A sua carreira deveria ter acabado cinco anos antes, em 1989, depois de ter saído da Tyrrell. Mas o seu gosto pelo automobilismo foi o que o manteve a correr desde então. Larrousse, Arrows, Lola e Minardi, e nesse período de tempo, tinha apenas conseguido... sete pontos.
Então, o que fez continuar na Formula 1 durante esse tempo? Especialmente na Arrows, que em 1991 ficou com o horrível motor de 12 cilindros da Porsche? Acho que boa parte dos pilotos estão aqui por uma coisa, e é o seu vício em adrenalina, e Michele Alboreto, então com 37 anos, era um deles. E 1994 foi uma temporada complicada para ele. Até chegou a ser uma das vítimas do malfadado fim de semana de Imola, quando depois de uma paragem para reabastecimento, um dos pneus, que não foi apertado, soltou-se e atingiu mecânicos da Larrousse, Lotus e Ferrari.
Contudo, na corrida seguinte, Alboreto mostrou toda a sua habilidade ao largar de 12ª na grelha, três lugares mais abaixo do seu companheiro de equipa, Pierluigi Martini, e evitando as armadilhas de uma pista como a do Mónaco, e chegando ao final como o último dos pilotos a pontuar, na sexta posição. E tudo com um chassis com um ano de idade, com o novo a entrar dali a algumas corridas.
Na Austrália, Alboreto já tinha 194 Grandes Prémios na sua carreira e já tinha até cabelos brancos, algo precoce para quem ainda tinha 37 anos. Mas ele era alguém que estava a terminar a sua 14ª temporada na Formula 1, com passagens por Tyrrell, Ferrari, Larrousse, Arrows, Lola e Minardi, cujo primeiro pódio tinha sido no boicotado GP de San Marino de 1982, que tinha dado as duas últimas vitórias para a equipa de Ken Tyrrell, e ter sido o último italiano a ganhar pela Ferrari.
E nem se fala de antes, campeão europeu de Formula 3, em 1980, participante nas 24 Horas de Le Mans a bordo de um Lancia. Triunfador nos 1000 km de Nurbugring, ao lado dos seus compatriotas Teo Fabi e Riccardo Patrese, todos com passagens ilustres pela Formula 1.
No final, em Adelaide, que acontecia há precisamente 30 anos, parecia que ele estava a ir embora da Formula 1 pela porta pequena. Mas em termos de automobilismo, na realidade, a "il Marrochino", ainda iria ter mais algumas gloriosas páginas pela frente. Até ao seu triste e abrupto final, em 2001.