A Formula 1 continua na Península Arábica, agora com o Mar Vermelho no horizonte. Do Bahrein, passamos para a Arábia Saudita, e apesar de continuar a ser tudo à noite, e não há tempo para respirar estes escassos sete dias foram suficientes para se falar de algumas coisas, especialmente a possibilidade de Max Verstappen já ter decidido que não ficará mais na Red Bull a partir do final de 2025. E - ou já oferecerem, ou irão oferecer - 100 milhões de euros por temporada na sua próxima equipa, a partir de 2026, o equivalente a metade do salário anual que é dado a Cristiano Ronaldo na sua equipa na Liga Saudita.
Mas quem irá tal soma de dinheiro? Os sauditas, claro! Através da Aston Martin, que tem como grande patrocinador a Aramco, a petrolífera nacional dessa monarquia do Golfo, e da PIF, o fundo soberano nacional. Claro, hoje é especulação, mas o que hoje é isso, amanhã será verdade. E estamos nesse limbo. Digo isso porque eu sei, no momento em que escrevo essas palavras, que isso será real.
Mas para além disso, outro sinal do estado das coisas foi ver, ainda no Bahrein, nas boxes de Sakhir, uma personagem que poucos conhecem, berrar aos ouvidos de Helmut Marko. Essa personagem é Raymond Vermuelem, o empresário de Max Verstappen, que não ficou feliz por ver o seu representante acabar em sexto lugar, depois de ter ganho em Suzuka, onde tudo correu mal, e ver distanciar os seus oponentes, os McLaren de Lando Norris, e sobretudo, Oscar Piastri.
Claro, com estes rumores e atitudes de bastidores, a corrida saudita torna-se em algo bem mais interessante num campeonato que promete ser bem excitante, apesar da McLaren parecer estar na mó de cima. Mercedes e Ferrari tem uma palavra para dizer, e não convêm aos carros, quer de Woking, quer de Milton Keynes, não baixarem a guarda em relação aos outros. E é essa mais uma razão para todos aguardarem pelo pôr do sol para que comece a qualificação deste Grande Prémio, nas sinuosas curvas desenhadas na Corniche de Jeddah.

Sem preocupações meteorológicas, e com a noite a envolver a paisagem, a qualificação começa com Lando Norris e Charles Leclerc a serem os primeiros a irem para a pista, com os moles calçados. O primeiro a marcar tempo foi Alex Albon, antes de Lando Norris marcar 1.28,026, e ficar no topo da tabela de tempos. Leclerc marcou um tempo suficiente para ser o segundo.
Depois foi a vez de Max, que conseguiu 1.28,148, e ficou no segundo posto na tabela de tempos, seguido por Yuki Tsunoda, antes de Oscar Piastri ter arrancado 1.28,019 e ficado no topo da tabela. Russel furou entre os Red Bull, mais 263 centésimos do tempo do australiano, numa altura que apenas os Racing Bulls ainda não tinham marcado um tempo.
Nesta altura, os Haas, o Sauber de Gabriel Bortoleto, o Aston Martin de Lance Stroll e Fernando Alonso estavam fora da Q2, e com o último a um segundo e meio do primeiro.
Pouco depois, Norris reagiu e conseguiu 1.27,805, e ficou com o primeiro posto, sendo o primeiro a baixar do 1.28, enquanto Isack Hadjar se queixava de um toque no muro, mas sem consequências de maior. Depois, Max melhora o tempo para fazer 1.27,778, ao mesmo tempo que Gabriel Bortoleto cometeu um erro, quando tentava melhorar o seu tempo e evitar ficar na Q1. Como não conseguiu, acabou por fazer companhia a Jack Doohan, Lance Stroll, Nico Hulkenberg e o Haas de Esteban Ocon.
Pouco depois, começou a Q2, com todos os pilotos a continuarem com os moles calçados, porque querem marcar o melhor tempo. Os primeiros a entrarem na pista foram gente como Pierre Gasly, Alex Albon e Oscar Piastri, entre outros. Cerca de três minutos depois, foram marcados os primeiros tempos, com Albon a conseguir 1.28,581, antes de Gasly melhorar com 1.28,474, e Carlos Sainz Jr conseguir 1.28,164. Mas depois, Piastri pulverizou, com 1.27,690. Max superou, com 1.27,529.
Mas Norris melhora com 1.27,481, fica no topo da tabela, tudo isto numa altura em que a temperatura do asfalto baixa um pouco.
A parte final começou com os cinco excluídos a serem Lawson - sem marcar tempo - Albon, Bearman, Alonso e Hadjar.
Max começou a queixar-se do seu fundo por causa de uma passagem mais "viril" pelas zebras da curva 4, e queria saber se não tinha ficado afetado. E depois de ter sido visto, passaram agora para os minutos finais, onde se na frente, não houve alterações, atrás foi a confusão habitual. E os que calharam a "fava" ficaram os Racing Bulls de Isack Hadjar e Liam Lawson, o Haas de Ollie Bearman, o Aston Martin de Fernando Alonso e, a 7 milésimos de Lewis Hamilton, o Williams de Alex Albon. E até teria dado jeito, já que Carlos Sainz Jr passou para a fase final, com o oitavo posto.
E com isto, passamos para a Q3.
Os principais pilotos tinham cada um um jogo de pneus novos para serem usados, porque a diferença entre um jogo de usados e um de novos, era a rondar os três centésimos de segundo. Ajuda e muito tê-los calçados para aquela volta mágica, que todos querem fazer e conseguir a melhor posição possível. Especialmente os McLaren, como já tinha dto antes, em cima, tinha a rivalidade do Red Bull de Max, o Mercedes de Russell e o Ferrari de Leclerc e Hamilton, entre o circulo mais alargado.
Piastri foi o primeiro a marcar tempo, conseguindo 1.27,560, imediatamente antes de Lando Norris... bater no muro e causar bandeira vermelha. Com o carro danificado, era o primeiro incidente da qualificação e o primeiro adversário a ser eliminado na luta pela pole. Com o décimo posto garantido, amanhã será uma corrida complicada para recuperar posição, para Norris.
Poucos minutos depois, o carro de Norris fora recolhido para as boxes, as barreiras foram reparadas e a sessão continuou, com Sainz Jr a ser o primeiro a ir para a pista. Nas primeiras passagens pela meta, Max consegue um tempo... um milésimo superior a Piastri: 1.27,559. Sim, é isto que a Formula 1 é capaz de fazer.
Na parte final, as coisas aqueceram bastante. Primeiro, Russell consegue 1.27,407, a seguir, Piastri reagiu com 1.27,304, mas Max vinha numa volta demoníaca e conseguiu 1.27,294, 10 centésimos melhor que o australiano, para conseguir a pole-position. Leclerc era quarto, a 376 centésimos, na frente de Antonelli.
E foi assim que acabou a qualificação saudita: com todos a tirarem leite de pedra dos seus carros e com as diferenças a serem medidas por milésimos de segundo. Ou seja, centímetros.
O automobilismo agora é assim. Agora resta saber como será amanhã, na corrida.