atraente do que é agora. E de uma certa forma, lá vão conseguindo algumas coisas, dizendo que é apenas o inicio. A parte mais complicada acontecerá mais adiante, quando estes três negociarem com as equipas, juntas no Grupo de Estratégia, com o objetivo de elaborar um novo contrato para a Formula 1 a partir de 2020. Muita coisa vai ser dita ao longo deste ano, e outras coisas teremos de ver como acontecerão, desde as relações entre a FOM e as equipas, o calendário, que carros quererão ter no futuro, as transmissões televisivas, as ligações com as redes sociais, redistribuição de dinheiros... muita, muita coisa.

Infelizmente, tudo isto não chegou a tempo para que a Manor pudesse alinhar para esta temporada. As dívidas e o fracasso na tentativa de arranjar novos compradores fizeram com que esta fechasse as suas portas no inicio de 2017, reduzindo o pelotão para vinte carros.

Parecia que as novas regras poderiam ver algo novo na hierarquia, mas na sexta-feira, depois dos dois treinos, parecia que tudo estava na mesma: os Mercedes na frente, Lewis Hamilton a liderar a tabela de tempos. Parecia que iria voltar o velho filme de anos anteriores, desde 2014.

Contudo, o dia começava em terras australianas com uma noticia inesperada: ressentido das suas lesões sofridas na Race of Champions, em janeiro, o alemão Pascal Wehrlein decidira não alinhar na corrida, e seria substituído pelo italiano António Giovanazzi. Piloto reserva da Ferrari, era o primeiro italiano a correr na Formula 1 em mais de cinco anos, quando Jarno Trulli e Vittantonio Liuzzi alinharam no GP de Abu Dhabi de 2011, respectivamente na Lotus e na Hispania. Assim sendo, o jovem piloto de 23 anos iria ter a sua primeira chance de ouro para mostrar o seu talento naquele que é, provavelmente, o carro mais modesto do pelotão.

O dia de sábado apresentava-se ameno, com céu encoberto de nuvens brancas. Não parecia que iria chover, mas o cenário ficava um pouco mais multicolor para a primeira qualificação do ano. As coisas começaram de forma interessante, para ver se os pilotos aguentam estes novos carros, como se fossem "mustangs" indomáveis, com pouca capacidade de os domar. Ao fim da Q1, os primeiros pilotos ficaram de lado, e há algumas surpresas, como por exemplo, o canadiano Lance Stroll, que vai largar da penultima posição, apenas na frente de Joylon Palmer. E até Stoffel Vandoorne ficou à frente do piloto de 18 anos...

Mas ambos ficaram na frente de António Giovanazzi, o piloto da Sauber que está no lugar de Wehrlein neste fim de semana. Quem ia para a Q2 era o seu companheiro de equipa, Marcus Ericsson, e claro, o resto do pelotão intermediário.

A parte interessante era ver quem, na Q2, iria alinhar para a parte final da qualificação, e quem ficaria a vê-los correr nessa última parte. Uma coisa que deu nas vistas foi o facto de Valtteri Bottas ter conseguido ficar na frente de Lewis Hamilton nesta fase, apesar de ambos passarem para a Q3, e outra coisa foi ver os Toro Rosso irem para a última parte, bem como o Haas de Romain Grosjean demonstrando o potencial desse carro. Felipe Massa também entrou com o seu Williams, cumprindo o que tinha a fazer, e os Red Bull, apesar dos problemas em controlar os seus carros, também passaram.

Quem não passou? Para além daqueles que eram esperados, como Fernando Alonso - apesar de tudo, conseguiu um digno 13º posto - os Force India desiludiram, pois nem Esteban Ocon, nem Sergio Perez fizeram esse trabalho. E Nico Hulkenberg, com o seu Renault, também não conseguiu chegar lá.

Assim, para a parte final, com o céu a ficar cada vez mais ameaçador, a Q3 começou de imediato, com os pilotos a quererem marcar tempo antes que a chuva molhasse o asfalto. Bottas foi o primeiro, mas Vettel tirou menos... dois milésimos e ficou no topo da tabela de tempos. Hamilton, contudo, fez 1.22,496 e era o melhor. E foi bem a tempo, porque Daniel Ricciardo perdeu a traseira e bateu nos pneus, causando a bandeira vermelha no treino. Faltavam oito minutos para o final.

Rebocado o carro, a qualificação prosseguiu com mais uma novidade: Hamilton melhorava o seu tempo, baixando para 1.22,188, fazendo assim a primeira pole do ano.

É óbvio que todos viam que com ou sem novas regras, a Mercedces parece dominar. A interferência de Vettel nos três primeiros poderá ter sido algo temporário, mas poderá indicar também outras coisas. Que há mais equilibrio do que aparenta, e que a Ferrari - sobretudo a Ferrari - poderá ser o maior desafiador dos Flechas de Prata nesta temporada. Agora... Lewis Hamilton estará a caminho de um quarto título mundial? Ainda não sabemos. Amanhã, o primeiro capitulo de uma longa temporada será escrito. 

Última Hora: Pascal Wehrlein fora do GP da Austrália

O alemão Pascal Wehrlein não alinhará no GP da Austrália. A Sauber anunciou esta noite que o piloto de 22 anos não está suficientemente em forma para cumprir a distância de um Grande Prémio e será substituído pelo piloto de testes, o italiano Antonio Giovanazzi.

No comunicado oficial, Wehrlein explica as razões pelos quais decidiu abdicar da sua participação no GP australiano: "Meu nível de aptidão não é como deve ser para uma distância total de corrida devido ao meu deficit do treino. Expliquei a situação à equipa ontem à noite. Assim sendo, a Sauber F1 Team decidiu não correr riscos. É uma pena, mas é a melhor decisão para a equipa."

"Respeitamos imenso a abertura e profissionalismo de Pascal. Esta decisão definitivamente não foi fácil para ele, ele sublinha suas qualidades como um jogador desta equipa. O foco está agora em seu nível de aptidão, e em tal situação não vamos tomar quaisquer riscos desnecessários. Pascal estará na China como esperamos", disse Monisha Kalterborn, a diretora da marca suíça.

Giovanazzi será o primeiro piloto italiano a correr na Formula 1 desde 2011, quando Jarno Trulli saiu de cena. Piloto de testes da Ferrari, aos 23 anos (nasceu a 14 de dezembro de 1993) terá a sua chance de se estrear na Formula 1, e desde o acidente de Wehrlein na Race of Champions, em janeiro, ele andou a testar no carro da Sauber nos primeiros testes da temporada em Barcelona, enquanto que o piloto alemão recuperava das lesões sofridas. 




sexta-feira, 24 de março de 2017

Formula 1 em Cartoons - Austrália (Bruno Rafael)

O Bruno Rafael é um açoriano com jeito para o desenho que conheço há bastante tempo. Normalmente, faz os seus "bonecos" para a NASCAR e outras modalidades, mas por vezes faz Formula 1. E hoje, meteu este engraçado sobre a nova competição do qual parece que... os protagonistas são os mesmos. 

E gosto do pormenor do cabide atrás...

Youtube Rally Testing (II): Os preparativos da Citroen para o Rali da Córsega


Depois de termos visto a Ford a preparar-se para a quarta prova do campeonato do mundo de ralis, com Sebastien Ogier ao volante, também coloco aqui os preparativos da Citroen para o mesmo rali, com o recente vencedor do Rali do México, Kris Meeke, e o seu companheiro de equipa, Craig Breen, ambos a prepararem-se para este sinuosa prova em asfalto, ambos a bordo do seu C3 WRC.

Youtube Rally Testing: Os preparativos da M-Sport para a Córsega

O Mundial de Ralis voltará em breve, nas estradas da Córsega, e claro, as equipas preparam-se para a quarta prova do Mundial WRC. E a M-Sport, que cuida dos Ford no ERC, é uma delas. 

E foi nas estreitas estradas corsas que Sebastien Ogier, atual líder do campeonato, andou a treinar-se esta semana para este rali em asfalto. Espero que gostem.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Formula 1 em Cartoons: Os novos regulamentos (Cire Box)

O Cire Box mostra-nos no seu desenho as evoluções dos Formula 1 de uma temporada para outra... e também a vida dos pilotos que se foram embora no final do ano passado, como Jenson Button e Nico Rosberg. Será que o inglês não sabe das últimas novidades sobre o Felipe Massa?

Eles podem estar de volta

A versão americana do Top Gear deve ter sido aquela que provavelmente teve mais sucesso, como "spinoff". O seu segredo era não só o carisma entre os apresentadores - o piloto de drift e rallycross Tanner Foust, o comediante Adam Ferrara e o jornalista Rutlege Wood - mas também pelo facto de fazerem coisas que iam para além do guião habitual do Top Gear.

Pois bem, o programa que eles faziam acabou e os direitos cairam de novo nas mãos da BBC América, que vão voltar a fazer o programa de acordo com o guião do original, com novos apresentadores. Mas aqueles três não vão ficar parados. Esta quinta-feira, o site Jalopnik disse que Wood mandou uma mensagem no Instagram, afirmando que em breve, aparecerão novidades.

Com os três posando com uma bandeira americana em pano de fundo - mas se virem bem, ele esconde um carro - Wood disse que "está ansioso por mostrar o que tem andado a fazer nestes últimos tempos aos fãs". E uma fonte interna disse a mesma publicação que "estão a desenvolver um projeto que os leva America dentro em busca de desafios bem loucos", o que pode significar que algum do espírito no velho Top Gear - pelo menos aquele que andavam a fazer - poderá estar de volta num novo programa, a ser mostrado em breve.

Mais interessante ainda, eles andam a trabalhar com a mesma produtora que fez a série "Mr. Robot", uma das mais interessantes que anda por aí. E provavelmente, não ficaria admirado se vissemos essa nova série numa Netflix ou Amazon Prime da vida, da mesma maneira que vemos agora o The Grand Tour.

Como já disse ontem sobre o Edd China, o que interessa nestes dias de hoje é ter um ecrã para falar, parceiros do qual se dão bem e dinheiro para montar um espectáculo decente, pois sitios para se mostrar não faltam, a começar pelo Youtube. 

quarta-feira, 22 de março de 2017

Sobre os programas automóveis na televisão


Há muitos programas sobre automóveis na televisão, seja ela em canal nacional, seja ela na TV por cabo. Alguns são desinteressantes, meramente informativos, outros são puro entretenimento. Logo, raros são aqueles que informam, educam e entretêm. Dos poucos que cabem nesse último critério, o "Wheeler Dealers" (Jóias Sobre Rodas em Portugal e no Brasil) era um deles. Apresentado por Mike Brewer - o vencedor - e Edd China - o mecânico - era uma formula de sucesso que existia desde 2003 até aos dias de hoje. E digo "era", porque o Jalopnik anunciou esta terça-feira que Edd China decidiu abandonar o programa, alegando "diferenças criativas".

E ele explica isso tudo no video que coloco aqui em cima. Ali, ele fala:

"Infelizmente, em sua primeira tentativa de produzir o programa, o pessoal do Velocity achou o Wheeler Dealers 'muito difícil de fazer, no seu formato atual'. Em especial a cobertura detalhada e profunda de meu trabalho na oficina, que eu considero ser a espinha dorsal e o diferencial do programa, são algo que deve diminuir na opinião do Velocity. Os trabalhos na oficina são, sem dúvida, a parte mais difícil de fazer, e reduzir sua substância e papel no programa vai economizar tempo, esforço e, consequentemente, dinheiro.

No entanto, esta nova direção é algo que não me deixa confortável, pois eu acredito que as reduções que eles me pediram para fazer comprometeriam a qualidade do meu trabalho e acabariam com a minha integridade e a do programa. Então eu cheguei à conclusão de que minha única opção é deixar o Velocity seguir em frente com a empreitada, sem mim.

Na realidade, Edd mandou passear os novos donos do programa, o canal Velocity. Eles adquiriram os direitos do "Jóias Sobre Rodas" há uns tempos, em 2015 - daí eles se terem mudado para a California - e disseram a Edd que os seus segmentos eram... aborrecidos, e queriam que ele agilizasse, em nome da "atração" do programa. Como Edd sabia que essa parte era importante para instruir os espectadores, decidiu arrumar as coisas e seguir a sua vida. Em suma, tem princípios. Ótimo para ele.

Contudo, "Wheeler Dealers" vai continuar. O seu substituto será Ant Ansted, antigo apresentador de um programa, "For The Love of Cars", ao qual o muito alto Edd (tem 2.01 metros!) desejou-lhe sorte. E como já viram em cima, o Edd vai fazer o seu próprio canal no Youtube, do qual vou ver se sigo o mais possível.

É que... sabem, quilo que ele faz é útil, eu não ficaria espantado se o canal dele não contasse dentro em breve com algumas centenas de milhares de seguidores. Porque ele tem carisma para isso. Isso... e os sofás automobilísticos que ele faz.

Como é óbvio, não tenho nada contra programas de entretenimento sobre automóveis. O "Top Gear" e o "The Grand Tour" são programas desse tipo e nos entretêm. Mas a formula de sucesso está numa mistura de carros de sonho, desafios automobilísticos e o carisma dos apresentadores. É por isso que os "Três Estarolas" - James May, Jeremy Clarkson e Richard Hammond - funcionam muito bem, onde quer que andem e em que programa estão, e os novos apresentadores do Top Gear são o que são depois da cacofonia da temporada anterior.

Mas meter entretenimento em programas de restauração de carros, por exemplo, não funciona muito bem. O "gearhead" é seletivo e picuinhas. E esses gostam mais de um "Wheeler Dealers" do que um "Fast n'Loud" com aqueles senhores do "Monkey Garage", liderados por Richard Rawlings e Aaron Kaufmann. Depois de ver muitos programas, posso dizer com toda a certeza que ele é irritante, e daquilo que já ouvi nos últimos tempos, ambos já se separaram e não vão apresentar mais o programa juntos. E por estes dias anda a passar a nova temporada do "Car SOS" com o Tim Shaw e o Fuzz Townsend, que é um híbrido entre entretenimento, causa e informação, e também gosto de o ver, confesso.

E claro, ao fim de um certo tempo, as pessoas cansam-se desse tipo de programas. Sabemos que quando acabam com um programa, as coisas podem sair pela culatra. Foi o que aconteceu com o Jeremy Clarkson, que manteve a popularidade depois dos eventos de março de 2015, onde esmurrou um produtor do programa e foi despedido da BBC. Montou o novo programa, arrastando os seus amigos, e nada foi beliscado. E mesmo o próprio Top Gear, com os novos apresentadores, parece que começa a recuperar o que é verdadeiramente um programa de automóveis, mostrando que podem conviver uns com os outros.

Em suma, nós, "petrolheads", temos os nossos gostos. E temos a sensação de que nos tiraram o doce da nossa boca em nome do espectáculo. E sentimos que, a partir de agora, nada vai ser como dantes. Mas os programas de automóveis continuarão a existir na televisão, e como já vimos nos últimos anos, nesta era de redes sociais, que todos têm o seu lugar ao sol. 

terça-feira, 21 de março de 2017

A imagem do dia

Esta não deveria ter sido a segunda corrida do ano. Deveria ter sido a terceira corrida, pois entre Kyalami e Jacarépaguá, deveria ter havido uma corrida pelo meio. A 7 de março, duas semanas antes, deveria ter acontecido o GP da Argentina, em Buenos Aires, mas pelo meio, a Argentina, que estava numa situação complicada - o regime militar estava no seu estretor e eles procuravam uma distracção, que o mundo conhecerá dentro em breve - decidiu que uma corrida dessas não seria necessário. E para piorar as coisas, as próprias convulsões da Formula 1 não ajudaram muito.

Sem a Argentina - só voltaria em 1995 - o Brasil tornou-se na segunda corrida do ano, e a Formula 1 ficou dois meses sem corridas. Pelo meio houve testes um pouco por todo o lado - Dider Pironi apanhou dois grandes sustos em Paul Ricard - e todos estavam prontos quando aconteceu.

O resultado acabou por ser decidido na secretaria, e por uma boa razão: com os motores Turbo, os aspirados só os poderiam acompanhar se recorressem a "truques no livro", e isso implicava carros os mais leves possivel. Colin Chapman adorava ler os livros de regras para ver como é que daria a volta, mas outro que lia atentamente esses livros era Gordon Murray. E tinha como patrão um tal de Bernie Ecclestone. 

Em suma, a Brabham de 1982 era um antro de espertalhões: começava pelo patrão e acabava no piloto, passando pelo projetista. Claro, Jean-Marie Balestre não achou piada.

A desclassificação poderia ter ido mais além. Falava-se que o McLaren de John Watson poderia estar abaixo do peso mínimo, mas safou-se de uma desclassificação. Brabham e Williams recorreram, e o tribunal de apelo iria ver se tinham ou não razão, mas o grande culpado era um regulamento suficientemente largo para que se pudesse interpretá-lo da maneira como quisessem. A genialidade de Chapman foi muitas das vezes essa...

Contudo, este não seria o final da história. Era apenas o começo de mais um polémico capítulo da Formula 1 nesse tempo, um dos que polvilhou esta temporada de 1982, conturbada em muitas maneiras.

WRC: Tudo em ordem com a caixa de Ogier

Semana e meia depois das dúvidas levantadas, a certeza: a caixa de velocidades de Sebastien Ogier está conforme os regulamentos. A noticia foi dada pela FIA, esta terça-feira em Paris.

As suspeitas apareceram logo após a prova mexicana, quando o comissário da FIA afirmou que não tinha conseguido investigar a fundo a caixa de velocidades do piloto da ford. Depois de ter sido desmontada na Europa, e feito um exame detalhado, chegou-se à conclusão de que tudo estava em ordem.

Assim sendo, o segundo lugar alcançado no rali foi validado, e Ogier continua a ser o líder do Mundial, com 66 pontos, mais 22 do que o segundo classificado, Jari-Matti Latvala.

O WRC continuará entre os dias 2 e 4 de abril, na Córsega. 

Youtube Formula 1 Classic: As voltas de qualificação de Senna

No dia em que comemoramos mais um aniversário do nascimento de Ayrton Senna, recordo especialmente as suas voltas de qualificação que eram especialmente diferentes, no qual disse que se transcendia e dava o seu melhor. Sobre isso, Martin Brundle, o seu rival na Formula 3, dizia que ele conseguia tirar dois a três segundos, concentrando-se acima da média.

Foi por causa disso que tem hoje 65 pole-positions, quase 23 anos depois da última vez que fez uma. O recorde foi seu até que Michael Schumacher o bateu, em 2006, mas hoje, com uma nova geração, ainda surpreende toda a gente.

Então, em jeito de homenagem, coloco este video, feito pelo Antti Kalhola.   

segunda-feira, 20 de março de 2017

Os novos integrantes do Top Gear... americano

O Top Gear é exportável, tanto que é sabido que existem (ou já existiram) seis versões do programa. Já falei que por estes dias há as versões italiana e francesa, mas também já houve a versão australiana, russa, chinesa e sul-coreana, para além da versão americana, que tinha Tanner Foust, Rutlege Wood e Adam Ferrara.

Curiosamente, a versão americana foi a que durou mais tempo - seis temporadas - e foi a que se autonomizou mais em relação à versão original. Contudo, o programa terminou no ano passado, depois dos três terem ido a Cuba, numa rara visita ao país dos Castros, numa espécie de final simbólico.

Contudo, a BBC America decidiu pegar de novo no programa e vão fazer uma nova série, com episódios, com três novos apresentadores. São eles o ator William Fitchner, Antron Brown, piloto de drag racing - e campeão do mundo na sua categoria - e o jornalista britânico Tom "Wookie" Ford, e a ideia é serem um pouco mais fiéis ao original. O ruivo "Wookie" - curiosamente - já foi apresentador do The Fifth Gear.

"Somos grandes fãs de uma mistura de carros, credibilidade e carisma, que é a fórmula vencedora do Top Gear, e não poderia ser mais feliz que a BBC America é agora o lar para a franquia nos EUA, com a Top Gear America juntando-se ao programa original na nossa rede", disse Sarah Bennett, a presidente da BBC América. "Bill, Antron e Wookie são sérios "petrolheads" que nunca se levam demasiadamente a sério", concluiu.

O programa será apresentado mais tarde no ano.

O acidente de Richard Hammond

O Top Gear está no ar - pelo menos até meio de abril - mas o The Grand Tour já anda em gravações em relação à sua segunda temporada. E hoje soube-se que um dos seus elementos, Richard Hammond, sofreu um acidente relativamente sério em Moçambique, quando gravava mais um episódio. O elemento mais baixo dos três bateu com a cabeça no chão quando seguia de moto num caminho naquele país africano, mas não foi levado para o hospital.

Hammond, já recuperado do acidente - já foi há algumas semanas - agradeceu na sua conta no Drivetribe as mensagens de melhoras. 

"É verdade, eu caí de uma moto enquanto filmava recentemente para o Grand Tour em Moçambique. Eu bati minha cabeça, sim, junto com praticamente tudo o resto além do meu polegar esquerdo, que permanece magoado. Não posso dizer mais sobre o como e o porquê, isso fica para mais tarde, quando mostrar no programa", contou. 

"Quanto a lesões... bem, colocando desta forma, eu não acho que eu possa escrever um livro sobre isto", concluiu.

Não é a primeira vez que Hammond sofreu um acidente sério. Em 2006, quando estava no Top Gear, sofreu um acidente com um dragster, perdendo o controle dele a mais de 400 km/hora. Sofreu algumas lesões na cabeça e ficou em coma induzido durante dez dias, mas conseguiu recuperar completamente.


No Top Gear desta semana...


Top Gear S24-E03 por dailyTubeTV
No terceiro episódio da temporada 24 do Top Gear, o Matt LeBlanc vai andar de Aston Martin (o novo DB11), vai-se armar em James Bond com o Chris Harris num Mercedes AMG S63, entre estradas sinuosas e vinhedos no Montenegro... com a policia a persegui-los!

E outras coisas mais engraçadas aparecerão neste episódio, como o Volkswagen Golf guiado pelo Rory Reid em algumas estradas da Alemanha... excepto no Nordschleife, onde foi guiado por uma certa piloto local.

domingo, 19 de março de 2017

Restaurante fino ou McDonalds, que preferem?

Bernie Ecclestone está afastado da Formula 1, mas não deixa de dizer de sua justiça sobre o que os novos próprietários querem fazer dela. Depois de ouvir declarações em que os responsáveis apoiam uma maior aproximação da competição ao público, e "americanizá-lo", de uma certa forma - não que o modelo da NASCAR seja o ideal - o octogenário decidiu falar de sua justiça, a uma semana do primeiro Grande Prémio de uma temporada que, em muitos aspectos, foi desenhada por ele. 

Numa entrevista ao Daily Mail inglês (atenção que os tablóides têm tendência para exagerar...) Ecclestone disse que desejava ter ficado por um pouco mais de tempo - fala em mais um ano - mas que agora, o outro lado nem quer ver "pintado a ouro". “Eu não posso fazer nada. O staff foi informado que não podia sequer falar comigo”, começou por contar ao tabloide britânico.Eles querem acabar completamente com a era Ecclestone. Estão sempre a dizer a mesma coisa, talvez pensem que me deixa contente mas não: ‘Ele fez um bom trabalho mas temos de seguir em frente’. Se calhar são eles que têm razão…”, continuou.

"Eu olho para a Formula 1 de uma maneira diferente do que as outras pessoas. Toda a gente queria ir a um ‘restaurante’ onde não se conseguia arranjar lugar. Então eu era muito rigoroso com essas coisas, como por exemplo os passes do paddock. Agora, a filosofia da Liberty é muito mais aberta. Eles têm uma cultura americana e numa corrida americana estão todos no paddock e podem conversar com os pilotos e sentar-se nos carros", declarou.

Na Formula 1, temos dirigido um restaurante de três estrelas Michelin, não como um restaurante de fast-food, mas talvez agora a culinária seja mais acessível. Talvez tenha um sabor melhor”, gracejou, em jeito de conclusão.

Falando sobre aquilo que ele referiu, o que será que os adeptos preferem? Elite ou acessibilidade? Um desporto de poucos com dinheiro, como por exemplo, o boxe, onde uma audiência selecta pagar centenas de dólares para ver na televisão um combate, no qual ao vivo cobrariam milhares só para se sentar num topo qualquer de um pavilhão num sitio onde o dinheiro manda? Ou um regresso às origens para que a quantidade e a acessibilidade para todos seja a norma, e do qual haja dinheiro suficiente para todos, distribuído de forma equitativa e cabendo ao promotor uma percentagem relativamente baixa - dez por cento, pelo menos - no qual todos saem contentes?

Muitos vão dizer que a elitização é o preço a pagar para a qualidade da Formula 1, mas outros gostariam de ver a população nos paddocks, a ver os carros, a cumprimentar os pilotos, pois é o público que faz mexer isto tudo. Só que nos últimos tempos, essa procura incessante por mais dinheiro levou-nos a localizações exóticas com dinheiros vindos de sitios pouco transparentes, para locais onde ter um Grande Prémio é mais um capricho do déspota local do que por exemplo, existe público para tal. Não tenham dúvidas: a Formula 1 é uma competição do qual se tira imenso dinheiro, e é altamente lucrativa. Tanto que distribui parte dessas receitas às equipas, numa proporção desigual, do qual as equipas adoram e não desejam mudar tão cedo.

Contudo, sempre tive a sensação que nessa procura das "três estrelas da Michelin", perdeu-se algo pelo caminho. E para piorar as coisas, há muitos tempo que se diz que a falta de adesão da Formula 1 às redes sociais, aliado aos sinais fechados em certos países, fizeram com que se perdesse boa maioria desses potenciais novos membros. A idade do espectador médio aumentou, e isso é mau, porque se não há renovação de fãs, há menos gente, logo, menos dinheiro...

É verdade que nesse campo, Ecclestone pensou mais na ideia de que "os outros que resolvam isso". Só que, agora que os outros chegaram, parece não gostar lá muito das ideias deles. É que - voltando à analogia do restaurante - se comer micro-comida num restaurante com estrelas Michelin pode ser uma experiência fora do vulgar, um churrasco com os amigos, bebendo cerveja, também é muito bom. E acho que não se pode perder as raízes. 

Contudo, sei que até à sua morte, o Bernie não vai perder qualquer chance de alfinetar a nova gerência. Disso tenho a certeza. Ainda iremos ouvir muito dele.