
(continuação do capitulo anterior)






No Canadá caem em média, em cada ano, 1,60mt de neve e todos os desportos de Inverno são extremamente populares. Nessa época surgiu com uma imensa popularidade o snowmobile que basicamente é uma moto de quatro rodas, sem rodas e com 2 pequenos skis dianteiros e uma “lagarta” de borracha para propulsionar o zingarelho. Esta moto tornou-se muito popular e as marcas existentes competiam entre si em campeonatos organizados como forma de se promoverem.
Gilles era um excelente praticante destas maquinetas que chegavam aos 160 km/h e após alguns bons resultados em corridas amadoras com uma moto dada pelo seu Pai aceitou um convite da Skyroule para se tornar um dos seus pilotos oficiais no campeonato do Quebéc. Estávamos nesta altura em 1970 e ainda sem ter 20 anos completos casou com Joann no dia 17 de Outubro pois … estava já na calha o futuro campeão de champ-cars e de F1 Jacques Villeneuve. Nas snowmobile, primeiro com a Skyroule, e depois com a Motoski, Gilles era o homem a bater pois a sua técnica pessoal e a sua coragem ilimitada tornavam-no inalcançável. Nesse ano foi campeão do Quebéc e ganhou ainda o Campeonato Mundial de 440cc em Nova York, para de seguida no dia 17 de Abril de 1971 se tornar o pai babado do pequeno Jacques.
Já discutimos isto eras e eras, mas quero dizer isto mais uma vez: nesse dia, muitos de nós perdemos a inocência. Se na geração dos meus pais, se lembram onde estavam quando mataram John F. Kennedy, no Daley Plaza de Dallas, e os desta geração sabiam o que faziam quando viram na televisão os dois aviões que embateram nas Tores Gémeas, os que tinham 18 anos (como eu), sabiam o que faziam naquele Domingo de Feriado, um céu sem núvens, uma tarde primaveril.
Kurt Cobain tinha-se suicidado três semanas antes. Richard Nixon tinha morrido dez dias antes. E ainda estavamos em choque com a morte de Roland Ratzenberger, na véspera.
A partir daquele dia, muitos ficaram "orfãos" de um ídolo. Mas para mim significou que começava a ver o automobilismo como um todo e não aos olhos de um.
A imagem que coloco em cima é impressionante: como ficou o carro de Pedro Lamy, após o choque com o Benetton de J.J. Letho, na partida do Grande Prémio. A sorte que ele teve naquele Domingo, não apareceu três semanas e meia depois, quando a asa traseira do seu Lotus desefez-se em Silverstone, despedaçando o Lotus 107 e partindo ambas as pernas, ficando fora de combate por um ano.
Se há eventos que marcam uma vida, aquele Domingo foi um deles.
Com a temporada a fechar este fim de semana no circuito de Brands Hatch, Tony Teixeira deu uma entrevista à Agência Reuters, afirmando que no último ano, esteve quase a comprar duas equipas de Formula 1, primeiro a Spyker e depois a Toro Rosso. Contudo, voltou atrás quando a Formula 1 alterou as regras, banindo as equipas-cliente: "Quando soube da mudança das regras, fiquei chateado. Foi por isso que a Prodrive abandonou os seus planos, pois queriam correr como a 'equipa B' da McLaren.", afirmou.
A ideia da equipa era promover a A1GP na categoria máxima: "Acredito que a Formula 1 é a maior máquina promocional existente no mundo", e trazer os melhores talentos dessa categoria. Contudo, caso mudem as regras, permitindo "equipas B", será dos primeiros a tentar comprar uma equipa.
Na entrevista, Tony Teixeira aproveitou para dar uma "alfinetada" à nova Force India, que substituiu a Spyker, e que será a ponta de lança daquele país asiático na Formula 1. "A Force India ainda tem um longo caminho até conseguirem vislumbrar um pódio! Esta é uma mensagem errada. Penso que o Vijay [Mallya] está a tentar um plano a longo prazo, mas penso também que não é a mensagem certa, tendo uma equipa indiana com pilotos não-indianos.", referiu.
E ainda foi mais longe: "A Índia quer ver pilotos indianos. [Narain] Karthikeyan já provou isso mesmo, ao vencer na A1 GP. E não vejo a Force Índia a vencer uma corrida de F1 nos próximos cinco anos."
Em 2009, a A1GP terá novo chassis e motor, fabricados pela Ferrari.
Segundo os numeros do piloto, o "record" será batido no próximo GP, em Istambul, e ele quer comemorar nessa altura. Mas na realidade, não vai ser. Isto é porque Rubinho tem, para além da não qualificação no infame Imola 94, três não-participações na sua carreira: Belgica 98, Espanha e França 2002, ambos ao serviço da Ferrari.
No primeiro caso foi devido à enoorme carambola na primeira volta. O seu Stewart ficou muito danificado e não pode correr a segunda partida. Nos outros dois GP's, foi porque ficou parado na grelha de formação, quando os carros vão para a volta de aquecimento. Assim sendo, o que Barrichello tem na realidade são 253 Grandes Prémios, e só comemoraria o "record" em Magny-Cours, palco do GP de França. Caso ele conte os DNS de Espanha e França, comemora no Mónaco. Caso conte somente o GP da Belgica, ele comemora no Canadá.
Que confusão! Ou será a ansiedade para dizer que tem um "record" nas suas mãos?
Escusado será dizer que dia é hoje. E que dia será amanhã. É algo que nós, os que viveram aquele fim de semana inesquecível, não nos livraremos até ao dia das nossas mortes. E todos os anos estaremos a olhar para trás, e recordar o que aconteceu, pelo menos aos mais novos. E hoje lembramos o 14º aniversário da morte de Roland Ratzenberger.
Já escrevi sobre ele no ano passado. Se quiserem ler, o link está aqui. Mas quero dizer isto: não deviamos recordá-lo só porque o conhecemos no momento em que morreu. Seria muito injusto, pois ele teve uma vida e uma carreira, com momentos meritórios...