domingo, 12 de janeiro de 2025

A imagem do dia (II)




O final prematuro não foi aquilo que desejaram, depois de meses de testes e desenvolvimento. Mas naquele dia, em Buenos Aires, o sonho tinha sido concretizado. Pelo menos, a primeira parte. Um piloto que queria construir o seu carro, com peças fabricadas no seu país, um projetista que amava o que fazia, três mecânicos, alguns motores, algumas caixas de velocidades e umas dezenas de jogos de pneus, e a 12 de janeiro de 1975, há 50 anos, o mundo via um Formula 1 fabricado no Brasil. E Wilson Fittipaldi entrava na pequena galeria de pilotos que tinham decidido construir os seus próprios carros. Como Jack Brabham, Bruce McLaren, Dan Gurney e Graham Hill. 

O resultado final da qualificação, onde largaram de último, e acabaram com um incêndio no seu FD01 até poderia ser um dado fatual e poderia passar a imagem errada aos que seguiam a corrida pela televisão, ou na pista, mas para eles isso era um episódio. Porque para eles, o essencial estava cumprido: estavam lá.

E o projeto tinha coisas a favor deles. Tinham um bom patrocinador, a Copersucar, que lhes dava o dinheiro que precisavam - um milhão de dólares por temporada - para desenvolver o carro ao ponto de apanhar aqueles que estavam mais à frente, como a McLaren, Ferrari ou Tyrrell, tinha gente que entendia das coisas, e tinham, sobretudo, o sonho que lhes comandava a vida deles: serem bem-sucedidos num carro brasileiro, provar que poderiam competir com os outros e poder vencê-los. 

Os sonhos eram bem grandes: serem a Ferrari brasileira. Quantas mais peças fabricadas no país, melhor. E naqueles tempos, que melhor montra da tecnologia existente, a da Formula 1? O gigante tecnológico a acompanhar o gigante geográfico. 

Aliás, a publicidade da Copersucar ajudou imenso a criar a esperança. Eis um extrato:

"Chegara a vez da máquina. Para os brasileiros, este carro representa um desafio. Um desafio e um prova de capacidade". 

O resultado não foi o esperado, em Buenos Aires. Mas a esperança de que seria o começo de um sonho era o que fazia avançar. Meio século depois, sabemos como acabou, mas se as aspirações ficaram aquém, na realidade, não envergonharam ninguém. Hoje em dia, a memória da Copersucar-Fittipaldi está a ser reabilitada e os seus participantes louvados por terem ousado sonhar... e concretizar.

E o sonho começou há precisamente meio século.    

A(s) image(ns) do dia





Há 45 anos, em janeiro de 1980, a Formula 1 iria começar a temporada em Buenos Aires, na Argentina, algo que costumava acontecer desde 1972. Contudo, por muito pouco, essa corrida não iria acontecer. E a razão tinha a ver com o asfalto. 

Janeiro é o verão austral, e nesse tempo, reasfaltar as pistas não era algo que se fizesse tão frequentemente como agora, e quando faziam, era apenas em algumas partes, mas em 1980, o calor tinha sido forte, e no final do primeiro dia de treinos, começaram a aparecer buracos nas curvas mais criticas da pista, as de baixa velocidade (Horquilla, Salida del Ombu e Mixtos), e os pilotos começaram a queixar-se das condições. Mas o pior foi no sábado: despistes atrás de despistes dos vários carros presentes, e as criticas, reuniões e alertas surgiram. E a chance sa corrida ser boicotada pelos pilotos não andou longe de poder acontecer. 

A organização começou por colocar uma solução de cimento de secagem rápida, e durante as horas seguintes, enquanto todos falavam - pilotos, organização e Bernie Ecclestone -  a solução fazia o seu trabalho e o asfalto não se degradou tão rapidamente como temiam. Contudo, foi um penso rápido do qual na altura da corrida aguentou. O suficiente para que as coisas acontecessem... e se tornar num Grande Prémio onde os mais resistentes sobreviveram. 

Gente como Carlos Reutemann andou atrás dos organizadores para que a pista pudesse apresentar condições mínimas para poderem correr e não passar vergonha num local como a Argentina, ainda por cima, numa altura em que era o começo da temporada, e o pelotão estava todo por ali, à espera de uma corrida sem incidentes. Mas não iriam ter.

O que não sabiam era tinha acabado de começar uma das temporadas mais turbulentas do automobilismo. Aqui, tinha a ver com as condições da pista, mas nos bastidores, outro tipo de agitação estava prestes a explodir. Mas sobre isso, saberemos ao longo da temporada. 

Formula E: Félix da Costa contente com o resultado... e a liderança


António Félix da Costa sai da Cidade do México com mais um pódio, de um excelente fim de semana, e melhor ainda: é o líder do campeonato da Formula E, passadas apenas duas corridas da temporada de 2024-25. Depois de ter ficado perto de obter a pole-position, garantindo a segunda posição da grelha, na corrida, conseguiu fazer uma prova muito inteligente.

Ali, apesar de ter partido de segundo, conseguiu passar para a liderança na fase crucial e decisiva da corrida, através de uma estratégia eximia na ativação dos dois Attack Mode. Contudo, a vitória não aconteceu por culpa de um Safety Car, que juntou todo o pelotão e permitiu ao Nissan de Oliver Rowland usar o seu Attack Mode para o passar e rumar à vitória, apesar do piloto da Porsche ter ficado colado à sua traseira até à bandeira de xadrez. 

Pouco depois de ter ido ao pódio, Félix da Costa afirmou, ainda com as emoções à flor da pele: 

"Quando acabamos em segundo e temos um sabor agridoce, é sinal que estamos fortes e com a mentalidade certa de querer vencer." começou por afirmar. 

"Hoje tinha tudo para dar vitória, mas o último safety car beneficiou o Rowland e acabei por ter de ceder posição pois ele tinha esse Attack Mode. De qualquer forma, no global estou contente, tanto com a performance na qualificação, a competitividade na corrida, a estratégia que adotámos na ativação dos Attack Mode e claro com os 18 pontos deste segundo lugar.", continuou. 

"O campeonato ganha-se marcando bons pontos e é isso que fizemos nas duas primeiras corridas. Claro que é bom estar na frente do campeonato, mas na verdade isso pouco conta por agora, o importante é continuarmos a trabalhar para estarmos fortes na próxima corrida na Arábia Saudita, que será uma corrida dupla!", concluiu.

Contudo, antes de Jeddah, o piloto de Cascais ainda irá entrar num carro de Endurance, nomeadamente no LMP2 da Inter Europol, para as 24 horas de Daytona, mítica corrida que terá lugar no fim-de-semana de 25 e 26 de Janeiro.