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Na semana em que se decide o título de campeão do Mundo, calhou em calendário o dia em que nasceu, há já 102 anos, aquele que foi o primeiro Campeão do Mundo da era moderna, em 1950. Pertencente à geração que brilhou nas pistas europeias na década de 30, ainda voltou à competição após a II Guerra Mundial para competir nas melhores máquinas de então, os Alfa Romeo, e ainda dominou o panorama automobilístico durante boa parte dos anos 50. Hoje falo de
Nino Farina, o primeiro campeão de Formula 1.
Nasceu a
30 de Outubro de 1906 em Turim, membro da família que mais tarde fundou a marca Pininfarina (
o seu fundador, Giovanni Battista, era seu tio, e ambos tinham 13 anos de diferença), era membro de uma família abastada. Foi para a universidade para tirar uma licenciatura em Ciência Politica na Universidade de Turim. Chegou a considerar uma carreira militar, mas em 1932, aos 26 anos, decidiu que iria abraçar uma carreira automobilística.
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Começou primeiro a correr em rampas, a bordo de um Maserati, mas depois foi para a Scuderia Ferrari, onde a bordo de Alfa Romeos, fez parceria com o lendário
Tazio Nuvolari. Em 1938 e 39, começa a alcançar bons resultados, e começa também a ganhar reputação de ser um piloto rápido, sem medo, mas por vezes brutal. Em 1936, foi considerado por muitos como o culpado pelo acidente mortal de
Marcel Lehoux, no GP de Deauville, e dois anos depois, em Tripoli, envolveu-se no acidente mortal de
Lazlo Hartmann. Anos mais tarde,
Stirling Moss disse acerca do estilo de Farina: “
Naquele tempo, havia uma certa tolerância a manobras sujas e todos nós, às vezes, lançávamos mão delas. Mas Farina abusava. Ele era um combatente sobrevivente reclamando da incompetência das suas vítimas e ninguém discordava de que ele havia causado ambos os acidentes fatais".
No caso da morte de Lazlo Hartmann, as autoridades atribuíram a causa do acidente a "um golpe de vento", que teria feito com que o piloto perdesse o controle do carro mas testemunhas garantiram que o problema foi apenas Lazlo, correndo com um carro muito menos veloz do que o de Farina, não ter saído da frente do italiano rápido o bastante. Esses rumores eram tão fortes, mesmo após a sua morte que Enzo Ferrari, na sua autobiografia de 1983,
“Piloti, che gente…”, dedicou muitas linhas em desmentir categoricamente esses rumores.
A sua carreira começava a chegar ao seu auge, com a vitória no GP de Tripoli, em 1940, quando a Itália entra na II Guerra Mundial, e a sua carreira fica congelada. Quando a paz volta à Europa, Farina tem quase 40 anos, mas volta a acção com um Maserati privado, vencendo em 1946 o Grand Prix des Nations, em Genebra, uma das primeiras corridas na pós-guerra. Em 1948, vence o GP do Mónaco, tornando-se num dos melhores pilotos em actividade. A Alfa Romeo o contratou no ano seguinte, correndo ao lado de
Jean-Pierre Wimille, mas quando este morreu, nesse ano, liderou a equipa para o primeiro campeonato mundial de Formula 1 organizado pela FIA, em 1950, ao lado de
Luigi Fagioli e de um argentino recém-chegado à Europa chamado
Juan Manuel Fangio.
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O campeonato começa em Silverstone, em Inglaterra, a 13 de Maio, onde perante mais de 125 mil espectadores, torna-se no primeiro vencedor de uma corrida de Formula 1. A temporada torna-se numa batalha interna entre ele e Fangio, pois para além de Silverstone, ganha na Suiça e em Itália, enquanto que o argentino vence no Mónaco, Bélgica e França. Mas Farina foi mais regular, e vence o título mundial com 30 pontos, contra os 27 de Fangio.
No ano seguinte, continua na Alfa Romeo, mas aos poucos, o domínio dos Alfa era contestado pela Ferrari, que com o seu Tipo 375. Farina vence na Bélgica, mas é a sua única vitória no ano, e acaba o campeonato na quarta posição, com 19 pontos, num campeonato ganho pela Ferrari, e por o seu grande rival, Juan Manuel Fangio. Em 1952, após a retirada da Alfa Romeo da competição, vai para a Ferrari, onde só consegue quatro segundos lugares, numa temporada dominada pelo seu compatriota
Alberto Ascari. No final, foi vice-campeão do Mundo, com 24 pontos.
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Em 1953, continuando pela Ferrari, vai correr no GP inicial, que decorria pela primeira vez no circuito de Buenos Aires, na Argentina, onde tinham aparecido mais de cem mil pessoas. O líder argentino, Juan Peron, ordenou que os portões fossem abertos, e milhares ficaram perigosamente perto da pista. Inevitavelmente, o desastre aconteceu, quando na volta 30, Farina, para evitar atropelar uma criança, perde o controlo do seu carro e atropela 49 pessoas, matando sete delas. Contudo, ele sempre disse que a culpa não era dele, mas sim dos que estavam perigosamente encostados à berma. Na realidade, o culpado era Perón, mas naquela altura não se podia dizer isso…
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Nesse ano, Farina voltou às vitórias, no lendário circuito Nrodschliefe, em Nurbrurgring, mas essa seria a sua única (e mais tarde última) vitória, numa temporada dominada por Alberto Ascari. No final do ano, conseguiu 26 pontos e o terceiro lugar no campeonato.
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Por esta altura, já tinha 47 anos e continuava a correr, mas a idade já pesava sobre ele. Em 1954, volta a ser primeiro piloto da Ferrari, e acaba em segundo lugar no GP da Argentina, na primeira prova do ano. Contudo, dois acidentes graves, primeiro nas Mille Miglia, onde sustenta algumas feridas, e depois em Monza, numa prova de carros de Sport, onde uma peça solta perfura o tanque de gasolina, fazendo com que o cockpit fica imerso em chamas. Farina queima-se bastante e a sua recuperação demora quase seis meses, falhando o resto da temporada.
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Em 1955, ainda combalido, volta à competição, conseguindo correr o GP da Argentina a base de injecções de analgésico para diminuir a dor. Mesmo assim, termina em segundo lugar, partilhando a condução com
Froilan Gonzalez e
Maurice Trintignant. Neste ano, mostrou os dentes pela última vez, no circuito de Spa-francochamps, na Belgica, onde numa dura disputa com o seu compatriota
Eugenio Castellotti, empurra-o em direcção aos boxes, com o agravante de que naquela altura não havia nenhum muro separando da pista! Castellotti, porém, consegue parar o seu carro em segurança, e Farina termina a corrida na terceira posição. Iria ser a sua última da carreira, pois as sequelas das queimaduras perseguiam Farina durante o resto do ano. Aliado ao peso da idade, levaram-no a diminuir seu envolvimento com as corridas, e dedicando-se mais à venda de automóveis na sua Turim natal.
A sua carreira na Formula 1:
34 Grandes Prémios, em
seis temporadas (1950-55),
cinco vitórias,
cinco pole-positions,
cinco voltas mais rápidas,
vinte pódios,
115,33 pontos no total.
Campeão do Mundo de Formula 1 em 1950.
Anos depois, Juan Manuel Fangio disse acerca dele: “
Ele era estranho. Nunca foi visitar um corredor ferido. Quando eu fui visita-lo no hospital, ele me perguntou o porquê da minha visita. Disse que sentia muito por ele e que queria vê-lo bem. Ele me respondeu que eu deveria estar feliz, pois era um a menos a enfrentar na corrida seguinte. Na pista, era um louco.”
Talvez tenha sido ele quem inspirou os argumentistas de “Grand Prix”, em particular no famoso diálogo que
Jean Pierre Sarti, o personagem interpretado pelo actor francês Yves Montand, onde fala da maneira como encarava as corridas: