sábado, 17 de março de 2007

Melbourne - Qualificação



Acabou agora mesmo a qualificação para o GP da Austrália, e o favoritismo da Ferrari foi totalmente confirmado. O finlandês Kimi Raikonnen levou a melhor sobre Felipe Massa, mas o brasileiro teve azar na segunda sessão de qualificação, com um problema eléctrico, e vai partir do 15º posto da grelha.

Logo a seguir vai Fernando Alonso, no seu McLaren, mostrando que apesar de se ter mudado de equipa, as qualidades está lá, intactas. E o seu companheiro de equipa, Lewis Hamilton, foi uma excelente surpresa, ao fica no quarto posto da grelha. Entre eles fica o Sauber BMW de Nick Heidfeld. A terceira fila pertence a Kubica e Fisichella. E para fechar o “top ten”… um Super Aguri!

Pois é… Sato e Davidson mostraram a um público surpreendido que os carros do ano passado nada tem a ver com os deste ano, e o piloto japonês levou o seu carro a algo inédito: um lugar nos 10 primeiros. Davidson foi 12º, numa grelha em que vemos Barrichello no 17º lugar, e Coulthard no 18º lugar.

Domingo vai ser uma corrida interessante… nem que seja para ver a recuperação de Massa! Espero...

sexta-feira, 16 de março de 2007

GP Memória: Australia 1996


Na semana de estreia da Formula 1, vamos falar da primeira corrida no actual circuito de Melbourne. Aqui se viu imensas estreias, e também uma corrida emocionante.

Neste GP inaugural, ouviu-se falar de novo num apelido mítico na Formula 1: Villeneuve. Sim, depois ter ganho o campeonato CART do ano anterior, e de ter ganho também as 500 Milhas de Indianápolis, Jacques Villeneuve aceitou o convite de correr pela equipa Williams, no objectivo de ser melhor do que o seu pai, ou seja: ser campeão do Mundo.

Havia também outros estreantes: na Arrows, o brasileiro Ricardo Rosset tinha pago a sua entrada na Formula 1, injectando dinheiro numa muito necessitada Arrows, liderada então por Tom Walkinshaw. Na Minardi, o novo companheiro de equipa do "nosso" Pedro Lamy era um tal de… Giancarlo Fisichella.

Também dentro do pelotão da Formula 1 havia mudanças. O campeão do Mundo, Michael Schumacher, ia para a Ferrari, onde iria passar o resto da sua carreira, e ia ter a seu lado o irlandês Eddie Irvine, vindo da Jordan. Para substituir Irvine, Eddie Jordan foi buscar o britânico Martin Brundle. Quanto aos anteriores pilotos da Scuderia do Cavalino Rampante, Gerhard Berger e Jean Alesi, tinham ido para a Benetton. Na McLaren, com Mika Hakkinen recuperado do seu acidente no ano anterior, tinha um novo companheiro de equipa: David Coulthard.

Nos treinos, Jacques Villeneuve mostrou a sua raça: fez a pole-position, batendo Damon Hill. Na segunda fila ficaram os Ferrari de Irvine e Schumacher, e na terceira fila, o McLaren de Hakkinen e o Benetton de Alesi. Quanto ao Lamy, nesta prova ele ficou no 17º lugar da grelha, tendo atrás de si Brundle, Rosset e Diniz.

Na largada, Villeneuve manteve a liderança, seguido de Irvine e Schumacher, que passam Hill. Mas a corrida teve que ser interrompida no final da primeira volta, com o espectacular acidente de Martin Brundle na curva 3. O inglês da Jordan tentava ganhar lugares quando foi tocado pelo Ligier de Pedro Diniz, e pelo McLaren de David Coulthard, desfazendo-se a alta velocidade. Felizmente, foi mais o estrago do que outra coisa.

Sendo assim passou-se a um segunda largada, onde Villeneuve repete a façanha, seguido de Hill e Irvine. Ao longo da primeira parte da corrida, a combatividade de Villeneuve impressionava todos, nem parecendo que ele era apenas um estrante na Formula 1… Quando foi a altura dos reabastecimentos, Villeneuve parou primeiro, seguido de Hill. Este passa à frente, mas algumas curvas depois, o canadiano volta à liderança.

Na volta 35, no final da recta da meta, Villeneuve comete um erro e vai pela relva. Mas consegue controlar o carro e mantêm-se no comando, apesar de Hill ter tentado ultrapassá-lo. Aqui, os espectadores podiam ver toda a combatividade e garra do jovem canadiano, convencidos que estavam a ver o regresso dos dias gloriosos do pai…

Contudo, após o segundo reabastecimento, o Williams de Villeneuve começa a perder óleo. Hill, que ia atrás dele, começa a fazer sinais para o carro do canadiano. A cinco voltas do fim, Frank Williams ordena a Jacques Villeneuve para que abrande o ritmo e deixe ultrapassar Hill. Sendo assim, o canadiano deixa escapar a possibilidade de ganhar na sua prova de estreia. Mas provara ao mundo que o nome Villeneuve estava vivo…
A acompanhar os Williams no pódio, estava Eddie Irvine, no Ferrari. Schumacher tinha desistido à volta 32, com um problema nos travões. Quanto a Lamy, depois de ter partido das boxes, um problema na transmissão do seu Minardi faz com que não termine a corrida.

E assim foi o primeiro GP do ano no novo circuito de Melbourne. Se anteriormente as pessoas adoravam Adelaide, viram que o seu substituto podia ser melhor. O difícil tinha sido feito, logo à primeira: esquecer o circuito de Adelaide...

Sem comentários...



Devo entender este "maravilhoso" gesto como:
1 - A maneira australiana de dar boas vindas ao pelotão da Formula 1;
2 - Acabou de ouvir que o Coulthard renovou o seu contrato com a RBR por mais uma temporada;
3 - Ou é mais uma previsão "à Mestre Alves", que vai bater o piloto escocês, mas que no final da temporada leva mas é um real pontapé no rabo dado pelo senhor Maeschitz?

Melbourne - Sessão 2



A Ferrari dominou os segundos treinos livres do GP da Australia, no circuito de Melbourne. Feilpe Massa ficou à frente de Kimi Raikonnen, com 1m27.353s, contra 1m27.750s do piloto finlandês. Tudo isso é sinal de que aqui, a experiência conta!

Quem está a dar nas vistas è Lewis Hamilton. O britânico da McLaren fez o terceiro tempo, batendo o actual bi-campeão do Mundo Fernando Alonso. O espanhol ficou com o sétimo tempo, tendo sido batidos pelo italiano Giancarlo Fisichella, pelo BMW de Nick Heidfeld e pelo austriaco Alexander Wurz, da Williams.

Quanto aos senhores da cauda do pelotão, digamos que a Spyker e a Scuderia Toro Rosso ficaram com os quatro piores lugares, com Speed a bater Liuzzi, e Albers a impor respeito a Sutil. Curiosamente, todos estes carros tem motores Ferrari...

Mais logo, pela madrugada, começarão os treinos "a doer", os mais interessantes de todos. E aí vamos saber se o dominio Ferrari continua... E já agora, a chuva marcou o final desta sessão, e o senhor Barrichello teve uma forte batida no muro, sem consequências de maior. Mas dizem que na madrugada de Sábado não vai chover!

Melbourne - Sessão 1



Chove, chove chuva sem parar... Pois é, foi assim o ambiente nos primeiros treinos livres do GP da Australia, em Melbourne. Deve ser por isso porque muita gente não tirou os seus carros, pelo menos de inicio...

Mas pronto... o primeiro milho é para os pardalitos, e os terceiros pilotos lá deram nas vistas: Vettel, no BMW, foi terceiro; Nakajima Jr. foi quinto. Quanto ao melhor... foi o Alonso, mas não levem isto muito a sério, foi só um aquecimento. Só para terem uma ideia: os Ferrari só sairam 50 minutos depois do treino começar. E já agora, conheci uma nova equipa de Formula 1: a "Reb Bull Racing"...

Amanhã há mais...

quinta-feira, 15 de março de 2007

Estreantes 2007: 3 - Adrian Sutil



O terceiro estreante de 2007 é alemão e vai jogar pela Spyker. Este homem, que substituiu Tiago Monteiro, gaba-se de ter outros talentos, para além da condução: é um exímio pianista.

Adrian Sutil nasceu a 11 de Janeiro de 1983 em Starnberg, na Alemanha. É filho de mãe alemã e pai uruguaio, e começou a sua carreira aos 14 anos, no karting. Em 2002, passou para a Formula Ford 1800, na Suiça. Foi uma estreia fulminante: venceu todas as 10 corridas desse calendário! Ainda teve tempo para competir no Formula Masters na Áustria, ganhando cinco provas.

Em 2003, muda-se para a Formula BMW alemã, mas os resultados não foram brilhantes. No ano seguinte, passou para a Formula 3 Euroseries, na equipa de um tal… Colin Kolles. Não foi uma grande temporada, mas as conecções com Kolles fazem com que ele mude para a ASM no final daquele ano.

Em 2005, Sutil continua na Formula 3 Euroseries, onde teve como companheiro de equipa: Lewis Hamilton! Apesar de ter ganho duas corridas, foi copiosamente batido pelo seu companheiro, terminando na segunda posição do campeonato. Terminou também em segundo no Marlboro Masters de Zandvoort, na Holanda.

No final da época, vai fazer algumas provas na recém-criada A1GP, pela equipa alemã, mas sem resultados de relevo. Em 2006 vai para a Formula 3 japonesa, onde ganha o campeonato e termina em terceiro no GP de Macau de Formula 3. para além disso, é terceiro piloto da Midland/Spyker em três corridas.

No final da época, ele é um dos pilotos de testes escolhidos pela equipa Spyker. Mas em Dezembro, com a saída de Tiago Monteiro, é elevado a piloto titular da equipa holandesa, estreando-se assim na Formula 1.

Estreantes 2007: 2 - Heiki Kovalainen

O segundo estreante desta série trata-se de outro jovem talento, preparado durante muito tempo para o embate nesta categoria máxima do automobilismo: Heiki Kovalainen.
Um bom exemplo do que digo, é o facto de ter sido o terceiro piloto na Renault durante a época passada, que permitiu conhecer o carro e a melhor maneira de lidar com um bicho muito poderoso...

Mas tudo isto começou a 19 de Outubro de 1981, em Suomussalmi, na Finlândia. Como acontece em grande parte dos pilotos, começou a sua carreira nos karts, em 1991. Até 2000, altura em que ganhou o Elf Masters e o Campeonato Nórdico, toda a sua vida foi no karting.

Em 2001, Kovalainen mudou-se para a Formula Renault, competição onde o seu compatriota Raikonnen tinha estado no ano anterior, antes de se mudar para a Formula 1. Uma curiosidade: até chegar à Formula 1, usou sempre motores Renault… Nesse ano, acaba em quarto lugar no campeonato, com duas vitórias e duas polés, sendo o “Rookie of the Year” na categoria. Em 2002, passa para a Formula 3 britânica, com a Fortec. Acabou em terceiro no campeonato, mas ganhou cinco das nove ultimas corridas da temporada, sendo de novo, o “Rookie of the Year”.

Em 2003, vai para a World Series by Renault, onde ganhou uma corrida na sua temporada de estreia. Foi companheiro do vencedor da competição, o francês Franck Montagny. No ano seguinte, manteve-se na equipa, onde se sagrou campeão, com 192 pontos e seis vitórias, batendo Tiago Monteiro.

No final dessa época, Kovalainen é convidado para participar na Corrida dos Campeões, que ocorre no Stade de France, onde surpreende tudo e todos, ao ganhar a competição, batendo… Michael Schumacher!

Em 2005, muda-se para a recém-criada GP2, onde ganha a primeira corrida de sempre dessa nova competição. Vai ganhar mais quatro corridas, mas perde o título para o alemão Nico Rosberg. Por essa altura, ele já tinha um papel como piloto de testes da Renault, que manteve durante o ano de 2006. Em Setembro, após o anuncio de que Fernando Alonso seria piloto da McLaren, Flávio Briatore escolhe Kovalainen para companheiro de Giancarlo Fisichella.

Para o ano de estreia na Formula 1, Kovalainen vai ter alguns desafios pela sua frente: primeiro, tentar ser um piloto competitivo. Depois, tentar igualar ou mesmo bater Giancarlo Fisichella. Se conseguir isso, é sinal de que as expectativas que as pessoas tinham acerca dele foram largamente cumpridas...

Estreantes 2007: 1 - Lewis Hamilton



Para hoje, reservei um tempo para apresentar os pilotos que vão começar as suas carreiras no próximo Domingo. São três, todos eles tiveram um excelente palmarés nas categorias inferiores, e neste primeiro caso, pode-se dizer que toda a sua carreira foi uma preparação para este momento.
O primeiro dos estreantes na categoria rainha, em 2007, é Lewis Hamilton. E ele vai fazer história, pois é o primeiro piloto de origem africana a chegar à Formula 1.

Lewis Carl Hamilton nasceu a 7 de Janeiro de 1985 em Hertfordshire, em Inglaterra. Os seus pais vieram da ilha britânica de Grenada, no sUl das Caraíbas, e aos oito anos, começou a correr em karting, ganhando várias categorias, até à Formula A, o topo da classe, em 2000. Já nessa altura, era apoiado por Ron Dennis, o patrão da McLaren, que lhe tinha assinado dois anos antes, em 1998, um contrato na McLaren Driver Support Programe, que continha uma clausula que o incluía num futuro contrato com a equipa de Formula 1. Então com 13 anos, Hamilton era o piloto mais jovem de sempre a ter um contrato na categoria máxima.

Entratanto, fazia carreira nas formulas de formação. Em 2003, ganhou o campeonato britânico de Formula Renault, e dois anos depois, ganhava a Formula 3 Euroseries. No ano passado, compete na GP2, pela ART, onde ganha a competição com cinco vitórias e uma pole-position, no total de 114 pontos, mais 12 que o segundo classificado, Nelson Piquet Jr.

No final de 2006, com um lugar vago na McLaren, e depois de muita especulação se seria ele ou o piloto de testes Pedro de la Rosa a ocupá-lo, Dennis escolheu Hamilton como o companheiro do bicampeão do Mundo Fernando Alonso. A responsabilidade é grande, mas dado o facto de ter sido um piloto vencedor nas categorias inferiores, podemos estar a ver a competir um futuro campeão do mundo…

GP Memória: Australia 1994

Por fim, chegamos à uma das corridas mais polémicas da história da Formula 1. Uma daquelas onde a reputação de Michael Schumacher como um piloto que não olha a meios para chegar aos fins se impôs. Independentemente do que aconteceu e quem teve a culpa, foi o corolário final de uma das mais terríveis épocas que a Formula 1 tinha passado.

Mas vamos ao que interessa: a 13 de Novembro de 1994, o campeonato do Mundo tinha a sua prova final nas ruas de Adelaide. Na altura, Michael Schumacher estava na frente do campeonato com 92 pontos, menos um que Damon Hill. Schumacher tinha tido uma época atribulada: a sua recusa em parar no GP de Inglaterra, depois de ter sido mostrada um bandeira preta, mais a sua desclassificação no GP da Bélgica daquele ano fez com que a disputa pelo título fosse “artificialmente” alimentada até à última prova do campeonato. Ele sabia que tinha que estar à frente de Damon Hill para ser campeão. E a pressão era tal que nos treinos de sexta-feira, teve uma batida muito forte no muro. Sendo assim, a “pole-position” foi para às mãos de Nigel Mansell, e Schumacher foi segundo. No terceiro lugar estava o seu rival Damon Hill, tendo a seu lado o finlandês Mika Hakkinen.

No momento da partida, Schumacher e Hill passaram Mansell e foram para a frente. O britânico esteve sempre a pressionar o alemão da Benetton, na esperança de este cometer um erro. Entretanto, Mansell caia mais dois lugares, ao ser ultrapassado por Hakkinen e Barrichello. Na volta 15, o “brutânico” conseguiu ultrapassar o brasileiro da Jordan e foi em perseguição de Hakkinen.

Na volta 36, veio o momento mais polémico: no “East Terrace Corner”, Schumacher abriu demasiado a curva e despistou-se, tocando no muro. Quando o Benetton voltou à pista, Hill tentou ultrapassá-lo, mas na curva seguinte, o alemão guinou para a direita e ambos colidiram. Schumacher abandonou no momento, e Hill levou o carro para as boxes, onde detectaram danos num dos braços da suspensão, o que levou ao abandono.

Como nenhum dos dois iria marcar pontos, o alemão é declarado campeão do Mundo, o primeiro dos seus sete títulos mundiais, numa manobra considerada por muitos como uma das mais anti-desportivas de sempre. Mas apesar da manobra, quer a Williams, quer os comissários de pista classificaram a manobra como um simples incidente de corrida.

Entretanto, esta continuava a decorrer. Mansell estava na frente, seguido pelos dois Ferrari de Berger e Alesi, pelo Jordan de Barrichello, e pelos McLaren de Hakkinen e Brundle. Barrichello acabou por ser ultrapassado por Brundle e Alesi atrasou-se, enquanto que Hakkinen desistiu por despiste, quando seguia em quarto lugar. No final, Mansell ganhava a sua 31ª e última corrida da carreira, o que poderia ter sido um excelente fim de história para o “brutânico”, caso não se tivesse metido na aventura da McLaren…


Mas também este GP marcou o final da carreira para Michele Alboreto, o italiano ex-Ferrari, vice-campeão do Mundo de 1985, e para a mítica Lotus, nas ruas da amargura, depois de sete títulos mundiais de construtores e de ter acolhido grandes pilotos como Clark, Hill, Rindt, Fittipaldi, Peterson, Andretti, Mansell, Senna, Piquet, Hakkinen, Zanardi e o “nosso” Lamy.

quarta-feira, 14 de março de 2007

GP Memória: Australia 1991

Na semana dedicada ao GP da Austrália, vamos falar de mais uma edição do passado. Neste caso, falo da corrida mais curta de sempre da história da Formula 1, que durou apenas 14 voltas!

Como os mais antigos sabem, até 1995, o GP da Austrália detinha dois factos: era disputado em Adelaide, e era o último GP da temporada. E como muitas das vezes o título era atribuído antes deste GP, o ambiente era muito mais descontraído do que o habitual. Em 1991, isso não fugiu à regra, com o brasileiro Ayrton Senna a conquistar o seu tri-campeonato, perante um Williams de Nigel Mansell, claramente em alta, preconizando futuras conquistas.

Claro, nem tudo estava calmo na Formula 1. Depois do GP do Japão, o francês Alain Prost tinha sido despedido da Ferrari, por ter chamado “camião” ao seu bólide, e foi substituído por Gianni Morbidelli.

Os treinos foram calmos, com Senna (na sua 60ª pole-position da sua carreira) e Berger a monopolizarem a primeira linha, levando a melhor sobre Mansell e Patrese, com estes a serem disputados em piso seco. E porque digo isso? Porque o dia da corrida foi algo muito diferente…

O dia começou com ameaça de chuva, e na hora em que começou a corrida, uma tempestade abateu-se sobre Adelaide. Os pilotos não queriam correr naquelas condições, mas havia demasiadas coisas em jogo (transmissões de TV, patrocinadores…) para que a corrida fosse simplesmente cancelada.

A partida foi dada, e os McLaren mantiveram as suas posições. Tudo esteve bem até à volta 5, quando o japonês Nakajima abandonou. A partir daí, começa o descalabro: Na volta seis, o estreante Schumacher despista-se e bate em Alesi. O acidente envolve também Nicola Larini e Pierluigi Martini, fazendo com que a Recta Brabham se tornasse muito mais curta do que o habitual…

Entretanto, Mansell tinha-se livrado de Berger e estava na peugada de Senna. Mas com o tempo a piorar, os despistes sucedem-se. Na volta 13, o March do brasieliro Mauricio Gugelmin tem um violento despiste no muro das boxes, quase caindo para dentro do “pit-lane” ferindo dois comissários. Na mesma volta, Mansell despista-se, magoando-se num pé.

Estávamos na volta 16. O director de prova, o belga Roland Bruynserade, decide mostrar a bandeira vermelha, interrompendo a corrida. Nos 50 minutos seguintes, são mostrados várias placas de 10 minutos, avisando os pilotos que a prova poderia continuar. Mas uma hora depois, e sem sinal da chuva abrandar, a corrida é terminada. Senna é declarado vencedor, mas só obtêm metade dos pontos. A seguir a ele, ficam Mansell, Berger, Piquet, Patrese e o Ferrari de Morbidelli, conquistando assim meio ponto.

Senna desabafou: “Cometemos hoje o erro de termos começado a corrida”, algo corroborado por Mansell e Alesi: “Não se via nada!”

E assim terminava a corrida mais curta de sempre. Uma prova que marcava a despedida de dois grandes pilotos: Nelson Piquet e Satoru Nakajima, o primeiro piloto japonês com importância, e que dois anos antes, numa corrida também marcada pela chuva, tinha alcançado a sua unica volta mais rápida...

O piloto do dia: Alan Jones

O perfil de hoje fala de um piloto que quis uma coisa na vida: seguir as pisadas do seu pai. Não só acabou por fazer isso, como eventualmente superou-o. E isso fez com que ganhasse o Campeonato do Mundo, o primeiro piloto a ganhar pela Williams.

Alan Jones nasceu a 2 de Novembro de 1946 em Melbourne, e era filho de San Jones, um piloto famoso nos anos 40, a bordo de carros ERA. Aos 19 anos, em 1967, rumou para a Europa para fazer nome, mas teve pouco sucesso durante os seis anos seguintes. Somente em 1973, estando ele na Formula 3 britânica, é que ganha corridas. No ano seguinte, foi para a Formula Atlantic, onde teve alguns resultados, e no ano seguinte, o proprietário da sua equipa decidiu comprar um Hesketh de Formula 1 e inscreveu-o. Esta perceria durou quatro corridas, até que por falta de dinheiro, eles decidiram retirar-se. Mas Jones queria continuar, e foi parar à equipa Hill, como substituto do magoado Rolf Stommelen (1943-1983). Nas quatro corridas seguintes, termina em quinto no difícil circuito de Nurburgring. Esses dois pontos dão-lhe o 17º lugar final.

Em 1976, Jones vai para a Surtees, como piloto a tempo inteiro. Consegue excelentes resultados, sendo o melhor um 4º lugar na prova final, no Japão. Os 7 pontos deram-lhe o 12º lugar na classificação. Nada mal, num carro patrocinado pela marca de preservativos Durex

Para 1977, estranhamente, fica de fora da competição, e vai correr para os Estados Unidos. É aí que é chamado para substituir o malogrado Tom Pryce, morto no GP da Africa do Sul. Agarra a oportunidade com as duas mãos e consegue dar à Shadow a sua única vitória da carreira, ganhando o GP da Áustria. Consegue outro pódio, desta vez em Monza, onde termina em terceiro. Os 22 pontos alcançados dão-lhe o 7º lugar na tabela de pilotos.

As suas performances atraem a atenção de um homem: Frank Williams. Na altura, ele procurava reconstruir uma nova equipa, já que a anterior tinha sido vendida dois anos antes a Walter Wolf. Com Patrick Head, o homem que o acompanha até hoje, decide que Alan Jones seria o homem ideal para levar a equipa a mais altos voos. De inicio, em 1978, as coisas não saem como deviam. O melhor que alcançou foi um segundo lugar em Watkins Glen, mas já era um princípio. Ficou em 11º lugar na tabela final, 11 pontos para a contagem, e duas voltas mais rápidas.

Mas em 1979, surge o Williams FW07, o primeiro carro ganhador. Com o experiente Clay Regazzoni a seu lado, começam mal o campeonato. Mas a partir do GP de Inglaterra, a Williams era uma máquina vencedora. Prova disso, foram as quatro vitórias consecutivas da marca. A ironia era que, o primeiro a ganhar não foi Jones, mas sim Regazzoni… Jones fez duas poles, uma volta mais rápida, e ganhou quatro corridas: Alemanha, Áustria, Holanda e Canadá. Os 40 pontos e o terceiro lugar final coroaram o primeiro grande ano da Williams e o inicio de uma nova era…

Em 1980, a Williams troca Regazzoni pelo argentino Reutmann, vindo da Lotus. Jones era o primeiro piloto e começa o ano tal como acabou: em grande. Ganha na Argentina, é terceiro no Brasil, e segundo na Bélgica, antes de arrancar para uma segunda parte excepcional: vitória em França e Inglaterra, terceiro na Alemanha, segundo na Áustria e na Itália. Apesar das oposições de Arnoux primeiro, e de Piquet mais tarde, as vitórias que alcançou no Canadá e em Watkins Glen foram as suficientes para ser coroado Campeão do Mundo, o primeiro conquistado pela Williams, com 67 pontos. Nessa altura, também conquistou três pole-positions e cinco voltas mais rápidas.

Para 1981, as ambições mantinham-se intactas: tudo era igual ao ano anterior, e Jones tinha começado bem, em Long Beach. Mas na prova seguinte, em Jacarépaguá, o bizarro acontece: Durante a prova, o segundo piloto da equipa, o argentino Carlos Reutemann, ocupava a liderança, com Jones no segundo lugar. Reutemann tinha recebido ordens de Frank Williams para deixar passar Jones, aumentando as chances dele de aumentar a liderança no campeonato. No entanto, Reutmann ignorou as ordens e recusou-se a ceder a posição, vencendo a corrida. Revoltado, Jones se recusou a subir ao pódio para receber o troféu de segundo classificado. A chance de ganhar o bi-campeonto começava a desaparecer a partir desse dia…

Jones teve um resto de campeonato um pouco penoso, com Reutmann a levar a melhor. No final do GP do Canadá, em Montreal, anunciou que iria retirar-se no final da temporada. Isso deu vontade de acabar por cima: venceu em Las Vegas, e teve o prazer de ver o seu rival Reutmann perder o campeonato a favor de Nelson Piquet… Os 46 pontos que ganhou deram-lhe o terceiro lugar final, com duas vitórias e cinco voltas mais rápidas.

Finda a carreira, voltou à Austrália natal para correr em Turismos. Em 1983, faz uma perninha na Arrows, em Long Beach, mas não termina. Dois anos mais tarde, em 1985, o americano Carl Haas decide criar uma equipa de Formula 1, com chassis Lola, e contrata Jones, quase quarentão. Corre quatro corridas no final da temporada, mas não termina nenhuma. Em 1986, tem como companheiro o francês Partick Tambay. O projecto é um fracasso, apesar de Jones ter conseguido quatro pontos, que lhe valeram o 12º lugar final. No final desse ano, abandona de vez a competição, correndo em Turismos. Nos anos 90, converte-se em comentador para a TV Australiana.


Eis seu palmarés final na Formula 1: 117 GP’s, em 10 temporadas, o título mundial de 1980, 12 vitórias, seis pole-positions, 13 voltas mais rápidas, 24 pódios, 206 pontos.



Nos últimos tempos, tem estado activo: é um dos proprietários da A1 Team Austrália, que teve a correr o seu filho Christian, e tentou a sua sorte no GP Masters, a compatição para veteranos com mais de 45 anos, comandado pelo ex-campeão Nigel Mansell. Mas os vários anos em que esteve afastado de um carro de competição tiveram o seu peso…

Mais vale tarde do que nunca...



A Super Aguri mostrou finalmente o seu carro de corrida para 2007. Foi nas boxes de Melbourne, a dois dias do inicio dos treinos livres do GP da Austrália, vamos a ver se é mais uma temporada de fundo da tabela, ou será que desta vez, temos um chassis bem desenhado? Estou ansioso por ver esse fim de semana…

terça-feira, 13 de março de 2007

GP Memória: Australia 1986

Nas ocasiões em que o título mundial foi decidido na última prova do campeonato, poucos foram os anos em que houve mais do que dois candidatos ao ceptro máximo. Os anos de 1964 e 1974 tinham sido até então os únicos anos em que houve mais do que dois pilotos com possibilidade real de ganharem o título. Em 1986, repetia-se o cenário, só que desta vez, o vencedor era o candidato menos provável, pois foi aqui que Alain Prost ganhou o seu segundo título, talvez o mais improvável da sua carreira.

Mas vamos por partes: à chegada a Adelaide, o "brutânico" Nigel Mansell ia confortavelmente na liderança, com sete pontos de vantagem sobre Alain Prost. Um ponto mais atrás, mas com possibilidades matemáticas de alcançar o título estava o brasileiro Nelson Piquet, que estava no seu primeiro ano na Williams-Honda, depois de sete temporadas na Brabham e dois títulos mundiais. No quarto lugar, mas já sem possibilidades de chegar ao título estava o jovem brasileiro Ayrton Senna, no seu Lotus-Renault V6 Turbo.

Nos treinos, Mansell fez a “pole-position”, seguido do seu companheiro de equipa Piquet e de Senna. Prost ficou-se pelo quarto lugar. A 26 de Outubro, dia da corrida, 150 mil espectadores tinham ido ao circuito para assistir à decisão do título mundial de 1986. Mas também era um Grande Prémio marcante para muita gente: para Alan Jones, Keke Rosberg e Patrick Tambay iria ser o último Grande Prémio das suas carreiras. Para os motores Renault Turbo, também seria o último GP, depois de nove anos de bons serviços.

No momento da partida, Mansell foi surpreendido por Senna, Piquet, Prost e Rosberg. No final dessa volta, Senna tinha sido ultrapassado por Piquet, mas à volta seis, iria ser ultrapassado pelo McLaren do piloto finlandês, que iria alargar a sua liderança nas próximas voltas. Na volta 23, Piquet despista-se, perdendo algumas posições, enquanto que Prost sofria um furo, que o faria ir às boxes e descer para a quarta posição, atrás de Rosberg, Mansell e Senna. Mas o brasileiro da Lotus abandona à volta 43, fazendo com que Mansell herdasse o segundo lugar, Na volta seguinte, Piquet passa Prost, e fica no terceiro lugar. E eles rodam assim até à volta 62. Nessa altura, o piloto “brutânico” era o virtual Campeão do Mundo.

Mas num espaço de duas voltas, tudo muda. À volta 63, o pneu traseiro direito de Rosberg rebenta, fazendo com que abandone a sua última corrida da carreira. Mansell passa para a liderança, mas duas voltas depois, em plena Recta Brabham, o seu pneu traseiro esquerdo explode a alta velocidade, fazendo com que abandonasse a liderança. O seu sonho de Campeão do Mundo tinha-se esfumado.

Depois disso, Piquet passava para a liderança. Nessa altura, o brasileiro era virtual Campeão do Mundo, com dois pontos de diferença sobre Prost. Mas a Williams, temendo que pudesse acontecer o mesmo a Piquet, mandou-o trocar de pneus. Assim sendo, Prost passou à frente, e Piquet tentou apanhá-lo, mas já era tarde demais. Quando cortou a meta, Prost ficara a quatro segundos de Piquet, os suficientes para ser Campeão do Mundo pela segunda vez. A acompanhá-los no pódio estaria o Ferrari do sueco Stefan Johansson.

Noticias: Parente na WSR 3.5



O piloto português Alvaro Parente vai correr pelo segundo ano consecutivo na World Series by Renault 3.5, a bordo da equipa TECH1 Racing. O português conseguiu assegurar um volante à última hora para participar nesta prestigiada competição e vai ter como parceiro o francês Julien Jousse.
Parente vai começar a testar pela nova equipa a partir de amanhã, em Barcelona, e vai fazer companhia na competição a Felipe Albuquerque, piloto apoiado pela Red Bull Junior Team, e vencedor no ano passado de duas competições de Formula Renault 2.0.
Parente participou neste campeonato na temporada passada, tendo defendido as cores da Victory Engineering e terminado na quinta posição final, apesar de ter lutado pelo título até à última prova. Durante o defeso, testou por diversas vezes na GP2, mas não conseguiu nemhum contrato. Actualmente, Alvaro Parente participa no campeonato A1GP pela equipa nacional, onde foi quinto na última corrida, disputada na Africa do Sul.

O piloto do dia: Jack Brabham (2ª parte)



(continuação do dia anterior)

Em 1965, Brabham consegue um pódio no México, o seu melhor resultado desse ano. Os 9 pontos dão-lhe o 10º lugar na geral. Mas no final de 1965, a FIA mudava o regulamento dos motores para os 3000 cc, o que faria com que Brabham decidisse chegar a um acordo com o preparador australiano de motores chamado Repco. Para 1966, Brabham era o construtor melhor preparado para o novo regulamento, o que lhe dava uma vantagem sobre os outros construtores…

E aos 40 anos, Brabham preparava-se para uma segunda vida: o melhor carro do pelotão, e tendo como companheiro o neozelandês Dennis Hulme (1934-1992), Brabham volta às vitórias em França, a primeira de quatro vitórias consecutivas: Inglaterra, Holanda e Alemanha. Faz a “pole-position” em Brands Hatch, Zandvoort e Watkins Glen, nos Estados Unidos. Ainda acaba em segundo no México, e com 42 pontos, torna-se no primeiro tri-campeão do Mundo desde Fangio. Aos 40 anos!

O domínio continua em 1967, mas desta vez, os papéis invertem-se: Hulme é campeão. Brabham é segundo, com 46 pontos, resultantes de duas vitórias, em Rouen (França) e Mosport, no Canadá. Faz a pole no Mónaco, ganho por Hulme, e onde o rival Bandini morre vitima de graves queimaduras.

As coisas correm mal em 1968. O quinto lugar em Nurburgring foi o melhor que conseguiu. Os motores Repco já não tinham perdido a sua vantagem perante os motores Cosworth, que em breve iriam ser a norma em todo o pelotão. Sendo assim, em 1969 já é mais um dos que têm os seus motores… pudera, a 4 mil libras por unidade!

Nesse ano, Brabham tem um acidente grave no GP de França, e já com 43 anos, decide que é altura de abandonar a competição. Quando recupera, mostra que não tinha perdido as capacidades, obtendo dois pódios e uma pole-position no México, que juntou a que tinha conquistado na Africa do Sul. No final da temporada, tinha conseguido 14 pontos, o que lhe dava o 10º lugar final.

Mas no defeso, Brabham não tinha conseguido arranjar um piloto de topo, já que Icxx, o seu parceiro, tinha ido para a Ferrari. Sendo assim, decide correr a temporada de 1970, e começa bem: vitória na Africa do Sul, contra todas as possibilidades, pois tinha 43 anos… Em Espanha faz a 13ª (e última) pole-position da sua carreira, e os desempenhos de corrida são tão bons, que a certa altura, é um candidato ao título. Mas dois azares impedem isso: primeiro no Mónaco, onde perde o primeiro lugar na última curva, depois de uma batalha épica com o Lotus de Jochen Rindt (1942-1970). Em Inglaterra, também ia em primeiro, quando a poucas voltas do fim faltou-lhe a gasolina! Tal como no Mónaco, o beneficiário foi Rindt.

No final de 1970, retira-se de vez, 15 anos depois da primeira corrida da sua carreira. Nestes 128 GP’s, conseguiu 14 vitórias, 13 poles e 12 voltas mais rápidas, conquistando 31 pódios e 256 pontos no total.

Quando sai da Formula 1, decidiu vender a sua participação a Tauranac, desligando-se das actividades da companhia. Este venderia tudo no final de 1971 a um inglês de 42 anos, que tinha sido, entre outros, “manager” do malogrado Rindt. Seu nome era Bernie Ecclestone.

Em 1979, a Rainha de Inglaterra reconheceu os seus feitos ao nomeá-lo Cavaleiro do Inpério Britânico. Agora, era “Sir Jack”. Entretanto, os seus três filhos, Geoff, David e Gary tornaram-se pilotos de competição, com sucesso variável, em várias categorias. Geoff participou nas 500 Milhas de Indianápolis e nas 24 horas de Le Mans, onde ganhou em 1993, a bordo de um Peugeot 905. Gary e David passaram pela Formula 1, sem sucesso (David passou até pela equipa do seu pai).

Hoje em dia, aos 80 anos, ainda é uma figura respeitada no meio automobilístico, aparecendo em eventos de automóveis históricos, onde é acarinhado por milhares de fãs.

Noticias: Prodrive compra Aston Martin


A Ford anunciou no final da tarde de ontem que vendeu a mítica marca de automóveis Aston Martin para a britânica Prodrive, de David Richards, por 479 milhões de libras (706 milhões de Euros). Contudo, Richards não fez esta compra sozinho: dois parceiros, a "Investment Dar of Kuwait" e "Adeem Investment", ambos de capitais árabes, ajudaram no negócio.

“Esta era uma oportunidade incrível. A Aston Martin é uma das marcas de carro mais míticas do planeta”, afirmou Richards, que assumirá o posto de presidente não-executivo da marca inglesa.

A venda faz parte do plano de reorganização da Ford, que no ano passado teve o seu maior prejuízo da história: 12.700 milhões de dólares. A queda nas vendas, bem como o alto preço do combustível, foram factores que ajudaram nos prejuízos.

Sendo assim, a Ford elaborou um plano de reorganização, que implica o enceramento de 16 fábricas e a supressão de até 45 mil empregos. A venda da Aston Martin faz parte desse plano, e com a compra por parte da Prodrive, aumentam as expectativas de que em 2008, a Prodrive entre na Formula 1 com o nome da Aston Martin, que já lá esteve em cinco corridas, em 1959 e 1960, mas com poucos resultados. Contudo, teve alguns pilotos de peso, como Maurice Trintignant, Roy Salvadori e o americano Carrol Shelby, o homem que ajudou a projectar o Cobra e vários "Muscle Cars" americanos dos anos 60 e 70.

segunda-feira, 12 de março de 2007

O piloto do dia: Jack Brabham (1ª parte)

Qualquer dia tinha que ser. Na senda da semana australiana, dedicada a tudo que tem a ver com o pais que no final da semana inaugura o Campeonato do Mundo de Formula 1 de 2007, falo-vos do homem mais bem sucedido na Formula 1, tanto como condutor, como construtor. Falo-vos de Jack Brabham, tri-campeão do Mundo de Formula 1, o único que até agora ganhou simultaneamente como condutor e como construtor.

Sir Jack nasceu a 2 de Abril de 1926 em Hurtsville, nos subúrbios de Sydney. Era filho de um merceeeiro, e aos 15 anos abandonou a escola para ir trabalhar para uma oficina, como mecânico de automóveis. Algum tempo depois, na Segunda Guerra Mundial, serviu na Força Aérea Australiana. Quando a guerra acabou, tinha 19 anos e decide o que há de fazer na sua vida: abrir uma oficina. Nessa altura, conhece um homem que o irá acompanhar na sua carreira: Ron Tauranac.

No final dos anos 40, decide correr em carros midgets, em pistas de terra. Torna-se campeão do seu estado, a Nova Gales do Sul. Em 1955, aos 29 anos, decide ir para Inglaterra para correr. Nesse mesmo ano, entra no seu primeiro GP da sua carreira, com um Maserati no GP de Inglaterra, sem resultados. No final daquele ano, vai para a Cooper.

Nessa altura, John Cooper era rei nas Formulas de formação, com pequenos motores de 500 cc, montados atrás do condutor, que traziam vantagens em relação ao controlo do carro do que os carros com motor à frente. Nessa altura, ele queria levar isso para a Formula 1, mas as coisas iam lentas. Em 1956 e 1957, não houve resultados de relevo, mas em 1958, a Formula 1 entra em choque quando vê Moss a ganhar as duas primeiras corridas do campeonato (Argentina e Monaco) com o Cooper de motor atrás, a bordo dos carros de Rob Walker. Brabham aproveita esse choque ao levar o seu carro para o quarto lugar no Mónaco, a sua única corrida nos pontos desse ano.

Em 1959, a máquina está afinada, e Brabham era o piloto ideal para atacar o título e por fim ao domínio dos carros italianos de motor à frente. Ganha o seu primeiro GP, no Mónaco, e repete a proeza em Aintree, palco do GP de Inglaterra. No final da época, os frutos do trabalho são colhidos: Campeão do Mundo, com 31 pontos, duas vitórias, uma pole e 5 pódios, em nove possíveis.

O domínio continua em 1960: ganha cinco provas de seguida – Holanda, Bélgica, França. Inglaterra e Portugal (no circuito da Boavista), e fazendo três poles. O bi-campeonto é conquistado com 43 pontos.

O próximo desafio são as 500 Milhas de Indianapolis. Em 1961, leva um pequeno Cooper de motor traseiro para correr. A principio, as outras equipas gozam com aquele pequeno carro, mas cedo perdem a graça quando vê aquele carro a chegar ao terceiro lugar durante a corrida. No final acabou em nono, mas já tinha deixado a sua marca. Mas se as coisas correram bem na América, na Europa era o contrário. O máximo que conseguiu foi 4 pontos, que lhe deu o 11º lugar na classificação final.

Em 1962 funda a Brabham Racing Organization, com o seu amigo de sempre, Ron Tauranac. Começa a correr com Lotus, mas no final da época, já tem pronto o seu primeiro carro: o BT 3. Com ele, consegue 9 pontos, dando-lhe o 9º lugar final.

Para 1963, as coisas melhoram, com o segundo lugar no México o seu melhor resultado. Os 14 pontos conquistados merecem-lhe o 7º lugar final.

Em 1964 tem um parceiro: o americano Dan Gurney. Vai ser este que dará a Brabham a sua primeira vitória como construtor, no GP de França. O australiano vai conseguir dois pódios, e o oitavo lugar final, com 11 pontos. Nesta altura, os carros eram bons, mas não eram fiáveis. Para além dos azares, Brabham tinha a reputação de ser um homem muito poupadinho. Acerca dessa reputação, Dan Gurney diria: "Jack was tighter than a bull's ass in fly season".
(fim da primeira parte. A segunda parte é publicada amanhã)

As cidades que acolhem a Formula 1 - Melbourne



A cidade que acolhe a primeira paragem do Mundial de Formula 1 é a segunda maior cidade da Austrália, só suplantada por Sydney. Tem 3,7 milhões de habitantes, é a capital do Estado de Victoria e fica situado no estuário do Rio Yarra. Foi fundada em 1835 e a capital da federação australiana entre 1901 e 1927, altura em que se transferiu para Canberra.

O nome da cidade deve-se a Lorde Melbourne, primeiro-ministro por alturas da sua fundação, e considerado como o primeiro mentor da Rainha Vitória de Inglaterra. Esta teve dois grandes ciclos de desenvolvimento: o primeiro foi nos anos 1850, impulsionado pela descoberta de ouro na zona, que originou um grande crescimento da cidade, de tal forma que no final do século XIX, tinha ultrapassado Sydney como a maior cidade do país. O segundo aconteceu no final da Segunda Guerra Mundial, quando o governo incentivou a emigração de europeus. Foi nessa altura que acolheu os Jogos Olímpicos de Verão de 1956, os primeiros a serem realizados no Hemisfério Sul.

Melbourne é uma cidade australiana típica, com baixa densidade demográfica na sua área metropolitana. Tem vários parques e jardins, muitos dos quais junto ao centro da cidade. O mais importante é Albert Park, onde se desenrola o Grande Prémio. É considerada por especialistas como uma das melhores cidades do Mundo para viver.

A cidade de Melbourne tem uma extensiva rede de museus, a sua Universidade, fundada em 1853, é a mais antiga da Austrália. A sua rede de transportes é exemplar, e tem monumentos de interesse, como a Flinders Street Station, a Estacão Central de caminhos-de-ferro da cidade. Na zona comercial estão situados os prédios mais altos do Hemisfério Sul, como a Rialto Tower (251 metros) e a Eureka Tower (300 metros). Outro edifício interessante é o Melbourne Cricket Ground, que com os seus 103 mil lugares, é o maior estádio da Austrália. Já acolheu eventos importantes, como os Jogos Olímpicos de 1956, o Mundial de Rugby de 2003, e os Jogos da Commenwealth de 2006.

Circuitos com história: Adelaide



A ironia dos circuitos australianos na Formula 1 é que, apesar de ser um país grande e de terem pistas como Phillip Island (perto de Melbourne) e Eastern Creek (nos arredores de Sydney), todas as edições do GP da Austrália de Formula 1 foram disputadas… em circuitos citadinos!

Entre 1985 e 1995, o GP da Austrália foi disputado em Adelaide, no estado de South Austrália, figurando no calendário como a última corrida do ano. A pista fica situada na East Parkands district, na zona comercial da cidade, e tem carácter semi-permanente, pois a zona de pit-lane serve não só os carros, mas também os cavalos (é na zona do hipódromo da cidade)

Uma volta à pista começava pela Chicane Senna, que continuava até à Wakefield, e cortava à direita para o East Terrace. Depois, para a esquerda até Flinders Street, e seguia-se em frente até Hutt Street, altura em que uma série de curvas rápidas o colocava na Rundle Road. Aí começava a parte mais rápida do circuito, um duas rectas: a mais pequena, a Rundle Road, e a maior, a Brabham Straight, com mais de mil metros, e que acabava num gancho (o ex-libris do circuito). Depois, seguia-se para uma larga curva à esquerda, que faz parte da pista de hipismo, para novo gancho à direita, que levava de novo para a recta da meta.

O GP começou a ser disputado em 1985, e foi ganho por Keke Rosberg, num Williams. Foi a sua última vitória da sua carreira, que a abandonou no ano seguinte. No ano a seguir, 1986, foi o primeiro ano em que Adelaide fez parte da história da Formula 1: na disputa pelo título mundial entre Piquet, Mansell e Prost, o “brutânico” levava vantagem sobre os outros dois, mas um furo à volta 63 deitou por terra as suas esperanças de um título mundial. O vencedor foi Alain Prost, que ganhou na altura o seu bi-campeonato para a McLaren.

Três anos mais tarde, ocorreu a primeira edição à chuva. Foi uma corrida que durou apenas 70 das 82 voltas previstas, cujo vencedor foi o belga Thierry Boutsen. Dois anos depois, decorreu a corrida mais curta de sempre: apenas 14 das 82 voltas foram completadas, o que deu aos pilotos apenas metade dos pontos. Ayrton Senna foi o vencedor.

Em 1994, Adelaide assistiu a nova disputa pelo título: o inglês Damon Hill tentava apanhar Michael Schumacher na disputa pelo título mundial, numa das épocas mais atribuladas de sempre. Na volta 36, um Schumacher distraído bateu no muro na zona de East Terrace. O carro voltou à pista, onde um demasiado optimista Damon Hill tentou ultrapassá-lo. Então, Schumacher, numa manobra polémica até aos dias de hoje, “fechou a porta” e ambos os carros colidiram, fazendo com que abandonassem a prova. Sendo assim, o alemão ganhou o seu primeiro título mundial.

No ano a seguir, a cidade de Melbourne tinha chegado a acordo com a FIA para albergar a Formula 1 na sua cidade, entrando em vigor na temporada de 1996. Na última vez em que a Formula 1 foi disputado neste circuito, Damon Hill foi o vencedor. Seis meses mais tarde, já em Melbourne, Hill repetiu o feito, sendo o único piloto a ganhar em ambos os circuitos.

Depois da Formula 1, o circuito passou a receber, essencialmente provas do Campeonato Australiano de Turismos, os V8 Supercars. Nessa altura, o traçado foi encurtado, tirando metade da “Brabham Straight”. Na véspera de Ano Novo de 2000, o circuito recebeu uma prova da American Le Mans Séries, que teve o nome oficial de “A Corrida dos Mil Anos”. No final deste ano, o circuito vai sofrer importantes obras de remodelação, que estarão concluídas em 2009.

domingo, 11 de março de 2007

A Australia - terra e história


A Austrália (oficialmente Comunidade da Austrália) o maior país da Oceania, ocupando todo o "continente australiano", e várias ilhas adjacentes. O continente-ilha, como a Austrália por vezes é chamada, é banhado pelo Oceano Índico, a sul e a oeste, pelo Mar de Timor, Mar de Arafura e Estreito de Torres, a norte, e Mar de Coral e Mar da Tasmânia, a leste. Através destes mares, tem fronteira marítima com a Indonésia, Timor-Leste e Papua-Nova Guiné, a norte, e com o território francês da Nova Caledónia, a leste, e a Nova Zelândia a sudeste .

A capital é Canberra, mas as maiores cidades são Sydney, Melbourne, Adelaide, Brisbane, Perth, e Gold Coast. É o sexto maior país do mundo, em termos de superfície, com mais de sete milhões de quilómetros quadrados (7.686.850 km²), mas é pouco povoado, com cerca de 20 milhões de habitantes. É uma Monarquia parlamentar, com Isabel II a ser chefe de estado, representado pelo Governador-Geral. O primeiro-ministro é John Howard.

A economia australiana é uma das maiores e mais avançadas do mundo. Esta é muito diversificada: a indústria desenvolve atividades ligadas ao setor primário, como a produção de alimentos, vinhos, tabaco e a exploração mineral, as atividades que exigem maior tecnologia, como a indústria de máquinas e equipamentos, a indústria química, metalúrgica, siderúrgica e petroqímica. As exportações australianas também incluem gênero alimentícios, como carne e trigo, além de lã e minérios, como bauxita, chumbo, níquel, manganês, além de ouro e de prata.

O nome de Australia vem do latim "Terra Australis", nome que foi dado na altura da sua descoberta oficial, em 1770, pelo Almirante James Cook. Contudo, sabe-se desde o século XVI que os portugueses e espanhois sabiam da existência do continente. No século XVII, o holandês Van Diemen descobriu aquilo que é hoje a Tasmânia.

Em 1788 chegaram a Botany Bay (actual Sydney) os primeiros colonos ingleses, prisioneiros na sua maioria. Até 1850, a Australia era uma colónia prisional. Em 1901, a colónia passou a Dominio, significando que deixara de estar dependente do Reino Unido, mas mantinha o seu chefe de Estado. Em termos práticos, é a data da Independência. A sua data nacional mais importante é um 25 de Abril: foi nessa data que em 1915 as tropas australianas e neo-zelandesas (Australian and New Zeland Corps - ANZAC) embarcaram em Galipoli, na Turquia, num combate que durou sete meses e que não teve resultados: morreram quase 50 mil tropas. É o “ANZAC Day”.

Em termos desportivos, é uma nação muito importante: graças aos mais de 25 mil quilómetros de costa, é uma potência no surf. Também costuma estar nos lugares de topo nos Jogos Olimpicos, em relação ás medalhas. Por duas vezes (1956 e 2000), foram organizadores dos Jogos Olimpicos, e ultimamente, atletas como Ian Thorpe (natação) ou Cathy Freeman (atletismo) dão cartas no mundo desportivo. Para além disso, são uma potência no Rugby e no Cricket (são os actuais campeões do Mundo). Contudo, a sua paixão nacional é um desporto que só existe no seu país: o futebol australiano, uma mistura de rugby e futebol gaelico (que só existe na Irlanda).

Em termos automobilisticos, a Australia já teve 16 pilotos a competiram na Formula 1. O primeiro deles foi Tony Gaze, em 1952, num HWM privado. Mas o melhor de todos foi Jack Brabham, que foi campeão do Mundo em 1959, 1960 e 1966, sendo o primeiro (e único até agora) a ganhar ao volante do seu próprio carro. Ganharam mais um título com Alan Jones, em 1980, e actualmente tem um compatriota seu: Mark Webber. Apesar deste palmarés, o Grande Prémio da Australia só começou a ser disputado em 1985, primeiro em Adeleide, e a partir de 1996, na cidade de Melbourne, num circuito semi-permanente à volta de Albert Park. Contudo, nos anos 60, a Tasman Series atraia pilotos e maquinas de Formula 1 em circuitos da Australia e Nova Zelândia, aproveitando o Verão austral (Janeiro e Fevereiro).

Bem vindos à semana australiana

Como sabem, falta uma semana para começar o Campeonato do Mundo de Formula 1. E na semana que falta para o acontecimento que todos ansiamos (por certo!), vai-se publicar um dossier sobre a Australia: a terra, a história, a cidade de Melbourne, onde se realizará o Grande Prémio, os notaveis pilotos vindos da terra dos cangurus, e algumas corridas do passado. Portanto, encostem-se e apreciem a paisagem.